Estamos sendo lembrados de que somos tão vulneráveis que, se cortarem nosso ar por alguns minutos, a gente morre. - Ailton Krenak
ISSN 1678-0701 · Volume XXI, Número 86 · Março-Maio/2024
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O que fazer para melhorar o meio ambiente
14/03/2006 (Nº 15) Uma Economia menos consumista é possível?
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Uma Economia menos consumista é possível?

 

Atualmente os produtos ao saírem da fábrica disparam uma contagem regressiva que o torna inutilizável após alguns meses de uso – a obsolência programada – produtos que não são projetados para uma longa vida útil.

 

Os avanços tecnológicos tornaram possível produzir mais que a demanda e oferecer mais que o necessário. O consumo descontrolado faz parte de um sistema de descarte em massa que vigora nas sociedades modernas.

 

Tanto os consumidores quanto produtores precisarão atentar cuidadosamente para o pleno ciclo de vida dos produtos. Não apenas as características do produto, como quantidade de energia gasta na produção, assim como os materiais e métodos produtivos utilizados em sua fabricação e os tipos e qualidade de rejeitos gerados no processo.

 

Entretanto, algumas iniciativas terão que ser adotadas e barreiras políticas e estruturais deverão se enquadrar às mudanças. O Governo pode adotar algumas ações necessárias, como:

 

  • Reformular políticas fiscais e de subsídios;
  • Estabelecer regras licitatórias favoráveis ao meio ambiente;
  • Estabelecer normas adequadas para produtos e programas de rotulagem;
  • Eliminação gradativa de subsídios destrutivos;
  • Deslocamento de recursos para energia renovável, tecnologias de eficiência, métodos limpos de produção e transportes públicos;
  • Reforma fiscal ecológica em relação ao custo ambiental das atividades econômicas.

 

Embora a realocação fiscal ecológica ou ecoimposto tenha um saldo positivo nos países europeus esbarram freqüentemente em uma série de brechas como concessão de isenções a certas indústrias, concessão de reembolsos parciais a empresas e alíquotas reduzidas.

 

Segundo Halweil & Nierenberg (2004) “nenhuma das economias industrializadas é hoje verdadeiramente sustentável. Todas economias modernas podem ser mais enxutas sem que isso implique em sua condenação”.

 

O processo de “desmaterialização” tem por objetivo reduzir o volume de matérias-primas necessárias para criação de um produto, através, por exemplo, da produção de papel mais fino, veículos mais leves e redução do volume de energia para operar produtos.

 

Outra alternativa para os refugos industriais seria a implantação de um sistema denominado de “berço-a-berço” no qual busca criar sistemas integrados, de laço fechado – em que recursos sintéticos e minerais de alta tecnologia circulam num ciclo perpétuo de produção, recuperação e refabricação – onde os subprodutos de uma indústria viram insumo de outra. O sistema “berço-a-berço” é um novo conceito de planejamento que vai além da modernização de sistemas industriais para redução dos seus efeitos danosos.

 

Um número crescente de governos promulgaram leis que tratam do “princípio de responsabilidade do produtor” (PRP), obrigando as empresas a aceitarem os seus produtos de volta no final de sua vida útil, responsabilizando os produtores pela devolução e manejo dos resíduos das embalagens, incluindo aparelhos elétricos e eletrônicos, máquinas de escritório, automóveis, mobílias, produtos de papel, baterias e materiais de construção.

 

A IBM começou a implantar programas de devolução já em 1089, na Europa, e depois iniciou um programa mais restrito nos EUA em 1997. Manutenção e reparos adequados são medidas necessárias para estender a vida útil, recuperando os componentes e materiais para reciclagem, reutilização ou remanufaturados.

 

Entretanto, não é uma tarefa fácil implantar sistemas eficientes de coleta quando o giro é tão acelerado e o volume de materiais acumula-se tão rapidamente.

 

Tecnologias mais eficientes e limpas são instrumentos essenciais na busca de uma economia mais sustentável. Para isso é importante uma mudança na percepção humana de valor econômico, pois crescimento quantitativo não é sinônimo de crescimento qualitativo.

 

 

Referência Bibliográfica

HALWEIL, B. & NIERENBERG, D. Rumos para uma economia menos consumistas. In: Estado do Mundo, 2004: estado do consumo e o consumo sustentável / Worldwatch Institute; trad.: Henry Mallett e Célia Mallett, Salvador, Bahia: Uma Ed., 2004. Disponível em: http://www.wwiuma.org.br/ . Acesso em: 05 abr. 2005, p. 120-147.

 

Colaboração: Juliana da Costa Miranda, curso de licenciatura em Geografia, IGCE-UNESP, campus de Rio Claro/SP

Ilustrações: Silvana Santos