Estamos sendo lembrados de que somos tão vulneráveis que, se cortarem nosso ar por alguns minutos, a gente morre. - Ailton Krenak
ISSN 1678-0701 · Volume XXI, Número 86 · Março-Maio/2024
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Folclore
09/03/2005 (Nº 12) CANTINHO DO FOLCLORE
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CANTINHO DO FOLCLORE...

 

NEGRINHO DO PASTOREIO

Era um negrinho assinzinho, humilde e raquítico, escravo de um estancieiro rico e muito avaro.

Este e seu filho eram perversos e maltratavam o menino desde o levantar até noite dentro, às vezes, sem dar-lhe trégua.

Certa vez  fora encarregado de pastorear trinta fogosos tordilhos durante trinta dias, sem descanso.

Cansado; sem mais poder dar um passo, recostou-se. Mal adormecera, ladrões dispersaram a cavalhada e tocaram-na para outras bandas. E o negrinho perdeu o pastoreio.

Chegando em casa, quase morto de fome e de fadiga, ao anunciar tal insucesso, fora barbaramente espancado e pisado pelo senhor, que o mandou de volta para campear o rebanho perdido.

Corre aqui, corre acolá, depois de algumas jornadas encontrou ele os tordilhos. Entregou-os ao velho estancieiro, pensando que desta vez seria recompensado. Mas, qual não foi a sua surpresa: o malvado do filho do senhor espantou de novo o rebanho só para vê-lo penar.

Furioso como uma fera, o estancieiro surrou-o, surrou de relho a mais não poder. Vendo que o pretinho desfalecera esvaindo-se numa poça de sangue, mesmo assim não se conteve; carregou-o e enterrou-o num formigueiro.

Passaram-se três dias e três noites. Na manhã do quarto dia, o algoz foi ver a cova em que jazia o pobre negrinho, e qual não foi o seu espanto? Ali estava o menino de pé,sereno, a olhar com uma fisionomia sobrehumana, no meio da tropa dos tordilhos negros. E o cruel senhor quase não acreditando no que via, meio amedrontado, meio arrependido, caiu de joelhos pedindo perdão ao seu humilde escravo.

Dizem, aqueles que habitam os velhos rincões do Rio Grande do Sul, que o negrinho do pastoreio anda errante pelos campos, qual gênio benfazejo, ajudando a todos quantos perdem a sua rês. Ê só acender-lhe uma vela e pronto.

Muitos dizem que nas noites escuras de inverno, no meio do sibilar do vento, ouvem às vezes, a sua voz pastoreando.

 http://www.vivernocampo.com.br/tradicoes/negrinhopastoreio2.htm; acesso: 01 de março, 2005.

 

A mesma lenda, em outra versão:

 

O NEGRINHO DO PASTOREIO

O Negrinho do Pastoreio é uma lenda meio africana meio cristã. Muito contada no final do século passado pelos brasileiros que defendiam o fim da escravidão. É muito popular no sul do Brasil.

Nos tempos da escravidão, havia um estancieiro malvado com negros e peões. Num dia de inverno, fazia frio de rachar e o fazendeiro mandou que um menino negro de quatorze anos fosse pastorear cavalos e potros recém-comprados. No final do tarde, quando o menino voltou, o estancieiro disse que faltava um cavalo baio. Pegou o chicote e deu uma surra tão grande no menino que ele ficou sangrando. ‘‘Você vai me dar conta do baio, ou verá o que acontece’’, disse o malvado patrão. Aflito, ele foi à procura do animal. Em pouco tempo, achou ele pastando. Laçou-o, mas a corda se partiu e o cavalo fugiu de novo.

Na volta à estância, o patrão, ainda mais irritado, espancou o garoto e o amarrou, nu, sobre um formigueiro. No dia seguinte, quando ele foi ver o estado de sua vítima, tomou um susto. O menino estava lá, mas de pé, com a pele lisa, sem nenhuma marca das chicotadas. Ao lado dele, a Virgem Nossa Senhora, e mais adiante o baio e os outros cavalos. O estancieiro se jogou no chão pedindo perdão, mas o negrinho nada respondeu. Apenas beijou a mão da Santa, montou no baio e partiu conduzindo a tropilha.

Origem: Fim do Século XIX, Rio Grande do Sul.

http://www.arteducacao.pro.br/Cultura/lendas.htm#O%20negrinho%20do%20pastoreio; acesso: 01 de março, 2005.

Colaboração: Sol Guimarães

 

Ilustrações: Silvana Santos