Estamos sendo lembrados de que somos tão vulneráveis que, se cortarem nosso ar por alguns minutos, a gente morre. - Ailton Krenak
ISSN 1678-0701 · Volume XXI, Número 86 · Março-Maio/2024
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Entrevistas
05/09/2006 (Nº 18) Entrevista com Olimpio Araujo Junior para a 18ª. Edição da revista eletrônica Educação Ambiental em Ação
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Entrevista com Olimpio Araujo Junior para a 18ª. Edição da revista eletrônica Educação Ambiental em Ação 

 

Por Berenice Gehlen Adams

 

Apresentação: O entrevistado desta edição da revista eletrônica Educação Ambiental em Ação é Olimpio Araujo Junior, que é Geógrafo e Gestor Socioambiental. Foi Diretor de Comunicação e Marketing do Portal EcoTerra Brasil – Meio Ambiente e Responsabilidade Social até agosto de 2006; foi o Idealizador, Coordenador Nacional e Palestrante da Rede de Informações Ambientais "Ambiente Total" entre 2000 e 2004; Presidente da ONG Ambiental Centro tecnológico Icomarã na gestão correspondente entre 2001 e 2003, e atuou como educador popular do Programa Integrar de ensino fundamental e geração de emprego e renda para jovens e adultos em 2004. Isto é apenas uma parte das tantas atividades e atuações de Olímpio, que podem ser conhecidas no seu site: http://olimpioaraujojr.sites.uol.com.br/. Olímpio é um grande parceiro da nossa revista, tendo contribuído em edições anteriores com artigos sobre diferentes assuntos relacionados ao MA e a EA, e nesta edição poderemos conhecê-lo um pouco mais, através desta entrevista: 

 

- Olá, Olimpio! É uma alegria e uma honra poder contar com você em mais esta edição, desta vez como nosso entrevistado. Então, conte-nos como foi que iniciou o seu interesse pelas questões ambientais?

 

 Cresci no interior do Paraná, e minha primeira formação profissional foi como Técnico em Agropecuária, isto contribuiu para um contato com a natureza, mas despertei mesmo para as questões sócio ambientais na niversidade, quando cursava Bacharelado em Geografia.

 

- Destaque algumas das suas atuações mais significativas que estejam relacionadas à Educação Ambiental:

 

Acredito que a atuação mais importante sempre foi meu trabalho na mídia, escrevendo para revistas, jornais, e centenas de sites no Brasil e no exterior. Desta forma consigo contribuir com milhares de outros educadores que retransmitem meus ensaios em salas de aula, palestras, ONGs, etc. Mas atuo também de forma presencial, em escolas públicas e comunidades carentes, direto com quem precisa de informação e não tem acesso as estas mídias. De dois anos para cá, tenho focado meu trabalho em grupos de formadores de opinião. Empresários, gestores, pesquisadores, etc. Acredito que desta forma é possível multiplicar ainda mais, e sensibilizar quem tem o poder de mudar as coisas.

 

- Como você percebe o desenvolvimento da Educação Ambiental em relação aos resultados mais significativos conquistados nestes anos de atuação?

 

Acredito que a Educação Ambiental, assim como o movimento ambientalista, tem deixado a ingenuidade e o amadorismo de lado e buscado mais a qualidade e a especialização. Quando vejo movimentos sociais e ambientais utilizando as mesmas ferramentas do capitalismo para construir algo que gere resultados coletivos, vencendo pela competitividade, qualidade e aceitação da sociedade, e não por discursos panfletários vazios ou por manifestações que já foram absorvidas pelo sistema e que não geram mais resultado, passo a acreditar em um futuro melhor. Tenho cada vez mais certeza que venceremos pela razão e não pela luta, pela organização e não pela baderna, pelo coração e não pela semeação da discórdia. A popularização das questões ambientais e incorporação destes conceitos pelas grandes indústrias é um resultado do trabalho de pessoas como nós, como você, Vilmar Berna (Jornal do Meio Ambiente), Silvestre Gorgulho (Folha do Meio Ambiente), Graça Lara (Ambiente Global), Lucia Chayb (Eco21), Liana John (Terra da Gente), Juarez Tosi (EcoAgência), Julio Tcalino (Meio Ambiente Industrial), Adalberto W. Marcondes (Envolverde), e milhares de outros profissionais que dedicam seu tempo para comunicar, informar e ajudar a transformar o mundo em que vivemos.

 

- Você acha que as pessoas estão mais esclarecidas em relação ao papel que exercem no meio ambiente, no sentido de assimilarem a necessidade de mudanças de hábitos e de atitudes para melhoria da qualidade de vida?

 

Eu acredito que esclarecimento não muda atitudes. Os políticos corruptos são pessoas esclarecidas, mas mesmo assim se corrompem. Quem fuma, está totalmente esclarecido de que fumar mata, mas continua fumando. Tenho visto uma melhora nos últimos anos, principalmente no que se refere às novas gerações, mas ainda temos muito caminho pela frente. Os desafios não acabaram, e Educação Ambiental é um processo contínuo, ininterrupto, transdisciplinar e que deve atingir todas as camadas da sociedade, em todas as classes sociais e faixas etárias. Talvez mais do que conscientizar, ou esclarecer, precisamos sensibilizar as pessoas, fazendo com que cada vez mais elas façam parte do processo. Se um indivíduo não estiver devidamente comprometido com a mudança, ele não se sentirá parte dela.

 

 - Em relação às empresas, como você vê a questão da responsabilidade ambiental, ou socioambiental?

 

Acredito que já avançamos bastante e tenho certeza que a responsabilidade social nas empresas não é um modismo, ela veio para ficar. As empresas estão aprendendo que se não derem um retorno à sociedade e ao meio ambiente, estarão cavando sua própria cova. Apesar de ainda existirem muitas críticas, precisamos entender que a menos de dez anos este termo mal existia em quase a totalidade das empresas que hoje a praticam. Apenas quando os setores público, privado e governamental aprenderam a somar suas forças é que começamos a conseguir resultados concretos.

 

- De acordo com sua percepção, quais são os maiores problemas ambientais enfrentados na atualidade, e como alguns deles poderiam ser minimizados?

 

O primeiro maior problema ambiental na atualidade é o consumismo. Acredito até que é a base de todos os outros problemas. Desde a violência gerada pela desigualdade social ou pela cobiça, até a degradação ambiental causada pela utilização irracional dos recursos naturais, tudo tem início no consumismo ou no simples consumo. Se por exemplo, todos decidirmos não comer alimentos com transgênicos, não haverá mercado para este tipo de produto, e por conseqüência os produtores não plantarão. Se exigirmos móveis apenas com madeira certificada, também estamos acabando com o mercado da degradação. Combatendo o consumo irracional, com certeza minimizaremos grande parte dos problemas ambientais.

 

- Sabemos que enfrentamos inúmeras dificuldades quando trilhamos um caminho novo, principalmente quando almejamos mudanças. Quais foram as maiores dificuldades que você encontrou ao longo da jornada percorrida?

 

Quando comecei a trabalhar oficialmente na área ambiental, em 1999, o tema já não era novidade, porém, ainda não era levado tão a sério quanto hoje. Sobreviver trabalhando com meio ambiente ainda era considerado uma utopia por muitos, e o ambientalista era estereotipado como um romântico idealista, e não como um profissional indispensável para o desenvolvimento socioeconômico do planeta. Não tive grandes problemas por morar e atuar no Paraná, onde este tipo de trabalho é mais respeitado, ao contrário de colegas que lutam há anos em áreas de conflito, correndo até risco de vida. Com disposição, criatividade e bastante trabalho, acredito que é possível vencer a maioria dos obstáculos.

 

- Agora que falamos sobre as dificuldades, que tal falarmos sobre as realizações e alegrias saboreadas neste percurso?

 

Posso resumir isso em uma palavra: “Reconhecimento”. Ter seu trabalho reconhecido é o principal resultado que todo profissional espera, o resto é resultado deste reconhecimento. Minha maior realização é ser conhecido pelo meu trabalho em todo o Brasil e no Exterior, ter feito muitos amigos e poder dormir toda noite com a consciência tranqüila de estar fazendo o que está ao meu alcance para termos um mundo melhor.

 

- E sobre os seus projetos atuais e futuros?

 

Acabei de sair da EcoTerra Brasil, portal que construí junto com o empresário Rubens Slaviero Filho, e que acabou se tornando uma referência nacional em Comunicação Ambiental. Meus planos eram estudar e viajar durante alguns meses, me preparando melhor para um novo projeto na área socioambiental, mas não consegui ficar nem um único dia sem trabalhar. Recebi várias propostas e acabei voltando a Internet, desta vez como coordenador do Portal da Fundação Getúlio Vargas no Paraná, o ISAE/FGV (www.fgvpr.br). Acredito que é uma grande oportunidade para debater responsabilidade socioambiental e construir mais um trabalho de sucesso, desta vez, no meio empresarial, um setor que cada vez mais desponta como um grande aliado da sociedade civil organizada, e que tem o poder de promover grandes mudanças.

 

- Olimpio, utilizando uma frase, um pensamento ou uma palavra, deixe uma mensagem aos leitores da Educação ambiental em Ação:

 

O que posso dizer é que não existem resultados sem trabalho, não existe vitória sem luta, mas que a vitória pertence a quem não desiste de seus objetivos e que sabe o momento certo de agir. 

 

- Agradecemos a você, Olimpio, pela valiosa contribuição dividindo um pouco da sua vivência e experiência com as questões ambientais. Agradecemos, também, por ser parceiro constante da nossa revista. Muito obrigada!

 

 

 

 

Olimpio Araujo Jr.

Meio Ambiente e Responsabilidade Social

e-mail: olimpioaraujojr@uol.com.br

Site: http://olimpioaraujojr.sites.uol.com.br

Fone: (41) 9212 7266

Ilustrações: Silvana Santos