Estamos sendo lembrados de que somos tão vulneráveis que, se cortarem nosso ar por alguns minutos, a gente morre. - Ailton Krenak
ISSN 1678-0701 · Volume XXI, Número 86 · Março-Maio/2024
Início
Cadastre-se!
Procurar
Área de autores
Contato
Apresentação(4)
Normas de Publicação(1)
Dicas e Curiosidades(7)
Reflexão(3)
Para Sensibilizar(1)
Dinâmicas e Recursos Pedagógicos(6)
Dúvidas(4)
Entrevistas(4)
Saber do Fazer(1)
Culinária(1)
Arte e Ambiente(1)
Divulgação de Eventos(4)
O que fazer para melhorar o meio ambiente(3)
Sugestões bibliográficas(1)
Educação(1)
Você sabia que...(2)
Reportagem(3)
Educação e temas emergentes(1)
Ações e projetos inspiradores(25)
O Eco das Vozes(1)
Do Linear ao Complexo(1)
A Natureza Inspira(1)
Notícias(21)
| Números
|
Artigos
PREVENÇÃO DE ACIDENTES DE TRÂNSITO E DOMÉSTICOS EM CRIANÇAS/ADOLESCENTES, MULHERES, HOMENS E IDOSOS: REVISÃO INTEGRATIVA
Iara Elisabete Romeiro Pires¹, Rayane Rabelo Barros1 ,Vanessa Valéria Viana da Silva1, Gina Andrade Abdala2 , Regina Lucia Herculano Faustino2 1Alunos do curso de Enfermagem, Centro Universitário Adventista de São Paulo. 2Professores do curso de Enfermagem do Centro Universitário Adventista de São Paulo Estrada de Itapecerica da Serra nº 5859, CEP: 05858001 Jardim IAE, SP. Email: iara.betinha@hotmail.com e ginabdala@gmail.com
Resumo Objetivo: relatar o que a literatura apresenta sobre a prevenção de acidentes de trânsitos e domésticos em crianças/adolescentes, mulheres, homens e idosos. Métodos: foi realizada uma revisão integrativa da literatura em que foram selecionados artigos publicados nas bases de dados Lilacs e Medline, com os seguintes descritores: crianças/adolescentes, mulheres, homens e idosos, associados pela expressão "AND" com os descritores prevenção, acidentes, trânsitos, domésticos e quedas. No final da coleta de dados, foram selecionados 17 artigos que retratam a realidade brasileira e da França entre 2009 e 2013 sobre o tema em estudo. Resultados: em relação aos acidentes de trânsito, 33,18% são mais frequentes em homens jovens, e 23,8% destes casos são por motocicletas. Já os acidentes domésticos, são mais frequentes em idosos (75%) e crianças (36%). Os fatores associados às crianças estão relacionados principalmente pela falta de cuidado dos responsáveis na proteção e segurança deles. Quanto aos idosos, esteve relacionado aos fatores intrínsecos que predispõem ao risco de quedas, devido a idade avançada e alguns tipos de demência. Conclusão: Ao longo de dez anos, tem ocorrido melhorias pouco significativas na prevenção de acidentes de trânsito e doméstico. A educação populacional e a forte intervenção dos serviços públicos deveriam ser consideradas uma ferramenta de prevenção eficaz. Palavras-chave: prevenção, acidentes domésticos, trânsito, criança/adolescente, mulher, homem, idoso
INTRODUÇÃO
As morbi-mortalidades causadas por acidentes de trânsito e doméstico vem crescendo constantemente no mundo. O Brasil é um dos países com maiores índices, ocupando o 5º lugar no ranking mundial de acidentes de trânsito, e os indivíduos mais vulneráveis são pedestres, ciclistas e na maioria homens jovens (GALVÃO et al., 2013). Já a prevalência de acidentes domésticos vem sendo protagonizados principalmente na vida de pessoas idosas e crianças, pois os mesmos são mais vulneráveis. Outro fator importante que é necessário destacar é o fato de que os acidentes são coisas naturais, mas claro que podem ser evitados com medidas simples e fáceis, que, no entanto envolve mudanças de mentalidade e comportamento. Hoje vem sendo criadas várias formas para prevenir esses acidentes. Algumas dessas medidas vem trazendo uma grande significância para a diminuição, mas ainda precisam ser investidas e criadas novas medidas mais eficazes, e atuar junto à população para que se obtenha um melhor resultado. Sendo assim, o objetivo desse estudo é verificar o que a literatura apresenta sobre a prevenção de acidentes no trânsito e domésticos em crianças/adolescentes, mulheres, homens e idosos, e quais as atualidades sobre o assunto.
DELINEAMENTO METODOLÓGICO
A pergunta norteadora para este estudo foi: quais as medidas preventivas para acidentes de trânsito e acidentes domésticos em crianças/adolescentes, mulher, homem e idoso? Este estudo é do tipo revisão integrativa que é um método de pesquisa que permite a busca, avaliação crítica e a síntese das evidências disponíveis do tema investigado, sendo seu produto final o estado atual do conhecimento do tema investigado, a implementação de intervenções efetivas na assistência a saúde e a redução de custos, bem como a identificação de lacunas que direcionam para o desenvolvimento de futuras pesquisas (MENDES, SILVEIRA & GALVÃO, 2008). Os dados foram pesquisados no banco de dados científicos LILACS e MEDLINE à procura das melhores evidências científicas disponíveis. A coleta de dados ocorreu no período de 13 a 27 de Outubro de 2014. Os descritores foram utilizados conforme o DECS - Descritores de Ciências da Saúde, sendo crianças/adolescentes, mulheres, homens e idosos, associados pela expressão "AND" com os descritores prevenção, acidentes, trânsitos, domésticos e quedas. Para selecionar os artigos, os critérios de inclusão utilizados foram artigos com recorte temporal de quatro anos (2009 a 2013), idiomas português e francês e dados referentes à realidade do Brasil e da França. Como critério de exclusão, não foram utilizados artigos de revisão bibliográfica. Os 17 artigos selecionados foram lidos, analisados e os resultados encontrados foram organizados em forma de Tabelas (1 e 2).
Tabela 1 – Distribuição dos artigos sobre prevenção de acidentes de trânsito encontados na base de Dados da BVS (Medline, LILACS). São Paulo, 2014.
Fonte: dados primários
Tabela 2 - Distribuição dos artigos sobre Prevenção de acidentes domésticos encontados na base de Dados da BVS (Medline, LILACS). São Paulo, 2014.
Fonte: dados primários.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Foram analisados 16 artigos na íntegra e após análise de conteúdo temático, os temas abordados foram divididos nas seguintes categorias, acidentes domésticos em crianças e adolescents (seis artigos, três de trânsito e dois domésticos), acidentes de trânsito em homens (quatro artigos), acidentes de trânsito e acidentes domésticos em mulheres (um de trânsito e um doméstico) e acidentes domésticos em idosos (cinco artigos).
Acidentes com Crianças e Adolescentes (Quadro A)
O acidente doméstico tornou-se um problema significativo, interferindo no desenvolvimento da criança e no seu convívio familiar, pois estão intimamente relacionados com o comportamento da família e rede social, com o estilo de vida, fator educacional, econômico, social e cultural, como também com as fases especificas das crianças, caracterizada pela curiosidade aguçada e contínuo aprendizado (FOOK et al., 2013). Desta forma, na faixa etária de 1 a 5 anos, os principais casos ocorridos no domicílio são representados pelas quedas, queimaduras, aspirações ou introdução de corpos estranhos e intoxicações exógenas (SOUZA et al., 2010). A falta de cuidado dos responsáveis na proteção e segurança da população infantil ajuda a acentuar as causas dos acidentes. Assim, torna-se comum o desajuste na estrutura familiar, ocorrendo uma transferência de responsabilidade dos cuidados e educação dos filhos entre familiares. Tais situações levam a criança a vivenciar um atraso significativo em seu desenvolvimento e carregar as sequelas dos mais diferenciados tipos de acidentes (MALTA et al., 2012a). Portanto, observa-se a necessidade de proteção e vigilância da família para que esses casos possam ser minimizados e as crianças vivenciem um processo de amadurecimento sem a necessidade de ter experimentado situações traumáticas e marcantes (CAVALCANTI et al., 2012). Não se pode deixar de enfatizar que o cuidado de saúde no sentido amplo visa a uma harmonia do ser humano com seu micro e macro ambiente, proporcionando relações do bem-estar e crescimento saudável. Os fatores de risco presentes no ambiente doméstico podem comprometer o desenvolvimento da criança, contribuindo para desencadear diversos tipos de acidentes que, em determinados casos, podem originar graves lesões e sequelas irreversíveis (MALTA et al., 2012b).
Acidentes com o Homem (Quadro B)
A conduta masculina no trânsito é ilustrada através de vários números e dados que revelam um cenário um pouco agressivo. De acordo com o SETRANSP (Secretaria de Transporte de São Paulo) e o Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), houve um crescimento da frota de motocicletas, o que fez um aumento também nos acidentes com vitimas de 19,3% em 1995 para 24,8% em 2008. A letalidade referente aos motociclistas foi mais elevada que a dos pedestres e o risco de mortes foi sempre maior em homens do que em mulheres (MARÍN-LEÓN et al., 2012). Com a municipalização da administração e gerenciamento do trânsito em Campinas, a EMDEC (Empresa Municipal de Desenvolvimento de Campinas) intensificou a fiscalização do trânsito com a adoção de equipamentos eletrônicos para o controle da velocidade, aplicação de multas aos infratores, monitoramento dos pontos de maior frequência de acidentes para intervenção imediata, como a melhoria na sinalização, entre outras ações, além de ter desenvolvido importantes iniciativas, entre as quais se destacam as campanhas educativas sobre segurança no trânsito (MARÍN-LEÓN et al., 2012). Segundo Marín-León et al. (2012) apesar das intervenções da EMDEC, o percentual de acidentes de trânsito com vítimas cresceu a partir de 2004, possivelmente em decorrência do aumento da frota de motocicletas, à semelhança do que foi observado em outros municípios. Diferentemente dos automóveis, as motocicletas não tiveram, no período do estudo, a incorporação de tecnologias para diminuir o impacto das colisões sobre os ocupantes. Além dos comportamentos infratores dos motociclistas, problemas climáticos e nas vias, a instabilidade própria deste veículo facilita derrapagens em curvas e nas conversões, podendo favorecer a ocorrência de acidentes de trânsito. Finalmente, cabe destacar que não têm sido adotadas medidas viárias destinadas a diminuir os acidentes de trânsito como as faixas segregadas e exclusivas para motocicletas usadas em alguns países asiáticos (MARÍN-LEÓN et al., 2012). De acordo com Marín-León et al. (2012) foi constatado que as motocicletas são uma das maiores causas de acidente no trânsito. Seguido vem a ingestão de bebida alcoólica que é também um dos maiores fatores que envolvem os acidentes (MALTA et al., 2010). Outro estudo realizado sobre as causas que levam a acidentes de trânsito diz que ao limitar a análise à população residente nas capitais dos estados brasileiros, observou-se para o conjunto das capitais, uma redução significativa no risco de morte por acidentes de trânsito (ATT) variando de 14,1/100 mil habitantes no período pré-Lei Seca para 12,4/100 mil habitantes após a implantação da Lei Seca. A redução foi observada em 67% (18/27) das capitais brasileiras, sendo maior na cidade do Rio de Janeiro (58,1%) e menor em João Pessoa (0,3%). Dados disponibilizados pelo Ministério da Saúde apontam para uma redução na tendência das taxas de internação por ATT no Brasil, em especial no período pós-"Lei Seca” (MALTA et al., 2010). De acordo com Galvão et al. (2013), não é só os abusos de velocidade nas motos e a ingestão de bebidas alcoólicas que causam a maioria dos acidentes, também um item que vem crescendo nesse âmbito é a bicicleta. Outra vez, os homens aparecem com o maior número de mortes. No período de 10 anos foram levantadas 517 Declarações de Óbitos onde as mortes foram consequência de acidentes com bicicleta em Pernambuco, sendo mais frequentes em homens, entre 25-39 anos e 40-59 anos, pardos, solteiros e de escolaridade ignorada (DATASUS, 2008). O local mais frequente do óbito foi a via pública, indicando que a maioria das vítimas não sobrevive ao resgate. Ainda afirma que a distribuição espacial das mortes demonstra uma concentração maior dos óbitos na Região Metropolitana, seguida da região Agreste (GALVÃO et al., 2013). Apesar de a casuística aparentar ser pequena, o problema com os acidentes envolvendo ciclistas é que, em geral, eles são mais graves, devido à falta de proteção deste tipo de veículo, e por este motivo geram uma maior letalidade (GALVÃO et al., 2013). Os autores afirmam que na maioria dos casos, os acidentes de trânsito ocorreram devido a deficiências nas estradas e dos veículos e/ou erros humanos. Entretanto, os benefícios apresentados pela prática do ciclismo (redução da emissão de poluição no ar, melhoria na saúde geral) compensam os riscos envolvidos com a prática da atividade (acidente de trânsito e lesões mais graves, inalação de gases poluentes, etc.). Todavia, para otimizar os benefícios para a sociedade, as políticas de incentivo ao ciclismo devem vir acompanhadas por planejamento de transporte adequado e medidas de segurança (GALVÃO et al., 2013). Quando não levam à morte, os acidentes de trânsito deixam lesões que variam de traumatismos crânio encefálicos e traumas raquimedulares, consideradas extremamente graves; amputações de membros - muito graves; fraturas de membros inferiores - graves; fraturas de membros superiores - moderadas; e lesões diversas e luxações - leves (SCHOELLER et al., 2011).
Acidentes com a Mulher (Quadro C)
Segundo o DETRAN (Departamento Estadual de Trânsito, 2014), o número de mulheres ao volante representa 37,6% dos habilitados do Distrito Federal, o equivalente a mais de 559 mil condutoras nas vias. Em relação aos motoristas envolvidos em acidentes fatais no DF em 2013, apenas 28 (5,3%) eram mulheres. No último ano, dos 529 condutores envolvidos nos 357 acidentes com vítimas mortas, 476 eram homens (90%). Os demais condutores envolvidos em acidentes com morte não tiveram sexo informado. Um fato importante é que após representar cerca de 10% do total de condutores envolvidos em acidentes com morte em 2010 e 2011, e 6,5% em 2012, as mulheres reduziram este percentual para 5,3% em 2013. Em relação ao tipo de envolvimento no acidente, entre as mulheres mortas, 52,9% eram passageiras e 7,4% condutoras. Já entre os homens, somente 9% eram passageiros e 60,3% condutores (DETRAN, 2013). De acordo com Davantel et al. (2009), as mulheres envolvidas em AT eram na maioria solteiras (49,2%) e na faixa de 21 a 30 anos (34,3%). A Organização Mundial de Saúde estima que em 2020 os acidentes de trânsito serão a 2ª causa de morte prematura no mundo. Segundo mostram os estudos de Dutra et al. (2011), as queimaduras e suas consequências são consideradas um problema de saúde pública, uma vez que as vítimas representam um importante ônus social e econômico durante o período de internação e ao longo do processo de recuperação. Os agentes causais mais comuns de queimadura são substâncias inflamáveis e os líquidos superaquecidos. As diferenças de gênero desempenham um papel significativo no risco de queimadura, uma vez que há uma predominância de mulheres queimadas em atividades domésticas (DUTRA et al., 2011). Os acidente domésticos ocorrem principalmente na cozinha, envolvendo a utilização do fogão, com panelas mal adaptadas e a realização de frituras (DUTRA et al., 2011). De acordo com Dutra et al. (2011), a faixa etária de mulheres adultas jovens foi a faixa de maior prevalência de queimadura. O ambiente doméstico foi o cenário de maior incidência assim como tem sido evidenciado em outros estudos.
Acidentes com Idosos (Quadro D)
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2014), o número de idosos irá triplicar até 2050, chegando a quase 50 milhões. Por isso é tão importante se preparar para atender a essa população exigente, que combina forças e fraquezas relevantes. Os acidentes domésticos merecem destaque e são considerados como problemas de saúde pública, devido à alta frequência que ocorrem com esta faixa etária. A morbidade e a mortalidade advindas desse evento, elevam o custo social e econômico, resultante das lesões provocadas e por isso a importância das medidas de prevenção e promoção de saúde para diminuir a ocorrência destes acidentes e minimizar as complicações secundárias (CRUZ et al., 2012). Os resultados das pesquisas feitas com idosos apartir de 60 anos mostram que acidentes domésticos ocorrem mais frequentemente em pacientes com algum tipo de demência, como do tipo alzheimer. Segundo Bourgeois, Couturier e Tyrrel (2009), estas pessoas são mais vulneráveis à situações de quedas, principalmente se vivem sozinhos no seu domicilio. Neste mesmo estudo realizado na França, encontrou-se que existe um risco potencial de incêndio no domicílio de pessoas idosas com algum tipo de demência. Avaliando a prevalência de quedas e outros fatores associados, segundo os estudos de CRUZ et al. (2012), cerca de 30% dos idosos caem, no Brasil, pelo menos uma vez por ano, e o risco pode ultrapassar 50% em idosos acima de 85 anos. As ocorrências de quedas associaram-se com idade avançada, sexo feminino, necessidade de auxílio para locomoção e diagnóstico auto-referido de osteoporose. A mulher idosa apresenta mais riscos pela quantidade de massa magra e de força muscular menor do que os homem da mesma idade; também maior perda de massa óssea devido à redução de estrógenos, aumentando a probabilidade de osteoporose, entre outros: maior prevalência de doenças crônicas e maior exposição à atividades domésticas. Pelos dados analisados dos estudos de Almeida et al. (2012), confirmou-se que, entre os fatores intrínsecos que predispõe ao risco de quedas e fraturas estão : faixa etária mais elevada, autopercepção ruim da visão e autopercepção ruim da saúde ; e os fatores extrínsecos são tipo de moradia, e renda igual ou inferior a um salário mínimo. De acordo com os estudos de Cruz et al. (2012); Almeida et al. (2012); Chianca et al. (2013), os riscos de quedas mais relacionados referiram-se ao sexo feminino, acuidade visual diminuída e história de quedas. Entre os fatores extrínsicos estão: piso escorregadio nos domícilios, banheiro sem piso antiderrrapantes, tapetes e objetos soltos nos ambientes, baixa luminosidade e uso de calçados inadequados. No estudo descritivo, transversal e quantitativo de Borges Filho (2010) cujo objetivo foi correlacionar o equilíbrio e o ambiente domiciliar como risco de quedas em pacientes acometidos pelo acidente vascular encefálico (AVE), depois de um episódio de AVE, pelo menos dois terços dos sobreviventes apresentaram algum grau de deficiência decorrente dos déficits neurológicos. Como sequelas geradas, tais como contraturas e deformidades que resultaram na perda de movimentos, espaticidade e posicionamento imprópio, alteraram a biomecânica articular normal, provocando alterações no equilíbrio e instabilidade postural, levando à uma suscetibilidade de acidentes domésticos. Confirmando outros estudos, as mudanças precisam ser feitas nos domicílios, pois a presença de um ambiente de risco aumenta o desafio para os idosos. Segundo Chianca et al. (2012), evitar quedas é considerado hoje uma conduta de boa prática gerontólogica, tanto em hospitais e instituições de longa permanência quanto no ambiente domiciliar. Na mesma linha de pensamento de Bourgeois, Couturier e Tyreeal (2009), destaca-se a importância de identificar os riscos dos pacientes para orientar os cuidadores nas mudanças que podem ser feitas no domicílio, afim de otimizar a segurança do idoso(a) e de seus familiares. A maior parte das quedas ocorrem no próprio domicílio como relatado em outros estudos, remetendo à importância do ambiente domiciliar e fatores extrínsicos para a ocorrência/ausência de acidentes domésticos. Sendo assim, as formas de prevenção são: iluminação adequada, piso não-escorregadio, disposição adequada do mobiliário e objetos, ausência de tapetes, uso de anteparo para assento durante o banho e algum recurso antiderrapante, barras de apoio para facilitar o acesso a escadas e degraus, e outros (CRUZ et al., 2012). Resultados semelhantes foram apontados na literatura nesse sentido, mudanças demográficas e epidemiológicas implicam a compreensão e o entendimento da demanda da população idosa sob um novo olhar, baseado na integralidade do cuidado, com ênfase na prevenção e promoção de saúde. Quedas e seu impacto possuem considerável importância na vida dos indivíduos, nos altos custos econômicos e sociais e na sobrecarga dos serviços de saúde. Tornam-se necessários o reconhecimento dos grupos mais vulneráveis, a compreensão do evento, as quedas e a atuação preventiva de sua ocorrência em equipe interdisciplinar, considerando sua natureza multifatorial (CRUZ et al., 2012).
CONCLUSÃO
Este estudo objetivou traçar o perfil dos acidentes tanto de trânsito como doméstico em todas as faixas etárias, e refletir sobre as medidas de prevenção que existem. As crianças e os idosos são os mais vulneráveis aos acidentes domésticos. Obervou-se nesse estudo que para um numéro de pessoas os acidentes domésticos com crianças são considerados normais dependendo do nível da lesão, e que só passam a se preocupar quando o tipo de lesão ocasiona algo grave no estado físico da criança e evidencia uma sensação de perda muito forte. Pesquisas mostraram que acidentes tem relação com a idade da criança, etapa de desenvolvimento psicomotor, fatores ambientais, educacionais, socioeconômicos e culturais, os quais estão relacionados com o comportamento e estilo de vida. E que as quedas ocorrem em locais diversos, como residência, via pública, escola, local de trabalho ou lazer. Um único estudo mostrou a importância do cuidado com os produtos de limpeza, pois podem trazer sérias complicações, sendo uma delas a intoxicação com crianças, principalmente na faixa etária de 1 a 5 anos, a “idade da descoberta”. Não podendo deixar de enfatizar o cuidado dos profissionais de saúde atuando junto à população e conscientizando sobre as medidas eficazes a serem tomadas. O que todos os artigos tinham em comum era a clareza sobre a importância de destacar a prevenção do acidente doméstico, pois ele tem se revelado como uma das principais causas dos atendimentos, internações, incapacidades e óbitos em crianças, precisando ter um maior cuidado, principalmente dos responsáveis, pois muitos acidentes poderiam ser evitados se os pais tivessem mais cautela e observassem suas crianças. Segundo um artigo publicado na França, idosos com algum tipo de dêmencia, são mais frágeis, por este motivo a ocorrência de quedas se torna mais elevada. E o risco pode aumentar se os idosos viverem sozinhos em seus domicílios. Em muitos casos, pacientes acometidos por demências, são considerados um ''fardo'', para suas famílias por isso há a necessidade da intervenção dos profissionais da saúde através de orientações, para que haja uma conscientização a respeito da importância da presença dos familiares. Entre os fatores de risco, o incêndio é o mais ocorrido. As causas mais frequêntes de queimadura, são com idosos que entram em banho quente sem auxílio de um familiar, ou cuidador, e também contato com cigarro, e outras atividades na cozinha. Dos cinco artigos escolhidos, três confirmam, que a prevalência de quedas está mais relacionada com a faixa etária elevada, sexo feminino, e autopercepção ruim da visão. A falta de segurança nos domicílios também é um fator que predispõe a queda. É importante destacar a importância do exercício fisíco para manter a independência, aumentar a força muscular e o equilíbrio. Observou-se que muitos idosos não são orientados em relação aos cuidados, e as mudanças externas que são simples que podem ser feitas sem nenhuma dificuldade. O estudo mostra que há uma importância nas mudanças no domicílio, pois estes fatores remetem a um quadro preucupante, tornando necessário a criação de medidas que visem a prevenção das quedas, com o intuito de melhorar a qualidade de vida da população. No trânsito tem-se maior prevalência de acidentes envolvendo os homens e a maioria dos acidentes decorreu de uma série de eventos que aparecem juntos numa sequência e resultando em numerosas mortes. Observou-se também que as motocicletas foram as maiores envolvidas quando se trata de acidentes de trânsito, por isso deveria melhorar o custo para obtenção da Carteira Nacional de Habilitação (CNH) e tornar o processo mais rígido e eficiente, para que assim os motociclistas sejam mais prudentes no trânsito além de aumentar a fiscalização nas ruas. Outro fator importante seria a incorporação de novas tecnologias para diminuir o impacto das colisões sobre os ocupantes. Já o número de mulheres envolvidas em acidentes de trânsito é baixa em relação aos homens, isso é devido a questão de gênero, pois os homens estão mais frequentes ao volante. As mulheres que sofreram acidentes, na maioria eram passageiras do veículo. De acordo com um dos artigos mostrados nesse estudo, os acidentes no trânsito tiveram uma redução visível depois da implementação da lei Seca, ao mesmo já propõe algumas medidas que deveria entrar em ação. Para que haja uma prevenção mais eficaz, as medidas de fiscalização deveriam ser ampliadas, visando atender todo o país não somente nas capitais como mostra este estudo. Os hábitos também influenciam bastante, por isso também se deve investir em educação. O profissional da saúde pode estar contribuindo para a prevenção de acidentes orientando as vítimas e também realizando pesquisas que ajudem na elaboração ou melhoria de intervenções eficazes para esse assunto que também é um problema de saúde pública e necessita de atenção previlegiada.
COLABORADORES
I. E. R. Pires participou da concepção, delineamento, além da redação do artigo. R. R. Barros participou da concepção, delineamento e redação do artigo. T. A. Francisco participou da concepção e redação do artigo. V. V. V. Silva participou da elaboração e redação do corpo dest artigo além do delineamento. G.Abdala e R. Faustino realizaram importantes contribuições à versão final. Todos os autores participaram da análise dos dados.
REFERÊNCIAS
ALMEIDA, S. T; SOLDERA, C. L. S; CARLI, G. A; GOMES, I; RESENDE, T. L. Análise de fatores extrínsecos e intrínsecos que predispõem a quedas em idosos. Revista Associação de Medicina Brasileira. Porto Alegre. Vol. 58, n. 4. p. 427- 433, 2012.
BORGES, P.S; FILHO, L. E. N. M; MASCARENHAS, C. H. M. Correlação entre equilíbrio e ambiente domiciliar como risco de quedas em idosos com acidente vascular encefálico. Revista Brasileira Geriatrica Gerontol. Rio de Janeiro, Vol. 13, n. 1. p. 41- 50, 2010.
BOURGEOIS, J.; COUTURIER, P.; TYRREL, J. Sécurité à domicile des personnes démentes: étude préliminaire sur les situations à risque en consultation mémoire de gériatrie en France. Rev. Psychol NeuroPsychiatr Vieil, Grenoable, France, V. 7, n. 3. p.213- 224, 2009.
CAVALCANTI, A.L; ASSIS, K.M; CAVALCANTE, J.R,; XAVIER, A. F. C.; AGUIAR,Y. P.; Traumatismos Maxilofaciais em Crianças e Adolescentes em Campina Grande, Paraíba, Brasil. Pesq Bras Odontoped Clin Integr, João Pessoa. Vol.12, n. 3. p. 439-445, 2012.
CHIANCA, T. C. M; ANDRADE, C. R; ALBURQUERQUE, J; WENCESCESLAU, L. C. C; TADEU, L. F. R; MACIEIRA, T. G. R. et al. Prevalência de quedas em idosos cadastrados em um Centro de Saúde de Belo Horizonte-MG. Revista Brasileira de Enfermagem. Brasília, Vol. 66, n. 2, p. 234- 240, 2013.
CRUZ, D. T; RIBEIRO, L. C; VIEIRA, M. T.; TEIXEIRA, M.T.B.; BASTOS,R.R.; LEITE, I.C.G. Prevalência de quedas e fatores associados. Revista Saúde Pública. Minas Gerais. Vol 46, n. 1, p. 138- 146, 2012.
DATASUS, Google Analytics. 2008. Disponível em: < http://www2.datasus.gov.br/DATASUS/index.php> Acesso em 13 de outubro de 2014.
DAVANTEL, P.P.; PELLOSO, S. M.; CARVALHO, M. D. B.; OLIVEIRA, N. L. B.; A mulher e o acidente de trânsito: caracterização do evento em Maringá, Paraná. Rev. bras. epidemiol. Vol.12, n.3. São Paulo, Sep. 2009.
DETRAN, Google Analytics. Disponível em: < http://www.detran.sp.gov.br/> Acesso em 13 de outubro de 2014.
DUTRA, A. S; PENNA, L. H. G; VARGENS, O. M. C ; SERRA, M. C. V. F. Caracterização de mulheres hospitalizadas por queimadura. Revista de Enfermagem, UERJ. Rio de Janeiro. Vol. 19, n. 1. p. 34- 39, 2011.
FOOK, S. M. L.; AZEVEDO, E. F.; COSTA, M, M.; FEITOSA, I. L. F.; BRAGAGNOLI, G.; , MARIZ, S. R.; Avaliação das intoxicações por domissanitários em uma cidade do Nordeste do Brasil, Cad. Saúde Pública. Vol. 9, n.5. Rio de Janeiro, May. 2013.
GALVÃO, P. V. M; PESTANA, L. P; PESTANA, V. M; PEDROSA, M. O; CAMPELLO, R. I. C; SOUZA, E. H. A. Mortalidade devido a acidentes de bicicletas em Pernambuco, Brasil. Revista saúde coletiva. V. 18, no.5. 2013.
IBGE, Google Analytics. Disponível em: < http://www.ibge.gov.br/home/ > Acesso em 15 de outubro de 2014.
MALTA, D. C; FILHO; A. M. S; MONTENEGRO, M. M. S; MASCARENHAS, M. D. M; SILVA, M. M. A. et al. Análise da mortalidade por acidentes de transporte terrestre antes e após a Lei Seca - Brasil, 2007-2009. Revista Epidemiol. Serviço de Saúde. Brasília, V.19, no.4. 2010.
MALTA, D. C.; MASCARENHAS, M. D. M.; BERNAL, R. T. I.; ANDRADE, S. S. C. A.; NEVES, A. C. M.; MELO et al. Causas externas em adolescentes: atendimentos em serviços sentinelas de urgência e emergência nas Capitais Brasileiras – 2009. Ciênc. saúde coletiva. Vol.17, n.9. Rio de Janeiro, Sep. 2012.
MALTA, D. C.; SILVA, M. M. A.; MASCARENHAS, M. D. M; SÁ, N. N. B.; NETO, O. L. M.; BERNAL, R. T. I.; MONTEIRO, R. A.; ANDRADE, S. S. C. A.; GAWRYSZEWSKI, V. P.; Características e fatores associados às quedas atendidas em serviços de emergência. Rev. Saúde Pública. Vol. 46, n.1. São Paulo, fev. 2012.
MARIN- LEÓN, L.; BELON, A. P; BARROS, M. B. A; ALMEIDA, S. D. M; RESTITUTTI, M. C. Tendência dos acidentes de trânsito em Campinas, São Paulo, Brasil: importância crescente dos motociclistas. Caderno de Saúde Pública. Rio de Janeiro. V. 28, n. 1. p. 39- 51, 2012.
MENDES, K. D.S.; SILVEIRA, R.C.C.P.; GALVÃO, C.M.; Revisão integrativa: método de pesquisa para a incorporação de evidências na saúde e na enfermagem. Texto Contexto Enferm. Florianópolis. V. 17, n. 4. p. 758- 764. Out-Dez, 2008.
SCHOLLER, S. D ; BONNETTI, A ; SILVA, G. A ; ROCHA, A ; GELBCKES, F. L ; KHAN, P. Características das vítimas de acidentes motociclisticos atendidas em um centro de reabilitação de referência estadual do sul do Brasil. Revista Acta Fisiatr. Vol 18, n. 3, p.141- 145, 2011.
SOUZA, D. F. M.; SANTILI. C.; FREITAS. R. R.; AKKARI. MIGUEL.; FIGUEIREDO. M. J. P. S. S.; Epidemiologia das fraturas de face em crianças num pronto-socorro de uma metrópole tropical, Acta ortop. bras. Vol.18, n. 6. São Paulo, 2010.
QUADRO A
Acidentes com Crianças e Adolescentes
QUADRO B Acidentes com o Homem
QUADRO C Acidentes com a Mulher
QUADRO D Acidentes com Idosos
|