Estamos sendo lembrados de que somos tão vulneráveis que, se cortarem nosso ar por alguns minutos, a gente morre. - Ailton Krenak
ISSN 1678-0701 · Volume XXI, Número 86 · Março-Maio/2024
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Sementes
15/12/2015 (Nº 54) PROGRAMA DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL PARA CONSERVAÇÃO DA FLORA BRASILEIRA – A EXPERIÊNCIA DO JARDIM BOTÂNICO PLANTARUM ENTRE 2011 E 2014
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PROGRAMA DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL PARA CONSERVAÇÃO DA FLORA BRASILEIRA – A EXPERIÊNCIA DO JARDIM BOTÂNICO PLANTARUM ENTRE 2011 E 2014

 

José André Verneck Monteiro

Pedagogo, especialista em Educação Ambiental

Mestre em Práticas em Desenvolvimento Sustentável

Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro

http://lattes.cnpq.br/3632798164833445

 

Email: educativo@live.com

 

 

RESUMO

O presente artigo foi elaborado a convite de Berenice Gehlen Adams para integrar a Seção Sementes na 54ª Edição da Revista Educação Ambiental em Ação, cujo tema é: Educação e informação ambiental.  O estudo aborda o Projeto Político Pedagógico do Jardim Botânico Plantarum e os resultados alcançados em seu primeiro triênio de atendimento ao público. Os dados apresentados neste estudo reúnem a síntese de um dos capítulos da Dissertação publicada pelo Autor como requisito parcial para obtenção do Grau de Mestre em Ciências.

Palavras-chave: gestão de biodiversidade, coleção botânica, educação ambiental.

 

INTRODUÇÃO

A redução de biodiversidade é um dos impactos negativos ocasionados por atividades humanas no ambiente e sobre os organismos vivos, intensificadas desde a Revolução Industrial: fragmentação e perda de habitats, profusão de espécies exóticas invasoras, sobrexploração, poluição e mudanças climáticas. A perda de habitats globais é, atualmente, a mais amplamente reconhecida ameaça de extinção de espécies. As mudanças climáticas ocorridas ao longo dos últimos 30 anos, também produziram numerosas alterações na distribuição e abundância de espécies (THOMAS et al., 2004).

A biodiversidade em escala global está declinando em ritmo sem precedentes. Estima-se que mais de 800 espécies tenham sido extintas nos últimos quinhentos anos (BAILEY, 2004). Adicionalmente, as estatísticas sugerem que as taxas de extinção estão de cem a mil vezes superiores às taxas de referência (PIMM, 1995), o que indica que o número de extinções deve aumentar drasticamente. A extinção de espécies representa uma perda irreparável. As comunidades das quais faziam parte são empobrecidas e seu valor potencial para os seres humanos jamais poderá ser avaliado (PRIMACK & RODRIGUES, 2001).

Devido a essa acelerada perda de diversidade biológica, diferentes estratégias para a conservação da biodiversidade foram desenvolvidas. No caso das espécies vegetais, diferentes modalidades, estratégias e técnicas (Tabela 1), são aplicáveis às distintas missões institucionais, planos de ação, necessidades, disponibilidade e tipologia de recursos disponíveis (financeiros, pessoais, genéticos vegetais).

 

Tabela 1. Modalidades de conservação da flora. Modificada a partir de Hawkes et al. (2000).

Estratégias

Técnicas

Definição

Conservação

ex situ

Armazenamento de sementes

Colheita de amostras de sementes num local e sua transferência para armazenamento num banco de genes. As amostras são normalmente desidratadas até um nível de umidade adequado, e depois são mantidas a uma temperatura inferior a 0° C.

Armazenamento In Vitro

Colheita e manutenção de amostras de tecido em ambiente estéril e livre de agentes patogênicos.

Banco de Genes no Campo

Colheita da semente ou outro material vivo num local e sua transferência e plantação num segundo local. Normalmente conserva um amplo número de acessos, de poucas espécies.

Jardim Botânico e Arboreto

Colheita da semente ou outro material vivo num local e sua transferência e plantação num segundo local sob a forma de uma coleção de espécies de plantas vivas num jardim ou de árvores num arboreto.

Armazenamento de DNA e Pólen

Colheita de DNA ou pólen e armazenamento em local apropriado, normalmente em condições refrigeradas.

Conservação

in situ

Reserva Genética

Localização, gestão e monitoramento da diversidade genética em populações silvestres naturais em áreas bem definidas de maneira a fazer-se uma conservação ativa de longo termo.

On farm

Gestão sustentada da diversidade genética de variedades tradicionais desenvolvidas localmente associadas a espécies silvestres e ervas daninhas, ou de forma tradicional feita pelos agricultores.

 

Dentre as estratégias, está a conservação ex situ, que realiza a conservação de componentes da diversidade biológica fora de seu habitat natural (BRASIL, 2006). Tanto a conservação in situ, quanto a ex situ, buscam manter vivas populações com quantidade de indivíduos saudáveis e férteis em número razoável, de modo que se ampliem as chances de se conservar também a representatividade geográfica e genética de cada espécie, o que é fundamental para o intercâmbio e à eventual translocação de exemplares (inter situ) para ambientes nos quais as populações de tais espécies sejam raras ou escassas (HAWKES et al., 2000).

No Brasil as principais ações de conservação in situ são realizadas nas Áreas Protegidas, dotadas de rica biodiversidade, que integram o Sistema Nacional de Unidades de Conservação geridas pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBIO, 2015).

Porém, isoladamente, a criação de Áreas Protegidas não assegura, por si, todos os meios necessários para a conservação de ambientes e suas espécies. Fatores como incêndios florestais, invasão de reservas, coleta e extrativismo predatórios, falta de recursos físicos e humanos destinados à fiscalização, inviabilizam o seu sucesso integral (MONTEIRO, 2014b). Por essas razões a Conservação in situ requer técnicas complementares de manejo de recursos genéticos ex situ, que auxiliem a deter a perda de biodiversidade.

Ante a esta demanda, assume destaque o trabalho realizado por mais de 700 jardins botânicos, situados em 118 países. Reunidos pelo sistema PlantSearch, um banco de dados global sobre coleções botânicas, estão disponíveis dados sobre 1.279.076 registros de coleta (424.280 taxa), mantidos em 1.090 instituições, as quais nutrem o sistema com os dados seus acervos (BGCI, 2015).

No Brasil, jardim botânico é definido pelo Conselho Nacional de Meio Ambiente como “área protegida, constituída no seu todo, ou em parte, por coleções de plantas vivas cientificamente reconhecidas, organizadas, documentadas e identificadas, com a finalidade de estudo, pesquisa e documentação do patrimônio florístico do País, acessível ao público, no todo ou em parte, servindo à educação, à cultura, ao lazer e à conservação do meio ambiente” (CONAMA, 2003). São reconhecidos 36 jardins botânicos no país (COSTA, 2014), dentre os quais o mais antigo em funcionamento é o Jardim Botânico do Rio de Janeiro (Tabela 2).

 

Tabela 2. Jardins Botânicos brasileiros, localização e ano de criação. Adaptada de Costa (2014).

N.

Jardim Botânico

Localização

Criação

1

Instituto de Pesquisas JB do Rio de Janeiro

Rio de Janeiro/ RJ

1808

2

Bosque Rodrigues Alves

Belém/ PA

1883

3

Museu Paraense Emílio Goeldi

Belém/ PA

1895

4

Horto Botânico do Museu Nacional

Rio de Janeiro/ RJ

1896

5

JB de São Paulo

São Paulo/ SP

1928

6

Parque Zoobotânico Orquidário de Santos

Santos/ SP

1945

7

Museu de Biologia Prof. Mello Leitão

Santa Teresa/ ES

1949

8

JB da Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul

Porto Alegre/ RS

1958

9

Museu de Hist.  Nat. e JB da UFMG

Belo Horizonte/ MG

1968

10

JB do IB – UNESP

Botucatu/ SP

1974

11

JB Amália Hermano Teixeira

Goiânia/ GO

1978

12

JB do Recife

Recife/ PE

1979

13

JB da Univ. Federal Rural do Rio de Janeiro

Seropédica/ RJ

1980

14

JB da Universidade Federal de Santa Maria

Santa Maria/ RS

1981

15

JB de Brasília

Brasília/ DF

1985

16

JB da Fundação Zoobotânica de Belo Horizonte

Belo Horizonte/ MG

1991

17

JB Mun. Francisca Maria Garfunkel Rischbieter (JBFMGRM)

Curitiba/ PR

1991

18

JB de Pipa

Tibau do Sul/ RN

1991

19

JB de Caxias do Sul

Caxias do Sul/ RS

1992

20

JB Municipal de Paulínia Adelelmo Piva Júnior

Paulínia/ SP

1992

21

JB Municipal de Bauru

Bauru/ SP

1994

22

JB Municipal de Santos Chico Mendes

Santos/ SP

1994

23

JB de Lajeado

Lajeado/ RS

1995

24

JB do Instituto Agronômico de Campinas

Campinas/ SP

1998

25

JB de João Pessoa Benjamim Maranhão

João Pessoa/ PB

2000

26

JB Adolpho Ducke de Manaus

Manaus/ AM

2000

27

JB de Salvador

Salvador/ BA

2002

28

Fundação JB de Poços de Caldas

Poços de Caldas/ MG

2003

29

JB de Jundiaí

Jundiaí/ SP

2004

30

JB de Mato Grosso

Cuiabá/ MT

2005

31

JB de Londrina

Londrina/ PR

2006

32

JB da Univille

Joinville/ SC

2007

33

JB Plantarum

Nova Odessa/ SP

2007

34

JB de Sorocaba

Sorocaba/ SP

2010

35

Faxinal do Céu

Pinhão/ PR

2010

36

JB Inhotim

Brumadinho/ MG

2010

 

Um dos frutos da Convenção sobre Diversidade Biológica, da qual o Brasil é signatário, foi a criação da Estratégia Global para Conservação de Plantas, atual instrumento norteador das ações desenvolvidas pelos jardins botânicos, que em sua Meta 08, almeja: “Pelo menos 75 por cento das espécies de plantas ameaçadas em coleções ex situ, de preferência no país de origem, e pelo menos 20% disponível para programas de recuperação e restauração” (GSPC, 2011) Em consonância, a Meta 2B do Plano de Ação para os Jardins Botânicos Brasileiros preconiza a inclusão de, no mínimo, 50% das espécies criticamente ameaçadas em acervos vivos, até 2014 (PEREIRA et al., 2004). Findo o prazo, portanto, a análise do acervo em cada instituição é imprescindível para subsidiar a avaliação do êxito relacionado às tais metas.  O Brasil, em particular, carece de estudos com esse enfoque (COSTA, 2014). Da mesma forma, não estão disponíveis nas páginas virtuais dos jardins botânicos do Brasil os dados e resultados que ilustrem a abrangência de seus respectivos programas de educação ambiental, considerando seu valor complementar para ações conservacionistas.

“Só uma sociedade bem informada a respeito da riqueza, do valor e da importância da biodiversidade é capaz de preservá-la” (Washington Novaes).

 

A Lei 9.795/99 define Educação Ambiental (EA) como um processo por meio do qual o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltados para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade. Essa Lei também determina que a EA seja componente essencial e permanente da educação nacional, e deva estar presente de forma articulada, em todos os níveis e modalidades do processo educativo, em caráter formal e não formal (BRASIL, 1999a).

A EA, então compreendida como um processo contínuo representa uma das ferramentas de enfrentamento à crise socioambiental, resultante do acúmulo dos impactos das ações humanas sobre os ambientes naturais, os quais têm ocasionado historicamente, expressiva redução da biodiversidade no Brasil (LAYRARGUES, 2004). Apesar de a EA ser uma disciplina relativamente nova, sua importância vem crescendo na mesma proporção em que aumenta a percepção do público quanto à gravidade da perda da biodiversidade (WILLISON, 2003). No sistema formal de ensino, embora constitua uma disciplina em cursos de níveis técnico e superior, na educação básica a EA deve ser abordada transversalmente, por todas as disciplinas. A EA é um campo aberto, que se alimenta de saberes tradicionais, populares, técnicos e científicos, e cuja essência dialógica e participativa ultrapassa a sala de aula e permeia os mais variados espaços e coletividades (FUNBEA, 2015). Compreende-se por EA não formal o conjunto de ações e práticas educativas direcionadas à conscientização da coletividade a respeito das questões ambientais e à sua participação e organização na defesa da qualidade do meio ambiente (BRASIL, 1999a).

A educação não formal abrange todas as atividades educacionais organizadas e realizadas fora do ambiente e do sistema formal, seja como uma atividade encerrada em si mesma, ou como um recurso complementar de uma atividade mais ampla destinada a cumprir objetivos específicos de aprendizagem (SMITH, 2001).

Os espaços não formais de ensino e aprendizagem possibilitam o desenvolvimento de atividades educativas que visam à integração das relações entre ciência, tecnologia e educação. As principais ações de educação ambiental não formal são desenvolvidas no Brasil por museus, centros de ciência, jardins zoológicos e jardins botânicos. Estas entidades oferecem estruturas e atividades educativas capazes de estimular a curiosidade dos visitantes e suprem parte das carências da escola, como a falta de laboratórios e salas audiovisuais, entre outros recursos já conhecidos por ampliar o aprendizado (VIEIRA et al., 2005; JACOBUCCI, 2008).

Nas atividades externas à sala de aula os alunos têm a chance de observar e analisar plantas, pedras, animais, as condições climáticas, e quando voltam para a escola, descrevem o que ocorrera. Os estudos do meio ambiente são aulas animadas em que toda a vivacidade dos educandos contribui para a construção coletiva do conhecimento e aproximam o trabalho em sala de aula da vida real das crianças. A este conceito de atividade lúdico-didática realizada ao ar livre foi atribuído por Freinet (1975) o nome de aula-passeio.

 Em face ao panorama contemporâneo de degradação ambiental, para que sejam tomadas decisões mais adequadas em relação ao uso dos recursos naturais, é preciso uma melhor compreensão dos sistemas ecológicos. Nesse sentido a EA está incorporada às principais estratégias para conservação da biodiversidade e desenvolvimento sustentável (WILLISON, 2003; CERATI & LAZARINI, 2009).

Os jardins botânicos desempenham um papel-chave para desenvolver tais estratégias de conservação, e não trabalham isolados, pois participam de um movimento crescente no mundo inteiro, para tornar a educação ambiental acessível a todos (WILLISON, 2003). Estes espaços, que inicialmente serviram à medicina e, posteriormente, ao uso econômico das plantas, hoje representam importantes aliados no desafio de colaborar para redução da perda de biodiversidade, frente ao panorama contemporâneo de degradação ambiental global (MONTEIRO, 2014b).

A consciência da crise ambiental e das ameaças à biodiversidade, aflorada a partir da segunda metade do século XX, levou os jardins botânicos a ocuparem uma posição estratégica na conservação da diversidade vegetal, ao mesmo tempo em que ampliou seu papel social em direção à conscientização pública e à inclusão social. Nas últimas décadas os jardins botânicos intensificaram ações para promover, junto ao público, a percepção dos impactos da ação humana sobre o meio ambiente e a consciência sobre os efeitos negativos da perda da biodiversidade, motivando-os a participar de um ciclo de desenvolvimento sustentável (SAÍSSE & RUEDA, 2008; PEREIRA & COSTA, 2010).

 Os jardins botânicos são importantes espaços geradores de conhecimento e desenvolvem valiosos programas de divulgação sobre a biodiversidade e as consequências de sua perda. Tais programas contribuem para conscientizar a população sobre a importância da conservação da biodiversidade e também para o estabelecimento de políticas públicas municipais, estaduais ou federais (PEREIRA et al., 2004; HONIG, 2005).

Para favorecer a experiência de seus alunos em ambientes educacionais voltados à educação ambiental e complementar a intercomunicação com sua classe, o professor precisa diversificar seu repertório de abordagens adotando outros meios que proporcionem melhoria do processo de ensino-aprendizagem dos temas referentes à botânica e à conservação ambiental (WILLISON, 2003).

O patrimônio florístico do Brasil é constituído por mais de 44 mil espécies vegetais catalogadas (LEFB, 2015), e talvez milhares ainda desconhecidas pela ciência. Para proteção de tal riqueza é imprescindível estimular os esforços de educação ambiental, para que tal conhecimento seja amplamente disseminado entre a comunidade estudantil e seus mestres, capazes de propagar entre mais pessoas a importância da conservação das plantas e dos ecossistemas (MONTEIRO, 2014b).

Respeitadas as diferentes missões e o potencial de cada organização, os jardins botânicos brasileiros devem ser descobertos pela sociedade em geral como espaço e substrato, sensorial e intelectual, para a realização de programas educacionais voltados à Conservação da Flora Brasileira.  Os jardins botânicos desempenham um papel óbvio e vital na conservação vegetal, mas ela não pode ser bem-sucedida sem a ajuda da educação (WILLISON, 2003).

Cerati (2010) identifica os quatro principais perfis de público atendido pelos programas educativos dos jardins botânicos:

 

“a) público escolar formado por alunos de diferentes níveis escolares que realizam visitas educativas; b) professores que são capacitados através de cursos, palestras, projetos que envolvem equipes do jardim e da unidade escolar; c) público em geral que visita o jardim espontaneamente e d) comunidade do entorno importante parcela do público que deve ser inserida no programa educativo visando despertar a consciência crítica desses grupos sociais e estimular a participação da comunidade na proteção da diversidade biológica regional”.

 

A experiência de visitação aos jardins botânicos é motivada por diferentes interesses. Honig (2005) destaca que as atividades interpretativas em jardins botânicos proporcionam experiências motivadoras, expressivas e agradáveis, que despertam a curiosidade e a observação das relações entre os elementos da natureza, ao invés de simplesmente comunicar um fato. Barroso & Mesquita (2014) descrevem algumas significativas diferenças de expectativas dos visitantes: alguns gostariam de ter acesso a serviços e atividades das quais pudessem usufruir de modo rotineiro (caso dos moradores do entorno), enquanto outros buscam obter o maior número de experiências no curto espaço de tempo em que estão no local.

Diferentemente dos processos educativos do sistema formal (e.g: o ano letivo), a participação do público nas atividades educacionais desenvolvidas em jardins botânicos ocorre em um tempo relativamente reduzido. Nesse contexto, somente por meio da imersão no programa educacional é que se poderia inferir eficazmente sobre uma avaliação da apreensão cognitiva alcançada pelos participantes. Stoffel (2013) demonstra que o sistema adequado de avaliação de desempenho busca equilibrar resultados com os comportamentos praticados para a sua obtenção.

Nesse contexto, Tomazello & Ferreira (2001) destacam que a função do processo de avaliação em educação ambiental é facilitar através das informações recolhidas, sua interpretação. A valoração deve ser feita pelos próprios participantes; eles sim devem emitir juízos para o aperfeiçoamento tanto do programa como dos profissionais envolvidos. Adicionalmente, o nível de complexidade de tal objeto de estudo é um obstáculo para se quantificar em que medida a atividade realizada no jardim botânico motiva, em cada visitante, mudanças de percepção e atitude em prol da sustentabilidade. No entanto, posto que a mensagem principal expressa pelos jardins botânicos enfatiza a prática conservacionista, a análise quantitativa subsidia, ao menos em parte, a aferição da abrangência contingencial de seus programas educativos.

De acordo com o Manual para Elaboração, Administração e Avaliação de Projetos Socioambientais (SÃO PAULO, 2005), a avaliação pode incluir visitas ao local do projeto, a verificação dos relatórios técnicos e fotográficos, listas de presença das reuniões realizadas, fotos, documentos, material instrucional e de comunicação, entre outros itens. 

 

OBJETIVOS

 

O objetivo geral desta pesquisa é analisar os resultados alcançados no primeiro triênio de funcionamento do Projeto Político Pedagógico buscando elucidar quantas pessoas foram atendidas pelo Programa de Educação Ambiental do Jardim Botânico Plantarum, entre 2011 e 2014.

A pesquisa foi norteada pelos seguintes objetivos específicos:

i.                    Relacionar as iniciativas empreendidas para divulgação do Programa de Educação Ambiental do JBP;

ii.                  Quantificar o contingente de pessoas atendidas, nas diferentes modalidades e eventos;

iii.                Identificar se há aspectos limitantes à avaliação do Programa de Educação Ambiental do Jardim Botânico Plantarum.

 

 

ÁREA DE ESTUDO

O Jardim Botânico Plantarum é uma associação sem fins lucrativos, fundada em 2007, dedicada à educação, pesquisa e conservação da flora brasileira (JBP, 2014). JBP tem sede no distrito industrial do perímetro urbano do município de Nova Odessa, Região Metropolitana de Campinas (SP). Ocupa área de 10 hectares adquirida em 1998 pelo Instituto Plantarum de Estudos da Flora (JBP, 2014).

O acervo botânico vivo do JBP é constituído por exemplares de aproximadamente 3.700 espécies vegetais, consolidado em três décadas, mediante intercâmbio e com a realização de expedições botânicas pelos ecossistemas, do Brasil e em países limítrofes (JBP, 2014). Parte do acervo é conservada em estruturas técnicas de acesso restrito à visitação.

A instituição mantém e disponibiliza à comunidade científica o Herbário HPL, credenciado ao Index Herbariorum, com 15 mil exsicatas, além de coleções especiais como carpoteca, xiloteca, sementeca, biblioteca especializada em taxonomia e um acervo fotográfico com um milhão de imagens botânicas (JBP, 2014). Entre as mais de 300 famílias de angiospermas, gimnospermas e pteridófitas que compõem o acervo herborizado pelo HPL (o primeiro grupo respondendo por aproximadamente 95% dos acessos), destacam-se as coleções de Acanthaceae, Araceae, Arecaceae, Begoniaceae, Gesneriaceae, Marantaceae e Passifloraceae (JBP, 2014).

Sua coleção de tipos nomenclaturais – exsicatas utilizadas na descrição original de uma espécie até então nova para a ciência e selecionadas por seu autor como sua permanente referência material – possui mais de 40 cadastros, com ênfase para as palmeiras (Arecaceae), em particular do gênero Syagrus (JBP, 2014).

O Projeto Político Pedagógico inicial do JBP foi elaborado em 2011, ano em que a organização foi inaugurada para atendimento regular ao público (MONTEIRO et al., 2011).

O circuito educativo tem 5 km de trilhas interpretativas pavimentadas, implantadas em 80 mil m2 de jardins temáticos planos, lagos, bosques e áreas de convívio. Todos os visitantes recebem um guia impresso de visitação com mapa (Figura1).

Descrição: Guia_do_visitante_MAI_2015-2.jpgO

Figura 1. Mapa do guia impresso de visitação ao Jardim Botânico Plantarum, município de Nova Odessa, São Paulo, Brasil. Arte: Karley Moura.

Jardim Botânico Plantarum foi registrado e enquadrado em 2012 pela Comissão Nacional de Jardins Botânicos de acordo com a Resolução CONAMA 339/2003 (JBP, 2012). Em 2015 o JBP obteve o título de Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (DOU, 2015).

 

 

METODOLOGIA

 

Os dados necessários para aferir os resultados do Programa de Educação Ambiental do Jardim Botânico Plantarum no período de 2011 a 2014 foram obtidos e sistematizados entre janeiro/2014 a abril/2015. Tais dados dizem respeito às seguintes atividades empreendidas pelo JBP:

 

Campanha de divulgação

 

            Em razão de o estudo haver sido realizado no triênio inicial de funcionamento da organização, se considerou importante analisar ações de divulgação do programa de atendimento ao público. Para tanto, foram analisadas as iniciativas de propaganda e marketing; as atividades externas; o registro de envio de correspondências às instituições de ensino e aos meios de divulgação; o conteúdo e registro de acessos ao portal do JBP na internet; o acervo de matérias jornalísticas, número de pessoas autocadastradas para recebimento de notícias digitais e os “curtidores” do JBP no Facebook.

 

Atendimento ao público

 

Para se enumerar o contingente de pessoas contempladas nas diferentes modalidades de atendimento, se procedeu à análise das planilhas de agendamento de visitas, planilhas de controle de ingressos de visitantes, listas de inscrições em cursos, registros escritos e fotografias das atividades educativas. As respectivas quantidades de pessoas atendidas são apresentadas em distintas categorias: associados, visita autônoma, visita guiada, visitas escolares (separadamente de instituições públicas e privadas) e participantes dos cursos.

 

Opinião de visitantes

 

            Foram levantadas algumas expressões de visitantes em relação à qualidade da experiência de visitação no JBP, cujos dados foram obtidos e sistematizados por pesquisa interna, realizada pela organização no decorrer de 2012.

 

RESULTADOS

Campanha de divulgação

 

O Ato Solene de Inauguração do Jardim Botânico Plantarum foi realizado dia 11/11/2011 (JBP, 2014). A campanha de divulgação prévia à inauguração ocorreu durante o mês de setembro/2011, na 30ª EXPOFLORA, realizada na cidade de Holambra – SP, onde o JBP montou a Exposição Árvores Brasileiras Raras e Notáveis. A organização estima que mais de 300 mil pessoas frequentaram o evento, durante todo o mês (EXPOFLORA, 2015).

Em outubro de 2011 foi enviado material paradidático do JBP e convite para visitação, às instituições de ensino públicas e privadas, dos 20 municípios que compõe a Região Metropolitana de Campinas: Americana, Artur Nogueira, Campinas, Cosmópolis, Engenheiro Coelho, Holambra, Hortolândia, Indaiatuba, Itatiba, Jaguariúna, Monte Mor, Morungaba, Nova Odessa, Paulínia, Pedreira, Santa Bárbara d'Oeste, Santo Antônio de Posse, Sumaré, Valinhos e Vinhedo (SP, 2015).

Em novembro de 2011 foi inaugurado o Portal JBP e a seção de apoio didático, tendo início o agendamento de visitas de professores e alunos para o período letivo seguinte.

Mediante envio contínuo de sugestões de pauta e calendário de atividades educacionais aos meios de comunicação locais, regionais e nacionais foi obtida divulgação isenta de pagamento em emissoras de televisão, veículos impressos e páginas web (Tabela 3).

 

Tabela 3.  Matérias jornalísticas pautadas no Jardim Botânico Plantarum veiculadas em meio impresso, televisivo e internet, no período compreendido entre 2011 e 2012 (adaptada de Monteiro, 2014a).

Programa

Emissora

Data

Link

Leitura Dinâmica

Rede TV

14/11/2011

http://bit.ly/uZDYoZ

Repórter Brasil

TV Brasil

15/11/2011

http://bit.ly/uCwIPQ

Balanço Geral

TVB / Record

24/11/2011

http://bit.ly/Qyalem

Rural Revista

Canal Rural

04/12/2011

http://bit.ly/Ogtof8

Antena Paulista

Rede Globo

10/01/2012

http://glo.bo/O6xMul

Mais Cidadão

TVB / Record

21/01/2012

http://bit.ly/NywZX2

Repórter ECO

TV Cultura

29/01/2012

http://bit.ly/NnkGPg

RF Ecologia

TV Rede Família

27/03/2012

http://bit.ly/NJxQmd

O jardineiro casual

VEJA

Outubro 2012

http://bit.ly/SLdBnX

Veículo impresso

Circulação

Data

Jornal Correio Popular

Campinas (SP)

07/6/2011

Revista Metrópole

Campinas (SP)

30/10/2011

Jornal o Estado de São Paulo

Nacional

02/11/2011

Jornal O Liberal

Americana (SP)

16/11/2011

Jornal Correio Popular

Campinas (SP)

16/12/2011

Jornal Destak

Campinas (SP)

22/11/2011

Revista Globo Rural

Nacional

05/12/2011

Revista Natureza

Nacional

10/12/2011

Jornal Metro

Campinas (SP)

30/01/2012

Revista de bordo GOL

Nacional

05/04/2012

Jornal O Liberal

Americana (SP)

24/05/2012

Revista TUDO UP!

Americana (SP)

10/05/2012

Jornal de Piracicaba

Piracicaba (SP)

19/07/2012

Revista Residenz

Rio Claro (SP)

10/08/2012

Revista CEMARA

Americana (SP)

20/09/2012

Revista Referência

Americana (SP)

15/11/2012

 

 

O Vídeo Institucional do JBP foi disponibilizado via internet em dezembro de 2012. Ao fim de 2012 o Google exibia 65 mil resultados para “Jardim Botânico Plantarum”. Neste ano, no Portal JBP foram contabilizados aproximadamente 70 mil acessos (Tabela 4) e 1.100 usuários, autocadastrados, para receber notícias. O Perfil do JBP no Facebook tinha à essa época 1.800 curtidores e em abril/2105, esse número era de 7.800 curtidores. As dez páginas mais visitadas do Portal JBP, em 2012, são apresentados na Tabela 5.

 

Tabela 4. Progressão no número de acessos ao Portal JBP, contabilizados a partir da data inicial das campanhas de divulgação realizadas pela organização, durante o ano de 2012 (adaptada de Monteiro, 2014a).

 

Data

Campanha de divulgação

Progressão no número de acessos

04/01/2012

Início da divulgação em 2012

26748

30/01/2012

Programa Repórter Eco – TV Cultura

31543

06/02/2012

Matéria no Metro Jornal Campinas

32709

27/02/2012

Programa Rede Família

35388

07/03/2012

Promoção Dia Internacional da Mulher

36740

17/04/2012

Início da divulgação da I Jornada de Paisagismo

43008

26/05/2012

Anúncio na revista Metrópole - Campinas

53243

30/05/2012

Cadastro no site www.guiadeacesso.com.br

53468

28/06/2012

Anúncio no Jornal de Nova Odessa

57193

30/06/2012

Esclarecimento Jornal de Nova Odessa

57334

19/07/2012

Matéria no Jornal de Piracicaba

60756

23/07/2012

Lançamento da Revista TUDOUP!

61559

03/08/2012

Matéria no Jornal Residenz

62931

20/08/2012

Divulgação do Festival da Primavera

65226

01/10/2012

Apresentação do Coral de Nova Odessa

78675

04/10/2012

Vídeo na VEJA o jardineiro casual

79116

05/10/2012

Divulgação do Simpósio de Palmeiras

80198

16/10/2012

Matéria na Revista CEMARA

83139

20/12/2012

Antes do programa Um pé de quê?

97755

           

 

Tabela 5. Ranking de menus e páginas mais visitadas no Portal JBP em 2012 (adaptada de Monteiro, 2014a).

Ranking

Menu

Página

1)       

VISITE

Estrutura

2)       

VISITE

Localização Como chegar

3)       

VISITE

Hospedagem

4)       

CONSERVAÇÃO

Acervo Vivo

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Acessos

 

Atendimento ao público

 

Realização de atividades externas

 

No decorrer de 2012 a equipe do JBP participou das seguintes atividades externas:

- Apoio à organização de temas para realização da Feira Cultural nas seguintes instituições de ensino: Colégio Objetivo de Nova Odessa, Escola Mundo Encantado, de Santa Bárbara d’Oeste e Colégio Anglo Cezanne, de Americana.

- 1º Encontro de educadores ambientais na Associação Barco Escola da Natureza, em Americana (SP).

- VII Reunião da Rede Paulista de Jardins Botânicos - Jundiaí (SP).

- 63º Congresso Nacional de Botânica, em Joinville (SC).

- 19ª Reunião Anual do Instituto de Botânica de São Paulo.

- Inauguração do projeto de arborização do canteiro central da Avenida Brasil, em Nova Odessa, realizada desde 2007, com o plantio e manutenção de um bosque heterogêneo constituído por exemplares arbóreos de 120 espécies nativas do Brasil.

- Adoção da implantação e manutenção do jardim da Praça Pública de Lazer Vera Luzia Samartin Lorenzi, com área total de sete mil m2, situada em frente ao JBP.

- Comemoração do Dia Mundial do Meio Ambiente com palestra e plantio de árvores nativas na Escola Municipal Vereador Osvaldo Luiz da Silva, situada em frente ao JBP.

- Doação de mudas de árvores aos grupos de alunos participantes das visitas escolares, para seu plantio nas escolas, totalizando mais de 50 árvores, de 15 espécies nativas do Brasil.

- Inauguração do projeto de arborização do Parque Manoel Jorge, na zona central de Nova Odessa – SP, realizada desde a década de 1980, com o plantio de árvores de 30 espécies nativas do Brasil.

- Submissão aos Editais do Instituto Carlyle Brasil e do OI Futuro Novos Brasis, de projetos educacionais voltados à inserção dos estudantes da Rede Pública Municipal de Ensino de Nova Odessa no Programa de Educação ambiental do JBP.

- Participação 63º Congresso Nacional de Botânica, em Joinville, Santa Catarina.

- Estabelecimento de parcerias com agências de turismo regionais visando operacionalizar o roteiro de estudos do meio ambiente junto às instituições de ensino da Região Metropolitana de Campinas.

Associações

 

            O Jardim Botânico Plantarum é aberto a novos Associados. Os Associados têm direito a voto na Assembleia e também recebem alguns benefícios, tais como: carteira de associado, livre acesso ao jardim nos horários de visitação, acesso ao herbário e biblioteca mediante agendamento, intercâmbio de sementes, desconto na inscrição dos cursos, aquisição de livros e outros itens da loja (JBP, 2014).

Durante o triênio pesquisado houve flutuação média de aproximadamente 11% ao ano, no número de associados ativos (pessoa física). Foram contabilizados 70 associados em 2012; 82 em 2013 e 78 em 2014.

Empresas também podem se associar à organização mediante patrocínio direto, seja por doação de recursos financeiros ou materiais. Porém, não sendo este o foco do estudo, os detalhes deste tipo de parceria não serão explorados, bem como não foram detalhadas outras modalidades de atendimento ao público, aqui mencionadas apenas a título de informação: locação do jardim para sessões fotográficas e uso da estrutura da entidade para realização de eventos terceirizados.

 

Cursos

 

No período compreendido entre 2012 e 2014 o JBP promoveu a realização de nove cursos, com um total de 1.385 participantes. Considerando-se que o Auditório do JBP tem 200 assentos (JBP, 2014), havia capacidade para atender a 1.800 pessoas, portanto o total de pessoas inscritas correspondeu a 77% do público pretendido para o triênio pesquisado. O curso com maior número de participantes foi a 2ª Jornada de Paisagismo (n = 196) (Tabela 6).

           

Tabela 6. Cursos realizados no Jardim Botânico Plantarum entre 2012 e 2014 e respectivo número de participantes.

 

Cursos

Período

Participantes

1ª Jornada de Paisagismo

Mai/12

193

1º Seminário Árvores Brasileiras

Set/12

125

1º Simpósio de Palmeiras

Nov/12

111

2ª Jornada de Paisagismo

Mai/13

196

1º Simpósio Plantas Alimentícias Não Convencionais

Jun/13

98

2º Seminário Árvores Brasileiras

Set/13

195

2º Simpósio de Palmeiras

Nov/13

125

3ª Jornada de Paisagismo

Mai/14

199

2º Simpósio Plantas Alimentícias Não Convencionais

Nov/14

143

Total

1385

 

Fonte: Setor administrativo do Jardim Botânico Plantarum.

 

Modalidades de visitação ao jardim

 

            A visitação ao jardim ocorre nas seguintes modalidades e condições:

 

VISITA AUTÔNOMA – realizada de 4ª-feira a domingo, de 9 às 17h.

Ideal para os visitantes que desejam criar seu próprio roteiro e explorar o jardim com o auxílio do guia impresso de visitação e das placas interpretativas. O ingresso nesta modalidade tem o valor de R$ 20,00 (vinte reais). É concedida meia-entrada para estudante menor de 18 anos; estudante maior de 18 anos com documentação que comprove estar matriculado; pessoa com mais de 60 anos, com documentação que comprove sua idade e; professores que comprovem o exercício atual da profissão. Associados, aniversariantes do mês e menores de cinco anos são isentos de pagamento de ingresso.

VISITA GUIADA – realizada de 4ª-feira a domingo, de 9 às 11h ou de 14 às 16h.

Trilha interpretativa, guiada, ao ar livre, com duração média de duas horas. Ideal para grupos com interesse em abordagens mais aprofundadas sobre os projetos desenvolvidos pelo JBP. Para cada grupo de até 15 pessoas o valor nesta modalidade de visita é de R$ 450,00 (quatrocentos e cinquenta reais).

 

VISITA ESCOLAR – realizada à 5ª e 6ª-feiras, de 9 às 11h ou de 14 às 16h.

Trilha interpretativa, guiada, ao ar livre. Deve ser precedida de agendamento e requer alinhamento de objetivos e metodologia entre as equipes de escolares e do jardim. A mediação de conhecimentos enfatiza a diversidade vegetal e a importância de sua conservação. Podem ser utilizados como instrumentos didáticos o acervo botânico, as estruturas técnicas e tecnologias destinadas ao desenvolvimento dos projetos pela instituição. A linguagem utilizada, assim como a abordagem de cada tema, depende da idade, conhecimento prévio dos alunos e do projeto escolar que motivou a atividade. Os professores que acompanham os grupos são isentos de taxa de visitação. Valor por aluno: R$ 10,00 (escola pública) e R$ 20,00 (escola privada).

 

A Tabela 7 apresenta a síntese do número de associados e de visitantes do JBP no período compreendido entre 2012 a 2014.

 

Tabela 7. Contingente total de associados e visitantes atendidos entre 2012 e 2014 no Jardim Botânico Plantarum.

 

Modos de Atendimento ao Público

2012

2013

2014

Associados ativos

70

82

78

Visita Autônoma Inteira

2.191

2.695

2.848

Visita Autônoma Estudante

1.287

2.116

2.296

Visita Autônoma Professor

302

564

518

Visita Autônoma Idoso

1.106

1.270

1.420

Visita Guiada Escola Privada

467

526

709

Visita Guiada Escola Pública

484

700

766

Visita Guiada Técnica

368

123

178

Subtotais

6.275

8.076

8.813

Total no triênio

23.164

 

Fonte: Setor administrativo do Jardim Botânico Plantarum.

Dentre as distintas modalidades de visitação a Visita Autônoma (com pagamento de ingresso sem desconto) foi a que apresentou o maior número de visitantes (N = 7734 visitantes; 33,34% do total), seguida pela Visita Autônoma com benefício de meia-entrada para estudante (N = 5.699; 24,6% do total).

O número total de participantes dos quatro tipos de visitas autônomas (17.229) corresponde a 74,3% do total de visitantes, enquanto os três tipos de visitas guiadas somaram 4,321 pessoas, representando 18,6% do total de visitas, no triênio pesquisado.

No triênio pesquisado, o atendimento direto ao público, nas diferentes modalidades oferecidas, contemplou diretamente a 24.594 pessoas. A modalidade de visita autônoma foi responsável por 75% do atendimento realizado e as visitas guiadas para grupos de estudantes respondem por apenas 18% do público atendido no triênio.

Conforme comunicação pessoal do setor administrativo do JBP não há convênio com as prefeituras do entorno para inserção dos alunos da Rede Pública de Ensino no programa de educação ambiental. As visitas escolares das instituições de ensino Estaduais e Municipais, realizadas durante o triênio da pesquisa, foram custeadas pelos próprios alunos/responsáveis.

Considerando-se a disponibilidade regular de apenas dois educadores para condução dos grupos de visitantes, a capacidade instalada do Grupo de Educação Ambiental do JBP permite atender em visitas guiadas, por turno, a um grupo de 25 pessoas, em dois dias da semana (MONTEIRO et al, 2011)). Assim se chega à média de 4.800 alunos por ano, perfazendo-se uma expectativa de atender a até 15.400 participantes para o triênio. Portanto o número de pessoas atendidas em visitas guiadas no triênio correspondeu a 37% da capacidade instalada de atendimento.

 

Opinião de visitantes

 

Esta seção apresenta uma compilação dos principais aspectos identificados mediante pesquisa direta de opinião sobre a experiência da visitação ao jardim, realizada pelo JBP em 2012. De acordo com dados do setor administrativo do Jardim Botânico Plantarum, no decorrer de 2012 foram entrevistados aleatoriamente 80 visitantes, totalizando 42 pessoas do sexo masculino (52,5%) e 38 do sexo feminino (47,5%).

Perguntados se utilizaram o Portal JBP para obter informações previamente à visita, 67 entrevistados (83,7%) responderam que sim; 13 pessoas (16,2%) não acessaram a página.

            Um total de 61 pessoas (76,2%) afirmou saber que o JBP é uma associação e não um órgão público; 12 pessoas (15%) afirmaram desconhecer tal informação; e 07 pessoas (8,7%) não responderam.

Dentre os entrevistados, 58 pessoas (72,5%) estavam visitando um jardim botânico pela primeira vez e 32 pessoas (40%) já haviam visitado alguma outra organização congênere.

Para 39 pessoas (48,7%) o principal benefício proporcionado pelo JBP consiste em Educação Ambiental; 18 pessoas (22,6%) referiram-se ao conhecimento; 12 pessoas (15%) alegaram ser o lazer; 08 pessoas (10%) destacaram o contato com a natureza e outros três entrevistados (3,7%) citaram paz, cultura e ar limpo como as principais benesses proporcionadas pela organização.

De maneira geral 62 entrevistados (77,6%) avaliaram a experiência no JBP como excelente; 11 pessoas (13,7%) consideraram ótima; 02 pessoas (2,5%) acharam boa; 03 pessoas (3,7%) avaliaram como regular e 02 pessoas (2,5%) atestaram como ruim a experiência de visitação.

 

DISCUSSÃO

 

O primeiro ano de campanha de divulgação da abertura do Jardim Botânico Plantarum à visitação consistiu no empreendimento de sete ações principais, resultando na inserção gratuita da pauta, em matérias jornalísticas de seis programas de televisão com abrangência nacional, um programa de televisão de veiculação estadual, dois canais audiovisuais na Internet, quatro veículos impressos de circulação nacional e doze cuja abrangência é regional. A repercussão de tal campanha junto ao público foi medida através de um incremento da ordem de 300% no número de visitas ao Portal da entidade na internet.

De acordo com o Manual para Elaboração, Administração e Avaliação de Projetos Socioambientais “as técnicas de comunicação bem empregadas facilitam a divulgação do projeto, a mobilização social e o seu fortalecimento, à medida que promovem a comunicação de massa” (SÃO PAULO, 2005).

Como explicitado por Honig (2005), as pessoas são atraídas a visitar os JBs por diferentes motivações e expectativas, e há outras inúmeras outras variáveis que devem ser levadas em consideração, além da quantidade de pessoas atendidas, para a justa avaliação de um programa de educação ambiental (TOMAZELLO & FERREIRA, 2001).

Alguns outros aspectos também podem influenciar para a aproximação ou afastar os JBs do público, tais como: eficácia de divulgação, proximidade do centro urbano e acessibilidade, histórico de funcionamento, diversidade de atrativos, relevância das coleções, estrutura oferecida, habilidade técnica da equipe de atendimento e o valor (ou isenção) de taxa de ingresso. Barroso & Mesquita (2014) destacam que alguns gestores públicos consideram um jardim botânico ideal aquele que dispõem de uma estrutura bem cuidada, com espécies vegetais representativas da região, placas interpretativas, além de materiais impressos como mapas, folders, catálogos e exposições, sem esquecer-se dos programas de acessibilidade física e cognitiva (trazer as informações para uma linguagem acessível ao público).

Dentre este conjunto de fatores que interferem na relação entre o jardim e a sociedade há de se considerar que os jardins botânicos mantidos por órgãos governamentais possuem orçamentos custeados por verbas públicas, o que lhes permite oferecer entrada franca ou mediante o pagamento de taxas irrisórias para visitação, o que em certa medida também pode ser considerado um aspecto atrativo para o público. O valor financeiro cobrado para ingresso e visitação foi identificado com um fator limitante para inserção dos alunos da Rede Pública de Ensino no Programa de Educação Ambiental (MONTEIRO, 2014).

Nesse sentido, o recente reconhecimento do JBP como Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP) pode contribuir doravante para captação de recursos financeiros destinados ao desenvolvimento e à consolidação de projetos em parceria com instituições de ensino, governos locais e iniciativa privada, que tornem possível, desse modo, explorar ao máximo o potencial educativo do JBP e simultaneamente ampliem a abrangência de seu Programa de Educação Ambiental junto ao público estudantil. Carvalho (2001) enfatiza a importância de se ampliar a educação ambiental junto ao público infantil, afirmando que:

 

“Embora todos os grupos sociais devam ser educados para a conservação ambiental, as crianças são um grupo prioritário e representam as gerações futuras em formação. Considerando que as mesmas estão em fase de desenvolvimento cognitivo, supõe-se que nelas a consciência ambiental possa ser internalizada e traduzida em comportamentos de forma mais bem sucedida do que nos adultos que, já formados, possuem um repertório de hábitos e comportamentos cristalizados e de difícil reorientação”.

 

 

Não obstante o Jardim Botânico Plantarum e o Instituto Inhotim (Brumadinho/MG) serem organizações bem distintas em termos conceituais, orçamentários e operacionais, apenas para se estabelecer um parâmetro de comparação com outra organização de caráter privado, cujo valor do ingresso para visitação é similar ao da organização em estudo, cabe frisar que no seu primeiro biênio de atendimento ao público o Instituto Inhotim recebeu aproximadamente 220 mil visitantes, dos quais 49.808 eram estudantes, atendidos em visitas guiadas, cujo foco principal era arte educação (N = 43.223, 87% das visitas com estudantes), ou em educação ambiental (N = 6.585, 13% do total de visitas guiadas com estudantes) (NOVAIS, 2009). Nesse contexto vale destacar alguns dos aspectos positivos que favorecem à expressividade do contingente de estudantes atendidos pelo Instituto Inhotim: sua proximidade de Belo Horizonte, as dimensões da área de visitação, a multiplicidade de modalidades e horários de atendimento ao público, a relevância de seus acervos de arte contemporânea e de seu jardim botânico, além da regularidade de orçamentos oriundos de projetos incentivados por deduções tributárias concedidas às empresas que os financiam, sendo esse um dos benefícios assegurados pelo reconhecimento como OSCIP (BRASIL, 1999b). Tais deduções de impostos de certo modo também favorecem e amplificam a captação de recursos e patrocínios aos seus projetos educativos e permitem o atendimento a um contingente elevado de estudantes em seu programa educacional dirigido à Rede Pública de Ensino.

Mesmo entre os demais jardins botânicos brasileiros, que oferecem entrada franca ou de valor irrisório para visitação, a diferença notada nos contingentes anuais de atendimento também é expressiva: em 2008, quando completou 200 anos de funcionamento, o JB do Rio de Janeiro recebeu mais de 600 mil visitantes (G1, 2008). No ano seguinte o JB de São Gonçalo do Amarante, em Fortaleza – CE, teve a vista de 800 pessoas (DIÁRIO DO NORDESTE, 2011). Já em 2010, cerca de 120 mil pessoas visitaram o JB de Brasília – DF (JORNAL DE BRASÍLIA, 2010), enquanto o JB do Recife - PE recebeu por volta de 20 mil visitantes (PERNAMBUCO, 2011). No ano de 2011 o JB Faxinal do Céu situado em Pinhão - PR recebeu 2.600 visitantes (JORNAL FATOS, 2012); o JB Francisca Maria Garfunkel Rischbieter, ponto turístico mais visitado da capital paranaense, teve um milhão de visitas (RICMAIS, 2012); o JB Adolpho Ducke de Manaus – AM, recebeu cerca de 50 mil visitantes (JARDIM BOTÂNICO DE MANAUS ADOLPHO DUCKE, 2012); o Museu de Biologia Professor Mello Leitão, atendeu a cerca de 15.000 pessoas, em 300 grupos (MBML, 2015). Em 2014 o JB de Bauru – SP teve mais de 70 mil visitas (94FM, 2014); o JB de Londrina (PR), em seu primeiro ano de funcionamento recebeu 52 mil visitantes (PARANÁ, 2014); o JB Benjamin Maranhão, em João Pessoa – PB recebeu 12 mil pessoas (CAMPINA FM, 2015) e o Museu de História Natural e Jardim Botânico da Universidade Federal de Minas Gerais têm registrado um movimento médio anual de 70 mil visitantes (LACTEA, 2015).

Um fator positivo do setor educacional do JBP se refere à disponibilidade em seu Portal da internet, de informações úteis à instrumentalização de professores interessados em agendar visitas escolares com suas classes. No âmbito de apoio didático oferecido pelos jardins botânicos brasileiros, é de se destacar dos 36 jardins relacionados por Costa (2014), apenas 22 JBs têm uma página virtual em funcionamento na internet (maio/2015), onde podem ser acessadas informações sobre o setor de educação ambiental. Entretanto, em apenas dois (JB Adolpho Ducke de Manaus, Museu de Biologia Professor Mello Leitão), foi possível obter o número ou média anual de visitantes por meio da navegação criteriosa no referido sítio eletrônico. Esta é a razão pela qual os índices anuais de visitação, mencionados no parágrafo anterior nem sempre foram obtidos por fonte oficial sendo, portanto, sujeitos a variação em relação ao dado real. Este vácuo de dados acessíveis pode reverberar como um mero obstáculo à comunicação eficaz que há de se estabelecer entre as instituições e o público, mas sob outro prisma, pode também representar uma grave controvérsia ao princípio contemporâneo de se facilitar o acesso público à informação, tendo em vista que a legislação pertinente determina, entre outras providências, que entes públicos devem disponibilizar, sobretudo por meio da internet, os dados gerais sobre programas, ações, projetos e obras de cada órgão dentre outras informações úteis à sociedade (BRASIL, 2011).

Em 2012, um total de 80 pessoas foi entrevistado, pela equipe do JBP ao término do circuito educativo, em campanha de coleta de opinião sobre a experiência da visitação ao jardim. A síntese da amostra revelou que a maioria das pessoas faz uso da internet para obter informações antes de visitar o JBP. Apesar de representarem um universo amostral irrisório (1,1% do público atendido em 2012) as alíquotas mencionadas (p. 47) ilustram a relação entre acesso à informação e percepção ambiental dos visitantes entrevistados. Sobre isso, Soulé (1997) ressalta que “cada ser humano é uma lente única e por isso a percepção ocorre de modo diferente em cada indivíduo. O ambiente, estado de ânimo, objetivos, interesses, expectativas, história de vida e outros estados mentais influenciam diretamente na percepção.

O que é óbvio à ótica científica ainda precisa ser mais amplamente difundido entre todos os setores da sociedade: “sem plantas não há vida. O funcionamento do planeta, e nossa sobrevivência, dependem das plantas” (GSPC, 2011). Nesse sentido “compreender os processos por meio dos quais a mente humana organiza e representa a realidade percebida é fundamental para instituir ações transformadoras, seja através de intervenções urbanísticas ou de programas de educação ambiental” (RIO & OLIVEIRA, 1999).

Williams et al. (2015) sugerem que os jardins botânicos avaliem regularmente a influência de seus programas de educação ambiental e compartilhem tais informações com outros jardins botânicos, o que permitiria analisar os avanços no cumprimento da Meta 14 da Estratégia Global para Conservação de Plantas. Além disso, tal compartilhamento de dados tornaria mais acessível o saber sobre as diferentes abordagens e metodologias educacionais implantadas nos jardins botânicos, como instrumentos capazes de influenciar positivamente o conhecimento e as atitudes do público a respeito da conservação das plantas.

É notório que restam lacunas no conhecimento que envolve os instrumentos utilizados para medir a eficácia dos programas de educação ambiental desenvolvidos nos jardins botânicos. Uma das perguntas que pode vir a ser respondida em estudos futuros é: em que medida a visitação ao Jardim Botânico Plantarum é capaz de promover reflexão e mudança comportamental em prol da conservação da flora brasileira?

CONCLUSÕES

 

Entre os anos de 2012 a 2014, somando-se todas as modalidades de visitação e cursos, a equipe do Jardim Botânico Plantarum atendeu diretamente em sua sede a um total de 24.549 pessoas, resultando em uma média anual de 8.183 atendimentos.

Sob o ponto de vista didático, a riqueza do acervo botânico, o esmero no manejo do jardim e as unidades demonstrativas de tecnologias de impacto ambiental positivo existentes na área de visitação do JBP contribuem para ampliar o efeito educativo exponencial proporcionado pelo conjunto de ações internas e externas empreendidas pela organização no triênio pesquisado.

Por estar situado em região de vocação explicitamente industrial, na qual os recursos naturais se encontram em processo de franco declínio, a instituição representa um valioso instrumento educacional, que deve ser mais amplamente usufruído pelos habitantes, educadores, empreendedores e governantes daquela região.

Um plano de comunicação bem estruturado é uma ferramenta imprescindível para tornar pública a importância dos jardins botânicos em prol da conservação da flora brasileira e para a ampla difusão dos conceitos e práticas voltados à sustentabilidade socioambiental.

Especial e contínua atenção deve ser dedicada pela equipe do JBP ao contato com as instituições de ensino, governantes e com a iniciativa privada, visando obter meios financeiros que viabilizem a expansão do Programa de Educação Ambiental junto à comunidade estudantil da Rede Pública de ensino local e regional.

Será frutífero que a organização amplie os esforços de coleta de opinião entre o público frequentador do jardim, a fim de obter elementos que tornem possível uma avaliação mais criteriosa, com maior ênfase no viés qualitativo de seu Programa de Educação Ambiental (MONTEIRO, 2015).        

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

 

A presente pesquisa trouxe contribuições para avanço do conhecimento sobre o programa de educação ambiental desenvolvido no Jardim Botânico Plantarum, subsidiando a organização pesquisada e aos demais interessados com dados úteis ao planejamento e à execução de ações voltadas a reduzir as chances de extinção de espécies da flora brasileira.

Os resultados alcançados deixam nítida a relação de complementaridade entre as ações que envolvem a conservação de espécies e do respectivo programa de educação ambiental, como acessório indissociável e imprescindível para o êxito integrado da manutenção da biodiversidade.

Por ser uma entidade de direito privado, o Jardim Botânico Plantarum tem autonomia e agilidade administrativo-financeira que o diferem substancialmente dos jardins botânicos cujo funcionamento é regido por órgãos governamentais da esfera municipal, estadual ou federal. Lidar com escassos recursos no terceiro setor é um honrável desafio que exige da equipe organizacional criatividade e versatilidade, para almejar a missão institucional. Apesar do quadro reduzido de colaboradores a equipe da organização consegue gerir as atividades de educação ambiental de acordo com seus interesses e capacidade instalada.

A implantação de placas de identificação botânica proporciona ao público oportunidade valiosa de interpretação e construção autônoma de conhecimento sobre as espécies vegetais. A especial atenção empreendida pela equipe do JBP à correta identificação de seu acervo vivo também resulta em um dos principais atrativos didáticos do jardim.

Com vistas a simplificar o acesso à informação é desejável que sejam disponibilizados no Portal da entidade os índices anuais de atendimento, bem como os demais balanços administrativos

Aprender entre as plantas e conservá-las são hábitos comuns entre os índios, que precisam ser revivenciadas pela sociedade contemporânea.  

Aliada ao desenvolvimento humano, a conservação da flora também poderia assumir ênfase na execução de políticas públicas voltadas à solução de problemas de segurança alimentar, nutricional e abastecimento de insumos de múltiplos usos.

Os jardins botânicos brasileiros, cada qual com sua missão e ações diferenciadas, representam importantes recursos didáticos que devem ser mais amplamente utilizados por classes de estudantes e professores. As pessoas interessadas em expandir seu conhecimento sobre as plantas e sua importância vital podem se divertir, e ao mesmo tempo aprender frequentando os jardins botânicos. Em seus viveiros há várias mudas de plantas nativas prontas para plantar, cuidar e apreciar com as crianças.

Entretanto, para que a população em geral seja sensibilizada a usufruir mais costumeiramente dos jardins botânicos como local de fruição, ensino e aprendizagem, há necessidade de ampliar no meio virtual a oferta de informações a respeito dos JBs e sobre a organização nacional que os congrega.

Durante a coleta de dados junto à equipe do JBP assumiu destaque um aspecto importante relacionado ao desenvolvimento sustentável, não explorado a fundo neste artigo, mas com potencial para estudos futuros, se refere ao modelo de gestão ambiental adotado na organização pesquisada, o qual tornou possível em uma década de trabalho, a conversão de uma área degradada por atividade industrial em um jardim biodiverso, com expressiva representatividade da flora brasileira.

Por fim, espera-se que este trabalho sirva à equipe do JBP e das instituições congêneres, como estímulo à análise de seu acervo vivo, à revisão das metas de conservação e das ações estratégicas que permitam explorar integralmente o potencial de seu Projeto Político Pedagógico.

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

 

94FM. Após bater recorde de visitação Jardim Botânico é novo ponto turístico. 2014. Disponível em . Acesso em : 08 mai 2015.

BAILEY, J.E.M. ; HILTON-TAYLOR, C. ; STAURT, S.N. (eds.). 2004 IUCN Red List of threatened species: a global species assessment. Gland, IUCN Publications Services Unit.

BARROSO, A.L.F & MESQUITA, R.C.G. 2014. Subsídios para a gestão de jardins botânicos no Brasil - o caso do Jardim Botânico Adolpho Ducke de Manaus. Rodriguésia [online]. Vol.65, n.3, pp. 791-805. ISSN 2175-7860.

BGCI - Botanic Gardens Conservation International. 2015. Disponível em . Acesso em : 15 abr 2015.  

BRASIL, Ministério do Meio Ambiente. 2006. Convenção sobre Diversidade Biológica – CDB. Brasília: MMA 30p. Série Biodiversidade 2.

BRASIL. Lei Federal nº 12.527, de 18 de Novembro de 2011. Regula o acesso a informações previsto no inciso XXXIII do art. 5o, no inciso II do § 3o do art. 37 e no § 2o do art. 216 da Constituição Federal; altera a Lei no 8.112, de 11 de dezembro de 1990; revoga a Lei no 11.111, de 5 de maio de 2005, e dispositivos da Lei no 8.159, de 8 de janeiro de 1991; e dá outras providências. Disponível em . Acesso em : 08 mai 2015.

BRASIL. Lei Federal nº 9.790, de 24 de março de 1999. Dispõe sobre a qualificação de pessoas jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos, como Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público, institui e disciplina o Termo de Parceria, e dá outras providências. Disponível em . Acesso em : 02 set 2015.

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Ilustrações: Silvana Santos