Estamos sendo lembrados de que somos tão vulneráveis que, se cortarem nosso ar por alguns minutos, a gente morre. - Ailton Krenak
ISSN 1678-0701 · Volume XXI, Número 86 · Março-Maio/2024
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16/09/2008 (Nº 25) Compartilhando Vivências e Diálogos Socioambientais
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Educação Ambiental em Ação 25

Compartilhando Vivências e Diálogos Socioambientais

Diná Dornelles Barreira

Em tempos que assuntos ambientais já fazem parte do cotidiano, é indispensável relatar as experiências de profissionais, estudiosos envolvidos, comprometidos e preocupados com o meio ambiente, sobretudo quando o assunto é educação ambiental, a base do conhecimento, e uma das alternativas para trabalhar assunto de tal importância.

Foi então que emergiu a necessidade de compartilhar esta vivência de discussões, reflexões e implicações que ocorreu no I Fórum Internacional Socioecossistema Urbano em Debate Realizado pelo Instituto Venturi para Estudos Ambientais, realizado nos dias 22 e 23 de agosto de 2008, no Santander Cultural, o qual reuniu palestrantes como Dra. Naná Medina, Dr. João Bosco Ladislau. Dr, Enrique Leff, Dra Elizabeth Santos.

Além da necessidade de compartilhar esta vivência com os demais quero também agradecer a todos os palestrantes que com certeza contribuíram para meu SABER SER.

Nesta data Dra. Naná apontou para a questão da importância da Educação Ambiental como promotora de mudanças de comportamento, tendo como chave a “crise de paradigma”, onde a construção do ser fica em segundo plano, sempre dando lugar aos bens materiais ao “ter” o consumismo desenfreado.  Neste caso cabe uma inferência: onde fica a profundeza humana? Porém, ela vai mais além quando diz que o ter não só é composto por bens materiais e sim por símbolos de status o qual pode levar a diminuir a autonomia no que se refere ao fazer moral de cada sujeito.

No entanto ainda que vivamos em um contexto de crise de paradigma, podemos ver que há sim uma dinâmica para o enfrentamento de uma nova ética socioambiental, tendo como expressões fundamentais da responsabilidade social e do desenvolvimento social, a “Educação e Ética”, o que quer dizer que não tem como discutir meio ambiente ou responsabilidade ambiental sem discutir a responsabilidade social ou vice-versa. 

  Corroborando Dr, Leff versou sobre a temática:  Em que princípios se funda um saber e uma racionalidade ambiental enfatizando que urge uma reflexão teórica, política e ética a respeito de nosso habitat, remetendo a nós mesmos, ou seja, refletir sobre a vida urbana e identificar os processos que nos levaram a tal situação nos dias de hoje.

Apontou muito bem a questão da mudança do clima como uma das causas por nós sentidas por este processo civilizatório, estabelecido por bases frágeis e que não tem limites na busca do progresso.

Neste caso cabe a todos refletir até quando iremos insistir em um progresso desmedido?

Muito interessante quando o palestrante chama atenção que a crise civilizatória pode ser chamada de crise ambiental, pois não se trata apenas de uma crise econômica, que muito bem sabemos são crises cíclicas.

Na seqüência Dr. João Bosco trouxe para este encontro o tema quando o mundo era imundo a um outro modo de olhar e ver a Amazônia: Um abordagem pela perspectiva dos resíduos sólidos. O mesmo Salientou a importância da perspectiva histórica, para a não repetição de erros, pois estes significam a condenação. Traz na sua fala: “que conhecer o passado é não condenar o presente e o futuro”, usando muito bem a metáfora do estilingue: “o estilingue quando mais puxamos para trás melhor poderemos ver o futuro”

De forma sistemática trouxe o conceito de mundus “imundus” onde mundos estaria sintonizado com a limpeza e immundus com o profano, sujo. Salientando  muito bem que o mundo não é imundo, porém ele está imundo.

A partir desta fala podemos  nos remeter também ao que Dr. Leff fala de crise civilizatória já que para o próprio Dr. João Bosco, “o progresso associado à produção de resíduos é constante ao longo da história e com isto provoca os desequilíbrios ambientais”: Encaixando muito bem aqui um questionamento, o que estamos fazendo para melhorar este processo? Até quando vamos manter este círculo vicioso?

Quando se fala em resíduos logo pensamos em “lixo”: sim ou não? Pois bem Dr.  Bosco atenta para mais esta questão: “o lixo não pode ser pensado só pelo pet  jogado no bueiro, esta questão é muito mais extensa, devemos pensar o lixo da poluição, da política, da cultura,da religião o lixo fora  e dentro”.

Cabe salientar que Dr. Bosco tão brilhantemente falou do olhar e do ver, ou seja, precisamos primeiro olhar para depois ver, trazendo os três R históricos, a Revolução francesa, a Revolução Industrial e a Revolução tecnológica, tão importante para entender o que o homem andou fazendo em relação aos resíduos. Se pensarmos esta questão de forma indagatória e critica , talvez chegássemos a mesma conclusão do professor Bosco: ...”andou caminhando contra si mesmo”.

O encontro teve o fechamento com a palestrante professora Dra. Elizabeth Santos que falou sobre “os Desafios na formação de Multiplicadores em Educação Ambiental, formal e não formal, enfatizando a importância e a necessidade de articulação e relações de qualidade entre a universidade e a sociedade em prol da questão ambiental. Salientando que os valores de ensino, devem envolver uma metodologia participativa em sua formação. Como conseguir isto? Para a mesma, pode ser possível com uma visão clara do educador sobre o tema.

Isto nos faz nos faz refletir o porquê que devemos pensar o sócio-ambiental, ou seja, para garantir que o social faz parte do ambiental, que devemos transcender o ecológico. Sabemos que este é um desafio, um desafio muito grande. Portanto, devemos entender a questão ambiental não tão somente reduzida à esfera da ecologia, mas considerá-la também.

Vivemos a incerteza e sabemos que o rompimento de paradigmas emerge quando não temos mais respostas, e a educação é uma das responsáveis por este rompimento. Precisamos combater a fragmentação, estar preparados para a complexidade dos problemas ambientais que a cada dia nos desarmam.

Para complementar elencarei algumas das indagações que foram feitas como forma de nos levar a reflexões no seu mais íntimo sentido, motivando todos a continuar esta caminhada no entendimento do mundo e suas relações.   

Como pensamos o Mundo?

Qual o sentido da Vida?

Pensamos o mundo como objeto ou como magia?

Como você olha o mundo? Como você vê o mundo?

O que você está fazendo para melhorar o mundo e você mesmo?

 

 Diná Dornelles Barreira, Pedagoga Empresarial, Especialista em Gestão e Desenvolvimento Humano, Mestranda Em Gestão Ambiental –Educação Ambiental , Professora Universitária e consultora.

Ilustrações: Silvana Santos