Estamos sendo lembrados de que somos tão vulneráveis que, se cortarem nosso ar por alguns minutos, a gente morre. - Ailton Krenak
ISSN 1678-0701 · Volume XXI, Número 86 · Março-Maio/2024
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15/12/2015 (Nº 54) EDUCAÇÃO AMBIENTAL NO ENSINO DE CIÊNCIAS: CONTEXTUALIZANDO A TEMÁTICA AMBIENTE NO ESPAÇO ESCOLAR
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EDUCAÇÃO AMBIENTAL NO ENSINO DE CIÊNCIAS: CONTEXTUALIZANDO A TEMÁTICA AMBIENTE NO ESPAÇO ESCOLAR

 

Mayara Ferreira Costa - Graduada em Ciências Naturais com habilitação em Biologia pela Universidade do Estado do Pará - Email: mayaraferreirabiologia@hotmail.com

 

Priscyla Cristinny Santiago da Luz - Doutoranda em Educação em Ciências e Matemática pela Rede Amazônica de Educação em Ciências e Matemática da UFMT- Polo - IEMCI/UFPA. Professora assistente da Universidade do Estado do Pará. Email: priscylaluz@gmail.com

 

 

RESUMO

 

O trabalho intitulado “Educação Ambiental no ensino de ciências: Contextualizando a temática ambiente no espaço escolar" teve como objetivo discutir acerca das  atividades contextualizadas  desenvolvidas sobre temáticas ambientais,  fomentado a construção da consciência ambiental crítica no ensino ciências. Este estudo utilizou a abordagem qualitativa tendo como foco a  pesquisa ação. Como metodologia foram descritas duas  atividades contextualizadas realizadas com uma turma do 6º ano/9 da Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Professor Bernardino Pereira de Barros, do município de Abaetetuba-PA. As análises dos dados foram possibilitadas a partir da participação e desempenho dos alunos na atividades planejadas. Sendo assim, ao término deste estudo pôde-se observar que de fato as atividades contextualizadas com temas ambientais foram muito relevantes ao processo ensino aprendizagem de ciências, já que os alunos demonstraram grande interesse na aprendizagem dos conteúdos de ciências através das práticas desenvolvidas de maneira contextualizada. E esta proposta favoreceu a sensibilização ambiental efetiva dos alunos participantes, proporcionando a formação de sujeitos ecológicos capazes de intervir de maneira positiva para a resolução de problemas ambientais do cotidiano.

 

Palavras-chave: Temáticas ambientais. Ensino de Ciências. Contextualização.

 

1 INTRODUÇÃO

O meio ambiente vem sofrendo grandes transformações ao longo dos anos. O avanço do consumismo humano se atrela ao avanço da degradação do meio ambiente, e o homem vem se destacando como principal responsável por esse fenômeno.

A preocupação com o meio ambiente tornou- se indispensável nas últimas décadas, uma vez que a população ficou mais atenta aos problemas ambientais, principalmente, por intermédio dos meios de comunicação. Logo, há necessidade de, cada vez mais, tratar sobre temas ambientais por meio de propostas que minimizem o estado de degradação que o meio vem sofrendo. E uma das maneiras de remediar tal situação é por meio da Educação Ambiental (EA).

De acordo com Reigota (2009) na década de 1980 houveram discussões sobre a implantação ou não da Educação Ambiental como uma disciplina no currículo escolar, mas o Conselho Federal de Educação escolheu em não fundamentá-la como uma área curricular, mas sim a considerou uma perspectiva educacional que deve perpassar todas as disciplinas.

O tema meio ambiente, segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais (1998), é tida no currículo escolar como um tema transversal, o qual trata em todas as disciplinas, dos problemas ambientais e suas discussões para a formação de cidadãos conscientes. E dessa forma “O tema transversal Meio Ambiente traz a discussão a respeito da relação entre os problemas ambientais e fatores econômicos, políticos, sociais e históricos” (BRASIL, 1997, p. 35).

Esses problemas são aqueles que permeiam a vida de alunos e professores, sendo frequentes e cotidianos, como: poluição, desmatamento, lixo, enchentes e etc. Tais problemas podem estar presentes perto das escolas, das casas e trazem diversos malefícios ao meio ambiente.

Por isso, tornou-se de suma importância trabalhar sobre temas ambientais como propõe os parâmetros de ciências naturais, isto é de forma contextualizada. Trazer o assunto em sala de aula sob os aspectos sociais, culturais, políticos e econômicos do dia- a- dia do aluno tornará mais compreensível e entendível para o alunado.

Para Gabrielli (2011) é necessário atrelar os assuntos do currículo escolar a circunstâncias que tenham significado para o discente, incluindo o seu dia-a-dia, e assim ele estará apto a relacionar as informações. Mas para que isso ocorra, a situação escolhida deve ser favorável e significativa para o aluno na sua vida e para a escola, dessa forma, o contexto deve ser buscado na vida cotidiana e na sociedade.

De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), Brasil (1997) o professor ao explicar o conteúdo em sala de aula deve introduzir conceitos de temas transversais, como o tema Meio Ambiente, levando em consideração a realidade do aluno. Entretanto, esses conceitos, inúmeras vezes, ficam apenas na sensibilização teórica para o aluno, e quase sempre não há o desenvolvimento da prática.

No geral, as propostas da Educação Ambiental são restritas [...], limitando o principal objetivo desta que é compreender o ambiente de forma global e consequentemente, a rede de inter-relação pessoa-sociedade-natureza (que é o centro da EA) é percebida somente parcialmente (SAUVÉ, 2012).

Outras dificuldades estão relacionadas aos recursos utilizados pelos professores, em que muitas vezes são limitados, utilizando, prioritariamente os livros didáticos e estes, na maioria das vezes, trazem os assuntos de contextos de outras regiões, e não a do aluno. Percebe- se, então, que os problemas são muitos, no que diz respeito à realização de práticas efetivas acerca da EA no âmbito escolar.

De acordo com Busquets apud Lucas (2013) uma maneira de se implicar na mudança da sociedade, sem deixar de lado os assuntos do currículo tradicional, é por intermédio da inclusão dos temas transversais no currículo das instituições, como o tema meio ambiente.

Objetivando levar a Educação Ambiental aos alunos do 6º ano/9 por meio de atividades contextualizadas sobre temáticas ambientais, fomentado o aprendizado de ciências; Avaliar a aprendizagem dos alunos, baseado nos princípios da educação ambiental crítica, que compunham as atividades contextualizadas e Promover a sensibilização dos alunos sobre as temáticas ambientais por meio das atividades de Educação Ambiental, é que se propôs é que se propôs desenvolver atividades para o 6º ano/9 (5ª série) da Escola E. E. F. e Médio Profº Bernardino Pereira de Barros, Abaetetuba-PA, com o tema meio ambiente que contextualizasse o conhecimento dentro do ambiente escolar no ensino fundamental.

 

2 REFERENCIAL TEÓRICO

De acordo com Loureiro, Layrargues e Castro (2008) a EA é uma proposta introduzida em um contexto que reflete analogias da sociedade, que é dependente de uma visão crítica e de transformações em vários aspectos que venham a ocorrer.

Trabalhar a EA no contexto da sala de aula, ou seja, no ambiente formal, faz com que o alunado perceba que os problemas ambientais não se encontram somente na parte externa da escola, mas que também estão inseridos no contexto da aprendizagem curricular. De acordo com Barcelos (2010) as atividades desenvolvidas na escola, também, vão para além do cotidiano da sala de aula, lugar onde nós professores cumprimos nossos trabalhos profissionais.

A EA no plano formal exige novas práticas e conteúdos, nos quais circundam a transmissão e disseminação de saberes relacionados ao meio ambiente, permitindo a construção de habilidades e conhecimentos. Nesse sentido, propõem-se as três esferas multidimensionais dentro da EA, citada por Loureiro (2006): o indivíduo, a sociedade e a natureza

A transversalidade é uma proposta que deve ser trabalhada em todos os níveis de escolaridade, conforme Reigota (2009, p. 27) “Do ensino fundamental ao ensino superior pode estar presente em qualquer disciplina, por todas as áreas do conhecimento [...]”.

Os Parâmetros Curriculares Nacionais são  orientações  elaboradas para dar tratamento aos conteúdos e as temáticas escolares no ensino básico.Nesta o tema  Meio Ambiente é direcionado para o tratamento transversal no ensino de ciências. Segundo Brasil (2012),  esse documento é uma propostas que  as secretarias e as unidades escolares poderão se basear para elaborar seus próprios Projetos Políticos Pedagógicos (PPP) e Planos de ensino. Além disso, a escola deve estar preparada para receber os temas transversais e deve oferecer subsídios a professores e alunos para que o processo de ensino aprendizagem seja efetivado com sucesso.

Penteado (2010, p. 55) afirma que a EA “trata-se de uma tarefa a ser cultivada desde os primeiros anos de escolaridade”. Trabalhar com alunos do 6º ano (antiga 5ª série) proporciona a eles a oportunidade de desde o começo de suas vidas escolares estarem em contato com a EA. E trabalhar a introdução dos conceitos de EA dentro dos conteúdos de ciências é uma alternativa que atrela o conteúdo da sala de aula com a vivência do alunado.

       Dessa forma, trabalhar as questões ambientais na escola em um contexto não conteudista ou disciplinar, sempre será algo muito válido tanto para alunos, quanto para professores e toda a comunidade escolar, no que tange a discussão de preceitos éticos e a formação de opiniões para irem à busca de melhoria da qualidade de vida da população.

Nesse sentido de buscar uma educação que tenha como centro a construção de um ser capaz de tomar decisões a cerca da problemática ambiental vivida nos tempos atuais, é que se propõe a educação ambiental crítica. Segundo Carvalho (2004) a educação crítica no Brasil, surgiu nos ideiais libertários que se constituiu no rompimento de uma visão de educação tecnicista.

Partindo dessas ideias a EA cresce rumo a um objetivo: compreender as relações sociedade-natureza e descobrir como intervir sobre os problemas e conflitos ambientais. Loureiro (2007, p. 5) preconiza a ideia de que a EA crítica está voltada para os problemas atuais enfrentados localmente: “Logo, entendo que o cerne da Educação Ambiental Crítica é a problematização da realidade, de nossos valores, atitudes e comportamentos em práticas dialógicas”.

Um dos produtos da EA crítica é a formação do sujeito ecológico, em que Carvalho (2006, p. 67) o conceitua gesticulando que: “O sujeito ecológico, nesse sentido, é um sujeito ideal que sustenta a utopia dos que creem nos valores ecológicos, tendo, por isso, valor fundamental para animar a luta por um projeto de sociedade bem como a difusão desse projeto” e este sujeito é capaz de intervir na sociedade, criado a partir das suas bases pedagógicas.

Segundo Carvalho (2004), nesse âmbito, o PPP da EA crítica seria o de contribuir para uma alteração de valores e atitudes, possibilitando a formação do sujeito ecológico. Além da formação de um sujeito ecológico capaz de conter valores ético-políticos e de intervir na mudança social e ambiental, a Educação crítica busca ressignificar o cuidado com a natureza e com o outro humano baseada nas decisões sociais e reorientada nos estilos de vida coletivos e individuais.

Contextualizar significa inserir o cotidiano do aluno em todos os aspectos (social, político, econômico e cultual) nos conteúdos em sala de aula. É fazer com que os conteúdos façam sentido para a vida do discente e o que está sendo repassado servirá ou que ele poderá aplicar em seu dia-a-dia. Segundo Kindel e Lisboa (2012) quando não houver essa contextualização dos assuntos, o ensino ficará prejudicado, o que acarretará pouca compreensão dos fenômenos, dificultando a aprendizagem.

Torna-se de suma importância explorar as questões do cotidiano, pois a partir dessa ideia de dia-a-dia, os alunos poderão expressar-se com os outros seres integrantes da sociedade. Dessa forma: “É no cotidiano que podemos aprender a nos olhar, aprender a falar, a ouvir, a ver, a viver uma vida banal ou não” (GADOTTI, 2003, p. 24 apud LOUREIRO, 2006, p. 132).

Segundo Carvalho (2006) a EA oferece para o indivíduo um ambiente de aprendizagem social e individual no sentido mais profundo da experiência de aprender. Mais do que um ambiente de aprendizagem de assimilação de conteúdos e informações, um espaço que gera a formação do sujeito humano ecológico. E a contextualização, nesse sentido, visa inserir nos conteúdos de sala de aula a realidade do aluno, proporcionando a ele um maior entendimento dos assuntos e consequentemente a criação de uma visão mais ampla e crítica a cerca dos problemas ambientais a sua volta. Para o professor é uma maneira mais hábil de repassar o conteúdo, pois o alunado depreenderá com mais facilidade o que está sendo colocado a ele.

 

3 METODOLOGIA

 

Este artigo apresenta  parte da discussão apresentada no Trabalho de Conclusão de Curso: Educação Ambiental no ensino de ciências: Contextualizando a temática ambiente no 6º ano/9 da Escola E. E. F. e Médio Profº Bernardino Pereira de Barros, Abaetetuba- PA, realizado no ano de 2013.

A pesquisa caracterizou-se pela abordagem qualitativa Lüdke e André (1968), apoiada na pesquisa-ação segundo as ideias de Thiollent apud Gil (1994). A pesquisa-ação foi realizada com vinte (20) alunos do 6º/9 “B” no contra- turno da Escola E. E. F. e Médio Profº Bernardino Pereira de Barros, Abaetetuba- PA. O projeto real foi desenvolvido as quintas-feiras do final do mês de maio e o mês de junho de 2013, com 3 horas por dia, e junto aos discentes foram desenvolvidas seis atividades contextualizadas, com as temáticas: seres vivos, água, lixo e poluição. E para a execução das aulas foram elaborados planos de aula.

Neste artigo são analisadas e discutidas duas ações realizadas na escola,  lixo e poluição e as atividades: produção de textos com sugestões para a diminuição do lixo na escola e montagem de painel com os tipos de poluição.

Após a realização das atividades, foram realizadas análises qualitativas das produções textuais, montagem do painel, relatórios que verificaram e identificaram como os alunos compreenderam e vivenciaram o tema trabalhado, além da construção de gráficos para exemplificar os dados em análise.

 

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 Temática Lixo

Nesta atividade foram utilizados textos com sugestões para a diminuição de lixo na escola e suas adjacências. Em seguida os alunos foram convidados a caminhar pelas áreas da escola e observar quantidade de lixo presente nesta e nos arredores, a fim de  elaborar sugestões, através de textos acerca da redução deste resíduos. Para a realização dessa atividade foi distribuído aos alunos, lápis, papel com pauta e borracha.

 Assim foram abordados os seguintes conceitos relacionados à temática lixo: de onde vem e para onde vai o lixo; tipos de lixo: orgânico e inorgânico; a questão da prática dos 3 R’s (reduzir, reutilizar e reciclar); a importância da coleta seletiva e os prejuízos causados ao meio ambiente com o excesso de lixo. Loureiro (2006) aponta que o problema do lixo é uma questão coletiva e que propósitos devem ser criados para a resolução deste, objetivando a melhora na qualidade de vida.

A avaliação foi realizada por meio da atividade: observação da quantidade de lixo na escola e ao redor dela com produção de sugestões, através de textos, dos alunos para a melhoria do excesso de lixo. Após a aula sobre lixo, os alunos foram convidados a fazer um passeio pela escola e ao redor dela, com o propósito de observarem a quantidade de lixo nesses espaços e, assim, produzirem textos com sugestões para a melhoria desse excesso de lixo.

Em relação à contribuição da produção textual para a Educação Ambiental, Barcelos (2010, p. 93) ressalta que: “Em Educação Ambiental o texto pode servir como uma educação para a palavra, para a escrita”.

O texto abaixo da aluna C “B” é um exemplo digitado de como essa atividade foi desenvolvida.

 

Gostaria que fosse feito uma limpeza que não tivesse mas: poeira, casca de Bombons, papel jogado no chão e coloca-se cadeado nas portas da escola para não pegar o nossos matérias.

Para melhorar o meio Ambiente da Escola é preciso ter consciência é ter uma caminhada

é ter mais projeto de Educação ambiental talvez assim eles tem consciência na natureza na escola e tem que ter mais plantas no lugar que a gente estuda e assim não vai ter mais poeira nela

eu aprender a cuidar da escola com a professora Maiara.

*Assim Que eu quero que esteja a Escola Bernardino

B.P.B (Relatório da aluna C "B") - grifo do aluno

 

Percebe-se, por meio deste exemplo, que os alunos tornaram-se mais reflexivos sobre seus atos, na produção excessiva de lixo na escola, não só a questão do lixo, mas dos problemas ambientais que eles próprios observaram durante a realização das atividades.

Essa atividade também serviu para construir uma aprendizagem eficaz, visto que os alunos já observavam este problema no dia-a-dia e desenvolver a escrita, uma vez que eles se empenharam na construção de textos com as possíveis soluções para a problemática do lixo. E dessa forma a atividade foi efetivada. Em relação à escrita Küller e Rodrigo (2012, p. 6):

 

Para desenvolver a competência de escrever, por exemplo, é preciso criar situações em que o participante seja solicitado a escrever, refletir sobre sua escrita e modificá-la. A sequência ação-reflexão-ação precisa ser colocada como centro da dinâmica educativa.

 

Com essa atividade os alunos foram incentivados à reciclagem de material e à coleta seletiva do lixo, atitudes muito importantes para o planeta, com base nos próprios problemas relacionados ao lixo encontrados por eles na escola. Ao final da aula foi solicitado que os alunos trouxessem na aula seguinte jornais, revistas e papelão que tivessem em sua casa e que não seriam mais utilizados.

 

4.2 Temática Poluição

Nesta atividade trabalhou-se com quatro reportagens sobre carros, empresas, etc., a respeito da poluição do ar e das águas, em decorrência da instalação de empresas e, consequentemente, do crescimento urbano e do número de veículos. As reportagens eram sobre temas regionais, nos quais estão inseridos os assuntos: poluição da água, poluição visual, poluição sonora e poluição do ar.

Kindel e Lisboa (2012, p. 34) apontam que “discutir sobre problemas sociais e ambientais, utilizando as experiências dos alunos e reportagens de jornais e revistas” é um método que introduz notícias que estão bem próximos dos alunos, mas que raramente são percebidas.

Com as reportagens e levando em consideração as ideias precedentes dos alunos e suas vivências, foi realizada uma discussão sobre o assunto. O objetivo de se ter trabalhado com essas reportagens era justamente esse mencionado por Kindel e Lisboa (2012) o de trazer a contextualização para os alunos, para que os mesmos soubessem que estes problemas ambientais não acontecem somente em outros lugares, do contrário, em todos: local, regional e global.

Logo após a discussão, foi realizada a atividade: montagem de um painel sobre os tipos de poluição, utilizando recortes de jornais e revistas. Os discentes montaram grupos de acordo com a afinidade e se mobilizaram durante a atividade. Küller e Rodrigo (2012, p. 8) afirmam que a função da mobilização é: “Estimular a participação efetiva dos alunos nas atividades de aprendizagem”.

Os mesmos grupos das reportagens ficaram encarregados com um tipo de poluição: do ar, da água, do solo, visual e sonora, o qual foi designado o nome da equipe. Os alunos socializaram os materiais, a fim de que cada grupo tivesse o máximo de recortes possíveis sobre seu tipo de poluição.

Após a colagem e montagem do painel, os alunos colaram os pedaços de papelão trazidos na parte dorsal do painel para melhor sustentar os recortes, conforme a figura 1:

 

Descrição: C:\Users\Windows 7\Desktop\DSC01943.JPG

Figura 1: Painel sobre os tipos de poluição.

 

Através das reportagens trabalhadas, os alunos perceberam que com a instalação de empresas houve um grande crescimento urbano e em consequência o aumento de doenças respiratórias, além dos impactos que o crescimento populacional pode trazer ao meio ambiente. É interessante mostrar ao alunado os impactos que a própria população e a tecnologia geram ao ambiente – espaço de vida e vivência – a fim de se conscientizarem prematuramente acerca desses problemas.

Esse fator foi importante na formação de sujeitos ecológicos preocupados com o meio e a sociedade em que vivem, buscando a mudança de forma coletiva e a ressignificar o cuidado com o ambiente em que vivem. E esse é um dos princípios da EA crítica trabalhada ao longo deste trabalho, segundo Carvalho (2006). Com a utilização dos jornais, revistas e papelão que iriam ser jogados ao lixo para produzir um painel, o aluno pôde perceber que reciclar é importante para que haja menos lixo no meio ambiente.

Finalizam-se, então, as análises e discussão das atividades contextualizadas desenvolvidas com os alunos do 6º ano /9 da Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Bernardino Pereira de Barros, Abaetetuba-PA, a partir de conteúdos do currículo de ciências. Em relação às atividades desenvolvidas Kindel e Lisboa (2012, p. 30) contribuem dizendo que: “As atividades visam a sensibilizar os alunos sobre o meio ambiente onde estão inseridos, seus problemas e suas necessidades de conservação”.

Com as produções realizadas pelos alunos e a participação dos mesmos nas atividades, verificou-se a relação que os assuntos de ciências e temáticas ambientais – isto é, a relação que cada conteúdo trabalhado e a atividade desenvolvida – teve para o desempenho dos discentes, analisada a partir das próprias atividades. Neste sentido, exemplifica-se nos gráficos 1 e 2 esse desempenho dos alunos em relação as temáticas ambientais trabalhadas e as atividades contextualizadas desenvolvidas, com base na participação matemática dos alunos.

       As  metodologias usadas nas atividades planejadas baseadas na contextualização foram essenciais para que os alunos construíssem conhecimentos ambientais partindo da própria vivência. De acordo com Küller e Rodrigo (2012) a competência é promovida para enfrentar os desafios e problemas cotidianos e inesperados da vida, problemas esses da convivência em sociedade e da convivência no trabalho. Deste modo, as situações de aprendizagem devem ser organizadas de forma que esses problemas, além dos pessoais, surjam no ambiente de aprendizado, de forma análoga àquela com que aparecem na vida, na sociedade  no trabalho.

 

5 CONSIDERAÇÕES

Em relação às atividades desenvolvidas, os alunos demonstraram grande interesse na aprendizagem dos conteúdos de ciências através de atividades que empregaram a ludicidade, os quais se sentiram os próprios construtores do seu conhecimento.

O texto com sugestões sobre o excesso de lixo requerido aos alunos foi direcionado a contribuir diretamente com a escola, pois os textos mostraram como sugestões desde a plantação de árvores até mesmo a realização de projetos ambientais na escola, poderiam minimizar os problemas identificados na escola. Isso mostra o interesse do alunado em participar ativamente das atividades planejadas.

A montagem de painel com os tipos de poluição: sonora, do ar, da água e visual, fez com que os alunos participassem ativamente, observou-se que apenas alguns alunos leram as reportagens levadas para a discussão em sala. Isso mostrou que nem todos os alunos gostam de leitura. Os alunos acertaram as figuras, os recortes, no tipo de poluição correspondentes e isso foi satisfatório, no que tange, a aquisição de conhecimentos.

Os educandos fizeram suas próprias produções, escreveram sem a preocupação com a ortografia, aparência e desenvolveram as atividades baseados em situações contextualizadas, e que, muitas vezes, refletiam suas próprias vivências. O papel da Universidade, nesse sentido, foi promissor, uma vez que levou atividades diferenciadas a alunos de escola pública, na qual muitas vezes, os recursos são escassos e não há incentivo a esse tipo de trabalho, tanto para a instituição, quanto para professor e aluno. E na questão profissional, adquiriu-se experiência como docente e mais prazeroso foi estar em contato com os discentes e conhecer sua realidade, suas dificuldades e seus anseios.

Por fim, após serem realizadas as atividades contextualizadas, constatou-se que a proposta por meio de temáticas ambientais foi de grande importância para a construção da aprendizagem de Educação Ambiental com a visão crítica. Espera-se com este estudo ter proporcionado discussões importantes no processo de ensino e aprendizagem de ciências. Entretanto, compreende-se que muito ainda há de ser estudado para que práticas educativas eficientes sejam realmente incorporadas ao sistema educacional, promovendo a aprendizagem efetiva dos alunos.

 

 

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LOUREIRO, Carlos Frederico Bernardo; LAYRARGUES, Philippe Pomier; CASTRO, Ronaldo Souza de. (orgs). Educação ambiental: repensando o espaço da cidadania. 4ª ed. São Paulo: Cortez, 2008.

 

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Ilustrações: Silvana Santos