Estamos sendo lembrados de que somos tão vulneráveis que, se cortarem nosso ar por alguns minutos, a gente morre. - Ailton Krenak
ISSN 1678-0701 · Volume XXI, Número 86 · Março-Maio/2024
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A DIMENSÃO TÉCNICA DA HABITAÇÃO SOCIAL COMO Elaboração: Ana
Regina Scherer CURSO DE GESTÃO AMBIENTAL Agosto/2007
INTRODUÇÃO Nos
países industrializados, o século XX foi testemunha da crescente influência
sobre a habitação de uma estética impulsionada, na sua grande maioria, pelos
conhecimentos e a gestão própria da indústria da construção, com
tecnologias construtivas definidas pela economia do mercado mundial. O próprio
discurso interno da arquitetura a respeito da tipologia da habitação tem
permanecido marginalizado. A experimentação ficou confinada quase que,
exclusivamente, à habitação: única, singular e projetada para um cliente.
Enquanto, a grande maioria das habitações sociais tem permanecido isolada das
influências imediatas da teoria e da prática arquitetônica. Na
busca de soluções para o déficit habitacional brasileiro sempre foi utilizado
o caminho da racionalização e da sistematização de padrões construtivos sob
a alegação de uma maior rentabilidade econômica. O resultado dessa atitude
foi a criação de habitações sociais padronizadas, ineficientes sob o ponto
de vista funcional, estético e ambiental. Isto porque, a palavra de ordem
sempre foi a de reduzir custos por meio da diminuição dos espaços, do
reducionismo formal e da ineficiência tecnológica. Em
um mundo que se apresenta em seus limites de sobrevivência ecológica, é
urgente mudar as formas de entender e de propor a habitação social. Novos
paradigmas da vida doméstica deverão ser incorporados nos projetos das habitações.
As crises de energia, de água, de materiais não renováveis, a reciclagem e o
tratamento de dejetos são preocupações que deverão ser incorporadas na
idealização, na produção e no consumo da habitação.
Logo, é o paradigma da sustentabilidade que deverá dirigir os novos
modelos habitacionais para as populações em risco social. Ele identificará os
princípios técnicos, científicos, ecológicos e estéticos para o ato de
morar, em um mundo globalmente ameaçado pela destruição da sociedade
consumista. Este
trabalho não pretende esgotar um tema tão complexo como esse, e nem busca
criar uma nova teoria para a arquitetura habitacional social. O seu objetivo
principal é o de alertar aos profissionais de arquitetura e aos agentes públicos
e privados que produzem a habitação social no Brasil, para os desafios do
desenvolvimento sustentável. Para tanto, abordaremos os seguintes tópicos: 1.
A habitação social e o desenvolvimento sustentável. O
porquê do desenvolvimento sustentável ser enfocado para a produção técnica
da habitação social. Importância e desafios desse enfoque. 2. Estratégias de projeto para a habitação
social sustentável. Contextualização
atual da problemática da construção de habitações sociais, no Brasil.
Apresentação de estratégias de
projeto para a habitação social sustentável. 1.
A HABITAÇÃO SOCIAL E O
DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL A sobrevivência
da humanidade sempre dependeu da salvaguarda do equilíbrio das variáveis de: população
(capital social), recursos
materiais (capital financeiro) e do
meio ambiente (capital natural). Hoje, sujeitos às leis de
controle de sobrevivência, nós somos os pioneiros a enfrentar uma expansão
mundial e simultânea de todas essas variáveis, tempos atrás, consideradas
erroneamente infinitas. Urge, portanto, a necessidade de tomar medidas de prevenção
e de reabilitação para impedir esta expansão desenfreada e sem limites.
O
porquê da sustentabilidade se torna
evidente quando nos deparamos com as situações ambientais e humanas
degradantes, encontradas em nossas cidades. Meio social que se difundiu pelo
planeta, em larga escala. Atualmente, pela primeira vez na história, 50% da
população mundial vive em cidades, e num prazo de 30 anos esse índice poderá
chegar aos três quartos da população. É contraditório ver que o habitat da
humanidade, a cidade, seja o maior destruidor do meio ambiente e a maior ameaça
para a sobrevivência do homem sobre o planeta. O Relatório Nosso Futuro em
Comum, das Nações Unidas, define que: ”(...) o
desenvolvimento sustentável deverá ser a coluna vertebral das políticas econômicas
globais: cabe resolver nossas necessidades atuais sem comprometer as futuras
gerações, ao mesmo tempo em que deveremos embasar nosso desenvolvimento em
favor da maioria: os pobres”. (Comissão Brundtland, 1987). Esta expressão
“Desenvolvimento Sustentável” tem algumas premissas: a de que os recursos
naturais não são infinitos; a de que pela primeira vez menciona o direito das
gerações futuras de herdarem um mundo onde possam sobreviver; e de que
reconhece oficialmente que só dá para defender o meio ambiente, ao combater a
miséria do mundo. Isso afeta a economia, a política, as relações
internacionais e o cotidiano das pessoas. Nessa
definição o que é prioridade? Vários autores mostram que a definição
de prioridades para atingirmos o desenvolvimento sustentável varia de para cada
país, ou de um segmento da sociedade para outro. Por exemplo, para países avançados
a prioridade é a eficácia no uso dos recursos naturais. Entre os pobres, antes
de tudo, vem o combate à miséria. Isto, porque partimos
de uma dimensão socioambiental, onde meio ambiente e qualidade de vida caminham
juntos. Afinal, tanto a poluição como as desigualdades sociais afetam
negativamente a qualidade de vida e têm impactos profundos sobre o meio
ambiente. Assim, a busca deverá ser tanto pela justiça social como pela
justiça ambiental. “O diretor-executivo do Programa das Nações
Unidas para o Meio Ambiente-PNUMA, Klaus Töpfer, deixou claro no lançamento do
estudo GEO-2000, conduzido por 200 cientistas de 50 países, ‘que a pobreza
crescente da maioria dos habitantes da Terra e o excessivo consumo da minoria são
as duas grandes causas da degradação ambiental’ e, consequentemente, do
desenvolvimento sustentável”. (BRAUM, Ricardo, 2005, p.8.) A
busca de um desenvolvimento sustentável pressupõe
que toda fonte mundial de
recursos é um capital
que deve ser gestionado racionalmente. Existem quatro tipos principais
de capital: social, econômico, tecnológico e ambiental. O
capital
social é um conceito, que no contexto do desenvolvimento sustentável,
nos permite relacionar os conhecimentos e a educação com o uso dos recursos
ambientais. O que sugere a necessidade de uma sociedade preparada e equipada
para compreender este novo paradigma da sustentabilidade. Necessitamos de
arquitetos, engenheiros e construtores capazes de criarem produtos sociais úteis
(por exemplo, edifícios) utilizando o mínimo de recursos, para que as gerações
futuras não herdem um planeta hipotecado. Para que isso aconteça, é necessário
um novo enfoque educacional que forme profissionais da área da construção
civil com novos valores e atitudes, em que o conceito de capital social vincule
o valor cultural e o valor social com soluções sustentáveis de desenho para
as cidades e para todos os seus equipamentos (edificações, vias e todos os
espaços que abrigam as necessidades humanas). O
capital econômico é um conceito de melhor compreensão nos meios
financeiros e políticos mundiais. A quantidade de capital econômico depende da
exploração de recursos ambientais e humanos, e o necessário é que exista uma
forma de combinar os imperativos do capital econômico com os imperativos dos
demais capitais, sobretudo o ambiental. Com
o capital
tecnológico transformamos matérias primas e outros recursos em
produtos úteis (nem sempre tão úteis) para os seres humanos. Mas, à medida
que as fontes de recursos se reduzem, nossas habilidades técnicas e científicas
devem mudar. A tecnologia nunca se mantém estática, principalmente, em um
momento de pressão sobre o meio ambiente. O desenvolvimento sustentável exige
novos conhecimentos e novas tecnologias. O
capital ambiental é um termo utilizado para quantificar todos os recursos da
terra referindo-se aos habitats, espécies e ecossistemas. É todo sistema de
vida básico de que depende a vida humana. O desenvolvimento sustentável
constitui um marco para a integração desses sistemas de capital. Assim,
entender qual é o papel que desempenham as edificações e as cidades é
fundamental para a realização do desenvolvimento sustentável. No Brasil, as cidades são comandadas
pelo modelo industrial / tecnicista concentrador, que por sua vez é ditado
pelas leis de mercado, que definem os espaços a serem ocupados. À população
em risco social sobram as áreas não adequadas para a ocupação habitacional
– a periferia, os morros, a beira de mananciais hídricos e reservas naturais,
além das áreas habitáveis, que geralmente são de propriedade privada. O
acesso à propriedade da terra, aos serviços e equipamentos urbanos, às fontes
de trabalho e à moradia são fatores determinantes da fixação social desta
população no meio urbano. O não atendimento destes requisitos leva esta
população à desigualdade e à exclusão econômica, política e sociocultural
da chamada cultura urbana legal. Este quadro fortalece o aumento de ciclos de
pobreza que acabam por criar a cultura urbana da pobreza. A mudança de
mentalidade é necessária e, esta, passa pelo entendimento de que os excluídos
da sociedade também necessitam morar, trabalhar, aprender e serem assistidos
social e culturalmente. Por isso, a necessidade de serem construídas
alternativas que considerem critérios sustentáveis para o habitat destas
pessoas. O enfrentamento desta questão é de caráter social, cultural, político,
econômico, técnico e estético, pois a eterna crise da habitação social no
Brasil é uma crise de quantidade e de qualidade. Hoje, cerca de 80% da população
brasileira vive em cidades e mais de 13%, cerca de 22 milhões, são
desabrigados ou moradores de domicílios precários. O déficit
habitacional brasileiro é constituído pelo seguinte: Fonte:
Governo Federal – (http://www.mpo.gov.br)
A
produção formal de novos loteamentos e unidades habitacionais de interesse
social apresentam algumas características
recorrentes:
Além de serem resolvidas
essas questões, se faz necessária a adoção de estratégias de
sustentabilidade, que incorporem aspectos ecológicos no desenvolvimento do
habitat das populações em risco social. 2.
ESTRATÉGIAS DE PROJETO PARA A HABITAÇÃO SOCIAL SUSTENTÁVEL. A habitação de
interesse social apresenta diversos desafios para o desenvolvimento segundo padrões
sustentáveis. Apesar do ambiente construído ser uma parte inerente à civilização
humana, constituindo uma das estratégias de sobrevivência do homem, muito tem
sido discutido sobre os impactos ambientais relacionados à produção e uso do
mesmo. Em relação ao uso
de recursos, o ambiente construído é responsável pelo
consumo de um significativo contingente de matérias-primas e de energia. “Los edifícios tambiém son grandes
consumidores de materias primas. El capital medioambiental invertido em ellos es
enorme:
A
partir desses dados fica evidente a necessidade de ser entendido o conceito de
construção sustentável: é aquele que se baseia no desenvolvimento de um
modelo que permita aos profissionais da construção civil enfrentar e propor
soluções aos principais problemas
ambientais de nossa época, sem renunciar às tecnologias modernas e à criação
de edificações adequadas às necessidades dos usuários. O projeto do meio
ambiente edificado pode ser concebido como uma forma de gestão dos recursos
energéticos e materiais. BASES
PARA UM PROJETO SUSTENTÁVEL 1)O CONCEITO ECOLÓGICO DE MEIO AMBIENTE
– ao examinar o terreno, o
projetista deve contemplar também o entorno e incorporar o conceito ecológico
de meio ambiente. Isto significa entender o local da
implantação do projeto sob o ponto de vista holístico, como uma unidade de
componentes bióticos e abióticos que funcionam como um todo na formação de
um ecossistema; e identificar e compreender todas suas características e interações,
antes de efetuar qualquer intervenção no lugar. Assim, a tarefa de projeto se
converte numa integração entre os desafios, processos e funcionamento do
ecossistema, a fim de minorar os impactos indesejáveis e conseguir uma relação
estável com o ecossistema.
2)CONSERVAÇÕES DE ENERGIA, MATERIAIS E ECOSSISTEMAS MEDIANTE O PROJETO
– planejamento ecológico do
projeto exige um uso mais racional dos ecossistemas e recursos naturais. Um
enfoque racional do uso dos ecossistemas, da energia e dos recursos materiais da
Terra, equivale a um planejamento do projeto conservacionista em relação a
esses recursos. O projetista tem que ter consciência das quantidades de
energias não renováveis empregadas na realização, funcionamento e eliminação
dos resíduos do meio edificado, e a eficiência no uso de tais recursos. Ele
também deve levar em conta o que acontecerá com os elementos do meio ambiente
edificado ao final de sua vida útil. 3)ENFOQUE CONTEXTUAL DE UM ECOSSISTEMA -
o projetista não deve pensar na
localização de seu projeto como um lugar singular e isolado, definido única e
artificialmente por seus limites legais, mas, sim, deve levar em conta que as
conseqüências ecológicas de qualquer ação que adote em seu projeto podem se
estender às outras parcelas compreendidas no mesmo ecossistema e a ou$tros
ecossistemas da biosfera. A escala de tais impactos pode ser local, regional,
continental e global. 4)A LOCALIZAÇÃO DO PROJETO DEVE SER
ANALISADA INDIVIDUALMENTE - um
projeto pensado especificamente para um determinado local não pode servir para
outra localidade, por mais similares que possam parecer suas configurações
espaciais. 5)O
CICLO DE VIDA COMO CONCEITO DE PROJETO – o ideal é prever o impacto e o
rendimento do sistema projetado nos ecossistemas através de todo o ciclo de
vida da edificação. A responsabilidade do projetista é a de prever o emprego
de energia e de materiais em seu projeto antes, durante e depois da construção.
É a definição de um roteiro desde a extração de recursos do entorno até o
destino ao meio ambiente dos resíduos. 6)TODA CONSTRUÇÀO COMPORTA UM
DESLOCAMENTO ESPACIAL DO ECOSSISTEMA E ADIÇÕES DE ENERGIA E MATERIAIS NOVOS AO
SEU LUGAR DE IMPALNTAÇÀO - a
composição, a organização geral em planta, o uso do solo, a estrutura física
e os sistemas mecânicos da edificação terão que ser considerados globalmente
em relação aos componentes, ao modelo espacial e ao funcionamento do
ecossistema. 7)ENFOQUE HOLÍSTICO – o
projeto deve ser concebido no contexto global do ecossistema, operando como um
todo, e não somente em relação a alguns de seus componentes. O enfoque ecológico
exige um planejamento holístico. 8)ESTRATÉGIAS DE PROJETO BASEADAS NA
SENSIBILIDADE E NA PREVISÃO – a síntese
de qualquer sistema projetado implica inevitavelmente em algum impacto
ambiental. O objetivo de um projeto ambientalmente correto não é, portanto,
como manter a biosfera ou os ecossistemas fora da influência humana, mas como
relacionar as atividades humanas com os ecossistemas de maneira menos destrutiva
possível, de maneira mais vantajosa e compatível com as limitações inerentes
ao ecossistema. Para
tanto, são princípios definidores de uma habitação social sustentável àquela
que: “•
se adapta y es respetuosa con su entorno, • ahorra recursos, • ahorra energía, • cuenta con los usuarios.” (Fonte:
http://www.4shared.com/file/19518295/2fdcc7c/Guia_de_la_construccin_sostenible-EchoHabitar.html) Os elementos projetuais da
habitação social sustentável que devem considerar os princípios acima são: 1
- Programa - define as relações
ambientalmente adequadas entre forma e função, através da técnica, da estética
e da economia. Os programas para modelos habitacionais de interesse social
apresentam enfoques que os diferenciam de outros tipos de programas,
principalmente, em função da busca da eficiência e qualidade da proposta
tendo como condicionante o custo controlado, o que determina a observação dos
seguintes pressupostos: a- a não redução dos espaços como
solução econômica; b-
a não reprodução de modelos burgueses miniaturizados; c-
o uso de matérias - primas ecoeficientes; d-
a adaptação às necessidades atuais e
futuras dos usuários; e-
o uso da forma como facilitadora do aproveitamento dos recursos passivos
(luz e calor solar, ventilação natural) f-
a integração da edificação com a paisagem e o meio ambiente. 2
- Tecnologia - define a técnica
como um conceito determinante de opções espaciais de morar, ambientalmente
correta. A variável tecnológica possibilita, através do uso racional dos espaços,
dos materiais e dos processos construtivos, a produção de um habitat
ambientalmente adequado e de custo controlado. Enquadram-se, nesse sentido,
medidas de projeto como as seguintes: a)
aproveitamento passivo dos recursos naturais (energia solar e ventos); b)
gestão e economia da água (utilização de água das chuvas e reutilização
com o tratamento de águas servidas); c)
gestão dos resíduos na edificação; d)
conforto termo-acústico ( materiais de vedação das paredes com
preenchimento, como por exemplo, com casa de arroz, tijolos de barro cru ou de
solo cimento, etc); e)
uso de produtos e tecnologias ambientalmente amigáveis de custo
controlado. Com isso, deverá ser
previsto na obra o uso máximo de tecnologias adequadas ao meio ambiente e que,
atendam aos seguintes aspectos: Ecologia
– aplicação de materiais cuja produção e uso causem menor impacto sobre o meio ambiente e saúde humana, com
preservação dos recursos naturais para as gerações futuras; Saúde
e bem- estar – uso de materiais saudáveis, que não permitam a instalação e
proliferação de fungos, bactérias e microrganismos, e contribuam para o
conforto térmico-acústico da edificação e para o bem-estar dos usuários; Economia
– redução de despesas (custo controlado), racionalização de processos
construtivos, menos desperdícios e perdas na obra. 3
- Contexto – define como as formas de urbanização do espaço, em suas diferentes
combinações, geram estruturas urbanas sustentáveis, a chamada urbanização
bioclimática, que leva em consideração questões
ambientais como: a)
redução de áreas
impermeáveis; b)
adoção de paisagismo
sustentável e produtivo (vegetação para controle térmico-acústico e
climatização da edificação, uso de plantas medicinais e condimentares, horta
coletiva ou/e individual) c)
definição de locais
para compostagem de resíduos orgânicos, para o acondicionamento dos recicláveis
e incineráveis. Devemos materializar
estas idéias em modos e maneiras de projetar e construir que confiram às
habitações sociais estabilidade, conforto, estética
e durabilidade, o que reverterá para os seus usuários um aumento de
qualidade de vida. O esquema a seguir,
pode ser compreendido para a toda uma
cidade ou para os seus setores, como no caso, os loteamentos de habitações
sociais. Ele demonstra que para ser atingido o desenvolvimento sustentável
deverá existir a integração sustentável
das dimensões da economia, da sociedade
e do meio ambiente.
CONSIDERAÇÕES
FINAIS A abordagem deste tema
como trabalho de conclusão do curso on-line de Gestão Ambiental fez com que os
meus questionamentos sobre a formação dos profissionais da construção civil,
principalmente, os arquitetos, viessem à tona. Isto porque, sempre fui
defensora de uma formação acadêmica que considere as questões, instrumentos
e mecanismos relacionados com a sustentabilidade. O enfoque dirigido para a
questão da habitação social é outro fator que considero fundamental quer sob
o ponto de vista da formação quer sob a ótica do exercício profissional.
Existe uma grande carência no mercado, que se reflete nos órgãos públicos,
de profissionais preparados para atuarem na proposição e produção de habitações
sociais sustentáveis. O desenvolvimento das estratégias de projeto para habitações
sociais sustentáveis requer um maior detalhamento de cada um dos elementos
projetuais acima descritos ( programa, tecnologia e contexto). O que levaria
a um aprofundamento, principalmente, sobre as técnicas
referentes aos processos construtivos que minimizam os impactos
ambientais e, também, um maior detalhamento sobre as relações do contexto com
o restante da cidade, no que tange às infra-estruturas técnicas (redes de água,
esgoto, energia e serviços urbanos) e sociais (trabalho, saúde, educação e
lazer). Este tema exige uma abordagem holística em que muitos saberes se
integram, para que sejam definidas estratégias que orientem os caminhos a serem
perseguidos para a busca do desenvolvimento sustentável. Todos os indivíduos
deverão ter acesso a ar limpo, água potável e habitação adequada. Essas
necessidades básicas devem ser satisfeitas para estabelecer as fundações de
uma sociedade estável e saudável, e a pobreza deve ser considerada como uma forma
de exclusão social, e não como seu resultado. Deveremos, então,
entender o desenvolvimento sustentável como um processo dinâmico coletivo onde
todos devem participar. Para assim, assumirmos uma nova postura como
profissionais e cidadãos deste planeta de recursos finitos. “Corrigindo
velhos hábitos e mudando as formas tradicionais de pensar é o grande desafio
para a sociedade moderna.” (BRAUM, Ricardo, 2005, p.13.) REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS BASSO, L. A. Desenvolvimento sustentável e qualidade ambiental
das cidades. In:SUERTEGARAY, D. M. A.; BASSO, L. A.;
VERDUM, R.. (Org.). Ambiente e lugar no urbano:
a grande Porto Alegre. Porto Alegre: Editora da Universidade, UFRGS, 2000. p
35-45. BRAUM, Ricardo. Novos
Paradigmas Ambientais. Rio de Janeiro: Editora Vozes, 2.ed.,2005. EDWARS, Brian. Guia básica
de la sostenibilidad. Barcelona: Gustavo Gilli,2004. ONU. Conferência das Nações
Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento. Agenda 21. Switzerland: United Nation, 1992 ONU. Conferencia das Nações
Unidas sobre Assentamentos Humanos. Agenda Habitat II. Brasil, ONU 1996 SACHS, I. Estratégias de transição
para o século XXI: desenvolvimento e meio ambiente. São Paulo: Studio Nobel,
Fundação do Desenvolvimento Administrativo, 1993. |