Estamos sendo lembrados de que somos tão vulneráveis que, se cortarem nosso ar por alguns minutos, a gente morre. - Ailton Krenak
ISSN 1678-0701 · Volume XXI, Número 86 · Março-Maio/2024
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10/09/2018 (Nº 53) EDUCAÇÃO AMBIENTAL FORMAL: UMA ANÁLISE COMPARATIVA ENTRE ESCOLAS PÚBLICAS E PRIVADAS DA CIDADE DE BELÉM/PA
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EDUCAÇÃO AMBIENTAL FORMAL: UMA ANÁLISE COMPARATIVA ENTRE ESCOLAS PÚBLICAS E PRIVADAS DA CIDADE DE BELÉM/PA

Raissa Tainah Pacheco Coelho¹

Fabrício Lemos de Siqueira Mendes²

Ricardo Bentes Kato³

¹Bolsista de Iniciação Científica. Discente do Curso de Ciências Biológica da Universidade da Amazônia (UNAMA). (raissatpc@gmail.com)

²Professor Titular da Universidade da Amazônia (UNAMA). (fabriciolsm@gmail.com)

³Professor Substituto da Universidade Federal do Pará (UFPA).(r.kato@hotmail.com)

 

Resumo

A Educação Ambiental (EA) no processo educativo formal mostra-se como uma ferramenta que objetiva a construção de um ambiente onde todos possam usufruir no presente e no futuro. O objetivo deste trabalho é analisar e descrever as possíveis práticas educacionais empregadas nas Escolas Públicas e Privadas da cidade de Belém (PA). O método utilizado foi a aplicação de questionário com perguntas abertas e fechadas, O público alvo da pesquisa foram 15 professores dessas Instituições de Ensino (IE). Como resultado da pesquisa, tanto as escolas públicas as particulares, apresentam em seu quadro docente professores experientes na sua formação e tempo de magistério. No que se refere a temática EA, de um modo geral, esses docentes possuem iniciativas para a aplicabilidade da EA nas escolas. Porém, há relato que a falta de apoio governamental para Programas de EA nas escolas, tanto particular como pública, deixa a desejar aos anseios dos professores. Nas escolas estudas, há vários recursos utilizados para a aplicação da EA. Os professores comentam que a maioria das atividades que envolvem EA são referentes aos problemas relacionados à realidade local. E, que esses temas abordados durante o ano letivo, são planejadas em conjunto com outros professores de outras disciplinas. Deste modo conclui-se que os professores, das escolas públicas e privas da cidade de Belém (PA), apresentam consciência nas questões da aplicabilidade da EA, porém a falta de Programas governamentais para as escolas ainda é uma lacuna para as intenções desses professores, mas contudo, os mesmo tentam aplicar o que preconiza as leis para a aplicabilidade da EA nas IE.

 

 As escolas públicas e privadas comprovaram utilizar o tema “Educação Ambiental” e manifestaram preocupação em como desenvolvê-lo de modo interdisciplinar.

Palavras-chave: Educação Ambiental; Escolas Públicas; Escolas Privadas.

 


1 INTRODUÇÃO

 

A proteção da natureza é de fundamental importância para a melhoria da qualidade de vida das presentes e futuras gerações brasileiras (MCLUHAN, 1998). A EA é um instrumento de transformação gradual do homem e da sociedade capitalista, para uma sociedade pautada dentro de um desenvolvimento com bases sustentáveis (DIAS, 1997). Díaz (2002) reforça que a EA no processo educativo formal mostra-se como uma ferramenta que objetiva a construção de um ambiente onde todos possam usufruir no presente e no futuro.

Atualmente, há grandes dificuldades na inclusão da EA no ensino formal, principalmente nas instituições de ensino da região Norte. Por conta disso, buscam-se caminhos metodológicos para que haja a inserção da EA no ensino formal desta região. E, em se tratando de região inserida na Amazônia, Kitamura (1994) afirma que a mesma é o centro das preocupações ambientalistas atuais, devido ao agravamento ou aceleração da degradação ambiental. Dessa maneira, surge uma proposta não só para o ambiente amazônico, mas para todos os ambientes que sofrem com a degradação ambiental produzida pelo homem: o Desenvolvimento Sustentável.

A sustentabilidade requer a adaptabilidade do ser humano com a natureza com que se relaciona, sem, de alguma forma, degradá-la, ou seja, o entendimento da diversidade, para que o homem possa desfrutar da natureza sem alterações que possam não ser controladas futuramente (CARVALHO, in D’INCAO, SILVEIRA, 1994). A EA é um instrumento de transformação gradual do homem e da sociedade capitalista, para uma sociedade pautada dentro de um desenvolvimento com bases sustentáveis (DIAS, 1997). Patrick Gedds, no século passado, sugere que o contato da criança com a realidade de seu meio poderia proporcionar-lhe um melhor aprendizado e ainda desenvolver nela uma consciência crítica em relação ao mundo em sua volta.

O objetivo deste trabalho é analisar os resultados qualitativos das possíveis práticas educacionais empregadas nas Escolares envolvendo ações da EA. Diante dos dados coletados nas Instituições de Ensino (Pública e Privada), serão descritos essas possíveis práticas educativas e como a EA está sendo (ou não) implementada nas escolas de Belém.

 

2 METODOLOGIA

O método utilizado foi a aplicação de questionário com perguntas abertas e fechadas. A clientela participante da entrevista foi composta por 15 professores do 6º ano do Ensino Fundamental de IE públicas e privadas. A escolha desses professores levou-se em consideração o fato de que neste ano, a disciplina ciências aborda o assunto Meio Ambiente. Além disso, a série estudada apresenta diferentes disciplinas e diferentes professores, tornando mais amplo os questionamentos, principalmente no que se refere à interdisciplinaridade. Foram selecionadas três escolas públicas e três escolas privadas da cidade de Belém (PA).

Os dados qualitativos foram sistematizados e agrupados levando em consideração as diferentes opiniões. Por sua vez os dados quantitativos foram submetidos à análise quantitativa. Logo após a finalização da coleta dos dados, procedeu-se à analise visando encontrar as respostas para o problema da aplicabilidade da EA nessas escolas.

2 RESULTADOS E DISCUSSÃO

 

2.1 INSTITUIÇÕES PÚBLICAS

 

2.1.1 Corpo docente

 

A relação de gênero entre os professores apontou que 53,33% dos entrevistados são do sexo feminino e 46,67% do sexo masculino. O número de professores com Especialização chega a 60%; os que apresentam Mestrado são 26,67%, e 13,33% não possuem Pós Graduação. Com relação ao tempo de magistério, a maioria dos profissionais (93,33%) possui mais de dez anos de magistério, e apenas 6,67% atuam entre cinco e dez anos.

Quanto ao nível de atuação dos professores, 60% dos entrevistados atuam no Ensino Fundamental, do 6º ao 9º ano; e 40%, além do fundamental de 6º ao 9º, também trabalham com o Ensino Médio. Cerca de 48,15% dos entrevistados trabalham no turno da manhã; à tarde são 37,04%; ,e à noite, 14,81%. Ao serem questionados se desenvolvem atividades escolares em outras instituições, a maioria dos professores (86,67%) respondeu afirmativamente.

No que diz respeito à concepção sobre o ensino, foi questionado se os professores planejam suas atividades escolares. Em suas respostas, todos os professores asseguraram realizar o planejamento. Quando questionados se relacionam suas atividades ministradas em sala com a realidade local, cerca de 93,33% dos entrevistados responderam que sim, e apenas 6,67% responderam não. O MEC (1997) afirmam que as questões ambientais devem ser trabalhadas de forma contínua e integrada à realidade cotidiana do aluno. Os professores alegaram planejar suas atividades em conjunto com outros professores (75%), mas houveram os que planejam sozinhos (25%).

Sobre o serviço de supervisão escolar ou coordenação pedagógica, todos os professores proferiram que suas instituições apresentam tais serviços. Os professores elegeram aula expositiva (78,95%) como técnica de ensino mais utilizada, seguida de estudo do texto (63,16%), aulas práticas (52,63%) e logo após, empatados estão seminários e debate (42,11%). A ocorrência das aulas se dá, por mais vezes, em sala de aula (51,72%); ainda utilizam a sala de audiovisual (24,14%), o pátio interno da escola (10,34%) e também fazem uso do laboratório e dos espaços em torno da escola (6,90%).

Os recursos de ensino mais utilizados são quadro de giz e/ou magnético (31,11%), recursos visuais (24,44%), recursos auditivos (20%) e recursos audiovisuais (15,56%). Cerca de 93,33% dos professores oferecem recuperação para seus alunos. E o livro didático foi eleito o material institucional mais utilizado (53,57%).

Em relação às concepções sobre EA, dos professores entrevistados, 64,29% disseram não haver desenvolvimento de programas para a EA em sua escola. Em se tratando de Brasil, em níveis de legislação, a EA aparece na Lei nº 6.938/81, que institui a “Política Nacional do Meio Ambiente”. Embora esteja inserida nas formas de Educação Formal e Não-Formal, ela não é cumprida com vigor em algumas instituições de ensino. Cerca de 76,92% dos professores afirmaram que foram tomadas providências quantos aos problemas ambientais existentes em suas escolas. O governo e a comunidade externa são os principais apontados (26,67%) como responsáveis pelos problemas ambientais que a comunidade escolar enfrenta. A prefeitura e os alunos aparecem em segundo lugar (20%).

Quando questionados sobre qual atitude teriam diante de um crime ambiental, 50% dos professores disseram que denunciariam, cerca de 44,44% chamariam atenção e 5,56% se omitiriam. As fontes de obtenção de informações sobre EA mais utilizadas pelos professores são a internet, a televisão e a revista (13,73%), seguidos de jornais (12,75%), artigos científicos (11,76%) e livros (10,78%). A televisão é o meio de comunicação que, segundo os professores, possibilita maior conhecimento sobre os problemas ambientais (27,27%); em segundo, estão os jornais (23,64%); logo após revistas (13,73%), pessoas (16,36%) e livros (10,91%).

A maioria dos professores (86,67%) diz discutir os problemas ambientais com seus alunos, e 80% deles afirmam que os alunos contribuem com as discursões. 43,48% dos professores afirmaram que as questões ambientais da escola são discutidas em sala de aula e também, em conjunto com outros professores no momento do planejamento.

 

2.2.2 Concepções sobre o ensino

 

Quando os professores foram questionados sobre quais os critérios utilizados para a escolha dos conteúdos ministrados em sala, a maioria disse utilizar os programas estipulados pela SEDUC, os Parâmetros Curriculares Nacionais e livros didáticos. Os PCNs são instrumentos de ação pedagógica na introdução de temas formadores de consciência (MEC, 1997). Os instrumentos mais utilizados pelos professores para realizarem a avaliação de seus alunos são: provas, trabalhos em grupo e individuais, seminários, simulados, participação em sala de aula e frequência. Os conteúdos de ensino que os professores relacionam à realidade local são: saúde e qualidade de vida, cuidados com o meio ambiente, leitura de paisagens e variações linguísticas.

Sobre as competências humanas que eles pretendem alcançar, responderam que almejam os valores morais e éticos, pretendem levar o aluno a perceber que o conhecimento é importante para a sua formação, visando um cidadão transformador de sua sociedade. Para a questão ambiental, de acordo com Viola e Reis (1995, apud HOGNAN, VIEIRA, 1995), essa consciência crítica do ser humano o conduzirá à mudança de valores, hábitos e atitudes, resultando em um comportamento menos agressivo ao meio em que vive. Foi perguntado aos professores como os conteúdos de ensino que eles ministram contribuem para a formação da cidadania. Em resposta disseram contribuir para a reflexão dos problemas sociais e ambientais, para o respeito às diferenças socioculturais, desenvolvendo competências e habilidades afim de colocá-las em prática no cotidiano.

Pediu-se para que os professores listassem sugestões que possam vir melhorar o ensino-aprendizagem nas escolas. Eles propuseram melhorias na estrutura física da escola, com aquisição de laboratórios multidisciplinares, salas climatizadas e merenda de melhor qualidade.

 

2.2.3 Concepções sobre EA

 

Durante o questionário pediu-se aos professores para que conceituassem Meio Ambiente. Responderam que é o conjunto de espaços físicos e fenômenos naturais junto à relação existente entre homem e natureza. Com relação o que é EA, a resposta foi: refletir junto ao aluno, por meio do processo ensino-aprendizagem, sobre a conscientização ambiental e a construção de condutas que coincidem com a relação causa-efeito no ambiente, para que aprendam como agir diante da natureza.

Sobre quais os problemas ambientais das escolas, os professores alegaram que as escolas apresentam um espaço físico limitado, há inundações nos prédios, poluição sonora e acúmulo de lixo próximo às escolas. Os professores deram algumas sugestões para solucionar os problemas ambientais que a escola vem enfrentando, como levantamento do piso, limpeza dos esgotos, recolhimento do lixo e colaboração da escola e da comunidade para manter o espaço escolar limpo.

Quando perguntados, enquanto professores, quais componentes curriculares/conteúdos explorariam o tema Meio Ambiente, os entrevistados responderam: utilização de textos sobre sustentabilidade, amostras estatísticas, ação antrópica no meio ambiente e como reutilizar matérias descartáveis. Dentre os problemas ambientais que mais chamam a atenção dos professores, os mais citados foram: desmatamentos, queimadas, lixões a céu abeto, contaminação dos rios e a falta de coleta seletiva do lixo. Para Kitamura (1994), esses problemas geram consequências que prejudicam ainda mais o meio ambiente, pois influenciam na perda do potencial produtivo do solo, erosão e sedimentação dos recursos dos rios e possíveis alterações nos ciclos hidrológicos e microclimáticos.

Segundo os professores entrevistados, a temática EA deveria ser trabalhada nas escolas com cursos, oficinas, palestras e de modo interdisciplinar. Quanto ao modo interdisciplinar, os professores trabalhariam o desenvolvimento e aplicação de projetos ambientais, utilizando o tema de modo multidisciplinar, relacionando a realidade do aluno com os conteúdos abordados em sala de aula e mostrando sugestões de como desenvolver a sustentabilidade. No âmbito escolar, há um caminho a ser trilhado de discussões acerca das questões ambientais atuais, suas causas e consequências (GUIMARÃES, 1995), sempre buscando nas raízes sociais dos problemas a orientação para o desenvolvimento das práticas e discussões teóricas da escola (GADOTTI, 1979). Nesta linha de pensamento, ela atua como agente do processo educativo, podendo capacitar e potencializar os educandos para uma reflexão crítica da sociedade, abrindo, portanto, o caminho de mudanças.

 

2.2 INSTITUIÇÕES PRIVADAS

 

2.2.1 Corpo docente

 

Sobre os professores entrevistados nas escolas privadas, a relação de gênero entre eles apontou que 40% são do sexo feminino e 60% do sexo masculino. O número de professores com Especialização chega a 52,94%, os que apresentam somente Ensino Superior são 35,29%, e os que possuem outra formação profissional são 1,76%. Dos professores entrevistados, 60% possuem mais de dez anos de magistério, 13,33% atuam entre cinco e dez anos e 26,67% a menos de cinco anos.

Em relação ao nível de atuação dos professores das Instituições privadas, 57,69% deles atuam no Ensino Fundamental, do 6º ao 9º ano; 34,62%, além do fundamental, do 6º ao 9º, também trabalham com o Ensino Médio; e cerca de 3,85% trabalham no Ensino Fundamental, do 1º ao 9º ano e na Educação Infantil. Dentre os professores entrevistados, 71,43% trabalham no turno da manhã; à tarde são 23,81%; e, à noite 4,76%. Quando questionados se desenvolvem trabalhos em outras Instituições, mais de 86,67% dos entrevistados disseram trabalhar em outro local.

            Quanto à concepção sobre o ensino, foi perguntado aos professores se esses planejam suas atividades escolares. Todos os professores entrevistados afirmaram planejar suas atividades escolares. E, ao serem questionados se relacionam suas atividades ministradas em sala com a realidade local, todos responderam sim. Com relação a como ocorre o planejamento de ensino, a maioria dos professores (93,73%) alegou planejar suas atividades em conjunto com outros professores, e outros afirmaram planejar sozinhos (6,25%).

Sobre o serviço de supervisão escolar ou coordenação pedagógica, a maioria absoluta dos professores alegou que suas instituições apresentam tais serviços. Aula expositiva (78,95%) foi eleita pelos professores como técnica de ensino mais utilizada; em segundo, está o estudo do texto (57,89%); em terceiro, estão as aulas práticas (52,63%); logo após, debates (47,37%) e seminários (42,11%). A ocorrência das aulas se dá, de acordo com os professores entrevistados, por mais vezes, em sala de aula (51,72%). Ainda utilizam a sala de audiovisual (24,14%), o laboratório (13,79%), o pátio interno da escola (6,90%) e também os espaços em torno da escola (3,45%).

Dentre os recursos de ensino, os mais utilizados são: quadro de giz e/ou magnético e recursos visuais (32,43%), recursos audiovisuais (18,92%) e recursos auditivos (13,51%). Todos os professores entrevistados oferecem recuperação para seus alunos. O livro didático foi eleito o material institucional mais utilizado (65%).

Quanto à concepção sobre EA, de acordo com os professores entrevistados, 69,23% disseram haver desenvolvimento de programas para a EA em sua escola. Cerca de 88,89% dos professores afirmaram que foram tomadas providências quanto aos problemas ambientais de suas escolas. Os alunos foram os principais apontados (24,32%) como responsáveis pelos problemas ambientais que a comunidade escolar enfrenta; em seguida, aparecem os professores (18,92%); empatados estão gestores e prefeitura (16,22%); logo após, o governo (13,51%), e a comunidade externa (10,81%).

Quando questionados sobre qual comportamento apresentariam ao presenciar alguém cometendo crime ambiental, 43,48% disseram que denunciariam e cerca de 56,52% chamariam atenção. Os problemas ambientais, nas últimas décadas têm tomado um grande impulso nos meios de comunicação (VIOLA, REIS, 1995, apud HOGNAN, VIEIRA, 1995). As fontes de obtenção de informações sobre EA mais utilizadas pelos professores entrevistados são: internet e revistas (14,89%), seguidos de livros, jornais e televisão (11,70%), congressos e palestras (10,64%), artigos científicos e reuniões com outros professores (7,45%). A televisão (26%) é o meio de comunicação mais utilizado pelos professores, do qual os possibilita maior conhecimento sobre os problemas ambientais, também utilizam jornais (24%), pessoas (22%), revistas (16%), e livros (12%).

Foi perguntado aos professores se estes, junto com seus alunos, discutem sobre os problemas ambientais. A maioria (93,33%) disse que sim, e 92,86% dos professores afirmam que os alunos contribuem com as discursões. De acordo com os professores entrevistados, as questões ambientais da escola são discutidas em sala de aula (46,43%), e também, em conjunto com outros professore, no momento do planejamento (42,86%).

 

2.2.2 Concepções sobre o ensino

 

Os critérios utilizados pelos professores das escolas privadas para a escolha dos conteúdos ministrados em sala são os parâmetros curriculares e os conteúdos específicos da série a ser trabalhada. Sobre quais competências humanas pretendem alcançar, os professores disseram querer a formação de discentes com um saber plural, que desenvolvam sua capacidade de raciocínio e sejam cidadãos críticos. É nessa concepção de trabalhar a realidade vivida pelo educando que a escola deve pautar os seus projetos, visando formar homens comprometidos com a solução dos problemas que constituem a questão ambiental (CASCINO, 1999).

Com relação aos instrumentos utilizados pelos professores para realizarem a avaliação dos alunos, a maioria respondeu fazer uso de provas, testes, participação em sala de aula, seminários e simulados. Perguntou-se aos professores quais os conteúdos de ensino que eles relacionam à realidade local. Em resposta, foi dito que fazem comparações de monumentos históricos com as formas geométricas; o significado dos marcos históricos para a sociedade atual; e a importância da preservação ambiental. Para Sato (2003), o professor deve inserir a dimensão ambiental dentro do contexto local, sempre construindo modelos através da realidade e pelas experiências dos próprios alunos.

Quando questionados sobre como os conteúdos de ensino que ministram contribuem para a formação da cidadania, os professores responderam que, quando o aluno percebe o seu papel na construção de mundo melhor, busca-se aprimorar o conhecimento e o senso crítico desse aluno, de modo que ele seja capaz de elaborar soluções para os problemas de sua sociedade. Pediu-se para que os professores listassem sugestões que possam vir melhorar o ensino-aprendizagem nas escolas. Eles propuseram que haja a participação ativa da família, a diminuição na quantidade de alunos por turma, e mais conteúdos interdisciplinares. A escola, historicamente, tem dividido com a família a responsabilidade de transmissão de conhecimentos e valores necessários na vida futura dos jovens.

 

2.2.3 Concepções sobre EA

 

            Com relação às concepções sobre EA, pediu-se aos professores que conceituassem Meio Ambiente, e estes responderam que é o conjunto de componentes físicos, químicos, biológicos e sociais, capazes de causar efeitos diretos ou indiretos sobre os seres vivos e não-vivos. E sobre o que é EA, eles disseram é ramo da educação que objetiva a conscientização com relação ao uso racional dos recursos naturais.

            Perguntou-se aos professores quais os problemas ambientais que a escola vem enfrentando atualmente. Em resposta, disseram que a coleta seletiva do lixo e a sujeira do prédio escolar. Pediu-se, então que eles dessem algumas sugestões para solucionar os problemas ambientais da escola, que foram: parceria entre órgãos públicos e as escolas, para realizarem palestras sobre EA. A consciência destes problemas tem exigido da sociedade a tomada de posição e o desenvolvimento de ações que contribuam para minimizar os problemas ambientais, proporcionando melhor qualidade de vida a esta e às futuras gerações, assegurando a sustentabilidade dos recursos naturais, responsáveis pela perpetuação homem-natureza (LIMA, 1997).

            Sobre quais componentes curriculares/conteúdos, enquanto professor, você exploraria o tema Meio Ambiente, os entrevistados responderam: biotecnologia, problemas ambientais urbanos, proteção e preservação do meio ambiente. Dentre os problemas ambientais que mais chamam a atenção dos professores, foram citados a poluição dos rios, os desmatamentos e a falta de destino adequado para o lixo eletrônico.

            Segundo os professores a temática EA deveria ser trabalhada nas escolas de forma interdisciplinar e contextualizada, havendo palestras, seminários e projetos referentes ao tema. Deste modo, ao processo educativo é creditada a responsabilidade de formar indivíduos críticos conscientes de sua realidade, capazes de interferir na sociedade promovendo mudanças (COSTA, 1999). Quanto ao modo interdisciplinar, os professores trabalhariam com projetos sobre o meio ambiente que envolva várias disciplinas, em que cada professor fica encarregado de assuntos relacionados à sua disciplina.

 

3 CONCLUSÃO

As questões sobre o ambiente devem ser trabalhadas de forma contínua e integrada à realidade cotidiana do aluno, uma vez que seu estudo remete a conjuntos de conhecimentos pertencentes a diferentes áreas do saber. Considerando a importância da temática ambiental, a escola deveria já, ao longo das nove séries que compõem o Ensino Fundamental, oferecer meios para que cada aluno compreenda os fatos naturais e humanos, devolvendo plenamente sua potencialidade, permitindo-lhes viver numa relação construtiva consigo mesmo e com o ambiente (MEC, 1997).

As instituições de ensino público e privado comprovaram utilizar o tema “Educação Ambiental” e manifestaram preocupação em como desenvolvê-lo de modo interdisciplinar, sugeriram trabalhá-lo de modo multidisciplinar com o desenvolvimento e aplicação de projetos ambientais. E, para a escolha dos conteúdos ministrados em sala de aula, fazem uso dos parâmetros curriculares nacionais.

Para a formação da cidadania, as escolas públicas e privadas almejam que seus alunos percebam o seu papel na construção de mundo melhor e que o conhecimento é importante para sua formação, busquem aprimorar seu senso crítico para contribuírem com a reflexão dos problemas sociais e ambientais, tornando-se capazes de elaborar soluções para os problemas de sua sociedade.

Para a melhoria do ensino-aprendizagem nas escolas, foi proposto que haja a participação ativa da família, a diminuição na quantidade de alunos por turma e mais conteúdos interdisciplinares. A escola divide com a família a responsabilidade de transmissão de conhecimentos e valores necessários na vida futura dos jovens. Assim como a família, a escola percebe as mudanças sociais e detém os atores desta mudança. Porém, a escola é uma instituição que atua paradoxalmente, ajustando os indivíduos à sociedade e capacitando-os a serem agentes de mudanças nesta mesma sociedade.

 

REFERÊNCIAS

COSTA, A. M. F. C. Educação ambiental: da reflexão à construção de um caminho metodológico para o ensino formal. Dissertação de mestrado. João Pessoa, 1999.

DIAS, D. M. S. Enunciação de um educador ambiental: o utópico é possível em educação. Belém: UFPa, NUMA, SECTAM, Ministério Público, 1997.

DÍAZ, A. P. Educação ambiental como projeto. 2ª ed. Porto Alegre: Artmed, 2002.

D’INCAO, M. A.; SILVEIRA, I. M. A Amazônia e a crise da modernização. Belém: Museu Paraense Emílio Goeldi, 1994.

GUIMNARÃES, M. Educação ambiental: no consenso em embate? Campinas, SP: Papirus, 2000.

GADOTTI, M. Movimento Brasileiro de Alfabetização – MEC, 1979.

HOGAN, D. J., VIERIA, P. F. Dilemas sócios ambientais e desenvolvimento sustentável. Campinas, São Paulo: Editora da UNICAMP, 1995.

KITAMURA, P. C. A Amazônia e o desenvolvimento sustentável. Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, Centro Nacional de Pesquisa de Monitoramento e Avaliação de Impacto Ambiental. Brasília. EMBRAPA-SPI, 1994.

LIMA, M. J. A. A leitura dos saberes do semiárido: um estudo de caso. Tese de Doutorado em Geografia Humana. São Paulo: Universidade de São Paulo, 1997.

MCLUHAN, M. Os meios de comunicação como extensão do homem. Cul-trix: São Paulo, 1998.

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E CULTURA. Parâmetros Curriculares Nacionais. 1997.

SATO, M. Educação ambiental. São Carlos, SP: Rima, 2003.

Ilustrações: Silvana Santos