Estamos sendo lembrados de que somos tão vulneráveis que, se cortarem nosso ar por alguns minutos, a gente morre. - Ailton Krenak
ISSN 1678-0701 · Volume XXI, Número 86 · Março-Maio/2024
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07/12/2014 (Nº 50) O AMBIENTE PLANETÁRIO GLOBAL: UM DESAFIO ECOPEDAGÓGICO E ECOSÓFICO
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O Ambiente Planetário Global: um desafio Ecopedagógico e Ecosófico

 

Mestre em Ecologia Humana e Gestão Socioambiental (PPGEcoH/UNEB), Samuel Carvalho de Azevedo Marques, membro Núcleo de Pesquisa em Ambiente, Sociedade e Sustentabilidade (NUPAS/UEFS).   E-mail: marquesarq@yahoo.com.br

 

 

 

RESUMO

 

 

Este artigo trata do desafio que ainda perdura no cenário global para obtenção de acordos produtivos e de longo prazo sobre questões fundamentais no contexto da crise ecológica. Busca analisar o desafio ecosófico e ecopedagógico globalizado que exige uma adaptação das teorias clássicas de análise da relação social com o ambiente e inclusive no que se refere a sua escala. A cidadania global e planetária é percebida como nova utopia que remete a ideia de Terra como organismo vivo, como em Lovelock. Esta tem relação com a intervenção humana mediada pela política e também pela subjetividade e cultura. Neste artigo, a produção de sentido e subjetividade é relacionada a aprendizagem e a processos educativos capazes de conduzir à noção de cidadania ambiental e mudança na visão de domínio sobre a Terra, tal como o paradigma educacional vinculado a “pedagogia da Terra” e “Carta da Terra”. Discute ainda a abordagem da Ecologia Humana aliada a Ecopedagogia numa escala global, como um desafio na produção de sentido para os educadores e estudantes. Relaciona a esta abordagem o debate gerado a partir de Garrett Hardin em 1968, considerando bens comuns globais como tendo um impacto sobre a forma de refletir a questão ambiental assim modificando a escala de análise, intervenção e produção de sentido para uma aprendizagem considerada planetária e sustentável.

 


O Ambiente Planetário Global: um desafio Ecopedagógico e Ecosófico

 

 

O cenário do desafio ambiental é apontado no contexto de uma série de crises: a ecológica, a das instituições, a do Estado, a de valores, a de recursos, a de gestão, a de mercados e a da capacidade de obter acordos produtivos e de longo prazo sobre questões fundamentais. Estas tem relação com a intervenção humana mediada pelo poder político centrado nas instituições, com o poder econômico, com o conhecimento científico, mas também com a subjetividade, com a cultura e fundamentalmente com as interações entre os indivíduos.

A “articulação ético-política” entre os “três registros ecológicos (o do meio ambiente, o das relações sociais e o da subjetividade humana)” (GUATTARI, 2000, p.8), pode nos ajudar a perceber saídas para estas situações ou nos fazer compreendê-las. Na origem e discussão deste desafio comumente aparece o elemento demográfico ou populacional, e a noção de escassez dos recursos naturais e o esgotamento da capacidade de suportar a intervenção humana na forma dominante.

Felix Guattari (2000, p.9) alertava em 1989 que sem “que se opere uma autêntica revolução política, social e cultural” numa escala planetária, “reorientando a produção de bens materiais e imateriais”, não haverá uma “verdadeira resposta a crise ecológica”.

Os termos “capitalismo pós-industrial” ou “capitalismo mundial integrado” (CMI), usados em 1989 por Guattari (2000, p.31) para falar de uma mudança de foco do poder das estruturas de produção de bens para estruturas de produção de signos e subjetividades, se ainda tem significado, talvez seja no sentido de que se aproximam a nosso ver da concretização daquilo que o autor chamou de bloco “produtivo-econômico-subjetivo”.

O autor depositava a época um expectativa na possibilidade de que a ecologia e ainda mais a ecosofia, essa articulação ético-política, pudesse “descentrar radicalmente lutas sociais” e por “ em causa o conjunto da subjetividade e das formações de poder capitalísticos”. Perguntava o autor se os “agenciamentos ecosóficos” e “novos operadores ecológicos” iriam orientar os ganhos da produtividade tecnológica (economia do tempo, mais produção, comunicação) para “vias menos absurdas” que as do CMI. E além disso que essa “conotação de ecologia” não fosse vinculada a um pequeno grupo de “amantes da natureza ou de especialistas diplomados” (p.37).

Segundo Guattari fazer face ao CMI depende de uma necessária e “imensa reconstrução das engrenagens sociais” que passa pelo “trabalho permanente de produção de subjetividade” (p.44). Entendemos que a reconstrução passa também, ainda que com menor importância como afirma o autor, por “[...] reformas de cúpula, leis, decretos, programas burocráticos [...]”. Não se deixando guiar pelo que o autor chama de tecnocratas regidos por princípios da economia de lucro.

E coloca o autor que natureza não pode ser separada de cultura e os componentes de subjetivação descortinados estão presentes na discussão ético-política. Segundo o mesmo,

 

Da minha parte, considero que a ‘tomada de contexto [sistema ecológico]’ existencial depende sempre de uma práxis instaurando-se em ruptura com o ‘pretexto’ sistêmico. (GUATTARI, 2000, p.39).

 

Um debate fundamental sobre o ambiente ou recursos naturais considerados como bens comuns foi gerado a partir do artigo científico “A tragédia dos comuns” escrito pelo biólogo Garrett Hardin em 1968. Recursos comuns definidos por Feeny et al (2001, p.20) como “uma classe de recursos” caracterizados por serem difíceis de controlar o acesso e que quando são usufruídos por algum usuário afetam a disponibilidade para outro usuário.

Hardin (1968) definiu a metáfora do “manejo de recursos de propriedade comum” afirmando que recursos comuns que não tivessem sua propriedade privatizada ou tornados públicos (controle governamental) estariam fadados a degradação. Segundo Goldman (2001) o modelo de Hardin continua tendo seus pressupostos multiplicados em trabalhos científicos.

Estes recursos englobam atmosfera, oceanos, rios, peixes, água, pastagens, florestas, desertos, parques, o ar. Existiriam assim “comuns globais” “cuja degradação ameaça toda a vida na terra” (GOLDMAN, 2001, p.60), a camada de ozônio, terras, oceanos, florestas. Segundo Goldman (2001), os atores desse debate concordavam que os comuns estão em crise e,

 

[...] ambos os lados da teoria dos comuns (tragédia e antitragédia) argumentam, com intensidades igualmente fervorosas, que uma nova ciência de manejo de recursos se faz necessária, com eles próprios na direção (GOLDMAN, 2001, p.70).

 

As categorias de planetaridade e sustentabilidade estão presentes no texto de Moacir Gadotti (2000), como também a noção de cidadania planetária e sociedade planetária. Um discurso que o autor ressaltou que ainda não era um “discurso pedagógico elaborado” (GADOTTI, 2000, p.177) mas pista de uma direção a seguir de experiências em andamento, pois se passaram 13 anos da publicação.

Segundo autor,

 

A consciência ecológica emergirá quando o sentido da unidade for tocado ou seja, quando cada criatura sentir-se verdadeiramente vinculada a todas as formas de vida e aos mistérios da existências [...] (GADOTTI, 2000, p.178)

 

Se é um novo paradigma essa noção de planeta e de comunidade global é algo que ainda parece um futuro distante da realidade das fronteiras nacionais e conflitos e explorações interétnicos. Para Gutierrez e Gadotti as ideias de uma comunidade planetária inspiram uma nova atitude em relação a realidade e á educação.

A cidadania global e planetária como uma nova utopia ou discurso de uma via só. Um Estado global não existe ainda como a governança multilateral é vista como cada vez mais enfraquecida esfacelada de capacidade de gerar acordos duradouros ou decisões em questões pontuais que envolvem disputas econômicas, políticas, militares e ambientais.

E assim a Terra como “cuidado” proposição de Boff citado por Gadotti (2000) nos remete a ideia também da Terra como organismo vivo, proposta por Lovelock. A ideia construída também da Terra como uma “nave” que habitamos. Será essa consciência planetária que também possibilita o sonho de enviar pessoas a explorar e habitar a Lua e Marte, que informa que é hora de procurar uma outra “casa” para a humanidade?

Segundo Guattari (2000, p.52), o “princípio particular a ecologia ambiental é o de que tudo é possível, tanto as piores catástrofes quanto as evoluções flexíveis.” E de que modo tem importância perceber a Terra como rica ou como um pobre a ser cuidado? De fato, visões divergentes movem tanto a exploração das riquezas da Terra, quanto o cuidado, sendo que o contexto e “pretexto” é que nos domina o sistema econômico que promove o uso massivo e “maquínico” dos recursos.

Segundo Guattari (2000, p.55), é na articulação entre a subjetividade nascente, o “socius em estado mutante”, e o “meio ambiente no ponto em que pode ser reinventado” que estaria “em jogo a saída das crises maiores de nossa época.”

Neste sentido de considerar a subjetividade vemos a relação com a Pedagogia como ciência da Educação e pratica social definida (GADOTTI, 2000, p.174), inspirada no “método de aprendizagem a partido cotidiano” de Paulo Freire. A promoção da aprendizagem produtiva a partir da vida cotidiana, razão de ser da pedagogia segundo Gutierrez (2000) depende de chaves pedagógicas que envolvem caminhar no sentido de produzir um caminho que seja também novo.

Segundo o autor processos educativos são capazes de conduzir o sujeito a uma cidadania ambiental e para uma nova realidade. O sentido que aparece é de Planeta como casa e comunidade, tomando o termo “eco” Terra como “grande pobre” que precisa de ternura, para Gadotti.  É uma mudança em relação a um modo de pensar que visa dominar a terra e usá-la. A visão que temos da proposição de Gadotti é a de que valores humanos são mobilizados para pensar a relação do homem e da sociedade com a Terra, como espaço, natureza e suas relações.

Gadotti se baseia em ideias de Francisco Gutierrez para elaborar com os participantes do “I encontro internacional da Carta da Terra na Perspectiva da Educação”, em 1999 em São Paulo. Tal como sugere Gutirrez (2000) como sendo um “caminhar produtivo” que cria e elabora numa construção social, Gadotti (2000) se vale de exemplos de experiências de vários projetos e vivências que “provêm da área de educação ambiental” (p.183) para constituí-los enquanto trajetória de “consolidação de um novo paradigma educacional”: a pedagogia da Terra.

Este homem sujeito que estaria numa educação e aprendizagem que envolve a sua consciência, abertura, busca, e expressividade para produzir o resultado do processo educativo. Elementos como a intuição, a imaginação, emoção estão presentes.

O processo pedagógico que promove a aprendizagem numa proposta ecológico-social prática, holística, flexível e processual de Gutierrez, é mataforizado pelos caminhos para numa nova realidade. Segundo autor caminhos que sejam novos e irrepetíveis por estarem sendo “trilhados” inéditos em direção a cidadania ambiental.

O autor expõe que o caminho teria um sentido, que não parece ser entendido como ter um “norte” ou “sul”, mas o sentido elaborado pela educação, de sentir, de sentimento, também de tendência e estratégia. O caminhar hoje é muito utilizado para se falar em “pegada ecológica” a marca que indivíduos e empresas deixam no planeta, especialmente a marca negativa dessa pegada, pisada na terra ou natureza. Uma abordagem instrumental do desenvolvimento sustentável ou também uma abordagem que visa modernização ecológica que não cause impacto ou reutilize ou compense a marca do impacto, sem, no entanto mudar e rever o sentido da pegada ecológica.

A carta da terra, carta dos humanos declarada a terra, nos traz o princípio de existência da terra como ser, que é referente a uma espiritualidade focada nas ideias de planetaridade e sustentabilidade. O retorno a origens naturais de ligação com a natureza, da terra-mãe é correlata a essa ideia, considerando a vida ‘do’ planeta. Que não deixa de ter uma manifestação política clara no sentido da democracia e participação num programa amplo de direitos apresentado conjuntamente com várias elementos correlatos que são bandeiras dos movimentos sociais por cidadania, paz, igualdade, inclusão social e sustentabilidade.

É com essa produção de subjetividade programada na Carta da Terra se daria um processo de aprendizagem focado no cotidiano e que fundaria uma nova expressão cidadã, planetária e sustentável. Essa é condizente com uma crescente “preocupação ambiental” que nos informa da escassez e finitude dos recursos, da superpopulação colocando em causa a sobrevivência humana, e a liberdade individual como sendo fatal e danosa para o coletivo quando se tratam de recursos comuns em livre acesso passíveis de serem exauridos ou degradados pela ganância do sistema ou do indivíduo.

A ecologia humana com seus vários sentidos encontrados na literatura e sistematizados por Eufrásio (1999), considerando a vertente que a considera como “estudo das relações sociais entre os homens” (EUFRÁSIO, 1999, p.100), envolvendo a competição (interação sem contrato social), é importante para explicar o momento atual, pois segundo o autor,

 

Só em períodos de crise, quando ‘esforços conscientes dos homens para controlar as condições de sua vida comum’ permitem identificar as forças com que estão competindo, a competição convertida em conflito. (EUFRASIO, 1999, p.104)

 

Considerando estarmos neste período de crise há tanto a ferramenta explicativa como há também a produção de sentido e subjetividade a exemplo da Carta da Terra e Ecopedagogia. A competição, como “luta pela existência” no sentido evolucionista aparece na noção clássica de Ecologia Humana. Esta competição fruto da ordem social impessoal, moral e processos culturais resulta num indivíduo “livre para perseguir seu próprio lucro” (EUFRASIO, p.104) o que segundo o autor contribuiria para um bem-estar comum, uma ideia de inspiração em Adam Smith que é negada por Garret Hardim ao disser que o comportamento livre individual leva a tragédia para a comunidade quando o recurso é comum e não privado ou estatal.

Segundo essa interpretação da ecologia humana a competição humana, “luta por existência” se transformou em luta por sustento e status (posição do individuo na sociedade) e “acomodações” (ordem social: propriedade, casta, classe) surgiram como limitações aos desejos dos indivíduos, transmitidas (costumes e usos) para as gerações seguintes. E pela educação que agora se pretende rever a parti do cotidiano.

O processo ecológico e ambiente ecológico dos seres humanos, objeto desta linha de estudos, interessa enquanto seja considerado como processo social, de relações entre indivíduos, como é o caso acima da competição.

As instituições e fóruns criados até aqui como as Conferências das Nações Unidas, reuniões preparatórias, tentativas e acordos multilaterais em temas ambientais, são desafios ecosóficos a sociedade. E envolvem elementos trazidos pela ecopedagogia que é noção de planetaridade e sustetabilidade, no sentido de uma assimilação ambiental, ou de produção educativa que possa se expressar em busca de sustentabilidade, mas que está fora dos marcos da competição.

A Conferencia de Estocolmo (1972), a conferência do Clima Global de Kioto (1977), Lançamento do relatório Brundtland (1987), a conferência Eco-92, a Rio+20, visando alertar, influenciar, e promover a adoção de medidas pelos governos, empresas e cidadãos tem forte influência da noção da Tragédia dos comuns, que continua embasar políticas e visões sobre a relação homem natureza, ainda que empiricamente o modelo tenha sido refutado em diversos casos.

A reação de alguns setores sociais a ideia de “Limites do Crescimento” desde 1972, à primeira Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente, à publicação do relatório “Nosso Futuro Comum” em 1987, é condizente com uma noção sobre a natureza divergente da encontrada no movimento da ecopedagogia.  Pois setores ligados ao desenvolvimentismo antes de assumirem o discurso ambiental continuaram a resistir a redução de padrões de consumo, exploração e poluição, mantendo-se graves riscos ambientais, o que se refletiu nos casos do Protocolo de Kioto de 1998, Eco-92, Rio Mais Dez e a Rio+20, que podem ser medidos pelos compromissos assumidos e políticas ambientais efetivadas.

Se é possível analisar o fenômeno da interação homem com a natureza a partir de relações sociais como reflexos de noções como competição, conflito e assimilação, por exemplo, em contextos locais ou regionais, quando se amplia a noção de individuo para o âmbito global, planetário, como ficaria essa análise?

O contexto global em que se dão estas conferências e acordos multilaterais é o cenário onde os atores principais são as nações e os interesses representados por organizações e grupos empresariais transnacionais e nacionais defendendo interesses econômicos. Além de importantes ONGs e organismos multilaterais do sistema das Nações Unidas. A análise do desafio ambiental ecosófico e ecopedagógico no contexto de crise globalizada exige uma adaptação das teorias clássicas de análise da relação social com o ambiente, e principalmente no que se refere a escala.

Isto vem impactar fortemente o que pode ser o processo de produção de sentido e de subjetividade e a aprendizagem focada no cotidiano, pois se considerarmos a escala dos problemas para além da nossa esfera de intervenção local teremos que rever e questionar como pode se dar de fato a cidadania planetária, com sujeitos locais diante de atores globais gigantescos em poder político e econômico, além de poder de influencia sobre governos nacionais.

A expectativa e esperança trazidas pelas noções de sustentabilidade e planetaridade ou bem comum global acabam por frustrar o individuo e organizações locais tal qual tem ocorrido com as conferencias como a Rio+20. Resta tentar refletir como a educação ao lidar com estes elementos da planetaridade como política e relação de poder entre nações, organizações e indivíduos podendo trazer o aspecto do cotidiano como sendo uma escala global de desafios. O que é uma prática para alguns movimentos sócias transnacionais, particularmente em temas ambientais.

A ecologia humana aliada a ecopedagogia vista do ponto de vista de uma escala global traz um desafio pratico para os estudos e para o ensino de práticas que possam ser vistas como produtoras de sentido para os educadores e estudantes, permitindo um diálogo a partir inclusive da percepção dos atores globais no cenário de competição na escala do planeta. Isto a nosso ver contribui para dar uma visão prática atualizada do desafio ecosófico diante da crise ecológica. Percebendo a relação entre questões globais e questões nacionais ou locais, avaliando o impacto dessas relações sobre natureza, indivíduos, comunidades e países.

Enfim, a noção de que meio ambiente, relações sociais e subjetividades estão relacionadas a educação ecopedagógica no cotidiano global ou planetário coloca desafios novos por conta da própria realidade em mutação e diminuição de algumas fronteiras. Em especial das que sejam barreiras para comercio e produção de bens, que envolvem interesses sobre recursos naturais encontrado em locais ricos em biodiversidade, como a floresta amazônica. E a ideia de bens comuns globais tem um impacto sobre a forma de refletir a questão ambiental e a competição humana através de indivíduos e suas organizações ou instituições, mudando a escala de análise da realidade e também a escala de intervenção e produção de sentido para os caminhos a serem trilhados a partir da aprendizagem produtiva.

 

 


Referências

 

 

DELEUZE, Gilles; GUATTARI, Félix. Rizoma. Assírio & Alvim, Lisboa, 2006.

 

 

EUFRÁSIO, Mário A. Estrutura Urbana e Ecologia Humana: a Escola Sociológica de Chicago (1915-1940). São Paulo: USP, 1999.

 

 

FENNY, D.; et al. A tragédia dos comuns: vinte e dois anos depois. In: DIEGUES, Antonio Carlos; MOREIRA, André de Castro C (Org). Espaços e recursos naturais de uso comum. São Paulo: Napaub-USP, 2001, p. 17-42.

 

 

GADOTTI, Moacir. Pedagogia da Terra. 2. Ed. São Paulo: Peirópolis, 2000. 217p.

 

 

GUATTARI, Félix. As Três Ecologias. Campinas, São Paulo: Papirus, 1990.

 

 

GOLDMAN, Michael. Inventando os Comuns: teorias e práticas do profissional em bens comuns. In: DIEGUES, Antonio Carlos; MOREIRA, André de Castro C. (Org). Espaços e recursos naturais de uso comum. São Paulo: Napaub-USP, 2001. p. 43-78.

 

 

GUTIÉRREZ, Francisco; PRADO, Cruz. Ecopedagogia e cidadania planetária. São Paulo: Cortez; Instituto Paulo Freire, 2000.

 

 

LIMA, Maria José Araújo. Ecologia humana: realidade e pesquisa. Petropólis: Ed. Vozes. 1984.

 

 

SANTOS, Boaventura de Sousa. Um Discurso sobre as Ciências, Afrontamento, Porto, 1977.

 

Ilustrações: Silvana Santos