Estamos sendo lembrados de que somos tão vulneráveis que, se cortarem nosso ar por alguns minutos, a gente morre. - Ailton Krenak
ISSN 1678-0701 · Volume XXI, Número 86 · Março-Maio/2024
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Breves Comunicações
É preciso novos hábitos Grazielle
Coelho Medeiros Stiefelmann CENED O
Homem vem agindo e interferindo no meio ambiente desde a Revolução Industrial
(final séc. XVIII) e suas ações causam impacto e vem
se alarmando. Estudos relatam que a partir da década de Em
1996 foram criadas no Brasil as normas de qualidade ambiental da serie ISO
14000, com o intuito de que a organização minimize os efeitos nocivos do
ambiente, causados por suas atividades. Segundo
os estudiosos de problemas relacionados à deterioração do ambiente nas últimas
décadas, a reversão deste quadro indica que um esforço imprescindível deve
ser realizado: consiste em fazer com que as extremidades ambientais (isto é,
conseqüências indiretas de iniciativas econômicas sobre a natureza) sejam
internalizadas à racionalidade dos sistemas produtivos e de mercado. Dentro
dessa perspectiva, é considerado necessário interromper a exaustão de
diferentes tipos de recursos naturais, por meio de fazer com que passem a ser
considerados nos processos produtivos. (FERREIRA, 2004, p.19) A
Psicologia ambiental estuda o homem em seu contexto físico e social. Busca suas
inter-relações com o ambiente, atribuindo importância às percepções,
atitudes, avaliações ou representações ambientais, ao mesmo tempo
considerando os comportamentos associados a ela. Segundo
Pinheiro, Gunther e Guzzo, 2004, p.7: “A
psicologia ambiental se interessa pelos efeitos das condições do ambiente
sobre os comportamentos individuais tanto quanto como o individuo percebe e atua
em seu entorno. Os efeitos destes fatores físicos e sociais, estão associados
à percepção que se tem deles, e, nesse sentido, estudando-se as interações.
Tem sido considerada como a Psicologia do Espaço, analisando percepções,
atitudes e comportamentos de indivíduos e comunidades em estreitas relações
com o contexto físico e social”. A
psicologia possibilita intervenção, conscientização e a mudança de
comportamento, que podem auxiliar na construção de um sistema de gestão
ambiental satisfatório. Propondo uma política ambiental que apresenta
vantagens econômicas e reconhecimento social para as organizações. A
gestão ambiental visa a importância da eco-eficiência, que tem como
finalidade operar uma empresa reduzindo ao máximo o consumo de matérias-primas,
insumos e energia, otimizando todo o processo produtivo e reduzindo o impacto
ambiental; inclui também a utilização de tecnologias menos poluentes ou
perigosas (tecnologias limpas) e técnicas de prevenção de poluição;
proporcionando assim práticas de gerenciamento voltadas para uma atuação
empresarial responsável, baseada nos parâmetros do desenvolvimento sustentável,
que visa suprir as necessidades da geração atual, sem comprometer a capacidade
de atender as necessidades das futuras gerações, planejando e reconhecendo que
os recursos naturais são finitos; e sugere, de fato, qualidade em vez de
quantidade, com a redução do uso de matérias-primas e produtos, e o aumento
da reutilização e da reciclagem. A
conscientização ambiental é cada vez mais importante em um mercado onde leis
ambientais tendem a ser mais rigorosas, os consumidores mais exigentes e os
concorrentes mais eficientes. As empresas que não respeitam as leis ambientais
estão sujeitas a comprometer a própria existência em função de multas e sanções.
É possível respeitar o meio ambiente e ser lucrativo, crescer e ser ambiental
e socialmente responsável. As empresas que gerenciam melhor o impacto ambiental
são as que representam o menor risco de crédito e por isso pagam menos juros.
A gestão eco-eficiente traz outros resultados práticos as empresas, tais como:
redução dos custos de produção; redução do número de acidentes de
trabalho; redução dos custos de seguro; melhor relacionamento com órgãos de
controle ambiental; aumento da cotação de ações da empresa e a melhoria da
imagem da empresa perante os consumidores e a comunidade. Os investidores
confiam na gestão financeira de empresas ambientalmente sustentáveis, sendo
assim, os fundos dedicados a investimentos sustentáveis, têm registrado um
retorno financeiro acima da média. Para
modificar o comportamento de empresas e pessoas que degradam o meio ambiente,
precisamos de reformas não apenas tributárias e trabalhistas (indutoras de
comportamento), mas também de uma reforma de valores,
conscientização, mudança
de comportamento e repensar as ações. Os
problemas humanos, quer sejam econômicos, políticos ou sociais, dependem do
centro psicológico da motivação, dos valores e atitudes que dirigem as
energias para os objetivos. Os problemas ambientais ressaltam também mudanças
de valores e atitudes, igualmente responsáveis por densas e profundas alterações
na qualidade de vida dos cidadãos. A percepção que os usuários possuem a
respeito de seu potencial de participar em decisões sobre seu ambiente,
contribui para que enxerguem seus próprios valores contextuais expressos nas
suas ações, assim serão participantes e não apenas observadores passivos. Partindo
da sensibilização, da conscientização e da mudança comportamental com uma
ética ecológica e de uma preocupação com o bem-estar das futuras gerações,
dos funcionários e da organização, temos como ponto de partida a mudança dos
valores existentes na cultura organizacional. Podendo incluir valores voltados
à preocupação com o ambiente. Mostrando que o crescimento econômico
ilimitado em um planeta finito leva conseqüentemente a desastres ecológicos. Hoje
temos como desafio possibilitar que as pessoas se tornem agentes ativos do
processo de conscientização ecológica, criando estratégias que modifiquem e
mobilizem as pessoas, proporcionando também formas de educação ambiental que
se estenda para a sociedade. O
futuro depende mais do que nunca da nossa capacidade de encontrar soluções
conjuntas, que incluam e envolvam a todos, compartilhando benefícios e
dividindo dificuldades, pois é a partir de pequenas alterações em nossos hábitos,
que conseguiremos grandes benefícios para nós mesmos e para todas as formas de
vida do planeta. Percebendo
e transmitindo para as pessoas que o homem é parte integrante do meio ambiente,
que é composto pelos elementos da natureza e pelos elementos construídos pelo
homem. Portanto, fazemos parte da natureza e não podemos viver sem ela. Para
satisfazermos nossas necessidades, precisamos utilizar racionalmente os recursos
naturais, tais como as florestas que podem ser renovados pela ação da natureza
e às vezes com a ajuda do homem; mas existem outros que, uma vez utilizados, não
poderão ser repostos. Sabemos
que ao longo da história a relação do homem e ambiente tem sido muito
desfavorável para o planeta. Desde o surgimento da espécie humana, o homem
utilizou os recursos naturais, gerou resíduos com baixo nível de preocupação,
degradando-o primeiro através de queimadas e depois com a evolução tecnológica/industrial,
surgem novas maneiras de agredir a natureza, isto é, os recursos eram
abundantes e a natureza aceitava sem reclamar os despejos realizados já que o
enfoque sempre foi diluir e dispersar. Atualmente existe a consciência que a
degradação de qualquer ambiente provoca
vários impactos, de baixa ou alta relevância, mas que somados podem levar ao
desaparecimento de ecossistemas inteiros.
Para que haja uma mudança de postura, dentro desta
realidade em que vivemos, se faz necessário à percepção de que a degradação
ambiental já está passando a causar graves problemas, assim o conhecimento das
situações prevê as tendências para o futuro no qual à motivação deve
existir nas pessoas e nas empresas para a realização das mudanças necessárias
no comportamento frente à questão ambiental.
De acordo com Reis e Queiroz (2002, p.62) a alta
administração das empresas tem um papel chave a desempenhar na conscientização
e motivação dos empregados, explicando os valores ambientais da organização
e comunicando o seu próprio comprometimento com a política ambiental. É o
comprometimento individual das pessoas, no contexto dos valores ambientais
compartilhados, que faz com que a mudança de comportamento saia da intenção e
se transforme em um processo eficaz. Os autores dizem que é recomendado que
todos os membros da organização correspondam e sejam estimulados a aceitar a
importância de atingir objetivos e metas ambientais, pelos quais são responsáveis.
Afirmam que a motivação para a melhoria contínua pode ser reforçada quando
os empregados são reconhecidos pelo atendimento dos objetivos e metas
ambientais e encorajados a apresentar sugestões que conduzam a um melhor
desempenho ambiental. Portanto,
é preciso sensibilizar e conscientizar a sociedade na qualidade de membros do
planeta Terra, que o ser humano deve perceber individualmente depois atingir
coletivamente que é necessário ocorrer mudanças no comportamento, para que
tenha mudança no meio ambiente esclarecendo que o uso indevido e sem controle
dos recursos naturais acabará por voltar-se contra todos nós. O
psicólogo se insere neste contexto detendo o poder e o conhecimento da modificação
não só comportamental como cognitiva, isto é, mudança de comportamento e de
pensamento dos componentes da sociedade. Com a inserção do trabalho do psicólogo
na organização este torna-se responsável pela conscientização e pela aplicação
de técnicas oriundas de teorias científicas que serão responsáveis pela
efetiva mudança comportamental e cognitiva. Referências: FERREIRA,
Marcos Ribeiro. Psicologia problemas ambientais como desafio para a psicologia.
In. PINHEIRO, José Q.; GUNTHER, Hartmut e GUZZO, Raquel S. L. (orgs). Psicologia
Ambiental: entendendo as relações do homem com seu ambiente. São Paulo:
Alínea, 2004 PINHEIRO,
José Q.; GUNTHER, Hartmut e GUZZO, Raquel S. L. Psicologia Ambiental: área
emergente ou referencial para um futuro sustentável?. In: PINHEIRO, José Q.,
GUNTHER, Hartmut e GUZZO, Raquel S. L. (orgs). Psicologia
Ambiental: entendendo as relações do homem com o seu ambiente. São Paulo:
Alínea, 2004. REIS,
Luis Filipe Sanches de Sousa Dias; QUEIROZ, Sandra Maria Pereira de. Gestão
ambiental em pequenas e médias empresas. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2002. |