Estamos sendo lembrados de que somos tão vulneráveis que, se cortarem nosso ar por alguns minutos, a gente morre. - Ailton Krenak
ISSN 1678-0701 · Volume XXI, Número 86 · Março-Maio/2024
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Dicas e Curiosidades
09/03/2005 (Nº 12) Impasse - Relato de uma vivência
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Impasse - Relato de uma vivência

 

Arq. Ana Crisitna Villaça, M.Sc. 

 

Nosso grupo de pesquisa e extensão universitária é composto por pessoas de diferentes formações acadêmicas e com diferentes bagagens culturais e profissionais. Dentre um biólogo, dois geógrafos, um sociólogo, um arquiteto,um jornalistas e um economista, temos desenvolvido e implementado cursos de educação ambiental, tanto para comunidades no interior do estado do Rio de Janeiro, como para professores de 5ª a 8a séries. Recentemente, recebemos um convite para oferecer o curso para professores de uma escola particular, mas que abrangesse também o primeiro ciclo do ensino fundamental.

 

Durante uma reunião de trabalho para discutir esta proposta, um colega biólogo, com experiência no ensino médio, afirmou que não se sentia confortável para aceitar este convite: “Eu não saberia como explicar determinadas coisas a uma criança de sete anos. Não fui treinado para isto!”

 

Ponderei que ele poderia se utilizar de recursos lúdicos, de transferências de imagens, e outros recursos pedagógicos, mas sem nunca faltar com a verdade.

 

Diante disto, ouvi um desafio: ”Ah, é !?  Como você explica para uma criança de 7 anos que antes de P e B se escreve M?”

 

Antes que meu sangue pudesse ferver por causa do desafio lançado... lembrei-me da seguinte história e comecei a contar, antes que ele iniciasse o discurso das consoantes “bilabiais” e “labiodentais”...

 

“Num belo dia de sol, o P e o B foram à praia nadar no mar. Quando entraram na água, e como são barrigudinhos, começaram a se afogar. Pediram ajuda ao salva-vidas. Neste dia os salva-vidas eram o M e o N. Depressa o N se jogou na água para salvá-los. Mas... Como eram muito pesados,  o N, que só tem duas perninhas, não conseguiu salvá-los e voltou  para a areia para chamar o M. Aí foi a vez do M ajudar. Como o M tem três perninhas, e é mais forte que o N, ele conseguiu salvar o P e o B. E foi assim que toda vez que o P e o B saíam para nadar ou brincar, chamavam sempre o M para ajudar.”

 

Quando acabei de contar a historinha, meu colega não retrucou mais, pra falar a verdade, nem conseguiu  fechar a boca...Então continuei: “Tenho certeza de que a criança nunca mais esquecerá da regra gramatical se ela lhe for apresentada desta forma. Assim como eu não esqueci... Pois ouvi esta história, não de uma professora, mas de minha mãe, que percebendo minha dificuldade, criou esta imagem lúdica para que eu me lembrasse da regra gramatical”.

 

Na verdade, não tenho os anos de experiência do meu colega, sou arquiteta o que  não me habilita a lecionar para crianças. Mas será que ainda hoje damos muito peso às titulações? O quê nos faz educadores? O quê nos faz professores? Antes, sou mãe e tento de todas as formas buscar meios de ajudar minha filha a entender este mundo e suas regras.

 

Contatos com a autora:

acvillaca@terra.com.br

Ilustrações: Silvana Santos