Estamos sendo lembrados de que somos tão vulneráveis que, se cortarem nosso ar por alguns minutos, a gente morre. - Ailton Krenak
ISSN 1678-0701 · Volume XXI, Número 86 · Março-Maio/2024
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Breves Comunicações
14/12/2006 (Nº 19) Educação Ambiental e Interdisciplinaridade no Contexto Educacional: algumas considerações
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Educação Ambiental e Interdisciplinaridade no Contexto Educacional: algumas considerações

 

Berenice Gehlen Adams

 

 

Para falar em Educação Ambiental, necessariamente devemos falar de atitudes, de cultura, de qualidade de vida, de respeito, de ética, de cidadania, de sociedade, de natureza, de recursos naturais, de água, de energia, de ar, de terra, enfim, poderíamos continuar por um bom tempo listando a abrangência do assunto Educação Ambiental. Nosso olhar sobre todos estes aspectos deve ser um olhar abrangente e integrador, ao invés de fragmentado. Além disto, precisamos olhar para nós, para o outro e para o meio com uma nova maneira de ver, porque desde sempre fomos educados para enxergar o meio ambiente como um grande “armazém de utilidades” – como diz Vilmar Berna - , onde dele extraímos matéria prima para produção e consumo, e, portanto, somos educados, desde sempre, para sermos consumidores em potencial. É este olhar que deve ser modificado, principalmente dentro dos sistemas educacionais. Este olhar renovado traz a tona importância das atividades interdisciplinares.

 

Para falarmos de interdisciplinaridade e de temas transversais convém pensarmos sobre estes dois conceitos para uma melhor compreensão de como inserir a Educação Ambiental às práticas rotineiras da escola.

 

Interdisciplinaridade significa uma prática que rompe com barreiras disciplinares, onde cada disciplina possa apontar suas contribuições sobre um determinado assunto que seja trabalhado em todas as disciplinas, a ponto de possibilitar uma visão globalizante sobre o que estiver sendo trabalhado e estudado, possibilitando uma aprendizagem significativa e abrangente.

 

Segundo SIQUEIRA (2003, s/p),

 

a interdisciplinaridade jamais ignora as ‘condições efetivas, sociais e históricas, sob as quais existem e funcionam a ciência e o homem de ciência contemporâneos’ (Castoriadis). Sendo assim, afirmo que um trabalho interdisciplinar crítico (não ingênuo), diz respeito às inúmeras interações e interferências, e portanto é sinônimo de complexidade. Como sinônimo de complexidade, a interdisciplinaridade não se ensina. Ivani Fazenda com muita propriedade destacou que ‘a interdisciplinaridade não se ensina nem se aprende, apenas vive-se, exerce-se...é uma questão de atitude’. Como sinônimo de complexidade, está longe de ser apenas fusão de conteúdos ou métodos, e, ao invés de se prender nos elementos, busca sempre as relações entre eles, ou seja, trabalha-se sempre com uma estrutura de relações.

 

Os Temas Transversais sugeridos pelos PCN’s para serem trabalhados no Ensino Fundamental, que têm como foco central a cidadania são: Ética, Saúde, Meio Ambiente, Pluralidade Cultural, Orientação Sexual (1ª a 8ª série) e Trabalho e Consumo ( 5ª a 8ª série). Eles foram escolhidos, segundo os PCN’s, "por envolverem problemáticas sociais atuais e urgentes, consideradas de abrangência nacional e até mesmo de caráter universal. A grande abrangência dos temas não significa que devam ser tratados igualmente; ao contrário, exigem adaptações para que possam corresponder às reais necessidades de cada região ou mesmo de cada escola."

 

Estes temas propostos como transversais, que perpassam, portanto, todas as disciplinas, devem ser vistos como “um pano de fundo” ou como “um cenário” sobre o qual a educação deve fundamentar seus objetivos.

 

Tendo em vista a escola estar organizada de forma fragmentada, ou seja, por disciplinas, cabe salientar que há uma longa caminhada a ser percorrida para que possamos alcançar práticas educativas interdisciplinares. Como já foi citada anteriormente, a interdisciplinaridade não se aprende, não se ensina, pois é uma questão de atitude. E nossa atitude, como educador e como cidadão, portanto, deverá ser a de uma reflexão profunda para que ocorra uma transformação interna que nos possibilite ampliar a visão da fragmentação para a interdisciplinaridade, ou para uma visão globalizante e complexa. 

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Sugestões de leitura:

BOFF, Leonardo. A águia e a galinha. Petrópolis: Editora Vozes, 2002.

GADOTTI, Moacir. Boniteza de um sonho: ensinar-e-aprender com sentido. Novo Hamburgo: Feevale, 2003.

LIBÂNEO, José Carlos. Didática. São Paulo: Cortez, 2003.

MARTINS, Jorge Santos. O trabalho com projetos de pesquisa: Do ensino fundamental ao ensino médio. Campinas, SP: Papirus, 2001.

MORIN, Edgar. Articular os Saberes. In ALVES, Nilda. GARCIA, Regina Leite. O sentido da escola. 3a. ed. Rio de Janeiro:D&PA, 2001.

SIQUEIRA,  Holgonsi Soares Gonçalves. Interdisciplinaridade, sinônimo de complexidade. Santa Maria: Jornal A Razão, Edição de 02.10.2003. Artigo publicado no site: http://www.angelfire.com/sk/holgonsi/interdiscip4.html

ZABALA, Antoni. Enfoque globalizante e pensamento complexo: uma proposta para o currículo escolar. Porto Alegre: ARTMED Editora, 2002.

 

 

Ilustrações: Silvana Santos