PERCEPÇÃO AMBIENTAL DO USO E DESTINAÇÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS POR DISCENTES DE PÓS GRADUAÇÃO DO MUNICÍPIO DE AFUÁ (PA)

 

Fabrício Lemos de Siqueira Mendes¹

Raimundo Luiz Morais de Sousa²

Lucas dos Anjos Rodrigues³

 

¹Doutor em Desenvolvimento Socioambiental, Professor Titular da UNAMA (fabricio.mendes@unama.br)

²Discente do Curso de Ciências Biológicas da UNAMA (raimundo_luiz123@hotmail.com)

³Discente do Curso de Ciências Biológicas da UNAM (la.rodriges@hotmail.com.br)

 

 

Resumo

Em todo mundo, os resíduos sólidos causam vários danos referentes às questões ambientais. Com a expansão e urbanização das cidades, os problemas vêm se agravando cada vez mais. E, com isso o destino muitas vezes torna-se um grande problema gerando impactos ao meio ambiente e na saúde coletiva. Deste modo, o seguinte artigo aborda a questão no que se refere aos resíduos sólidos oriundos da urbanização e os impactos socioambientais que isso pode causar. Sendo assim, o objetivo deste trabalho foi caracterizar o uso e destinação do lixo doméstico das residências de discentes de Pós Graduação Lato Sensu em Educação Ambiental do município de Afuá (PA), identificando a forma de manejo destes resíduos sólidos. A metodologia utilizada na pesquisa foi baseada através de análises de dados coletados por meio de questionários, buscando entender como anda a percepção ambiental a respeito dos resíduos sólidos que são produzidos pelos próprios entrevistados. Percebeu-se que a maioria dos entrevistados agia de forma correta em se tratando do armazenamento do lixo e tinha o apoio eficiente do órgão publico responsável pela coleta e destinação desses resíduos. Este trabalho mostra que os discentes possuem uma percepção a respeito das causas e efeitos dos resíduos sólidos referentes às questões ambientais.

 

Palavras-chave: Educação Ambiental, Resíduos Sólidos, Discentes.

 

1 INTRODUÇÃO

 

            A questão no que se diz respeito a resíduos sólidos vem causando vários problemas de incumbência pública. Para Pereira e Melo (2008), a urbanização do Brasil não vem de muito tempo atrás, iniciando-se a partir da década de 1960, quando as cidades brasileiras começaram a se expandir. Com isso, essa busca por uma melhor qualidade de vida e também de salários melhores levaram os moradores do campo a virem procurar empregos na “cidade grande”. Visto desse modo, compreende-se que esse crescimento e expansão não se deram de forma planejada, o que acarretou uma série de problemas estruturais, destacando a falta de saneamento básico, evidenciando uma gestão insuficiente sobre os resíduos sólidos.

            Ferreira e Anjos (2001) destacam que os resíduos sólidos apresentam um grande impacto ao meio ambiente, na saúde coletiva e na saúde do indivíduo que se faz presente neste meio. Em alguns casos, essas pessoas passam até a se auto sustentar e viver “do lixo”, achando ali a única forma de subsistência, e são conhecidos como “catadores”. Neste sentindo, Rocha et al (2012) destaca que a crescente geração desses resíduos tem sido apontoada pelos ambientalistas como um grave problema da atualidade, em que volumes absurdos são produzidos diariamente, trazendo o esgotamento dos aterros sanitários e poluição. O manejo inadequado desses resíduos sólidos pode acarretar diversos problemas na esfera social, comprometendo o solo, a vegetação local, a água etc.

            Um importante elemento para o planejamento do meio ambiente é a pesquisa de percepção ambiental. Deste modo, uma das dificuldades para a proteção do ambiente está na diferença de percepções dos valores do meio ambiente pelas pessoas (ROCHA et al. 2012; apud BRANDALISE et al. 2009; apud UNESCO 1973).        Apesar de hoje o reconhecimento em cima do tema ser grande, estudos sobre análises e identificação desses resíduos sólidos ainda são escassos no Brasil e na América Latina. Ferreira e Anjos (2001) enumeram em três os motivos por essa escassez:

1)    O pouco interesse que esses resíduos comuns, cotidianos, despertam nos profissionais e pesquisadores;

2)    A pouca atenção dada pelo poder público às questões de saúde em geral e que repercute também no setor específico de resíduos;

3)    A quase total inexistência de capacitação técnica, tanto de profissionais para o desenvolvimento de estudos e pesquisas como de pessoal para operar o sistema de limpeza urbano.

 

Entende-se por resíduos sólidos, segundo a lei nº 12.305, de 2 de Agosto de 10, Capítulo II, Art. 3º

Todo material, substância, objeto ou bem descartado resultante de atividades humanas em sociedade, a cuja destinação final se procede, se propõe proceder ou se está obrigado a proceder, nos estados sólido ou semissólido, bem como gases contidos em recipientes e líquidos cujas particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede pública de esgotos ou em corpos d’água, ou exijam para isso soluções técnica ou economicamente inviável em face da melhor tecnologia disponível.

 

Uma etapa necessária para que ocorra uma reciclagem dos resíduos sólidos é a coleta seletiva de lixo gerado. De acordo com Soares et al (2007), essa coleta seletiva seria uma alternativa ecologicamente correta para a preservação e melhoria do meio ambiente assim como para a melhoria da qualidade de vida da população. Logo, o primeiro passo a ser dado para que de fato ocorra a implantação de uma coleta seletiva em determinada região seria conscientizar a população local, orientando e mostrando a importância da separação do lixo em sua origem (SOARES et al. 2007; apud GONÇALVES 2005).

Desse modo, o objetivo deste trabalho foi caracterizar o uso e destinação do lixo doméstico por discentes da pós-graduação do Município de Afuá-Pa, identificando a forma de manejo destes resíduos sólidos.

 

2 METODOLOGIA

 

            O presente trabalho foi realizado no município de Afuá, que se localiza no estado do Pará, na extremidade norte-ocidental da Ilha de Marajó-Pa. Este Município contém cerca de 37.004 habitantes, possuindo uma área de unidade territorial de 8.373,795 km² (IBGE 2014). Para obtenção dos resultados, foi aplicado um questionário de perguntas objetivas, junto aos alunos de Pós Graduação Lato Sensu de Educação Ambiental da Universidade da Amazônia (UNAMA). Este questionário continha oito questões, que se referenciavam a respeito dos resíduos sólidos, buscando compreender situações diversas na forma de tratamento e manejo dos resíduos gerados na própria residência dos entrevistados. As questões possuíam múltiplas escolhas, havendo questões em que poderiam ser marcados mais de um item. Na análise dos dados, os 46 questionários preenchidos foram tabulados no Excel versão 2010, no qual foram gerados gráficos com a frequência relativa para a melhor visualização dos resultados.

 

3 RESULTADOS

 

Ao analisar os questionários que foram aplicados no município de Afuá (PA) junto aos discentes do Curso de Pós-Graduação da UNAMA, verificou-se que cerca de 87% guardam o lixo em lixeira com tampa e saco plástico, na sua própria residência. A cerca de como se armazena o lixo, 6,5% dos discentes entrevistados responderam que o lixo também é armazenado em uma lixeira, porém sem tampa; assim como 6,5% armazenam o lixo produzido em sua residência de outras formas, sendo citado, na maioria, em sacolas plásticas (Figura 1).

 

 

Fonte: Pesquisa de campo

Figura 1 – Forma de armazenamento do lixo gerado nas residências de Afuá-Pa, 2014.

 

Quando os discentes foram perguntados a respeito do serviço de coleta de lixo, 91,3% responderam que existe coleta de lixo na cidade de Afuá (PA), e apenas 4,3% disseram que não possui esse serviço de coleta. 4,3% dos entrevistados não responderam à pergunta no questionário (Figura 2).

 

Fonte: Pesquisa de campo

Figura 2 – Existência do serviço de coleta de lixo em Afuá-Pa, 2014.

 

 

Com relação ao recolhimento deste lixo que os discentes produzem no munício, identificou-se que essa coleta é feita praticamente todos os dias, com 97,8% dos entrevistados informando a atividade positiva, destacando que esse recolhimento é feito diariamente na cidade. 2,2% informaram que esse recolhimento não é feito diariamente, e sim semanalmente (Figura 3).

 

 

Fonte: Pesquisa de campo

Figura 3 – Frequência de recolhimento do lixo através do sistema regular de coleta em Afuá-Pa, 2014.

 

No que se refere ao local de coleta de resíduos sólidos identificou-se que, 78,3% desse procedimento é realizado em um ponto fixo na rua, enquanto 8,7% da coleta é feita por outros meios, como diretamente em lixeiras e também em suas casas; 6,5% dos entrevistados destacaram que essa forma de coleta é feita em todas as casas e 2,2% disseram que o lixo é levado até um veículo (caçamba) nas proximidades da residência e, assim, levado pelo sistema coletor da cidade (Figura 4).

 

 

 

Fonte: Pesquisa de campo

Figura 4 – Forma de retirada do lixo das residências de Afuá-Pa, 2014.

 

Em seguida, foi abordado se existia um serviço de limpeza de rua. 95,7% dos entrevistados responderam que SIM, que a prefeitura disponibiliza um serviço de coleta regular, seguido por 2,2% respondendo que NÃO. 2,2% dos entrevistados não responderam esta questão (Figura 5).

 

Fonte: Pesquisa de campo

Figura 5 – Existência de serviço de limpeza de Rua em Afuá-Pa, 2014.

 

Com relação à questão anterior, identificamos que 89,1% das pessoas entrevistadas identificam que essa limpeza de rua é feita diariamente, enquanto que 10,9% indicaram que é mensalmente (Figura 6).

 

Fonte: Pesquisa de campo

Figura 6 – Frequência com que a limpeza das ruas é feita no município de Afuá-Pa. 2014

 

No que diz respeito de quem é a responsabilidade da limpeza das ruas foi identificado que cerca de 97,8% das pessoas afirmam que quem faz essa limpeza constantemente é a Prefeitura do Município, seguido de 2,2% dos entrevistados afirmando que são os próprios moradores (Figura 7).

 

Fonte: Pesquisa de campo

Figura 7 – Responsável pela limpeza das ruas com maior frequência no município de Afuá-Pa, 2014.

 

 

4 CONCLUSÃO

 

Com a pesquisa finalizada conclui-se que os discentes de Pós Graduação entrevistados apresentam boa percepção ambiental, relacionado aos descarte de resíduos sólidos no município de Afuá (PA). Pois, afirmam que em Afuá o armazenamento, o serviço e a frequência da coleta de resíduos sólidos são satisfatórios. No que diz respeito a forma de coleta, a cidade apresenta um ponto fixo para que os resíduos sólidos sejam descartados e coletados pela prefeitura, que é diariamente.

 

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

 

 

Presidência da República: Casa Civil; Subchefia para assuntos jurídicos. Disponível em: Acesso em 02. Nov.2014

Histórico do município. Disponível em: < http://cidades.ibge.gov.br/painel/historico.php?lang=&codmun=150030&search=para|afua|infograficos:-historico> Acesso em 09.Nov.2014.

FERREIRA, João Alberto; ANJOS, Luiz Antônio dos.; Aspectos da saúde coletiva e ocupacional associados à gestão dos resíduos sólidos municipais, Cad. Saúde Pública. Rio

de Janeiro, v. 17, n. 3, p. 689-696, Mai-Jun., 2001.

PEREIRA, Suellen Silva; MELO, Josandra Araújo Barreto de. Gestão dos Resíduos Sólidos Urbanos em Campina Grande/PB e seus reflexos socioeconômicos, Revista Brasileira de gestão e desenvolvimento regional. Taubaté-SP, v.4, n.4, p. 193-217, Set-Dez 2008.

ROCHA, Cacilda Michele Cardoso, et al.; Gestão de resíduos sólidos: percepção ambiental de universitários em uma instituição de ensino superior brasileira, REVISTA ELETRÔNICA DO MESTRADO EM EDUCAÇÃO AMBIENTAL. Rio Grande do Sul, v29, Jul. Dez 2012.

SOARES, Liliane Gadelha da Costa, et al., educação ambiental aplicada aos resíduos sólidos na cidade de Olinda, Pernambuco – um estudo de caso. Revista Ciência & Tecnologia. Ano 1, n.1, julho-dezembro, 2007.