Estamos sendo lembrados de que somos tão vulneráveis que, se cortarem nosso ar por alguns minutos, a gente morre. - Ailton Krenak
ISSN 1678-0701 · Volume XXI, Número 86 · Março-Maio/2024
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Agroflorestais (SAFs): Um
manejo entre a floresta, agricultura e pecuária. GESTÃO
AMBIENTAL /
CENED PROFESSORA
Greice
Seixas Vargas da Silva 1-Introdução A
vegetação, como um todo tem sido de grande importância na melhoria das condições
de vida nos centros urbanos, porém o crescimento acelerado do desmatamento na
zona rural, o qual acarreta na degradação do solo, originando assim erosão e
até os chamados “desertos”, como no caso do município de Alegrete
(“deserto de São João”), são fatores preocupantes a cada dia que passa,
pois a vegetação nativa de uma região é todo um ecossistema que, se não
acontecer um manejo sustentável, a tendência é infelizmente a “extinção
de muitas espécies da Fauna e da Flora.”. O
papel das florestas na vida das populações sempre foi compreendido. No
entanto, somente nas últimas décadas é que as influências florestais sobre o
clima, água, saúde, e aspectos psicológicos dos homens ganharam sua real
importância, porque começaram a aparecer conseqüências negativas na
qualidade de vida. A
região da Campanha, a qual abrange as cidades de Alegrete, Bagé, São Borja,
Santana do Livramento entre outras, tem por características econômicas e
culturais o manejo da agropecuária, das lavouras de monoculturas, pois tanto a
vegetação como os climas são propícios para tais atividades. No
entanto esta região necessita de novas tecnologias, novas fontes de renda, pois
as lavouras de arroz já não possuem fatores rentáveis como antigamente. Esta
região possui grandes possibilidades de associar a produção animal e/ou agrícola
com a floresta. A presença da vegetação arbórea e arbustiva é importante na
proteção e alimentação do animal, especialmente em épocas mais críticas de
seca. Na
região da Campanha é comum a presença eventual de bosques degradados junto ás
pastagens, os quais servem para amenizar os efeitos do clima sobre os animais,
sempre oferecendo algum tipo de alimento e outros produtos florestais. A
existência de árvores nas pastagens traz grandes benefícios não só para o
gado, mas também para a fauna silvestre. O equilíbrio biológico é bastante
favorecido pela manutenção de matas e bosques, já que sua remoção provoca a
morte e a fuga de inimigos naturais de diferentes pragas das pastagens
resultando no aumento da população de insetos daninhos. O problema causado por
cigarrinhas é um exemplo típico de desequilíbrio biológico causado pela remoção
excessiva da vegetação natural, quando da implantação das pastagens. Para
favorecer o equilíbrio biológico e servir de abrigo para bovinos e ovinos,
recomenda-se preservar de A
preocupação com o futuro da propriedade não é só um capricho, mas uma prova
de inteligência e visão administrativa. O proprietário rural que se propõe a
lidar com lavoura deve ter em mente que os benefícios decorrentes da presença
de áreas arborizadas são tão importantes na agricultura quanto na pecuária.
Na falta de arborização nativa, deve-se proceder ao plantio de árvores nos
locais recomendados, utilizando a maior diversidade possível de espécies
adaptadas á região. Na
região da Campanha, entre outras essências florestais são indicados o Angico
vermelho, Canafístula, Cedro, Corticeira do banhado, Chuva- de- ouro, Ipês,
Canelas, Guabijú, Cerejeira, Pêssego do mato, Uva do Japão, Amoreira,
Goiabeira, Pitangueira, Jacarandá, Acácias, etc. Sempre que possível,
procurar incluir aquelas que produzem frutos para consumo dos animais silvestres
e do próprio rebanho. Com
a retirada da vegetação, surgem os mono cultivos que conseguem exaurir os
recursos do solo sem conseguir repô-los em tempo hábil para vários ciclos de
cultivos. Nesse processo passam-se vários anos para que um solo exaustivamente
trabalhado retome os padrões de fertilidade encontrados no início da exploração,
sem que haja o aporte de insumos. Uma
nova tecnologia já foi apresentada á região da Campanha, a qual demonstra
interesse de muitos produtores rurais: Sistemas Agroflorestais (SAFs). No
uso da tecnologia de sistemas agroflorestais que agrega várias áreas do
conhecimento como a agricultura, fruticultura e a silvicultura; as pequenas
diferenças no modo de conduzir suas atividades privilegiam não só ganhos
financeiros - principalmente porque estes são efêmeros - mas buscam também
conciliar o aspecto socioeconômico com o ambiental, para que seus ganhos tenham
sustentabilidade ao longo dos anos. As combinações de espécies trabalhadas
(como mencionado acima) colonizam no seu devido tempo, a área a ser explorada,
ajudando na fixação de nutrientes, na manutenção da umidade do solo, no
controle de ervas daninhas, insetos e doenças, tornando dessa forma, o ambiente
favorável à manutenção da fertilidade do solo. Assim, é desejável que o
produtor tenha em mente o planejamento de quais espécies pretende trabalhar. É
importante estar atento, entre outras coisas, se elas são adaptadas ao local,
como às espécies nativas, e o que se espera em termos de produção para obter
o equilíbrio financeiro almejado no decorrer de sua vida. Não é possível
negar a importância das espécies exóticas, como o Eucalipto, Pinus e Acácia
Negra, pois seu crescimento é extremamente acelerado, o qual propicia o consórcio
com outras culturas e animais. As
espécies exóticas propiciam ao produtor rural um melhor aproveitamento tanto
na própria propriedade (cercas, moirões, etc.), como economicamente, pois a
demanda por celulose cada vez cresce no mundo, sendo possível vender a floresta
de Eucaliptos, mesmo antes de serem colhidas. O
Sistema Agroflorestal, propicia ao produtor rural, o que é chamado de “poupança
verde”; no final da colheita, além de pagar os gastos com insumos, está
comprovado através de estudos que o produtor terá lucro com a floresta. Apesar
de serem infinitas as combinações ou desenhos dos sistemas agrosilvipastoris a
serem implantados, é indiscutível que a manutenção do componente arbóreo
pode proporcionar vantagens aos sistemas produtivos. No caso das pastagens, além
dos ganhos de produtividade e sustentabilidade pelo conforto aos animais, pela
maior proteção ao solo, uso mais eficiente da energia incidente e dos
nutrientes, inclusive com a possibilidade de usar espécies arbóreas fixadoras
de nitrogênio, a inserção das espécies arbóreas tem papel importante como
fonte de alimento e proteção aos animais, favorecendo o fluxo de genes. 2-Conclusão Mas
para que este sistema agroflorestal (SAFs) tenha sucesso é necessário o
planejamento e a consultoria de técnicos especializados. 3-
Referências bibliográficas CARVALHO,
P.E.R. Espécies Florestais Brasileiras.
Recomendações Silviculturais, potencialidades e uso da madeira. EMBRAPA-CNPF.
Brasília. 1994. 640p. DE
MOURA, Adolfo M. A.; SANTOS, Hugo Marques dos, FREITAS Jr., Murilo B., 2003.
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IEF-RJ Nova Friburgo, RJ, 21-22 de setembro de 1998- pp. 10. Espécies
florestais brasileiras: recomendações silviculturais, potencialidades e usos
da madeira. Disponível em REBRAF =
Rede Brasileira Agroflorestal
((Institut Réseau Brésilien Agroforestier)) - Cx.p. 6501, CEP. 20072-970 Rio
de Janeiro, Brésil - Brasil - www.rebraf.org.br
- info (@) rebraf.org. br. WIELEWICKI,
A.P. SAIDELLES, F.L.F. TRENTO, R.C.S. Viveiros
Florestais Fundação Estadual de Pesquisa Agropecuária. FEPAGRO florestas.
Santa Maria. 2006. 30 p. |