Estamos sendo lembrados de que somos tão vulneráveis que, se cortarem nosso ar por alguns minutos, a gente morre. - Ailton Krenak
ISSN 1678-0701 · Volume XXI, Número 86 · Março-Maio/2024
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Compartilhando Vivências e Diálogos Socioambientais Diná
Dornelles Barreira Em tempos que assuntos
ambientais já fazem parte do cotidiano, é indispensável relatar as experiências
de profissionais, estudiosos envolvidos, comprometidos e preocupados com o meio
ambiente, sobretudo quando o assunto é educação ambiental, a base do
conhecimento, e uma das alternativas para trabalhar assunto de tal importância. Foi então que emergiu a
necessidade de compartilhar esta vivência de discussões, reflexões e implicações
que ocorreu no I Fórum Internacional Socioecossistema Urbano em Debate
Realizado pelo Instituto Venturi para Estudos Ambientais, realizado nos dias 22
e 23 de agosto de 2008, no Santander Cultural, o qual reuniu palestrantes como
Dra. Naná Medina, Dr. João Bosco Ladislau. Dr, Enrique Leff, Dra Elizabeth
Santos. Além da necessidade de
compartilhar esta vivência com os demais quero também agradecer a todos os
palestrantes que com certeza contribuíram para meu SABER SER. Nesta data Dra. Naná
apontou para a questão da importância da Educação Ambiental como promotora
de mudanças de comportamento, tendo como chave a “crise de paradigma”, onde
a construção do ser fica em segundo plano, sempre dando lugar aos bens
materiais ao “ter” o consumismo desenfreado. Neste
caso cabe uma inferência: onde fica a profundeza humana? Porém, ela vai mais
além quando diz que o ter não só é composto por bens materiais e sim por símbolos
de status o qual pode levar a diminuir a autonomia no que se refere ao fazer
moral de cada sujeito. No entanto ainda que
vivamos em um contexto de crise de paradigma, podemos ver que há sim uma dinâmica
para o enfrentamento de uma nova ética socioambiental, tendo como expressões
fundamentais da responsabilidade social e do desenvolvimento social, a “Educação
e Ética”, o que quer dizer que não tem como discutir meio ambiente ou
responsabilidade ambiental sem discutir a responsabilidade social ou vice-versa.
Corroborando Dr, Leff versou sobre a temática: Em
que princípios se funda um saber e uma racionalidade ambiental enfatizando que
urge uma reflexão teórica, política e ética a respeito de nosso habitat,
remetendo a nós mesmos, ou seja, refletir sobre a vida urbana e identificar os
processos que nos levaram a tal situação nos dias de hoje. Apontou muito bem a questão
da mudança do clima como uma das causas por nós sentidas por este processo
civilizatório, estabelecido por bases frágeis e que não tem limites na busca
do progresso. Neste caso cabe a todos
refletir até quando iremos insistir em um progresso desmedido? Muito interessante quando
o palestrante chama atenção que a crise civilizatória pode ser chamada de
crise ambiental, pois não se trata apenas de uma crise econômica, que muito
bem sabemos são crises cíclicas. Na seqüência Dr. João
Bosco trouxe para este encontro o tema quando o mundo era imundo a um outro modo
de olhar e ver a Amazônia: Um abordagem pela perspectiva dos resíduos sólidos.
O mesmo Salientou a importância da perspectiva histórica, para a não repetição
de erros, pois estes significam a condenação. Traz na sua fala: “que
conhecer o passado é não condenar o presente e o futuro”, usando muito bem a
metáfora do estilingue: “o estilingue quando mais puxamos para trás melhor
poderemos ver o futuro” De forma sistemática
trouxe o conceito de mundus “imundus” onde mundos estaria sintonizado com a
limpeza e immundus com o profano, sujo. Salientando muito bem que o mundo não é imundo, porém ele está imundo. A partir desta fala
podemos nos remeter também ao que
Dr. Leff fala de crise civilizatória já que para o próprio Dr. João Bosco,
“o progresso associado à produção de resíduos é constante ao longo da
história e com isto provoca os desequilíbrios ambientais”: Encaixando muito
bem aqui um questionamento, o que estamos fazendo para melhorar este processo?
Até quando vamos manter este círculo vicioso? Quando se fala em resíduos
logo pensamos em “lixo”: sim ou não? Pois bem Dr.
Bosco atenta para mais esta questão: “o lixo não pode ser pensado só
pelo pet jogado no bueiro, esta
questão é muito mais extensa, devemos pensar o lixo da poluição, da política,
da cultura,da religião o lixo fora e
dentro”. Cabe salientar que Dr.
Bosco tão brilhantemente falou do olhar e do ver, ou seja, precisamos primeiro
olhar para depois ver, trazendo os três R históricos, a Revolução francesa,
a Revolução Industrial e a Revolução tecnológica, tão importante para
entender o que o homem andou fazendo em relação aos resíduos. Se pensarmos
esta questão de forma indagatória e critica , talvez chegássemos a mesma
conclusão do professor Bosco: ...”andou caminhando contra si mesmo”. O encontro teve o
fechamento com a palestrante professora Dra. Elizabeth Santos que falou sobre
“os Desafios na formação de Multiplicadores em Educação Ambiental, formal
e não formal, enfatizando a importância e a necessidade de articulação e
relações de qualidade entre a universidade e a sociedade em prol da questão
ambiental. Salientando que os valores de ensino, devem envolver uma metodologia
participativa em sua formação. Como conseguir isto? Para a mesma, pode ser
possível com uma visão clara do educador sobre o tema. Isto nos faz nos faz
refletir o porquê que devemos pensar o sócio-ambiental, ou seja, para garantir
que o social faz parte do ambiental, que devemos transcender o ecológico.
Sabemos que este é um desafio, um desafio muito grande. Portanto, devemos
entender a questão ambiental não tão somente reduzida à esfera da ecologia,
mas considerá-la também. Vivemos a incerteza e
sabemos que o rompimento de paradigmas emerge quando não temos mais respostas,
e a educação é uma das responsáveis por este rompimento. Precisamos combater
a fragmentação, estar preparados para a complexidade dos problemas ambientais
que a cada dia nos desarmam. Para complementar
elencarei algumas das indagações que foram feitas como forma de nos levar a
reflexões no seu mais íntimo sentido, motivando todos a continuar esta
caminhada no entendimento do mundo e suas relações. Como pensamos o Mundo? Qual o sentido da Vida? Pensamos o mundo como
objeto ou como magia? Como você olha o mundo?
Como você vê o mundo? O que você está fazendo
para melhorar o mundo e você mesmo? Diná
Dornelles Barreira, Pedagoga Empresarial, Especialista em Gestão e
Desenvolvimento Humano, Mestranda Em Gestão Ambiental –Educação Ambiental ,
Professora Universitária e consultora. |