Educação Ambiental em Ação
LENDAS INDÍGENAS
As lendas indígenas são histórias fantásticas cheias de mistério
sobrenatural, ligadas à feitiçaria e à magia.
Nas nações indígenas
essas histórias são muito importantes, possuem o poder de doutrinar os índios
jovens e arredios. Algumas dessas histórias foram criadas a partir de fatos verídicos,
acontecidos nas regiões onde viveram seus heróis antepassados, que se sobressaíram
dentre os membros de sua tribo, pelo poder, beleza, bondade, caridade, ou outros
feitos, e tornaram-se encantados.
Outras
referem-se à flora e fauna da região, pois segundo suas crenças, tanto as
plantas como os animais, os rios, os igarapés, os lagos, as cachoeiras e o mar,
possuem os seus protetores que exigem respeito e inspiram temor. Dentre as
lendas mais conhecidas estão:
ANHANGÁ
É um
gênio andante, espírito arredio ou vagabundo, destinado a proteger os animais
das matas. Ele aparece sob a figura de um veado branco, com olhos de fogo.
Quando um caçador persegue um animal que está amamentando, corre o risco de
ser atacado pelo Anhangá.
O
BOITATÁ
É uma cobra de fogo "boiguaçu", que aparece deslizando pelas
matas, espalhando clarões na noite. Quando morre, espalha uma luz que tem na
barriga pela escuridão da noite carregada pelo vento. Essa luz é proveniente
dos olhos dos animais de que ela se alimenta, principalmente dos gatos, que ela
digere, mas conserva a luz. Às vezes o boitatá anda a pé, como um fantasma
branco e transparente, de olhos grandes e furados, assustando animais e
viajantes.
O
BOTO
É o
mais importante habitante encantado do rio Amazonas. Nas altas horas da noite,
propriamente à meia noite ele se transforma em gente.
Anda
em cima dos paus das beiradas do rio, de preferência sobre os buritizeiros
tombados nas margens.
Veste
roupav branca e usa um chapéu branco para ocultar uma abertura no alto da cabeça
por onde sai um forte cheiro de peixe e hálito de maresia. Ele aparece nas
festas tão elegante que encanta e seduz as donzelas. Dança a noite toda com as
mais jovens e mais bonitas da festa. Sai com elas para passear e antes da
madrugada pula na água e volta à forma primitiva de peixe, deixando as moças
sempre grávidas.
Além
de sedutor e fecundador é conhecido também como o pai das crianças de
paternidade desconhecida, pois as mães solteiras o acusam de ser o pai de suas
crianças.
O
Boto-homem é obcecado por mulheres, sente o cheiro feminino a grandes distâncias.
Para evitar que ele apareça esfrega-se alho na canoa, nos portos e nos lugares
onde ele gosta de aparecer.
O
CAIPORA
É um
menino escuro pequeno e rápido, cabeludo e feio, fuma cachimbo, e sua função
é proteger os animais da floresta, os rios, as cachoeiras.
Vive
sondando as matas montado num porco, sempre com uma longa vara na mão. Quando o
caçador se aproxima o caipora pressente sua chegada através do vento que lhe
agita os cabelos. Então sai a galope no seu porco fazendo o maior barulho para
espantar os veados, os coelhos, as capivaras e outros animais de caça. As
vezes, o caçador, sem ver direito, corre atrás do próprio caipora que montado
em seu porco faz zigue-zagues pelo mato até perder-se de vista.
O
CAIRARA
Na
tribo dos Bororós havia um pajé muito sábio. Ele vivia triste por ser gordo e
por isso todos o chamavam de cairara. Certo dia, ele descobriu uma erva que os
macacos comiam e os conservavam sempre esbeltos e ágeis. Resolveu tomar um chá
feito da erva, para ver se ficava esbelto como os macacos.
Durante
sete dias ingeriu a porção. Ficou esbelto, os cabelos finos se alongaram, as
pernas encolheram. Ficou assustado quando viu que até um rabo começou a
aparcer. Parou de beber a droga, mas a transformação continuou.
Hoje
o cairara é uma espécie de macaco fino, inteligente e engenhoso que vive nas
matas da Amazônia.
A
CIDADE ENCANTADA
No
Maranhão um pouco abaixo do rio Gurupi existe uma grande pedra negra. Os barcos
de caboclos nunca passam à noite próximo a ela. Esta pedra tem uma grande
caverna. Dizem que antigamente existiu uma cidade nesse lugar e o mar cobriu
tudo, ficando só a ponta da pedra de fora. À noite se ouvem sons de
instrumentos de música e até repiques de sino sair da pedra.
O
CURUPIRA
É um
ser do tamanho de uma criança de seis a sete anos, anda nu, é peludo como o
bicho preguiça, tem unhas compridas e afiadas, o calcanhar para frente e os pés
para trás.
Toma
conta da mata e dos animais mora nos buracos das árvores que tem raízes
gigantescas, muito comuns da floresta amazônica.
Ele
ajuda os caçadores e os pescadores que fazem o seu pedido e em troca
oferecem-lhe cachaça, fósforo e fumo. Este ofertório é para que o indivíduo
tenha fartura nas caçadas, pescarias e roçados.
As
pessoas que não tem devoção para com ele sentem medo, enjôo e náuseas a
quilômetros de distância dele. Com essas pessoas ele brinca fazendo com que
elas se percam na mata.
Para
se livrar do curupira deve-se cortar uma vara fazer uma cruz e colocar em um
rolo de cipó tumbuí, bem apertado. Ele vê esse objeto e procura desmanchar o
enrolado, enquanto ele fica entretido a desmanchar o enrolado a pessoa tem tempo
para fugir.
A
GALINHA GRANDE
Nas
estradas pouco trafegadas aparece um animal, sob a forma de uma galinha,
acompanhado de uma grande ninhada de pintinhos. A galinha e os pintinhos vivem
mariscando, e quando avistam ou são avistados por alguém, começam a crescer e
acabam atacando o viajante, que tem que se defender com armas até eles
desaparecerem.
O
GUARANÁ
Numa
aldeia indígena um casal teve um filho muito bonito, bom e inteligente. Era
querido por toda a tribo. Por isso Jurupari, seu pai, começou a ter raiva dele,
até que um dia transformou-se em uma cobra, permanecendo em cima de uma árvore
frutífera.
Quando
o menino ainda criança foi colher um fruto desta árvore, a cobra atirou-se
sobre ele e o mordeu. Sua mãe já o encontrou sem vida. Ela e toda tribo
choraram muito. Enquanto isso, um trovão rebombou e um raio caiu junto ao
menino. Então a índia-mãe disse: - É Tupã que se compadece de nós. Plantem
os olhos de meu filho, que nascerá uma fruteira, que será a nossa felicidade.
- Assim fizeram e dos olhos do menino nasceu o guaraná.
IARA
OU UIARA
É
uma ninfa que habita as águas dos rios, dos lagos e das cachoeiras. Conhecida
como a dama das águas ou mãe d'água.
Possui
grande encanto e beleza, apresenta-se sob a forma de uma sereia, metade mulher e
metade peixe. Com a sua formosura atrai o homem, deixando-o tonto de tanta paixão,
e leva-o para o seu palácio encantado, que fica no fundo das águas e mata-o,
depois de usufruir de deliciosos momentos de prazer e núpcias funestos.
O
LOBISOMEM
A
lenda do lobisomem (meio homem, meio lobo), diz que um homem se transforma em um
porco comum, de grande tamanho, e aparece sempre nos caminhos usados pelos
habitantes da região, nos dias de lua cheia a partir da meia-noite, soltando
uivos que apavoram as pessoas que ouvem. Algumas pessoas o ouvem como se fosse
um animal comendo ou roendo ossos. Quando isso acontece ele está preparado para
atacar com suas unhas enormes e brigar com as pessoas que aparecem na rua. Ele
ataca também animais domésticos como cachorros, gatos, vacas, cavalos.
A
MANDIOCA
Numa
tribo indígena a filha do Tuxaua deu à luz a uma menina branca como leite. O
Chefe quis matar a filha, mas um moço branco lhe apareceu em sonho e lhe disse
que a mãe da criança não era culpada.
A
criança logo depois que nasceu começou a andar e falar. Mas não viveu muito
tempo. Antes de completar um ano, morreu sem ter adoecido. O Tuxaua mandou
enterrá-la na própria aldeia, e a mãe todos os dias lhe regava a sepultura,
sobre a qual nascera uma planta que deu flores e frutos. Os pássaros que os
comiam ficavam embriagados.
Certa
vez a terra abriu-se ao pé da planta e apareceram as raízes. Os índios as
colheram e viram que eram brancas como o corpo de Mani, e deram o nome de Maníoca
(casa de Mani) ou corpo de Mani. E à planta deram o nome de maniva (Mandioca).
A
PRINCESA DO LAGO
Por
detrás da praia de Maiandêua, no município de Maracanã, existe um lago de águas
claras e cristalinas, onde mora uma linda princesa loura, de uma beleza sem
igual. Ela aparece todas as noites, às margens da lagoa usando um lindo vestido
branco, passeia vagarosamente pela beira do lago e depois desaparece
SACI
PERERÊ
É um
diabinho muito peludo, muito esperto e travesso. Ele aparece sempre às sextas-
feiras, à noite, pulando com uma perna só e mostrando seus olhinhos brilhantes
e os dentes pontiagudos.
Usa
uma camisa e uma carapuça vermelha na cabeça e traz em uma das mãos um
cachimbinho de barro.
Sua
tarefa é carregar para uma mata muito distante, crianças desobedientes e
manhosas, gorar ovos de ninhadas, queimar balões, azedar leite, fazer o milho
de pipoca virar piruá, e atacar os viajantes, pedindo fumo e fogo. Se alguém
recusar o seu pedido, ele faz tanta cócega que a pessoa morre de tanto rir.
O
UIRAPURU
Certa
vez um jovem guerreiro apaixonou-se pela esposa do grande cacique, mas não
podia aproximar-se dela. Então pediu a Tupã que o transformasse num pássaro.
Tupã fez dele um pássaro de cor vermelho-telha. Toda noite ia cantar para sua
amada. Mas foi o cacique que notou seu canto. Tão lindo e fascinante era o seu
canto, que o cacique perseguiu a ave para prendê-la, só para ele.
O
Uirapuru voou para bem distante da floresta e o cacique que o perseguia,
perdeu-se dentro das matas e igarapés e nunca mais voltou. O lindo pássaro
volta sempre canta para a sua amada e vai embora, esperando que um dia ela
descubra o seu canto e seu encanto.
O
VELHO DA PRAIA
Conta-se
que uma casinha isolada na ponta sul da praia de Maracanã é mal-assombrada,
pois pertence a um velho de longas barbas brancas, vestido com roupas velhas,
apoiado a um grosso cajado de madeira, que aparece de vez em quando para
expulsar quem quer que seja de sua casa e depois desaparece nas águas do mar.
O
VELHO E O BACURAU
Um
velho muito chato, vendo um bacurau (ave noturna) pular de um lado para outro, pôs-se
a gritar.
- Tua
boca é grande! Tua boca é grande! - Não, não é, respondeu o bacurau. Mas,
como o bacurau ficou zangado, disse ao velho: - Vou te levar comigo! Vou te
levar agora....
E
agarrou o velho, levou-o para o meio do mato, subiu com ele bem para o alto. De
repente soltou o velho. E ao sentir que ia se estrebuchar no chão abriu a boca
e começou a gritar ... então o bacurau defecou na sua boca.
É
por isso que boca de velho fede...
A VITÓRIA-RÉGIA
Contam
que certa vez uma linda índia, apaixonada, quis transformar-se em estrela. Na
esperança de ver seu sonho realizado, a linda jovem lançou-se às águas
misteriosas do rio, desaparecendo em seguida.
Iaci,
a lua que presenciou tudo, num instante de reflexão, apiedou-se dela por ser tão
linda e encantadora. Deu-lhe como prêmio a imortalização aqui na terra. Por não
ser possível levá-la para o reino astral, transformou-a em vitória-régia
(estrela das águas), doou-lhe um adorável perfume e espalmou-lhe as folhas
para melhor refletir sua luz, nas noites de lua cheia.
Fontes consultadas:
BEZERRA, Ararê
Marrocos; PAULA, Ana maria T. de. Lendas e mitos da Amazônia. Rio de Janeiro:
Demec, 1985. 102p.
CÂMARA CASCUDO, Luís
da. Lendas brasileiras. Rio de Janeiro: Ed. de Ouro, 1984. 166p.
AS COMUNIDADES indígenas
de Pernambuco. Recife: Condepe, 1981. 98p.
Fonte:
http://www.fundaj.gov.br/docs/pe/pe0034.html