Estamos sendo lembrados de que somos tão vulneráveis que, se cortarem nosso ar por alguns minutos, a gente morre. - Ailton Krenak
ISSN 1678-0701 · Volume XXI, Número 86 · Março-Maio/2024
Início Cadastre-se! Procurar Área de autores Contato Apresentação(4) Normas de Publicação(1) Dicas e Curiosidades(7) Reflexão(3) Para Sensibilizar(1) Dinâmicas e Recursos Pedagógicos(6) Dúvidas(4) Entrevistas(4) Saber do Fazer(1) Culinária(1) Arte e Ambiente(1) Divulgação de Eventos(4) O que fazer para melhorar o meio ambiente(3) Sugestões bibliográficas(1) Educação(1) Você sabia que...(2) Reportagem(3) Educação e temas emergentes(1) Ações e projetos inspiradores(25) O Eco das Vozes(1) Do Linear ao Complexo(1) A Natureza Inspira(1) Notícias(21)   |  Números  
Artigos
15/12/2015 (Nº 54) EDUCAÇÃO AMBIENTAL NA ESCOLA/COMUNIDADE: A ARTE DE REUTILIZAR.
Link permanente: http://www.revistaea.org/artigo.php?idartigo=2206 
  

EDUCAÇÃO AMBIENTAL NA ESCOLA/COMUNIDADE: A ARTE DE REUTILIZAR.

           

Roseane Lima Coelho¹, Idevalda Ferreira Rodrigues², Marco Valério de Albuquerque Vinagre³ e Leonardo Augusto Lobato Bello4.

 

1- Professora de Arte da Secretaria de Educação do Estado do Pará, Especialista em Educação Ambiental e Mestranda em Desenvolvimento e Meio Ambiente Urbano na Universidade da Amazônia – UNAMA.

Tv. Soares Carneiro Ps. Belém, 110

Umarizal

66.050-040

Telefone: (91)980399026

anizcoelho@gmail.com

 

 

2- Professora do Ensino Fundamental da Secretaria de Estado de Educação do Pará - Seduc.

Os. Dom João126, Aptº A

Telégrafo

66.113-430

Telefone: (91)999054527

Idevalda-rodrigues@hotmail.com

 

 

3- Doutor em Engenharia de Recursos Naturais da Amazônia. Engenheiro do Ministério Público do Estado do Pará. Professor da Universidade da Amazônia. Membro Titular da Academia Paraense de Ciências, Professor da Universidade da Amazônia , Orientador na Disciplina Saneamento Ambiental.

Av. Alcindo Cacela 287, 2o andar Bl. E

Umarizal

66060-902 – Belém, Pa – Brasil

Telefone: (91) 40093284

Fax: (19)40093103

Marcovalerio.vinagre@unama.br

 

 

4- Doutor em Engenharia Civil Geotécnica Leonardo Augusto Lobato Bello,  pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, Coordenador do Mestrado em Desenvolvimento e Meio Ambiente Urbano,Universidade da Amazônia, Centro de Ciência Exatas e Tecnologia Ccet, Departamento de Engenharia Civil.
Av. Alcindo Cacela 287, 2o andar Bl. E
Umarizal
66060-902 - Belem, PA - Brasil
Telefone: (91) 40093284
Fax: (91) 40093103
Leonardo.bello@unama.br

 

RESUMO:

 

            O mundo enfrenta hoje sérios problemas de ordem ambiental, graças aos grandes avanços tecnológicos e científicos, onde o ser humano tem um grande desafio a sustentabilidade ambiental. Entre esses problemas está a produção excessiva de lixo, que é uma característica natural da sociedade de consumo, estabelecida com a consolidação do fenômeno da globalização. Esta preocupação vem aumentando cada vez mais com a ajuda da mídia e de setores mais variados da sociedade: Organizações não governamentais, Governamentais, governamentais, professores, empresas privadas, indústria, políticos e outros no que diz respeito à preocupação ambiental. Com esta preocupação reunimos os alunos do quinto ano da Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Vera Simplício Ada cidade de Belém-Pa, através do Projeto “O lixo que produzimos e suas consequências à saúde do ser humano”, para realizar a pesquisa, onde foram aplicados dois questionários, um para as Instituições, Empresas e o segundo para as residências do entorno da mesma. Ao final descobrimos que, todos que dizem que fazem a coleta seletiva do lixo, na verdade só separam as garrafas pets. Para diminuirmos esses impactos, reutilizamos, através da Arte como ferramenta para a prática da Educação Ambiental.

Palavras chaves: Educação Ambiental, Educação Estética Lixo.

ABSTRACT:

The world today faces serious problems to the environment, due to major technological and scientific advances, where the human being has a major challenge to environmental sustainability. Among these problems is the excessive production of waste, which is a natural characteristic of the consumer society, established with the consolidation of the globalization phenomenon. This concern has been increased more and more with the help of the media and various sectors of society: Non-governmental organizations, governmental, government, teachers, private companies, industry, politicians and others with respect to environmental concerns. With this concern we gathered the students of the fifth year of the State Primary Education  and secondary Vera Simplicio Ada School in the  city of Belém-Pa, through the project "The waste we produce and its consequences for human health", to carry out research with Two questionnaires, one for institutions, companies and the second to homes surrounding the scholl were applied. At the end we discovered that all they said they did selective collection of garbage, actually only separated the plastic bottles. To lessen these impacts, reuse, through Art as a tool for the practice of environmental education.

 

Key words: Environmental Education. Aesthetic Education. Waste.

 

 

 

 

INTRODUÇÃO

Ao contrário do que alguns livros nos mostram a tarefa de educar com o meio e para o meio é bem mais antiga, podemos afirmar isto a partir do grande evento da Semana de Arte Moderna de 1922 - São Paulo, que foi o primeiro movimento coletivo, não só das artes, mas também, onde a sociedade participou de várias discussões e protestos voltados para as grandes transformações econômicas, sociais e culturais. Posteriormente vários artistas da época abordaram estes temas em suas obras: Ernesto di Fiori “Queimadas” 1931, Signaud “A Torre de Concreto” 1932, Tarsila do Amaral “Os Operários” 1933, Nilton da Costa, “Vista do Bairro" 1939, Lasar Segal “Navios dos Imigrantes” 1944, Portinari “Criança Morta”, 1945 entre outros. (SILVA e COELHO, 1997).

 

Fig 1- Operários - Tarsila do Amaral – 1933.

 

Descrição: tarsila

Fonte:http://enciclopedia.itaucultural.org.br

 

 

Fig 2. Criança Morta Portinari – 1945.

 

Descrição: portinari

 

Fonte: http://enciclopedia.itaucultural.org.br

 

A importância da Educação Ambiental, como instrumento básico nas resoluções dos problemas ambientais, tem sido ressaltada desde 1968 com a criação do “Clube de Roma”, conhecido como Limites ao crescimento, muito criticada por diferentes correntes de intelectuais, principalmente pelos economistas, ainda em 1972 realiza-se a Conferência de Estocolmo (Suécia) que, segundo Dias (2004, p. 79) reuniu “representantes de 113 países”, com o objetivo de estabelecer uma visão global e princípios comuns que servissem de inspiração e orientação à humanidade para a preservação e melhoria do ambiente humano.

Dias (2004, p. 80) destaca também, eventos importantes, em 1977 na Conferência em Tblise- Geórgia – ex- União Soviética, afirmando que essa “foi o ponto culminante da Primeira Fase do Programa Internacional de Educação Ambiental, iniciado em 1975, em Belgrado.” e, pela formulação de “princípios e orientações para precisar a natureza da Educação Ambiental, definindo seus princípios, objetivos e características, formulando recomendações e estratégias pertinentes aos planos regional, nacional e internacional.” O Brasil em pleno regime militar demorou uma década para acatar as determinações dessa Conferência, relativas às finalidades da EA:

 

assim, a Educação Ambiental teria como finalidade promover a compreensão da existência e da importância da interdependência econômica, política, social, e ecológica da sociedade; proporcionar a todas as pessoas a possibilidade de adquirir conhecimentos, o sentido dos valores, o interesse ativo e as atitudes necessárias para proteger e melhorar a qualidade ambiental; induzir novas formas de conduta nos indivíduos, nos grupos sociais e na sociedade em seu conjunto, tornando-a apta a agir em busca de alternativas de soluções para os seus problemas ambientais, como forma de elevação de sua qualidade de vida. (DIAS, 2004, p.83).

Onde devemos entender a Educação Ambiental como um processo permanente por meio dos quais os indivíduos e a sociedade tomam consciência do seu ambiente social, ambiental, cultural e adquirem conhecimento, valores, habilidades e competências que os tornam aptos a agir individualmente e coletivamente para resolver problemas presentes e futuros.

Em 1987, o Congresso Internacional de Educação e Formação Ambientais (UNESCO – PNUMA) elabora o documento Estratégia Internacional e Ação em Matéria de Educação e Formação Ambiental de 1990. Dois anos depois, realiza-se a Conferencia do Rio de Janeiro ou Rio 92 e o Fórum Global, a qual Dias (2004, p.90) diz, que, quanto a Educação Ambiental, “corroboraria as premissas de Tbilisi e Moscou e acrescentaria a necessidade de concentração de esforços para a erradicação do analfabetismo ambiental e para as atividades de capacitação de recursos humanos para a área”.

. Em junho/92 acontece a Rio-92 como ficou conhecida a Conferência das Nações Unidas – ONU, realizada no Brasil. Sendo rediscutidos cinco anos depois no Rio+5, que foi uma chamada de atenção, pois, nada se tinha feito em relação à Agenda 21, a qual segundo Dias (2004) configura “um plano de Ação para o Século XXI, com o objetivo de promover o desenvolvimento sustentável” – desafio, que conforme a interpretação dos representantes dos 170 países presentes na referida Conferência, só será possível pela via da Educação – desafio fundamental para a construção de uma sociedade sustentável. O documento correspondente à Agenda, em seu preâmbulo, a define:

a Agenda 21 está voltada para os problemas prementes de hoje e tem como objetivo, ainda, de preparar o mundo para os desafios do próximo século. Reflete um consenso mundial e um compromisso político no nível mais alto no que diz respeito a desenvolvimento e cooperação ambiental. O êxito de sua execução é responsabilidade, antes de mais nada, dos Governos. (AGENDA 21, 2001, p. 9).

 Para Dias (2004) é um dos documentos mais importante e prático da Conferência Rio-92, onde deveremos discutir e implementar programas de ações, para um novo modelo de desenvolvimento de nossa vida e nossa cidade, nos vários aspectos: saúde, habitação, educação e outros. Momento importante dessa história foi à elaboração, discussão e aprovação em 1992, durante a UNCED (Rio-92), no encontro da sociedade civil (Fórum Global), do Tratado de Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis e Responsabilidade Global.

            A crise ambiental e a sobrevivência do planeta são assuntos da ordem do dia. Observa-se que o lixo, desmatamento, a poluição visual, água, violência, corrupção e aquecimento global, tudo isso tem ocupado cada vez mais os meios de comunicação, devendo ser abordadas na educação formal e não formal. Por conta disso, as escolas são cada vez mais convidadas a abordar as questões ligadas aos problemas sócio ambientais da Amazônia e no mundo.

A arte desde tempos imemoriais documenta a vida, através de formas, cores, texturas e outros, apresenta elementos privilegiados de expressão cultural, para desenvolver a Educação Estética, a partir da leitura iconográfica. Como afirma Barbosa (1998, p. 16):

 

Através das artes é possível desenvolver a percepção e imaginação, aprender a realidade do meio ambiente, desenvolver a capacidade crítica, permitindo analisar a realidade percebida e desenvolver a criatividade de maneira a mudar a realidade que foi analisada.

 

A Arte possuem muitas funções não artísticas, pois trabalha o desenvolvimento integral do ser humano, possibilitando uma alfabetização da gramática visual e a leitura tanto da obra de arte, quanto do meio ambiente, uma educação com dimensão ambiental/estética, a partir do acesso e informação sobre o caótico meio ambiente, será nossa principal ferramenta para a sensibilização da responsabilidade que cada um deve para assumir seu papel no Desenvolvimento Sustentável.

O ser humano aprende através dos sentidos. A capacidade de ver, sentir, ouvir, cheirar e provar proporcionam os meios pelos quais se realiza uma interação do homem com seu meio. Lowenfeld (1970, p. 17).

Esses aspectos, fundamentais para a formação humana, para um desenvolvimento integral da criatividade, sensibilidade (o pensar), o contextualizar e o fazer (o construir). A Educação Estética sob o enfoque socioambiental poderá proporcionar uma maneira de redescobrir a relação com o meio, pois, normalmente não se tem a percepção exata das coisas, sendo necessário fazer uso da Abordagem Triangular no ensino de Arte, que envolve análise crítica da materialidade da obra e princípios estéticos ou semiológicos, ou gestálticos ou iconográficos. Barbosa (2002, p.37).

A estética envolve a percepção dos estímulos visuais e sonoros. Os valores estéticos incluem o equilíbrio, o ritmo, a harmonia e outros. Os artistas utilizam-se dos estímulos visuais e sonoros (sons, cores, gestos, formas) e procuramos organizá-los buscando esse equilíbrio, essa harmonia para produzir uma obra de arte com caráter estético.

 

É mediante a cultura ou educação estética, quando se encontra no "estado de jogo" contemplando o belo, que o homem pode-se plenamente, tanto em suas capacidades intelectuais quanto sensíveis. (SHILLER, 1989, p. 12).

 

Atualmente, os Educadores de Arte encontram-se preocupados com a formação estética de seus alunos, para que eles possam fazer tanto a leitura da obra de arte, quanto do meio ambiente e procuram via Educação Estética sensibilizar as massas através de instalação, fotografia, performace, multimídia, art pop e outros, para o aprimoramento da sua consciência na tentativa de torná-lo sujeito mais crítico e renovador de seu processo cultural.

Essa preocupação se faz presente em alguns trabalhos de artistas contemporâneos como: Isabel Pons, Wilma Martins, Farnese de Andrade, Sebastião Salgado, Siron Franco e Franz Krajcberg.

 

Fig 3. Isabel Pons – Azulão – 1961.

Descrição: 001197002013

Fonte: http://enciclopedia.itaucultural.org.br

 

 

Fig 4. Frans Krajcberg – Sem título 1972.

 

Descrição: 000934015013

 

Fonte: http://enciclopedia.itaucultural.org.br

 

 

 

 Sendo a Educação com dimensão Ambiental, um processo com práticas permanente de educação e estudo das Inter - relações e a interdependência entre o homem e o meio ambiente devendo este atingir todos os níveis de cada setor: cientifico, social, político, cultural, natural, econômico, religioso e outros o tornando consciente de sua responsabilidade para com o meio.

Atualmente, Meio Ambiente está inserido nos Parâmetros Curriculares Nacionais como Tema Transversal, para ser trabalhado no Ensino Fundamental, onde apresenta uma temática de Educação Ambiental vinculada diretamente ao exercício da cidadania, Para seu desenvolvimento faz-se necessário considerar a realidade onde a mesma esta inserida não perdendo de vista a amplitude do meio ambiente. (RADESPIEL, M. Temas Transversais: Oficina 1. Meio Ambiente, 1998. p.24-25).

            Para isso a Educação Ambiental deverá reintegrar o ser humano a natureza como espécie biológica, participando das inter-relações dinâmicas historicamente construídas através de intercambio e transformação entre sociedades humanas e ecossistemas, deve possibilitar um entendimento do meio ambiente interdependente e multidimensional, que possibilite o homem e entender o seu próprio papel no Desenvolvimento Sustentável.

O objetivo deste trabalho é investigar se os atores estão assumindo seu papel no que diz respeito à Educação Ambiental na Escola Estadual Vera Simplício e em seu entorno, no que diz respeito à Coleta Seletiva do lixo urbano.

 

 

O QUE É LIXO?

 

 “É todo e qualquer material proveniente das atividades humanas que não serve mais e, por isso, é jogado fora”. (Revista 1. Lixo; este problema tem solução/Secretaria Executiva de Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente. – Belém SECTAM, 1997. Precisamos rever este conceito, pois o lixo não é uma coisa inútil, a maioria do material encontrado nele pode ser reutilizada.

 Nos últimos dez anos, no Brasil são produzidos 64 milhões de toneladas de resíduos produzidos pela população, 24 milhões (37,5%) foram enviados para destinos inadequados.  No Pará são produzidas 10 mil toneladas de lixo diariamente. Em Belém são produzidas 1.800 toneladas de lixo.

Segundo o IBGE, em 64% dos municípios brasileiros o lixo é depositado de maneira inadequada. Sabemos que a responsabilidade é de quem produz e também de quem consome. Por isso, este debate é de extrema importância na escola, pois é o lugar ideal para aprendermos cidadania.

 

 

 

COMPOSIÇÃO DO LIXO:

            É bastante diversificada, sendo definida de acordo com as características de cada município ou comunidade onde é produzido.

Só na Região Metropolitana de Belém são produzidos em média 1.500 Toneladas de lixo diariamente. É visível que o mau gerenciamento desses resíduos tenha forte relação com o aumento de doenças epidemiológicas. Segundo o DATASUS, só em 2012 foram registrados mais de 180 casos de febre tifóide, 200 casos de leptospirose e 160 mil casos de doenças diarreicas no Estado do Pará.

Em Belém e Ananindeua existem 06 (seis) organizações de catadores, sendo 04 (quatro) associações e 02 (duas) Cooperativas. A ASTRAMAREPE, a CONCAVES e a Coleta Seletiva de Belém, estão localizadas no município de Belém, a COOTPA, a ARAL e a Cidadania para Todos estão sediadas no município de Ananindeua. As organizações de Catadores situadas em Belém trabalham com a coleta nas ruas e em instituições privadas e públicas. As organizações situadas em Ananindeua têm como fonte principal de materiais recicláveis o lixão do Aurá, local para onde é transportado todo o lixo gerado na Região Metropolitana de Belém, vale ressaltar que a vida útil estimada do lixão é de apenas mais dois anos.

 

 

CLASSIFICAÇÃO DO LIXO: Segundo Oliveira, (2012, p. 26) Os resíduos sólidos podem ser classificados, quanto à origem em:

 

a) resíduos domiciliares: os originários de atividades domésticas em residências

      urbanas;

b) resíduos de limpeza urbana: os originários da varrição, limpeza de logradouros e vias públicas e outros serviços de limpeza urbana;

c) resíduos sólidos urbanos: os englobados nas alíneas “a” e “b”;

d) resíduos de estabelecimentos comerciais e prestadores de serviços;

e) resíduos dos serviços públicos de saneamento básico;

f) resíduos industriais;

g) resíduos de serviços de saúde;

h) resíduos da construção civil: os gerados nas construções, reformas, reparos e demolições de obras de construção civil;

i) resíduos agrossilvopastoris;

j) resíduos de serviços de transportes: os originários de portos, aeroportos, terminais alfandegários, rodoviários e ferroviários e passagens de fronteira;

k) resíduos de mineração. 

 

O QUE É REUTILIZAÇÃO:

               Reutilizar significa tal como o próprio nome indica utilizar de novo, dar uma nova utilidade a materiais que muitas vezes consideramos inúteis.

                Há objetos que são concebidos para serem usadas várias vezes. Há outros em que a imaginação ajuda a potenciar uma nova ou mais duradoura utilização.

 

 

AS VANTAGENS DE REUTILIZAÇÃO:

 

ü  Separar sacolas, sacos de papel, vidros, caixas, papéis e demais embalagens ou materiais que podem ser reutilizados;

ü  Levar seu lanche ou almoço em recipiente em marmita;

ü  Economia de energia, pois gasta-se menos energia na reutilização do na obtenção destes materiais a partir de fontes naturais;

ü  Redução da poluição do ar, da água e do solo;

ü  Não jogar no lixo aparelhos quebrados que podem ser vendidos no ferro velho ou em lojas de consertos para serem desmontadas e reaproveitadas as peças.

 

POLÍTICA DOS 5 R’s :

 

ü  Reduzir

ü  Reutilizar

ü  Recuperar

ü  Renovar

ü  Reciclar

 

São as palavra-chave para quem quer ser um defensor do meio ambiente. Com esta política os 5 R’s o planeta fica com um sorriso de lado a lado ao ver o lixo diminuir.

 

REUTILIZANDO COM ARTE:

Em cima disso, fizemos um debate e decidimos recolher as garrafas pets das casas do entorno da escola e fizemos a reutilização delas através da aula de arte.

METODOLOGIA

Essa pesquisa foi desenvolvida no período que compreende o final do segundo semestre de 2010 até o segundo semestre de 2011, com 2 professoras, 36 alunos, em uma Escola do Município de Belém. Os alunos foram do Ensino Fundamental I, pertencentes às 4ª série 5º ano do Ensino Fundamental, com idade entre 10 e 15 anos. Para seu desenvolvimento foi usados como instrumento à entrevista com perguntas fechadas, tendo como público as cinco Instituições de Ensino (Questionário Empresa), que ficam no mesmo quarteirão da Escola, assim como 10 residências (Questionário Casa) do entorno da Escola. As perguntas foram diretas, curtas e com respostas com SIM e NÃO.

 Nesse processo, a educação Ambiental, que é educação no seu sentido mais amplo, desenvolvendo alternativas de cooperação na melhoria da qualidade de vida, tornando vivo e prazeroso tanto o ato de aprender como ensinar. Será uma retomada da Pedagogia Libertadora de Paulo Freire.               

Será uma ferramenta muito importante, e não entrará somente como fonte de informação, mas nas aplicações de mudanças de comportamentos e atitudes, sensibilizando e conscientizando para amenizar os problemas mundiais, nacionais, regionais e locais, propiciando um desenvolvimento humano, científico e tecnológico para a construção de um uma sociedade mais justa e ambientalmente sustentável.  

O novo paradigma emergente a proposta educativa, como afirma Capra, deve englobar uma visão holística da realidade, com uma interdependência das partes, para evitar uma leitura distorcida do mundo. Educar os sentidos será uma das maneiras de formar o homem holístico, o homem total para o entendimento dos problemas ambientais regional, nacional e global.

A primeira etapa do trabalho foi apresentarmos a escola e a coordenação pedagógica, professora parceira e os alunos em seguida dividiram os alunos em equipes para distribuição de tarefas e elaboração do roteiro para nortear as atividades dos alunos.

            Fizemos então com os alunos um Levantamento Ambiental na escola, onde foram encontrados vários problemas como: vazamentos nas torneiras, descarga com defeito, muitas carteiras velhas amontoadas acumulando poeira e lixo, bebedouro pingando, banheiro interno feminino sem porta, ventiladores velhos com risco de cair na sala e fora da escola, lixo, muito lixo de toda qualidade e espécie.

            Fomos para a sala de informática, pesquisamos sobre o lixo e coleta seletiva e começamos a fazer a elaboração dos questionários, em seguida reunimos com o grupo para escolher as Instituições, Empresas e residências que seriam envolvidas na pesquisa.

 

 

 

Fig. 5 Lateral da Escola                                         Fig.6 Esquina da Escola

 

Descrição: GEDC2492

Descrição: GEDC2421

Fonte: Roseane Coelho                                        Fonte: Roseane Coelho

 

 

 

 

Questionário elaborado pelos alunos aplicado na Pesquisa.

Projeto Educarede – Qualidade de Vida

Tema: O lixo que produzimos e suas consequências à saúde do ser humano.

QUESTIONÁRIO DA PESQUISA EMPRESAS/CASAS

1)    Você faz a coleta seletiva do lixo em sua Casa ou Instituição?

Sim (   )      Não (   )

 

2)    Que tipo de tratamento é dado a ele?

Queima (   )   Enterra (   )  Espera a coleta pública (   )   Joga na rua (   )  Faz a coleta seletiva (   )

 

3)    Onde você coloca seu lixo até a chegada do carro coletor?

Na porta da Instituição ou Empresa (   )    Rua (   )

 

4)    A quem cabe a responsabilidade pela coleta e tratamento do lixo?

Ao poder público (   )        Aos Moradores (   )

 

5)    O que fazer para minimizar os problemas causados pelo acúmulo de lixo?

Fazer a coleta a coleta seletiva com apoio da Prefeitura (   )

Cobrar das autoridades competentes (   )

 

6)    Que tipo de doença você já teve que possa ter sido causado devido ao acúmulo de lixo próximo a sua residência?

------------------------------

7)    Quantas vezes a coleta de lixo é feita na sua rua?

Todos os dias (   )    três vezes na semana (   )   Uma vez na semana (   )

 

8)     O que você faz para diminuir a produção de lixo em sua Instituição ou Empresa?

Reutilizo as embalagens (   )            Reciclo o lixo (   )       

Nenhuma (   )

 

9)    Você sabe o horário que o carro do lixo passa?

Sim (   )      Não (   )

 

10) Você acha prejudicial à sua saúde o lixo que é exposto na rua?

Sim (   )      Não (   )

 

11) Qual opção você escolheria para resolver este problema?

O Projeto “Calçada Cidadã” no entorno da escola, revitalização de todo o quarteirão com arborização (   )

Flores e container de coleta seletiva (   ).

           Cada um se responsabilizaria em fazer a coleta seletiva (   )

 

  

 

 

Fig. 7- A pesquisa                                             Fig. 8- A pesquisa

Descrição: IMG_20150517_074833606_HDR

Descrição: IMG_20150517_075048807_HDR

Fonte: Roseane Coelho                                       Fonte: Roseane Coelho

           

A pesquisa foi feita com a ajuda de estagiários da Universidade Estadual do Pará – UEPA, professores e alunos, onde estes tiveram grande envolvimento e participação, pois é os sujeitos sociais, dotados do capital cultural, ampliando a concepção marxista, capital econômico (salário, renda imóveis), temos o capital cultural dotado de (saberes e conhecimentos), ou seja, um capital simbólico (agentes do espaço social). (Revista CULT nº128/ano 11).

Foram pesquisadas quatro Instituições de Ensino, duas Empresas e 10 residências do entorno da Escola, onde nenhuma delas fazem a Coleta Seletiva, ou seja, essas que deveriam dar exemplo, não o fazem, e para nossa surpresa não descobrimos casos de doenças por conta de tanto lixo no entorno da escola, mas descobrimos com a pesquisa, que 95% dos moradores fazem a coleta seletiva, sendo que eles entendem que, fazer coleta seletiva é só separar a garrafa pet, por isso, vamos precisar agendar com a Secretaria de Saneamento Urbano, para que seja feita Palestras sobre a coleta seletiva em nossa escola, assim como com Prefeitura de Urbanismo para falar sobre o Código de Postura da Cidade, para a poluição visual que assola o entorno da escola.

 

Fig. 9- Resultado da pesquisa

 

Fonte: Resultado da pesquisa dos alunos

Fig. 10 – Resultado da pesquisa

Fonte: Resultado da pesquisa dos alunos

 

Fig. 11 - O lixo e as doenças

O LIXO E AS DOENÇAS

Vetores

Formas de transmissão

Enfermidades

Rato e pulga

Moradia, urina,

Fezes e picada

Leptospirose

Peste Bubônica

Tifo Murino

Mosca

Asas, patas, corpo

Fezes e saliva

Febre Tifoide

Cólera, Amebíase

Giardíase, Ascaridíase

Mosquito

Picada

Malária, Febre Amarela

Dengue, Leshmaniose

Barata

Asas, patas, corpo

Fezes

Febre Tifoide

Cólera, Giardíase

Gado e Porco

Ingestão de carne contaminada

Teníase

Cisticercose

Cão e Gato

Urina e fezes

Toxoplasmose

Fonte Manual de Saneamento – FUNASA/MT – 1999.

 

TRABALHOS DESENVOLVIDOS EM SALA DE AULA A PARTIR DA PESQUISA:

 

 

PROFESSORA DE SALA DE AULA:

 

            Em Língua Portuguesa o tema foi trabalhado como apoio do texto: “Por favor, ajudem aninha”. Onde os alunos fizeram uma leitura detalhada do texto e em seguida formou-se uma roda de discussão, onde os alunos expressavam suas ideias e questionamentos a respeito do que leram de forma oral e escrita. Como por exemplo: O que é cidadania? O que levam as pessoas a jogarem lixo na rua depois da coleta do carro? O que levam as pessoas a picharem a paredes e muros? Por que a escola está tão mal cuidada. E dentre as respostas para estas e outras perguntas os próprios alunos foram observando que eles eram capazes de contribuir para melhorar o aspecto da própria escola, como:

  • Não jogando papéis de bombons e embalagens de biscoito na área da escola;
  • Não riscar as carteiras e as paredes;
  • Fazer debates sobre a questão ambiental na escola.

 

Em Matemática, foi trabalhado contagem e cálculo dos tipos de lixo, gráficos na tabulação dos dados da pesquisa. Um dia a turma foi orientada a recolher e a separa as embalagens dos salgadinhos e biscoitos encontrados na área da escola, em seguida eles separaram e aí foi dado valores a cada embalagem para que os alunos calculassem quanto gasto naquele dia com aqueles alimentos. No final da aula a professora fez umas considerações a respeito do tempo de decomposição que aquelas embalagens demorariam a se decompor na natureza.

Em Ciências, estudamos os tipos de doenças causadas através do lixo, o que lixo, composição e classificação do lixo.

 

PROFESSORA DE ARTE.

            Foi apresentado para os alunos três obras da artista modernista Tarsila do Amaral, assim como foi comentado sua vida e obra:

 

Fig. 12- Manaca                          Fig. 13- A Cuca             Fig. 14- Estrada de Ferro Central do Brasil.                             

Descrição: manaca-tarsila-do-amaral

Descrição: normal_tarsila33_7

Descrição: Tarsila+do+Amaral+_Idílio

Fonte: http://enciclopedia.itaucultural.org.br

 

 

            Em seguida fizemos o trabalho prático, a partir da Abordagem Triangular sistematizada por Ana Mae Barbosa entre 1987 e 1993, foi testada no Museu de Arte Contemporânea de São Paulo (MAC) da USP, participaram deste trabalho doze arte educadores. Possibilitando a sistematização da metodologia, sendo apresentada em 1991, em seu livro A imagem no Ensino da Arte (BARBOSA, 2002, p. 34).  

            Não podemos deixar de enfatizar que neste trabalho, a obra só se completa com o sujeito, como Nicolas Bourriaud (2009, pg. 13, 119), um estudioso sobre a relação da arte contemporânea e a sociedade, afirma que: “[...] hoje a prática artística aparece como um campo fértil de experimentações sociais, como um espaço parcialmente poupado a uniformização dos comportamentos.” Para o autor, “[...] a prática artística é sempre a relação com o Outro, ao mesmo tempo em que constitui uma relação com o mundo”.

Este trabalho envolveu: História (Contextualização), Crítica e Estética (Pensar) e a Produção de Arte (O Fazer, a Releitura da obra de arte). Os alunos apropriaram-se da obra, entenderam o tempo em que ela se enquadra na História da Arte e recriaram sua obra, ou seja, o fazer artístico. Releitura então seria:

 

“a tradução da significação do objeto como fundamento para uma nova construção, buscando nessa ação a re-significaação do mesmo objeto: re-ler para aprofundar significados re-sistematizando-os. (Buoro, 2002, p. 23).

 

Fig. 15 – Alunos aula de Arte                            Fig. 16- Aula de Arte

 

Descrição: IMG_20150518_110258758_HDR

Descrição: IMG_20150518_104830093_HDR

Foto: Roseane Coelho                                        Foto: Roseane Coelho

           

Neste contexto é fundamental entendermos que a arte se constitui de modos específicos de manifestações da atividade criativa dos seres humanos, interligando-os ao mundo em que vivem. Onde estes alunos aprenderam História da Arte, o Pensar e o Fazer, assim como o respeito e responsabilidade por meio ambiente limpo e saudável, minimizando os problemas ambientais regional, nacional e global, assumindo assim seu papel na construção de Sociedades Sustentáveis.

.

 

Fig. 17 – Releitura do aluno       Fig.18 – Releitura do aluno         Fig. 19 – Releitura de aluno

Descrição: IMG_20150518_173447

Descrição: IMG_20150518_173530

Descrição: IMG_20150529_191427

Foto: Roseane Coelho                 Foto: Roseane Coelho           Foto: Roseane Coelho

 

 

CONCLUSÕES

            Com o término da pesquisa conseguiu-se ótimos resultados, tendo em vista que a maioria dos alunos percebeu a importância de usarmos o meio ambiente como a matéria para ensinar, foi uma experiência muito rica, dinâmica e que contribuiu para a (re) construção de conhecimentos, enquanto seres integrados com natureza e a construção de valores perante a mesma.

            Com a pesquisa observamos que as várias Instituições e Empresas envolvidas passaram a se preocupar mais em diminuir a produção e a destinação do lixo, serviu para que se tornem mais responsáveis consumindo menos e assim diminuindo a quantidade de lixo em nossa sociedade.

            O trabalho com a Obra e Releitura da arte de Tarsila do Amaral possibilitou conhecer um pouco mais de História, o pensar e o fazer através da arte.

            Além do mais, como já foi frisado, a Arte Educação Ambiental será um dos grandes pilares para a construção de Sociedades Sustentáveis, é uma tônica em nosso projeto e da “nova ordem mundial”, está na medida do possível presente neste trabalho.

            Enfim, estas atividades junto com outras, contribuem bastante para uma maior sensibilização e conscientização ao meio ambiente; para uma valorização artística e cultural e para a formação de sujeitos mais exigentes, participativos e propositivos em relação ao meio em que vivem.

 

 

 

BIBLIOGRAFIA

 

BARBOSA, Ana Mae. A imagem no Ensino da Arte. São Paulo, 2002.

-----------------------------. Tópicos Utópicos. São Paulo: Cortez, 1998.

BUORO, Ana Amelia Bueno. Olhos que pintam : a leitura da imagem e o ensino da arte. São Paulo: Educ: Cortez, 2002.

BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Secretaria de Desenvolvimento Sustentável/Agenda21. Construindo a Agenda 21 local. 2a ed. Brasília: SDS, 2003.

CONSUMO SUSTENTÁVEL: Manual de Educação. Brasília: Consumers Internacional/MMA/MEC/IDEC, 2005. 160 p.

DIAS, Genebaldo freire. Educação Ambiental Princípios e Práticas, São Paulo: Gaia: Coedição, 2004.

IBGE. Síntese de Indicadores Sociais – 1998. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, Rio de Janeiro, 1999.

INSTITUTO ECOAR PARA A CIDADANIA. Agenda 21 do pedaço. São Paulo, 200.

LAMBERT, Brittain, LOWENFELD, Vitor. Desenvolvimento da Capacidade Criadora. 1970

Manual de Saneamento – FUNASA/MT – 1999.

OLIVEIRA, Roberta Moura Martins. GESTÃO E GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS: O PROGRAMA DE COLETA SELETIVA DA REGIÃO METROPOLITANA DE BELÉM – PA. UNAMA, 2012.

PROGRAMA NACIONAL DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL – PRONEA. Documento em consulta nacional. Brasília: DEA/MMA, COEA/MEC, 2003.

RADESPIEL, M. Temas Transversais: Oficina 1. (Meio Ambiente, 1998).

REVISTA CULT nº128/ano 11.

SILVA, Maria do Socorro de Andrade e COELHO, Roseane Lima. Educação Ambiental: Uma proposta interativa numa abordagem estética em educação formal. Monografia. Curso de Especialização Ambiental – FCAP, Belém-PA: Faculdade de Ciências Agrárias do Pará, 1997. Ebook Reciclagem – Portal da Educação.

SHILLER, Friedrich. A educação estética do homem. São Paulo: Iluminuras, 1995.

 

DOCUMENTOS ELETRÔNICOS:

 

http://enciclopedia.itaucultural.org.br/#!/q=operarios%20tarsila%20do%20amaral

 

http://enciclopedia.itaucultural.org.br/#!/q=crian%C3%A7a%20morta%20portinari

 

http://enciclopedia.itaucultural.org.br/es/obra32641/azulao

 

http://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoa10730/frans-krajcberg

 

http://tabnet.datasus.gov.br/cgi/tabcgi.exe?idb2012/d0117.def

 

 

Ilustrações: Silvana Santos