Estamos sendo lembrados de que somos tão vulneráveis que, se cortarem nosso ar por alguns minutos, a gente morre. - Ailton Krenak
ISSN 1678-0701 · Volume XXI, Número 86 · Março-Maio/2024
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15/12/2015 (Nº 54) O QUE FAZEM, AS ESCOLAS QUE DIZEM QUE FAZEM, EDUCAÇÃO AMBIENTAL?
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O QUE FAZEM, AS ESCOLAS QUE DIZEM QUE FAZEM EDUCAÇÃO AMBIENTAL?

 

Alex Sandro Tomazini1

 

1UNICASTELO/Mestrado Ciências Ambientais

 

1alextomazini@bol.com.br, 2lecaclima@yahoo.com.br

 

 

Resumo - A questão ambiental está cada vez mais presente no cotidiano da sociedade  e se reflete no desafio da preservação da qualidade de vida da população de Guarulhos-SP. Nesse cenário, o processo educativo leva à formação de atores sociais que conduzirão uma transição em direção à sustentabilidade socioambiental. A Educação Ambiental desponta como possibilidade de ação social e reflexiva, que gera novos conhecimentos, metodologias e habilidades multidisciplinares. Com isso, representa um instrumento essencial para a transformação do padrão existente de degradação socioambiental no bairro do Taboão.

 

Palavras-chave: Educação Ambiental, Saneamento Básico, Qualidade de Vida.

 

Área do Conhecimento: Multidisciplinar.

 


Introdução

 

A ênfase dada ao desenvolvimento de uma educação escolar voltada à formação de sujeitos críticos e transformadores é o que norteia os documentos oficiais como Lei de Diretrizes e Bases da Educação (Brasil, 1996), os Parâmetros Curriculares Nacionais (Brasil, 2000) e o Plano Nacional de Educação (Brasil, 2001). No contexto educacional brasileiro, a questão ambiental está incorporada como tema transversal no currículo do ensino básico, sugerindo uma abordagem interdisciplinar para a área.

Historicamente, a Educação Ambiental era um assunto totalmente teórico, muito pouco trabalhado e aulas práticas e com a repetição descontextualizada da realidade do aluno.

Loureiro (2014, p. 29) destaca que:  Educação Ambiental é muito mais que conscientizar sobre a importância da água, a reciclagem do lixo e o saneamento básico, mas sim trabalhar situações que possibilitem a comunidade escolar a pensar propostas de intervenção na realidade que os cerca. Ela será o elo entre todas as disciplinas e preencherá a lacuna na área da educação, referente a melhoria da qualidade de vida e meio ambiente. Nesse sentido, compreendemos que a Educação Ambiental é um processo longo e contínuo, e mudar isso não é algo fácil, nossos hábitos e atitudes podem ser modificados a partir da conscientização da necessidade de mudança.Para isso faz-se necessário uma Educação Ambiental nos ajude construir uma sociedade mais integrada em nossas relações com as pessoas e também com o meio ambiente, ou seja, garantir qualidade de vida para a nossa e para as futuras gerações.         Precisamos mudar valores e atitudes individuais e coletivas, a começar por viver com o planeta em mente. O pensamento crítico mais responsável e solidário, por ser comprometido com o coletivo, e voltado para a simplicidade, por ser menos individualista, consumista e competitivo, pode levar os nossos jovens estudantes a uma postura que permita um presente e um futuro sustentáveis.

 

 

 

Descrição: SAM_1177.JPG

 

Figura 1 – Visita na Unidade de Tratamento de Água e Esgoto Cabuçu.

 

 

Metodologia

 

Esse trabalho foi desenvolvido com base em pesquisas bibliográficas, palestras e oficinas. Trabalharemos com programas que visam descobrir a natureza pelas diversas disciplinas e nas atividades, objetivos e ações propostas pelo Projeto Eco-Escola.

 

 

Discussão

 

Ao longo dos últimos anos, a Educação Ambiental tem sido cogitada e adotada como uma das ações capazes de colaborar com a transformação do padrão de degradação socioambiental vigente em nossa sociedade.

A escola foi um dos primeiros espaços a absorver esse processo, recebendo sua cota de responsabilidade para melhorar a qualidade de vida da população local, por meio de informação e conscientização.

Sabe-se que a escola representa um espaço de trabalho fundamental para iluminar o sentido de luta ambiental e fortalecer  as bases da formação da cidadania, apesar de carregar consigo o peso de uma estrutura desgastada e pouco aberta às reflexões relativas à dinâmica socioambiental. Isso não significa que a Educação Ambiental limita-se ao cotidiano escolar. Pelo contrário, cada vez mais se expande para os diversos setores sociais, já que todos tem responsabilidade sobre os impactos da ação humana no ambiente.

Se a Educação Ambiental deve ser vista como uma prática pedagógica, o intuito é o de produzir um exercício para pensar e propor caminhos que iluminem o entender e o fazer da Educação Ambiental na escola, contribuindo então para uma reflexão e a prática daqueles que se propõem a fazer  da educação ambiental uma verdadeira fonte de motivação para  transformação social.

Segura (2012, p. 25), “no contexto escolar, isso significa rever o papel da escola como instituição cujo papel social é formar cidadãos”, ou seja, pretende-se construir uma rede de significados sobre as ações e as relações que os educadores estabelecem no cotidiano quando resolvem trabalhar Educação Ambiental.

No caso do  bairro do Taboão, este quadro encaixa-se perfeitamente, pois a população é carente de acesso aos serviços básicos e estão  sujeitos ao risco de enchentes, a doenças advindas da falta de saneamento, entre outros fatores que afetam a qualidade de vida, como a falta de moradia adequada, de transporte e violência, para citar os mais graves.

Por outro lado, a Educação Ambiental consta no inciso I do artigo 36, da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. É prevista para ter conteúdo curricular da educação básica e ser ministrada de forma multidisciplinar e integrada em todos os níveis de ensino.

Freire (1981, p.70) afirma que: “O papel ativo do homem na sua realidade e com a sua realidade no sentido de mediação que tem a natureza para as relações e a comunicação do homem”, também se preocupa com a compreensão da mediação entre natureza e cultura como condição para o processo de aprendizagem pois, a educação acontece como parte da ação humana de transformar a natureza em cultura, atribuindo-lhe sentidos, trazendo para o campo da compreensão e da experiência humana de estar no mundo e participar da vida.

É inescapável a convicção de que seja possível que a instituição e os sujeitos sociais que com sues valores, crenças e culturas, reúnam e articulem sinergeticamente o volume necessário de poder cultural, político e ideológico para reconstituir a realidade da comunidade local.

 

 

Resultados

Uma primeira aproximação sobre a escola Padre Antonio Velasco diz respeito ao tempo em que esta vêm desenvolvendo Educação Ambiental, aproximadamente três anos. Quando verificamos a Educação Ambiental in loco, nos foi declarado que a escola desenvolve ações por projeto. É possível dizer, que mesmo diante das dificuldades estruturais da escola, quanto à flexibilização da organização curricular disciplinar, está se buscando caminhos integradores que insiram a Educação Ambiental em diferentes disciplinas ou atividades.

 

Conclusão

 

A educação ambiental é um direito de todos e deve estar presente em todos os meios sociais, indo além das atividades relacionadas com o ambiente escolar. Atualmente, mesmo com todas as leis, congressos, encontros e redes de educação ambiental, nós educadores que vivenciamos o dia-a-dia das escolas públicas, percebemos que na prática pouco se avançou diante da necessidade de práticas educativas voltadas para a melhoria do ambiente escolar e da comunidade externa. Os problemas são inúmeros, desde a falta de cooperação entre os colegas de diferentes áreas de saberes, falta de verba e problemas relativos no entorno das escolas.

 

É preciso que o educador ambiental não desanime e que através dos recursos que dispõe busque renovar a educação, explorando os temas ambientais mais relevantes para a realidade de seus alunos, para que estes possam se tornar cidadãos críticos e conscientes de seus deveres e direitos dentro da sociedade e do mundo.

 

O desafio é grande e não deve ser visto como desanimador ou angustiante. O prazer de ser educador ambiental reside não na certeza dos resultados, mas na construção permanente de novas possibilidades e reflexões que garantam o aprendizado, o respeito às múltiplas formas de vida e a esperança de que podemos, sim, construir um mundo melhor para todos, igualitário, culturalmente diverso e ecologicamente viável.

 

 

Referências

 

BRASIL, LDB. Lei 9496/96 – Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Disponível em www.planato.gov.br >Acesso 07/05/2015.

BRASIL, PNE. Lei 10.172/01 – Plano Nacional de Educação. Disponível em www.planato.gov.br >Acesso 07/05/2015.

BRASIL, PCN. Parâmetros Curriculares Nacionais: Meio Ambiente. Brasília: 2000.

FREIRE, P. Pedagogia do oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1981.

LOUREIRO, C.F.B. – Educação Ambiental: Dialogando com Paulo Freire. São Paulo: Cortez, 2014.

SEGURA. D. S. Educação Ambiental na Escola Pública. Dissertação (Mestrado em Educação) – Faculdade de Educação, Universidade de São Paulo. São Paulo: 2001.

 

 

 

Ilustrações: Silvana Santos