Estamos sendo lembrados de que somos tão vulneráveis que, se cortarem nosso ar por alguns minutos, a gente morre. - Ailton Krenak
ISSN 1678-0701 · Volume XXI, Número 86 · Março-Maio/2024
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Breves Comunicações
14/03/2006 (Nº 15) Asfalto borracha: a alternativa ecológica para reutilização de pneus usados
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Asfalto borracha: a alternativa ecológica para reutilização de pneus usados.

 

Por: João Paulo Souza Silva

 

Resumo

 

O pneu possui papel fundamental e insubstituível em nossa vida diária, tanto no transporte de passageiros quanto no de cargas. Entretanto, quando se tornam inservíveis, acarretam uma série de problemas sanitários e ambientais. Uma maneira de corrigir este problema é a adição de borracha triturada em misturas asfálticas que, além de ecologicamente correto, melhora o desempenho dos pavimentos, retarda o aparecimento de trincas e diminui os custos operacionais.

 

Palavras-chaves: reutilização de pneus, misturas asfálticas.

O aproveitamento de resíduos contribui para a redução de problemas ambientais antes sem soluções. Considerando o fato de que pneus provocam impactos ambientais na forma de disposição de suas carcaças em aterros sanitários e a tendência da população em abandoná-los em cursos de água, terrenos baldios e beiras de estradas, que agravam ainda mais o problema, o Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) em sua Resolução 258/99, exige que os fabricantes e importadores de pneumáticos coletem e dêem uma destinação final ambientalmente correta a cinco pneus inservíveis para cada quatro novos fabricados comercializados no Brasil.

            Todo pneu, em algum momento, se transformará em um resíduo potencialmente danoso à saúde pública e ao meio ambiente. Para acabar com isto, uma solução à sua destinação final deverá ser adotada (BERTOLLO, et. al: 2000).

            A recuperação de energia e a recauchutagem foram as primeiras formas de reciclagem de pneus. Com o avanço tecnológico, surgiram novas aplicações, como o asfalto ecológico, apontada hoje para o mundo como uma das soluções para o problema. O pó gerado pela recauchutagem e os restos de pneus moídos podem ser misturados ao asfalto aumentando sua elasticidade e durabilidade.

            A mistura do asfalto com a borracha não é uma tecnologia nova, têm aproximadamente 40 anos de vida. Foi desenvolvida no Arizona, Estados Unidos, por um técnico chamado Charles Mac’Dowell, que registrou sua patente depois de 10 anos de experiências, estudos e análises experimentais. O pneu é reciclado e triturado, dando origem à borracha granulada, sendo necessário haver a fusão entre os dois materiais, ou seja, dar origem a um terceiro produto, que não é nem o primeiro, nem o segundo, consistindo numa tecnologia altamente avançada, embora tenha 40 anos de idade.

            O asfalto que se usa para fazer a mistura asfáltica é chamado de CAP (cimento asfáltico de petróleo) exercendo a função de ligante, pois, quem suporta as cargas é a pedra (brita), mas é preciso envolver a pedra, e é por isto que se usa o CAP. O ligante não agüenta muito bem as cargas e envelhece com o tempo. Quando fabricado, apresenta tonalidade negra e vai ficando cinza até chegar ao cinza bem claro, e quanto mais velho, vai ficando mais duro e quebradiço.

            Desta forma, verifica-se que todo asfalto tem uma vida útil determinada. Uma estrada não é construída para durar 50 anos. Ela é feita para durar cerca de 10 anos, porque existe o processo natural de envelhecimento do ligante asfáltico, que é um produto perecível. Mas quando se funde a borracha com o asfalto, sua vida útil passa a ser de 25 a 30 anos.

            Através desta técnica, além do aumento na durabilidade, o custo de pavimentação é diminuído e se reduz pela metade a espessura do asfalto que está sendo aplicado, a brita que vai utilizar, energia elétrica, o transporte da massa e a compactação. Reduz-se tudo, por isto há um ganho considerável nesta tecnologia ecologicamente correta.

            Outro benefício trazido por este pavimento ecológico, é a redução do nível de ruído provocado pelo tráfego, sem contar que o pavimento asfalto borracha quando molhado apresenta as mesmas condições para frenagem de um pavimento asfáltico convencional seco.

            Considerando todos estes benefícios econômicos e ecológicos para a redução do volume e para reutilização ou reciclagem, é necessário que fabricantes de pneus, órgãos reguladores e fiscalizadores, universidades e institutos de pesquisa trabalhem em parceria para então aplicarem a técnica com mais freqüência, e com isto solucionar o gravíssimo problema que é a disposição final de pneus usados no Brasil e no mundo.

 

 


CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE. Resolução CONAMA 258/99, de 26/08/1999.. Disponível em: www.mma.gov.br/port/conama . Acesso em 05/08/2005.

 

 

BERTOLLO, S.A.M; JÚNIOR, J.K.F; VILLAVERDE, R.B; FILHO, D.M. Pavimentação asfáltica: uma alternativa para a reutilização de pneus usados. Revista Limpeza Pública n.54. Associação Brasileira de Limpeza Pública – ABPL, 2000.

 

GONTIJO, Paulo. Onde está o asfalto borracha brasileiro? Disponível em: www.radiobras.gov.br/ct Acesso em: 05/08/2005.

 

 

 

Ilustrações: Silvana Santos