Estamos sendo lembrados de que somos tão vulneráveis que, se cortarem nosso ar por alguns minutos, a gente morre. - Ailton Krenak
ISSN 1678-0701 · Volume XXI, Número 86 · Março-Maio/2024
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15/12/2015 (Nº 54) PRÁTICAS DE DIFUSÃO DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL NA ESCOLA SÃO PEDRO, SALINÓPOLIS-PA
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PRÁTICAS DE DIFUSÃO DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL NA ESCOLA SÃO PEDRO, SALINÓPOLIS-PA

 

Gustavo Francesco de Morais Dias1, Giovani Resende Barbosa Ferreira2, Tássia Toyoi Gomes Takashima3, Juliana Chagas Rodrigues4

 

1Graduando do curso de Engenharia Ambiental e Energias Renováveis da Universidade Federal Rural da Amazônia, campus de Belém-PA. E-mail: gustavo_dias01@hotmail.com.

2Graduando do curso de Engenharia Ambiental e Energias Renováveis da Universidade Federal Rural da Amazônia, campus de Belém-PA. E-mail: giovani.rezende@hotmail.com.

3Graduando do curso de Engenharia Ambiental e Energias Renováveis da Universidade Federal Rural da Amazônia, campus de Belém-PA. E-mail: tassiatk@hotmail.com.

4Doutoranda pelo Programa de Pós-Graduação em Ciências Florestais da Universidade Federal Rural da Amazônia, campus Belém-PA. E-mail: juliana.rodrigues@ufra.edu.br.

 

 

 

Resumo       

 

Este estudo teve como objetivo implantar atividades que estimulem a consciência ambiental e o emprego da gestão ambiental na Escola Municipal de Ensino Fundamental São Pedro, situada na vila de Cuiarana, Salinópolis/PA. Para isso, foram analisados e aprimorados métodos desenvolvidos por grandes pesquisadores da área de Educação e Gestão Ambiental. Ocorreram três encontros na escola São Pedro na qual foram desenvolvidas as atividades práticas de construção de hortas e lixeiras de coleta seletiva infantis. Ao final do projeto foi constatado que a Educação Ambiental e Gestão Ambiental devem ser implantadas em mais escolas pelo País, pois só com a conscientização dos futuros cidadãos que poderemos alcançar uma sociedade mais sustentável e que disponha de uma melhor qualidade de vida.

 

Palavras-chave: Coleta seletiva; Consciência ambiental; Educação ambiental nas escolas; Gestão Ambiental; Horta

 

Introdução

Entre as diversas ações promovidas para garantir a qualidade e a preservação do meio ambiente de forma sustentável, destaca-se principalmente a educação ambiental (EA), pois leva em seu bojo a tomada de consciência e a apreensão de algumas práticas necessárias ao desenvolvimento e consolidação de projetos que visem um ambiente sustentável (ABRANTES, 2014).

A educação ambiental corresponde a toda ação educativa contribuinte para a formação de cidadãos conscientes em relação à preservação do meio ambiente e aptos a tomarem decisões coletivas sobre questões ambientais necessárias para o desenvolvimento de uma sociedade sustentável. Sendo um instrumento eficaz para se conseguir criar e aplicar formas sustentáveis de interação sociedade-natureza (SÁ et al., 2015).

Nesse âmbito, a Gestão Ambiental (GA) torna-se também de suma importância, haja vista que esta assume um significado mais amplo, o qual enquadra o Sistema de Gestão Ambiental (SGA), remetendo à aplicação dos conceitos referente à educação ambiental em várias áreas do meio ambiente, como utilização racional de recursos naturais, reciclagem e reutilização (SOUZA, 2000).

Os projetos de EA e GA devem englobar a população, embora não serem considerados a solução de todos os problemas ambientais, no entanto, a mudança de hábitos e atitudes de um indivíduo pode levar a sociedade a tomar medidas cada vez mais abrangentes (GRIPPI, 2006).

A problemática advinda dos resíduos sólidos e das questões ambientais é uma realidade no planeta desde os países mais desenvolvidos aos menos desenvolvidos, pois efeitos negativos ao meio ambiente trazem consequências devastadoras em escala mundial (BARBOSA, 2013).

Portanto, ao estabelecer uma relação entre Gestão de Resíduos e Educação Ambiental promove-se a conscientização através do processo participativo, onde o indivíduo atua ativamente no diagnóstico dos problemas ambientais, buscando as possíveis soluções, tornando-se um agente transformador, através do desenvolvimento de habilidades e formação de atitudes com uma conduta cidadã (MORAES, 2004).

A gestão inadequada dos resíduos, junto a sua excessiva produção, provoca inúmeras doenças, problemas sanitários relacionados à poluição dos mananciais, assoreamento dos rios, entupimento de bueiros, contaminação do ar, entre outros (GUSMÃO et al., 2000).

Uma das medidas a serem tomadas para a amenização dos impactos ambientais decorrentes do excesso de lixo, certamente é a coleta seletiva de resíduos, essa medida consiste na reciclagem de materiais como papéis, vidros, metais, e plásticos, previamente separados pelas fontes geradoras. A etapa de segregação dos resíduos sólidos é primordial para a eficiência da coleta seletiva, pois ela viabiliza a reciclagem dos materiais. Outro fator importante para a eficiência do projeto está associado aos investimentos para sensibilização e conscientização dos cidadãos, pois suas atitudes em prol da coleta seletiva diminuirão os custos da administração (CEMPRE, 2010).

O gerenciamento inadequado dos resíduos contribui severamente para problemas ambientais e sociais de nível global até local (BATOOL; CH, 2009). A Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) – lei 12.305 (BRASIL, PNRS, 2010) e o decreto regulamentador da lei 7.404 (BRASIL, 2010), destacam a importância do gerenciamento adequado dos resíduos sólidos desde a sua geração até o destino final, e enfatizam a importância da etapa de coleta seletiva, destacando a importância da segregação correta nas fontes geradoras para um processo mais eficiente.

Segundo Gonçalves (2003), para a implantação de um sistema de coleta seletiva eficiente é necessário a realização de campanhas junto aos cidadãos, mostrando as vantagens da reciclagem do lixo e orientando-os para a importância da separação dos resíduos. Pois quanto maior for a participação voluntária da sociedade nesses programas, menor será o custo da administração, viabilizando ainda mais a coleta seletiva (CORREA et al., 2012).

Os pesquisadores recomendam que a implantação da coleta seletiva vá além da instalação de coletores, pois o processo só terá êxito se houver uma reeducação em todos os sentidos, havendo assim uma mudança de consciência, atitude e valores dos atores envolvidos a respeito da coleta seletiva (CORREA et al., 2012).

A horta inserida no âmbito escolar atua como um laboratório vivo possibilitando a implantação de diversas atividades pedagógicas em EA e alimentar unindo teoria e prática de forma contextualizada, ajudando no processo de ensino-aprendizagem e estreitando relações através da promoção do trabalho coletivo e cooperado entre os agentes envolvidos (MORGADO, 2006). Atualmente, as crianças das cidades quando estão fora das escolas normalmente estão em frente a vídeo games, computadores e televisores, não tendo mais o contato com a natureza. Desta forma se faz necessário que as escolas resgatem este contato, permitindo este relacionamento, é desta forma que as hortas escolares se tornam importantíssimas. Além de permitir discussões a respeito da importância de uma alimentação saudável e equilibrada, o discente aprende o valor nutritivo das hortaliças, bem como seus benefícios para a sua saúde (FETTER; MULLER, 2007).

De acordo Kurek e Butzke (2006), uma horta bem planejada e estruturada pode oferecer inúmeros benefícios, como: hortaliças ricas em vitaminas e minerais; uma alimentação de qualidade, saudável e variada; diminuição com os gastos de alimentação; colaboração dos educandos, enriquecendo seus conhecimentos e aprimorando experiências; melhora a aparência e o valor nutritivo das refeições; e permite produção em pouco tempo.

Em virtude das limitações na inclusão da sociedade em geral na busca do estímulo do senso ambiental nos indivíduos, para promover uma educação que responda de modo sustentável à realidade global e complexa do meio ambiente. O escopo da presente pesquisa voltou-se para a parcela da sociedade que compreende alunos de ensino fundamental, considerando que essa classe possui grande receptividade a discutir essas temáticas, desta forma, a pesquisa visa a implantação de atividades que estimulem a consciência ambiental e o emprego da GA na Escola Municipal de Ensino Fundamental São Pedro, situada na vila de Cuiarana, Salinópolis/PA.

 

Material e métodos

O estudo foi realizado na Vila de Cuiarana (00º36’49” S; 47º21’22” O), uma área de expansão urbana localizada a 15 km do centro do município de Salinópolis, localizada na mesorregião do nordeste paraense. A economia da região é voltada, principalmente, para a pesca, e apresenta características de vulnerabilidade social, o que faz com que a comunidade escolar enfrente adversidades, como as precárias condições de serviço de saúde, saneamento básico, e segurança, além disso, as escolas da Vila vivenciam a crescente evasão escolar dos educandos.

A Escola Municipal de Ensino Fundamental (E.M.E.F.) São Pedro foi selecionada por apresentar deficiência na utilização no ensino da EA. A escola possui uma sala de aula, uma sala que abriga a direção da escola, uma cozinha e um banheiro dentro do prédio. Atualmente, a escola atende 20 alunos do 1º ano no turno da manhã, 25 alunos do 2º e 3º ano no turno da manhã para a tarde e 20 alunos do 4º e 5º ano no turno da tarde do ensino fundamental, e o corpo docente é composto por três professores, que apoiaram o projeto. Logo a escola é composta de 3 turmas pois o 2º e 3º ano assistem aulas juntos, assim como o 4º e 5º ano também. Apenas as turmas do 4º e 5º ano estiveram envolvidas com as práticas, pelo seu grau de conhecimento ser compatível com as práticas para o seu bom desenvolvimento.

As práticas de educação ambiental implantadas na E.M.E.F. São Pedro foram a coleta seletiva e o desenvolvimento de uma horta sustentável como base inicial para a formação da consciência dos alunos. Durante o período compreendido de maio a junho de 2015, foi realizado, inicialmente, o diagnóstico da escola e dos alunos, quanto à estrutura para implantação das atividades selecionadas e o interesse pela temática através de questionários. O planejamento, implantação e incentivo à prática no âmbito escolar serviram para monitorar e avaliar o projeto conforme Corrêa et al. (2012).

Para a construção da horta, contamos com a ajuda dos pais dos alunos do 4° e 5° ano, devido o empréstimo de ferramentas, como enxada, pá, luvas e mangueira, assim como a parceria da E.M.E.F. Juliano Monteiro de Souza, também localizada na vila de Cuiarana, pelo fornecimento de sementes, mudas, adubos e auxílio técnico, uma vez que nesta escola a EA é executada devido o apoio do Programa Mais Educação do governo federal. Os recipientes para o cultivo das hortaliças foram fabricados a partir de materiais recicláveis (garrafas pet) adquiridos em uma cooperativa de catadores da região.

Para implantação de duas hortas foram utilizadas 120 garrafas pet, sendo que a horta horizontal possuía dimensões de 2 metros de comprimento e 45 centímetros de largura. Para horta vertical foram confeccionados vasos com garrafas pet, nos quais foram cultivadas hortaliças, popularmente denominadas, cheiro-verde (Petroselinum crispum), cariru (Talinum esculentum, Jacq.), cebolinha (Allium fistulosum), chicória (Cichorium endívia) e abóbora (Cucurbita moschata Duch), pelos próprios alunos. Enfatiza-se que os alunos, principalmente do 4º e 5º ano, comprometeram-se em realizar a manutenção da horta, após esta intervenção na EA desta escola.

Para a construção das lixeiras foram utilizados materiais reutilizados e reciclados adquiridos junto à comunidade de Cuiarana, como as bombonas para serem as lixeiras que foram construídas de forma interativa, papelão e cartolina para serem as tampas em formato de chapéu e isopor como os olhos e nariz, as lixeiras foram identificadas com as cores e tipo de material específico para o descarte. Foram fabricadas lixeiras para seleção de cinco classes de resíduos: plástico, papel, metal, vidro e orgânico, seguindo o padrão de cor em acordo com a resolução n° 275/01 do CONAMA (Tabela 1), sendo que os coletores foram dispostos na área de principal acesso da escola.

 

Tabela 1. Padrão de cores para coletores de coleta seletiva

Resíduo

Cor

Papel/papelão

Azul

Plástico

Vermelho

Vidro

Verde

Metal

Amarelo

Orgânico

Marrom

Fonte: Conselho Nacional Do Meio Ambiente – CONAMA, 2001.

 

O incentivo à parcela da sociedade alvo para a continuidade do aprendizado fora da extensão escolar se deu por meio de cartilha, palestras e atividades sobre a importância de práticas sustentáveis para o meio ambiente e local, bem como oficinas onde houve a participação ativa dos alunos na reutilização dos resíduos no cultivo de hortaliças e na produção dos coletores seletivos dentro de um processo reeducacional. Enfatiza-se que a abordagem educacional empregada foi de modo claro e simples para melhor compreensão do público alvo.

 

Resultados e discussão

O interesse e a disposição dos alunos da E.M.E.F São Pedro com respeito à participação de atividades com enfoque para a educação e gestão ambiental foi elevado durante todo o desenvolvimento da pesquisa, visto que 94% da parcela entrevistada afirmaram considerar uma temática de suma importância, entretanto, pela falta de oportunidade e incentivo, o envolvimento dessa classe de alunos em ações fundamentadas na sustentabilidade do meio ambiente era inexistente.

A E.M.E.F São Pedro tem um ótimo espaço para a implantação das atividades previstas (Figura 1), sem comprometer o bem-estar dos alunos no período de intervalo e lazer, bem como os pais dos alunos os quais também revelaram fascínio pelas atividades desenvolvidas.

 

Figura 1. Área disponível para implantação e desenvolvimento de atividades que envolvam a educação e gestão ambiental.

Descrição: C:\Users\58861\Desktop\GUSTAVO DIAS ELN\TCC Educação Ambiental em Cuiarana\FOTOS\Escola São Pedro\foto 3.JPG

Fonte: Os autores.

 

A criação da horta e de coletores de resíduos utilizando materiais descartados pela inutilidade interrompe a existência do pensamento errôneo de que desenvolver atividades que instiguem esses alunos à uma visão crítica quanto suas ações ambientais sejam dispendiosas, além de cooperar com a conscientização decorrente da sensibilização que essas atividades geram nos indivíduos (FERREIRA; CARDOSO, 2005).

Após dois meses da implantação das hortas, as hortaliças estavam se desenvolvendo, devido o comprometimento dos alunos e direção da escola para cuidar e regar a horta durante o processo (Figuras 2 e 3). Após o início do crescimento das hortaliças, as crianças ficaram mais motivadas para cuidar da horta segundo a direção do colégio, pois começaram a ver os resultados do trabalho coletivo.

 

Figura 2. Horta horizontal após dois meses na E.M.E.F. São Pedro.

Descrição: C:\Users\Gustavo Dias\Desktop\TCC Educação Ambiental em Cuiarana\FOTOS\Escola São Pedro\Parte 2\DSC_1161.JPG

Fonte: Os autores

 

Figura 3. Horta vertical após dois meses na E.M.E.F. São Pedro.

Descrição: C:\Users\Gustavo Dias\Desktop\TCC Educação Ambiental em Cuiarana\FOTOS\Escola São Pedro\Parte 2\DSC_1160.JPG

Fonte: Os autores

 

A horta vertical busca demonstrar que a ausência de grandes espaços não inviabilizaria a instalação desse tipo de horta. Esse modelo possibilitou a clareza quanto a possibilidade de cultivo de hortaliças nas residências dos alunos usando materiais simples, como as garrafas pet. A disponibilidade dessas hortaliças na escola contribuiu para o enriquecimento nutricional da merenda escolar incentivando a instituição para manter e expandir o projeto. No Brasil, o consumo de hortaliças, por habitante, é muito baixo quando se compara com outros países europeus, asiáticos e sul-americanos (FERNANDES, 2007).

A maior dificuldade relacionado ao cultivo das hortaliças foi devido a atração de grande número de formigas, as quais foram combatidas por meio de inseticidas orgânicos, haja vista que inseticidas industriais poderiam prejudicar as crianças da escola que as consumiriam posteriormente.

Os coletores seletivos foram produzidos de modo que cativasse a atenção dos alunos (Figura 4). A necessidade de depositar o lixo em locais apropriados, ou seja, a segregação dos resíduos promove a reutilização e a reciclagem, na tentativa de diminuir o uso dos recursos naturais (SZABÒ, 2010). A coleta seletiva de resíduos é um sistema de recolhimento de materiais recicláveis, tais como papéis, vidros, metais, e plásticos previamente separados pelas fontes geradoras. Nesse sentido, a etapa de segregação dos resíduos é importante para determinar a eficiência da coleta seletiva, pois ela possibilita a reciclagem dos componentes (CEMPRE, 2010).

 

Figura 4. Lixeiras de coleta seletiva infantis.

Descrição: C:\Users\Gustavo Dias\Desktop\TCC Educação Ambiental em Cuiarana\FOTOS\Escola São Pedro\df.JPG

Fonte: Os autores

 

Após um mês da implantação das lixeiras seletivas, constatou-se que houve uma segregação eficiente dos resíduos, o que se pode aferir que os alunos compreenderam a importância de sua ação individual diante das problemáticas ambientais, pois houve a participação ativa durante o programa de coleta seletiva. Durante esse período houve a geração de cinco sacos plásticos de 20 L de material reciclável, principalmente, de resíduo de papel, plástico e orgânico, os demais resíduos são de baixa geração na escola. O material reciclável era constituído basicamente de material cartonado e folhas simples, juntamente com uma grande quantidade de plástico, principalmente, copos descartáveis, aos quais muitas vezes encontravam-se sujos dificultando o processo de reciclagem. Uma medida simples e possível é a substituição destes por canecas de materiais reutilizáveis.

A utilização de materiais recicláveis na estruturação da horta e dos coletores seletivos possibilitou às crianças a compreensão acerca dos benefícios ao meio ambiente local, como o aumento da vida útil do aterro do município de Salinópolis, pela redução de resíduos que podem ser empregados sob uma nova ótica, de acordo com a criatividade.

 Essa prática, segundo Oliveira et al. (2014), contribui para: (1) O conhecimento dos 4’Rs (reduzir, reutilizar, reciclar, repensar); (2) Integração da comunidade escolar na realização de atividades socioambientais; (3) Incentivo do consumo de alimentos orgânicos, propiciando aos alunos experiências de práticas agroecológicas para a produção de alimentos, de tal forma que possam ser transmitidas aos seus familiares e, consequentemente, aplicá-las em hortas caseiras ou comunitárias.

As palestras e a entrega das cartilhas contribuíram na conscientização dos educadores, visto que se mostraram estimulados a seguirem com a educação ambiental em suas disciplinas, durante as aulas. Mostraram-se também motivados ao aperfeiçoamento em relação às temáticas ambientais, em especial pelo caráter interdisciplinar e transversal (NOGUEIRA, 2015).

 

Conclusão

As metodologias e atividades práticas das hortas e coleta seletiva do lixo escolar utilizadas na E.M.E.F. São Pedro foram decisivas na construção do saber para os alunos, proporcionando-lhes o conhecimento teórico e prático. Em poucos encontros, foi notório o envolvimento dos alunos com as atividades e o efeito destas no aprimoramento da compreensão dos temas discutidos. Ao final das análises pode-se considerar que as respostas dos estudantes às atividades foram extremamente satisfatórias, uma vez que atingiram os objetivos propostos.

A partir da construção das hortas, houve um retorno do conhecimento obtido pelos alunos, pois eles informaram que estavam produzindo hortas no ambiente familiar, fato facilitado pela assimilação do conhecimento adquirido na escola. A maioria dos alunos achou interessante a utilização das garrafas pet para cercarem a horta e mencionaram que iriam adaptar essa ideia nas suas casas.

Notou-se após a implantação das lixeiras de coleta seletiva que os alunos separavam o lixo de maneira correta, cada tipo de resíduo era depositado na lixeira correspondente. Por mais que não haja coleta seletiva no município esse hábito tem como principal objetivo o caráter educacional e de conscientização dos alunos, e não se pode descartar a possibilidade que futuramente se implante a coleta seletiva no município.

As ações bem sucedidas de gestão de resíduos sólidos, como as que foram implantadas na escola São Pedro mostram que é possível melhorar o conhecimento de alunos mais jovens a respeito de práticas e responsabilidades com a natureza e engajar os estudantes e comunidades em ações pautadas pela responsabilização e compromisso na defesa do meio ambiente.

A EA pautada nas atividades práticas deve ser um processo envolvente, que agregue os funcionários da escola, pais e membros da comunidade à qual a escola serve, dessa maneira o projeto possivelmente conseguirá se estabilizar e estender no tempo.

Com a pesquisa pudemos confirmar que os educandos realmente gostam das temáticas relacionadas à EA nas aulas, eles ressaltaram que a temática é muito importante e seu estudo é prazeroso.

Cabe destacar que se notou ao final do projeto que mesmo propostas de EA de curto prazo, são também producentes e contribuem para desencadear um repensar acerca das questões ambientais no âmbito das escolas, desde que comprometidas com ações reflexivas, sistematizadas e contínuas. Observou-se que problemas ambientais de ordem local e regional favorecem ainda mais a sensibilização ambiental, pois, se constituem em espaços conhecidos dos indivíduos, afetando-os de modo mais direto e intenso.

 

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Ilustrações: Silvana Santos