Estamos sendo lembrados de que somos tão vulneráveis que, se cortarem nosso ar por alguns minutos, a gente morre. - Ailton Krenak
ISSN 1678-0701 · Volume XXI, Número 86 · Março-Maio/2024
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Para Sensibilizar
05/12/2005 (Nº 14) GOLFINHOS-FLÍPER : GUARDIÕES DO ARQUIPÉLAGO DAS CAGARRAS
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GOLFINHOS-FLÍPER : GUARDIÕES DO ARQUIPÉLAGO DAS CAGARRAS

 

Liliane Lodi *

 

Em vários locais do mundo existe a possibilidade de encontros muito próximos com golfinhos. O arquipélago das Cagarras, localizado a 3,5km ao sul da praia de Ipanema, Rio de Janeiro,  oferece uma boa oportunidade para a observação de golfinhos-flíper (Tursiops truncatus) em seu ambiente natural. O arquipélago é utilizado por esses animais em algumas épocas do ano como área de alimentação, descanso e cria de filhotes, comportamentos considerados críticos para a sobrevivência da espécie. Portanto, nessa área os golfinhos-flíper são particularmente vulneráveis a distúrbios.

Com o objetivo de desenvolver estratégias efetivas para a conservação dos golfinhos-flíper no arquipélago das Cagarras, desde março de 2004, o Instituto ECOMAMA vem desenvolvendo um estudo para obter informações sobre o comportamento e a ecologia desses animais.  Através das observações realizadas pelos pesquisadores, foi verificado que muitos freqüentadores do arquipélago podem causar danos irreparáveis aos golfinhos e ao seu ambiente devido a conhecimentos inadequados.

Em agosto de 2005, será implementado no arquipélago um programa educativo sobre os golfinhos-flíper. Este trabalho conta com o patrocínio da Cetacean Society International e apoio da operadora de mergulho Tempo de Fundo e Faculdades Integradas Maria Thereza.  Folhetos e mini-cartazes serão distribuídos aos visitantes do arquipélago. Além da distribuição do material impresso, informações sobre a importância de se conservar a biodiversidade marinha do arquipélago em geral e os golfinhos-flíper em particular serão disseminadas a bordo dos barcos.  Palestras também serão ministradas para as equipes das operadores de mergulho e de ecoturismo que atuam na região e em escolas. Dessa maneira, espera-se minimizar danos e comportamentos irresponsáveis.


Convidamos você a participar e a colaborar com o nosso trabalho!

 

GOLFINHOS NÃO SÃO BRINQUEDOS AQUÁTICOS OU ANIMAIS DE ESTIMAÇÃO ...

 

Quem nunca assistiu a um episódio do famoso seriado de tevê Flipper? Uma história mágica envolvendo um animal que é unanimidade no quesito popularidade entre os humanos. O seriado tornou-se tão conhecido que influenciou, inclusive, a denominação comum da espécie em português. No entanto, nem sempre é benéfica a confusão entre ficção e realidade, entre comportamentos naturais e comportamentos típicos de animais amestrados, treinados a fazer gracinhas em troca de comida — o chamado “mito Flipper”. Infelizmente, o seriado passa uma idéia falsa sobre o comportamento e relacionamento natural entre os golfinhos e as pessoas. Embora  exista uma empatia e um interesse mútuo muito especial entre homens e golfinhos em vários locais do mundo desde a pré-história, temos de lembrar que o querido “Flipper”, como o também famoso cão “Lessie” e outros personagens animais da televisão, era na verdade representado por mais de um animal cativo e treinado.

Os golfinhos observados em seu ambiente natural, como no arquipélago das Cagarras, são animais selvagens que podem sofrer sérias injúrias e molestamentos se não forem tratados com a devida distância, admiração, cuidado e respeito. Interações irresponsáveis ou desenformadas entre o homem e esses animais podem ameaçar a saúde e a segurança de todos.

Existe uma extensa documentação científica comprovando que o incremento da tolerância a humanos e barcos podem comprometer golfinhos selvagens causando alterações no comportamento natural, dependência e habituação fazendo com que os animais fiquem vulneráveis a enredamentos, injúrias causadas por hélices e vandalismo.

 

UM SIMPLES CÓDIGO DE CONDUTAS AUXILIAM A CONSERVAÇÃO DO GOLFINHO-FLÍPER. COMO VOCÊ PODE COLABORAR ?

 

A observação de golfinhos em seu ambiente natural pode ser uma experiência excitante e educativa se feita do modo correto.

Em consideração aos golfinhos e para preservar sua própria segurança, por favor:

·         Não arremeta qualquer tipo de embarcação ou “jetski” na direção dos golfinhos;

·         Desligue o motor da embarcação quando eles estiverem próximos para não oferecer riscos aos golfinhos (a atenção deve ser redobrada nas proximidades de fêmeas com filhotes);

·         Não religue o motor sem avistar claramente os animais na superfície a uma distância segura;

·         Nunca persiga, interrompa ou altere o curso natural do deslocamento dos golfinhos tentando conduzí-los a determinadas áreas;

·         Não tente alimentar os golfinhos nem jogue qualquer objeto em sua direção;

·         Não faça ruídos desnecessários (golfinhos possuem audição extremamente sensível);

·         Não mergulhe intencionalmente com os golfinhos (nadar com golfinhos é uma atividade de alto risco pois são criaturas grandes - 2,5 a 3,5m e 200 a 350kg - e poderosas);

·         Caso você for surpreendido dentro da água pela presença dos golfinhos – que podem demonstrar curiosidade e se aproximar — coloque os braços para trás em posição paralela ao seu corpo e evite fazer movimentos bruscos. Humanos podem inadvertidamente tocar em partes vulneráveis do corpo dos golfinhos tornando-os agressivos. Tentar perseguir um golfinho na esperança de “dar um passeio de carona em sua nadadeira dorsal” é um sonho que só serve para afugentar um animal curioso e cansar o nadador pretensioso. Equipamentos de mergulho devem ser evitados. As bolhas produzidas assemelham-se as bolhas exaladas pelos golfinhos durante a sua comunicação e em alguns comportamentos de pesca, além de poder influenciar na sua capacidade de ecolocalização, provocando irritação e/ou comportamentos de fuga;

·         Não jogue qualquer tipo de resíduo na água (golfinhos podem ingerir objetos e sofrer graves injúrias internas) e recolha o que por acaso encontrar (principalmente material plástico e restos de redes), e

·         Não derrame óleo ou qualquer outra substância poluidora na água.

  

Causar distúrbios no comportamento natural dos golfinhos-flíper, além de prejudicá-los seriamente, é crime ambiental com sérias penalidades previstas pela Lei Federal Nº 7643 (18 de dezembro de 1987) e Portaria do IBAMA Nº 117 (26 de dezembro de 1996)!

  

Golfinhos podem ....

 

Abandonar uma área se forem continuamente molestados.

 

Não fazer parte do seu cotidiano, mas podem fazer falta na sua vida !

 

Lembre-se:

 

·         Golfinhos não reconhecem fronteiras humanas;

·         Golfinhos vivem no mar. Nós somos visitantes do seu território;

·         Golfinhos habitam a Terra a milhões de anos. A maioria de seus problemas são ocasionados pela nossa presença e o uso indevido dos recursos marinhos;

·         Muitas coisas são boas para os golfinhos assim como para nós: ar e água limpos, abundância de peixes, liberdade e convívio em família;

·         Tenha interesse pela preservação dos golfinhos pois eles fazem parte da nossa comunidade ambiental;

·         Você é parte do esforço global para ensinar as pessoas a protegerem os golfinhos e o seu ambiente.

 

* Instituto de Estudos da Ecologia de Mamíferos Marinhos (ECOMAMA)


                                           http://www.ecomama.org.br

 

Promovemos palestras sobre os golfinhos-flíper e as medidas que devem ser adotadas para auxiliar na conservação desses animais. Entre em contato conosco para levar a palestra para sua instituição !

 

Palestras podem ser agendadas no seguinte e-mail:

projetogolfinhos@projetogolfinhos.com.br

 

 

Ilustrações: Silvana Santos