Estamos sendo lembrados de que somos tão vulneráveis que, se cortarem nosso ar por alguns minutos, a gente morre. - Ailton Krenak
ISSN 1678-0701 · Volume XXI, Número 86 · Março-Maio/2024
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Breves Comunicações
08/12/2007 (Nº 22) Sistemas Agroflorestais (SAFs): Um manejo entre a floresta, agricultura e pecuária.
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Educação Ambiental em Ação 22

Sistemas Agroflorestais (SAFs):  Um manejo entre a floresta, agricultura e pecuária.

GESTÃO AMBIENTAL   /   CENED  PROFESSORA

 Greice Seixas Vargas da Silva

 

1-Introdução

 

A vegetação, como um todo tem sido de grande importância na melhoria das condições de vida nos centros urbanos, porém o crescimento acelerado do desmatamento na zona rural, o qual acarreta na degradação do solo, originando assim erosão e até os chamados “desertos”, como no caso do município de Alegrete (“deserto de São João”), são fatores preocupantes a cada dia que passa, pois a vegetação nativa de uma região é todo um ecossistema que, se não acontecer um manejo sustentável, a tendência é infelizmente a “extinção de muitas espécies da Fauna e da Flora.”.

O papel das florestas na vida das populações sempre foi compreendido. No entanto, somente nas últimas décadas é que as influências florestais sobre o clima, água, saúde, e aspectos psicológicos dos homens ganharam sua real importância, porque começaram a aparecer conseqüências negativas na qualidade de vida.

A região da Campanha, a qual abrange as cidades de Alegrete, Bagé, São Borja, Santana do Livramento entre outras, tem por características econômicas e culturais o manejo da agropecuária, das lavouras de monoculturas, pois tanto a vegetação como os climas são propícios para tais atividades.

No entanto esta região necessita de novas tecnologias, novas fontes de renda, pois as lavouras de arroz já não possuem fatores rentáveis como antigamente. Esta região possui grandes possibilidades de associar a produção animal e/ou agrícola com a floresta. A presença da vegetação arbórea e arbustiva é importante na proteção e alimentação do animal, especialmente em épocas mais críticas de seca.

Na região da Campanha é comum a presença eventual de bosques degradados junto ás pastagens, os quais servem para amenizar os efeitos do clima sobre os animais, sempre oferecendo algum tipo de alimento e outros produtos florestais.

A existência de árvores nas pastagens traz grandes benefícios não só para o gado, mas também para a fauna silvestre. O equilíbrio biológico é bastante favorecido pela manutenção de matas e bosques, já que sua remoção provoca a morte e a fuga de inimigos naturais de diferentes pragas das pastagens resultando no aumento da população de insetos daninhos. O problema causado por cigarrinhas é um exemplo típico de desequilíbrio biológico causado pela remoção excessiva da vegetação natural, quando da implantação das pastagens.

Para favorecer o equilíbrio biológico e servir de abrigo para bovinos e ovinos, recomenda-se preservar de 3 a 8 % da área nativa no interior das pastagens, em forma de capões. Isso deveria ser feito independente das demais reservas florestais, conforme regulamenta o Código Florestal Brasileiro, mantidas em outras partes da propriedade (notadamente aquelas que protegem os mananciais, topos dos morros e encostas íngremes).

A preocupação com o futuro da propriedade não é só um capricho, mas uma prova de inteligência e visão administrativa. O proprietário rural que se propõe a lidar com lavoura deve ter em mente que os benefícios decorrentes da presença de áreas arborizadas são tão importantes na agricultura quanto na pecuária. Na falta de arborização nativa, deve-se proceder ao plantio de árvores nos locais recomendados, utilizando a maior diversidade possível de espécies adaptadas á região.

Na região da Campanha, entre outras essências florestais são indicados o Angico vermelho, Canafístula, Cedro, Corticeira do banhado, Chuva- de- ouro, Ipês, Canelas, Guabijú, Cerejeira, Pêssego do mato, Uva do Japão, Amoreira, Goiabeira, Pitangueira, Jacarandá, Acácias, etc. Sempre que possível, procurar incluir aquelas que produzem frutos para consumo dos animais silvestres e do próprio rebanho.

Com a retirada da vegetação, surgem os mono cultivos que conseguem exaurir os recursos do solo sem conseguir repô-los em tempo hábil para vários ciclos de cultivos. Nesse processo passam-se vários anos para que um solo exaustivamente trabalhado retome os padrões de fertilidade encontrados no início da exploração, sem que haja o aporte de insumos.

Uma nova tecnologia já foi apresentada á região da Campanha, a qual demonstra interesse de muitos produtores rurais: Sistemas Agroflorestais (SAFs).

No uso da tecnologia de sistemas agroflorestais que agrega várias áreas do conhecimento como a agricultura, fruticultura e a silvicultura; as pequenas diferenças no modo de conduzir suas atividades privilegiam não só ganhos financeiros - principalmente porque estes são efêmeros - mas buscam também conciliar o aspecto socioeconômico com o ambiental, para que seus ganhos tenham sustentabilidade ao longo dos anos. As combinações de espécies trabalhadas (como mencionado acima) colonizam no seu devido tempo, a área a ser explorada, ajudando na fixação de nutrientes, na manutenção da umidade do solo, no controle de ervas daninhas, insetos e doenças, tornando dessa forma, o ambiente favorável à manutenção da fertilidade do solo. Assim, é desejável que o produtor tenha em mente o planejamento de quais espécies pretende trabalhar. É importante estar atento, entre outras coisas, se elas são adaptadas ao local, como às espécies nativas, e o que se espera em termos de produção para obter o equilíbrio financeiro almejado no decorrer de sua vida. Não é possível negar a importância das espécies exóticas, como o Eucalipto, Pinus e Acácia Negra, pois seu crescimento é extremamente acelerado, o qual propicia o consórcio com outras culturas e animais.

As espécies exóticas propiciam ao produtor rural um melhor aproveitamento tanto na própria propriedade (cercas, moirões, etc.), como economicamente, pois a demanda por celulose cada vez cresce no mundo, sendo possível vender a floresta de Eucaliptos, mesmo antes de serem colhidas.

O Sistema Agroflorestal, propicia ao produtor rural, o que é chamado de “poupança verde”; no final da colheita, além de pagar os gastos com insumos, está comprovado através de estudos que o produtor terá lucro com a floresta. Apesar de serem infinitas as combinações ou desenhos dos sistemas agrosilvipastoris a serem implantados, é indiscutível que a manutenção do componente arbóreo pode proporcionar vantagens aos sistemas produtivos. No caso das pastagens, além dos ganhos de produtividade e sustentabilidade pelo conforto aos animais, pela maior proteção ao solo, uso mais eficiente da energia incidente e dos nutrientes, inclusive com a possibilidade de usar espécies arbóreas fixadoras de nitrogênio, a inserção das espécies arbóreas tem papel importante como fonte de alimento e proteção aos animais, favorecendo o fluxo de genes.

 

2-Conclusão

Mas para que este sistema agroflorestal (SAFs) tenha sucesso é necessário o planejamento e a consultoria de técnicos especializados.

 

3- Referências bibliográficas

 

CARVALHO, P.E.R. Espécies Florestais Brasileiras. Recomendações Silviculturais, potencialidades e uso da madeira. EMBRAPA-CNPF. Brasília. 1994. 640p.  

DE MOURA, Adolfo M. A.; SANTOS, Hugo Marques dos, FREITAS Jr., Murilo B., 2003. Estratégias para minimização do estresse calórico em bovinos leiteiros. Rio de Janeiro, RJ. A Lavoura, No 106, Março 2003, pp. 22-26. Website = www.sna.agr.br]  

DUBOIS, J.C.L., 1998. Sistemas Agroflorestais para a Região da Mata Atlântica no Rio de Janeiro Palestra feita no âmbito do I Seminário Regional sobre a Mata Atlântica/ IEF-RJ Nova Friburgo, RJ, 21-22 de setembro de 1998- pp. 10.  

Espécies florestais brasileiras: recomendações silviculturais, potencialidades e usos da madeira. Disponível em www.cnpf.embrapa.br>

REBRAF = Rede Brasileira Agroflorestal ((Institut Réseau Brésilien Agroforestier)) - Cx.p. 6501, CEP. 20072-970 Rio de Janeiro, Brésil - Brasil - www.rebraf.org.br - info (@) rebraf.org. br.

WIELEWICKI, A.P. SAIDELLES, F.L.F. TRENTO, R.C.S. Viveiros Florestais Fundação Estadual de Pesquisa Agropecuária. FEPAGRO florestas. Santa Maria. 2006. 30 p.

Ilustrações: Silvana Santos