Estamos sendo lembrados de que somos tão vulneráveis que, se cortarem nosso ar por alguns minutos, a gente morre. - Ailton Krenak
ISSN 1678-0701 · Volume XXI, Número 86 · Março-Maio/2024
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Apresentação
07/12/2004 (Nº 11) Editorial / Dezembro – 2004
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"O homem vem a terra para uma permanência muito curta, para um fim que ele mesmo ignora, embora, às vezes, julgue sabê-lo" (Einstein).

Editorial / Dezembro – 2004

Estamos completando mais uma edição da Revista Educação Ambiental em Ação. E, coincidentemente, também é final de mais um ano de convivência. Durante 2004, cada um de nós procurou aplicar em nossas vivências a aprendizagem diária. Um somatório de conhecimentos adquiridos, seja de forma acadêmica, seja em nossa carreira profissional.

Sinto-me a vontade para escrever este editorial, num momento em que concluímos um seminário de Educação Ambiental – “Uma Superação pela Interdisciplinaridade”, resultado de um projeto de educação ambiental que coordeno, e ocorre entre escolas de minha cidade. A cada dia de 2004, vencemos barreiras na implantação deste projeto, ora foi o preconceito de Educação Ambiental (EA) ser apenas uma forma de “professor matar tempo”, ora foi o não saber como aplicar EA, ora foi a falta de recursos físicos e financeiros para aplicar no projeto, ou bibliografia. Enfim, foram tantas as dificuldades e debates a serem vencidos para a implantação do projeto em 15 escolas do município de Pelotas que optamos pelo nome de SUPERAÇÃO. Durante todo o período, fomos conhecendo nosso grupo de trabalho, tomando intimidade com a realidade de cada escola, cada bairro, e fomos encontrando simpatizantes entre os alunos e professores. As respostas vinham das formas mais diversas, através das pesquisas em Ecologia, através de estudos de situações ambientais dentro do município, ou através de artesanato com recicláveis. Nesta troca, encontramos a sensibilidade de cada um voltada ao futuro, a discutir propostas e incrementar soluções, a se engajar no pensamento de um “futuro em comum”.

Lembro de um professor, que durante a faculdade, nos colocava a teoria da “Tragédia dos Comuns”, onde cada um tomava uma atitude isolada sem pensar que num todo poderia ocorrer um desastre, mas também lembro do que Betinho dizia em seus discursos, “[...] se cada um fizer a sua parte, acabamos solucionando o problema [...]”, e chegamos ao final do ano de um projeto de EA onde todas as teorias foram expostas, estudadas e aplicadas, e a emoção foi o resultado final.

A apresentação dos projetos desenvolvidos em cada escola, emocionou pela receptividade e criatividade com que os alunos aplicaram os conhecimentos e incrementou a interdisciplinaridade como ferramenta de ação. A emoção se deu quando cada um descreveu as mudanças ocorridas em sua vida, quando colocaram que seus familiares estavam envolvidos em ações práticas, contra o desperdício da água, controlando o consumo de energia, reaproveitando e combatendo o desperdício de alimentos. A emoção continua quando houve relatos da incorporação do hábito de tomar chás e comer alimentos da horta da escola, superando um preconceito alimentar embutido em suas rotinas ao longo dos anos, superando a praticidade de comprar alimentos prontos, ao invés de cultivá-los.

Reporto-me, imediatamente, ao nosso convívio virtual diário, num exercício de conhecimento e integração. Somos desconhecidos com objetivos em comum e com um pré conceito determinado sobre os temas abordados dentro das listas ou dos grupos de discussão. Somos profissionais, acadêmicos, somos cidadãos com esperança de que uma mudança aconteça, que o próximo encontro (virtual/real; perto/longe) seja complementar a nossa ansiedade. Buscamos aqui, de forma tecnológica, absorver energias e conhecimento uns dos outros. Buscamos incrementar nossas vivências e levar para nosso dia a força e a renovação que os amigos de perto/longe nos fornecem. Assim, de forma lúdica, acabamos desenvolvendo projetos em comunidades, escolas, organizações, acabamos então, aplicando os conhecimentos e os efeitos para efetivar nossa cidadania.

Encerrar o ano com as conquistas alcançadas para que a EA seja reconhecida com os valores merecidos, com o sucesso do V FORUM, e de todos os eventos ocorridos durante 2004, permite abrir mais uma edição desta revista com a grata satisfação do dever cumprido e, mais ainda, de que o entrelaçamento entre o grupo se fortifica e se enraíza por uma causa necessária: a expansão da EA formal e informal.

Vale relatar aqui, que o CEFET/RS – Pelotas, dispõe de um curso de Especialização em EA, recentemente inaugurado, com a proposta de discutir os critérios e objetivos da EA para profissionais que atuam na área de meio ambiente.

Abraços aos amigos de todas as universidades – URI, FURG, CEFET, UNIVALI, que se arrebatam na implantação de cursos e projetos em EA.

Fica o desejo para que 2005 nosso encontro se repita na mesma intensidade e que a EA se solidifique cada dia de forma a promover a mudança necessária no comportamento dos seres humanos, para que, assim, atinjamos a desejada sustentabilidade.

Sandra Barbosa

Ilustrações: Silvana Santos