Estamos sendo lembrados de que somos tão vulneráveis que, se cortarem nosso ar por alguns minutos, a gente morre. - Ailton Krenak
ISSN 1678-0701 · Volume XXI, Número 86 · Março-Maio/2024
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07/12/2014 (Nº 50) IMPLANTAÇÃO DE PROJETO DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL PROMOVIDO POR COMPANHIA DE SANEAMENTO BÁSICO EM UM MUNICÍPIO CEARENSE
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IMPLANTAÇÃO DE PROJETO DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL PROMOVIDO POR COMPANHIA DE SANEAMENTO BÁSICO EM UM MUNICÍPIO CEARENSE

 

José Garcia Alves Lima - Superintendente do Serviço Autônomo de Água e Esgoto – SAAE – de Limoeiro do Norte – CE; Vice-Presidente da Regional IV da ASSEMAE.

Maria Janainy Costa Freitas - Diretora de Desenvolvimento Institucional do SAAE de Limoeiro do Norte – CE

Islândia Erika Santiago Maia Lima - Coordenadora de Projetos de Projetos de Educação Ambiental - SAAE de Limoeiro do Norte - CE

Carlos Vangerre de Almeida Maia - Mestrando em Desenvolvimento e Meio Ambiente – Universidade Federal do Piauí - UFPI. e-mail: cvamaia@yahoo.com.br

Natália Alves Lima - Mestrando em Desenvolvimento e Meio Ambiente – Universidade Federal do Piauí - UFPI

Ana Raquel de Oliveira Mano – Professora Dra. Instituto Federal de Educação, Ciências e Tecnologia do Ceará – IFCE

Jarbas Rodrigues Chaves – Mestrando em Gestão e Tecnologia Ambiental - Instituto Federal de Educação, Ciências e Tecnologia do Ceará – IFCE


 

RESUMO

O presente trabalho apresenta a implantação de uma intervenção educativa, promovida pelo Serviço Autônomo de Água e Esgoto (SAAE) de Limoeiro do Norte – CE, visando reduzir o consumo/desperdício de água, garantindo a eficiência financeira da prestadora, além de sondar o nível de satisfação dos docentes, com o intuito de planejar/repensar as ações para o futuro desta campanha. Foram construídas séries históricas de intervalos iguais de tempo (antes e durante a implantação do Projeto Sane, a fim de verificar diferença estatisticamente significativa quanto à adimplência (p < 0,05), que foi constatado (p = 0,03), podendo ser aventado que a inserção da criança neste projeto favorece o diálogo familiar, uma vez que os pais são os responsáveis em pagar as faturas. Cerca de 79,2% dos docentes estão muito satisfeitos com o projeto, mas apontam necessidades que devem ser levadas em consideração no futuro do projeto. Logo, conclui-se que intervenção educativa em saneamento pode promover cidadania e garantir eficiência financeira à concessionária, sendo necessário capacitar as companhias neste foco, de modo a garantir maior fortalecimento da gestão do saneamento.

 

Palavras-chave: Intervenção Educativa; Fortalecimento da gestão; Projeto Sane

 

 

INTRODUÇÃO

A distribuição de água doce pelo planeta ocorre de maneira desigual, tanto entre continentes e países, como entre regiões e Estados, como no Brasil, onde ocorre abundância de disponibilidade na Região Norte, ao passo que no Nordeste brasileiro a situação é crítica, seja pela baixa pluviometria média, seja pela manutenção da Indústria da Seca, seja pelo alto índice de desperdício, cabendo, pois, práticas educativas no intuito de garantir este bem vital para as atuais e futuras gerações (SANTOS 2011).

A Lei n.º 9.795/99, que instituiu a Política Nacional de Educação Ambiental (PNEA), visa promover a Educação Ambiental (EA) nas escolas como prática contínua, permanente e transversal, estimulando a consciência crítica frente à problemática ambiental, propondo a interdisciplinaridade e sendo obrigatória em todos os níveis de ensino do Brasil (BRASIL, 1999).

O Ensino Fundamental, de acordo com a Lei de Diretrizes e Bases da educação brasileira, deve ter duração de nove anos, gratuito na escola pública, iniciando-se aos seis anos de idade, objetivando a formação básica do cidadão (BRASIL, 1996, p.12).

Logo, durante este período, os escolares (principalmente crianças) serão capazes de assimilar os conhecimentos, uma vez que estão em fase de grande aprendizagem, o que faz do professor, uma figura primordial no processo de educação ambiental cidadã e transformadora, sendo formador de opinião, favorecendo o senso de co-responsabilidade entre os indivíduos em busca da sustentabilidade (JACOBI, 2005).

Segundo Borges et al (2013), o ambiente escolar favorece a aquisição de valores, atitudes e comportamentos em prol do equilíbrio ambiental, sendo a EA, de maneira cidadã, dentro da perspectiva formal, capaz de modificar o ambiente onde vive o estudante, transformando-o em um ser crítico e com condutas ambientalmente pró-ativas.

Reigota (2007), afirma ser conveniente identificar as percepções dos atores sociais envolvidos no contexto de práticas de EA, sendo a percepção ambiental um instrumento que possibilita a análise das interrelações entre a sociedade e o ambiente no qual ele vive, principalmente quanto às noções, condutas e hábitos que demonstram como cada indivíduo percebe e responde às ações sobre o meio ambiente (PRIETO, 2009).

Dessa forma, a percepção ambiental é essencial para estimular debates e ajudar na construção de uma compreensão crítica e articulada das diferentes visões sobre a questão ambiental, subsidiando, inclusive, avaliações de práticas educativas (PRIETO, 2009).

.A EA pode sensibilizar o cidadão para o uso sustentável dos recursos naturais, cabendo ao Poder Público instituí-la em todos os níveis de ensino, a fim de promover cidadania e formar cidadãos críticos

Assim, o Serviço Autônomo de Água e Esgoto, em parceria com a Secretaria Municipal de Educação Básica de Limoeiro do Norte – CE implantou o Projeto Sane e o Combate ao Desperdício, um projeto de EA aplicado junto a estudantes das redes pública e privada do Ensino Fundamental do município, em 2013, cumprindo o preconizado pelo Plano Municipal de Saneamento Básico, que dentre outras atribuições, determina sobre a necessidade de participação ativa das escolas públicas para trabalhar diariamente com a questão da educação ambiental e da conscientização, em salas de aula, auditórios e/ou pólos esportivos, através de trabalhos pedagógicos e/ou extracurriculares, que estimulem tanto as crianças e os adolescentes, como também os pais (LIMOEIRO DO NORTE, 2009).

Portanto, este trabalho visa descrever a implantação de um projeto de EA promovido por uma companhia de saneamento básico em ambiente escolar e apresentar a percepção docente sobre o referido projeto como ferramenta de avaliação do referido projeto.

METODOLOGIA

Caracterização da área

Limoeiro do Norte (Figura 1), situado a 200 km da Capital, Fortaleza, inserida na microrregião do Baixo Jaguaribe, abrange a 25ª maior população do Estado, com 56.281 habitantes, área de 751, 535 km² e densidade demográfica de 74,87 habitantes/km². Desses, 32.502 habitantes (57,75%) residem no perímetro urbano, a Sede, habitando 11.058 domicílios - 57,43% do total (IBGE,2010).

Figura 1 – Localização do município de Limoeiro do Norte - CE.

Description: mapa.emf

Fonte: Própria

Tipo de pesquisa

O presente trabalho é do tipo descritivo e exploratório, com abordagem quantitativa, constituído por dados secundários coletados junto ao SAAE de Limoeiro do Norte – CE, durante julho de 2013 a fevereiro de 2014, e dados primários, oriundos de inquérito realizado junto aos docentes aplicadores.

Coleta de dados

Iniciou-se o estudo com um resgate acerca das motivações e como se deu o processo de implantação do Projeto Sane no município.

Entre setembro de 2013 e março de 2014, foram coletados dados secundários junto ao SAAE, produzindo duas séries históricas da adimplência até a primeira data base de pagamento do usuário, o dia 8 dos meses julho de 2012 a fevereiro de 2013, para este estudo, denominado de período que antecede a intervenção educativa (Antes) e entre julho de 2013 a fevereiro de 2014, representando o período durante a intervenção (Durante).

Entre dezembro de 2013 e fevereiro de 2014, junto aos docentes aplicadores, foram aplicados questionários para aferir sobre seus respectivos posicionamentos em relação ao referido projeto.

A avaliação foi feita por 24 dos docentes, através de um questionário, contendo 13 questões constituídas por escalas do tipo Likert de cinco pontos

As respostas foram do tipo categórica, onde o docente respondia, de acordo com o seu posicionamento, em relação a sentença, variando de “discordo totalmente” a “concordo totalmente”, passando pela neutralidade, onde cada questão corresponde a um indicador, conforme Tabela 1.

Tabela 1 – Indicadores sobre o Projeto Sane

Item

Questão

Indicador

1

O primeiro contato foi o melhor possível

Implantação

2

Participei efetivamente da implantação do Projeto

Participação docente no planejamento

3

Manutenção da abordagem/mobilização docente

Abordagem junto aos docente

4

Desejo trabalhar o referido projeto em 2014

Desejo continuar

5

Atividade de EA mais interessante que desenvolvi

Atividade interessante

6

Interesse/empenho discente

Interesse discente

7

Material didático adequado

Material didático

8

Atividades complementares adequadas

Atividades complementares

9

Comentários dos pais dos estudantes

Interação dos pais

10

Suporte do SAAE foi melhor possível

Suporte do SAAE

11

A idéia foi captada pela maioria dos estudantes

Assimilação

12

Deve manter o PS em anos vindouros

Manutenção

13

Possibilidade de mudança comportamental

Comportamento

Fonte: Própria

A Escala Likert permite avaliar gradiente de intensidades, apresentando a opinião pessoal do indivíduo, onde foi atribuída a cada resposta, um número, refletindo o posicionamento do participante frente a cada afirmação, conforme Tabela 2.

Tabela 2 – Escala de gradiente de opinião

Valor

Opinião

1

Discordo totalmente

2

Discordo parcialmente

3

Nem discordo e nem concordo

4

Concordo parcialmente

5

Concordo totalmente

Fonte: Própria

Cada entrevistado recebeu um escore total, resultado da soma dos pontos que obteve, dividido por 165 (máximo de escores) e multiplicado por 100, a fim de apresentar o percentual de satisfação em relação ao projeto.

Arbitrou-se a seguinte classificação de satisfação docente, de acordo com a Tabela 3:

Tabela 3 – Escala de satisfação dos docentes aplicadores

Margem percentual de escores (%)

Nível de satisfação

0 – 25,0

Muito insatisfeito

25,1 – 50,0

Insatisfeito

50,1 – 75,0

Satisfeito

75,1 – 100,0

Muito satisfeito

Fonte: Própria

Em seguida, identificou quais foram os critérios mais bem avaliados e os que mais precisam de adequação para os próximos anos de desenvolvimento do Projeto Sane.

Tratamento estatístico

Os dados foram tabulados mediante a dupla digitação no softwere Microsoft Excel e posteriormente foi realizado Teste t para Amostras Emparelhadas (t), com significância de 95% (p < 0,05), executados através do softwere SPSS (versão 20).

RESULTADOS

Implantação e impacto na adimplência

O Projeto Sane surgiu pela necessidade de, através de práticas educativas, almejar a conscientização familiar no que tange reduzir o desperdício de água[1], principalmente pelo fato de que o município em questão se encontra inserido no semi-árido cearense, logo, fazendo parte do Polígono das Secas.

Para embasar teoricamente o projeto de EA voltado ao combate ao desperdício de água, o SAAE realizou consultas bibliográficas que versassem sobre experiências exitosas sobre combate ao desperdício, onde o executado em Indaiatuba – SP foi o selecionado para nortear as ações em Limoeiro do Norte – CE, que foi adaptada à realidade local (INDUITABA, 2009).

Seu lançamento ocorreu em um evento público, no mês de junho de 2013, onde compareceram coordenadores e professores de escolas públicas e privadas do município, cadastrando as escolas participantes, além da comunidade em geral.

A implantação ocorreu no mês de agosto de 2013. A equipe do SAAE identificou todas as escolas públicas e privadas no município (Tabela 4), visitou-as, especificamente as salas de 3° a 7° ano, onde o projeto foi executado; apresentou vídeo educativo e entregou material educativo (cartilhas) em todas as salas de aula, além de distribuir material orientador aos professores, que propunha atividades a serem desenvolvidas em sala de aula (teatro, redação e desenho) e ministrou palestras.

Tabela 4 – Comunidade escolar e domicílios envolvidos no Projeto Sane.

Tipo de Escola

Total de escolas

Total de salas

Total de escolares matriculados

Total de docentes

Municipal

20

140

3.632

126

Particular

08

48

1.072

25

Total

28

188

4.704

129

Fonte: Própria

As cartilhas educativas (Figura 2 e Figura 3) visam refletir a respeito dos atos de consumo e como eles irão repercutir sobre si, nas relações sociais, na economia e no ambiente. Além do mais, buscam disseminar o conceito prático do consumo consciente, fazendo com que pequenos gestos, como desligar a torneira ao escovar os dentes, possam promovam grandes transformações.

 

 

Description: 1 e 12.jpg

Figura 2 – Capa da cartilha do Projeto Sane

Fonte: Limoeiro do Norte (2013)

 

Figura 2 – Mensagem educativa presente no miolo da revista

Description: 5 e 8.jpg

Fonte: Limoeiro do Norte (2013)

Dentre as atividades propostas, ocorreu a distribuição de figurinhas auto-adesivas, necessárias para o preenchimento de um álbum que compõe a cartilha (Figura 3), cuja distribuição era condicionada ao pagamento da fatura de água até a primeira data base - o dia 8 de cada mês. Salienta-se que a primeira figurinha era entregue ao estudante juntamente com a cartilha no primeiro contato.

Figura 3 – Álbum de figurinhas presente na cartilha do projeto

Description: 6 e 7.jpg

Fonte: Limoeiro do Norte (2013)

Com o intuito de verificar se o incremento deste material repercutiu sobre a adimplência dos usuários, cujo pagamento da tarifa é realizado pelos pais ou responsáveis dos escolares, optou-se em comparar as médias de pagamento realizado, em dois momentos: antes e durante a intervenção de campanha de EA, conforme Figura 4.

 

Figura 4 – comparativo de médias de adimplência Antes e Durante Projeto Sane

 

Fonte: Própria

Com relação ao comparativo de médias de adimplência entre os dois períodos[2], foi encontrada significância estatística (p = 0,03), representando que a intervenção educativa favorece ato de cidadania (adimplência) e repercute beneficamente sobre a saúde financeira da concessionária. Porém, foi perceptível que ao passo que as figurinhas deixaram de ser distribuídas, a adimplência foi reduzida consideravelmente.

Destaca-se que ao iniciar o projeto, 2092 escolares foram cadastrados e 1410 concluíram a primeira etapa. O percentual de escolares concludentes em relação aos cadastrados corresponde a 71,31%.

Análise dos questionários aplicados junto aos docentes aplicadores.

A média total de escores entre os participantes foi de 53,46 (82,24%), de um total de 65 (100%), onde, entre os investigados, variou de 25 (38,46%) a 64 (98,4%) pontos.

A categorização percentual permitiu organizar a amostra entrevistada quanto à satisfação em trabalhar com o projeto, de acordo com a Tabela 7.

Tabela 7 – Satisfação dos docentes aplicadores

Faixa percentual

Satisfação

Quantidade de professores

% de professores

0 – 25%

Muito insatisfeito

0

0

25,1% - 50%

Insatisfeito

2

8,3

50,1% - 75%

Satisfeito

3

12,5

75,1% - 100

Muito Satisfeito

19

79,2

Total

 

24

100,0

Fonte: Própria

Entre os indicadores, cuja somatória dos escores chegaria a 120, a média foi de 98,69 pontos (82,62%), variando de 77 a 111 pontos, como pode ser verificado na Tabela 8.

Tabela 8 – Escores dos indicadores mediante percepção dos docentes

Item

Indicador

Escores

% dos escores

1

Implantação

94

78,33

2

Participação docente no planejamento

96

80,0

3

Abordagem junto ao docente

88

78,33

4

Desejo continuar

110

91,67

5

Atividade interessante

88

73,33

6

Interesse discente

102

85,0

7

Material didático

109

90,83

8

Atividades complementares

103

85,83

9

Interação dos pais

77

64,17

10

Suporte do SAAE

88

73,33

11

Assimilação

106

88,33

12

Manutenção

111

92,5

13

Comportamento

111

92,5

Fonte: Própria

DISCUSSÃO

É possível destacar o pioneirismo do Projeto Sane, inclusive, por anteceder ao dispositivo legal – Lei Federal n° 12.862/2013 – que estabelece diretrizes nacionais para o saneamento básico, com o objetivo de incentivar a economia no consumo de água (BRASIL, 2013), instituída em setembro.

A EA deve ser trabalhada com grande freqüência na escola, principalmente nas séries iniciais, mesmo quando uma das principais dificuldades para trabalhá-la é creditada a formação do professor, uma vez que não se sentem seguros em trabalhar com conteúdos fora de suas especialidades, atribuindo essa tarefa aos professores de Geografia e Ciências, em maior parte (MEDEIROS, et. al, 2011).

Os professores enfrentam diversas dificuldades para trabalhar a temática ambiental: falta de domínio, falta de interesse próprio, falta de materiais didáticos, pouco conhecimento da temática ambiental. Isto compromete a qualidade do aprendizado, não conseguindo se relacionar no meio político, social, econômico e cultural, além de vivenciarem cargas horárias desgastantes e a própria falta de motivação dos alunos (LEMES et al, 2011, BIGOTTO, 2008)

O fato de se ter alcançado diferença estatística quanto ao pagamento antes da primeira data base, pode se vincular que a mensagem foi transmitida na relação estudante-pais, uma vez que estes últimos são os responsáveis em efetuar tal pagamento, podendo favorecer o diálogo familiar, além de que, foi eficaz quanto à adimplência dos consumidores, antes de tudo, um ato de cidadania.

Verificaram-se maiores escores atrelados aos indicadores comportamento, manutenção e continuidade, ao passo que os indicadores com menores pontuações foram: interação dos pais, abordagem junto aos docentes e suporte do SAAE.

Evidencia-se, por parte dos docentes, intenção pela longevidade do projeto, interesse em continuar trabalhando com o referido em suas respectivas turmas, uma vez que este pode favorecer mudança comportamental.

Porém, pode ser verificado o baixo retorno dos pais, que pode ser corroborado pela ausência de diálogo entre os entes de mesma família, sinal de crise familiar, onde muitos escolares podem estar envoltos, ou mesmo que o pai não esteja se sentindo envolvido pelo projeto, apenas realizando o pagamento a fim de agradar o filho.

Outra questão que merece maior maturação é a abordagem junto aos docentes, uma vez que os mesmos se sentiram alheios ao planejamento, participando somente como executores da ação, sendo interessante o engajamento desses profissionais no processo de planejamento inicial das ações.

O terceiro indicador com menos escores foi creditado ao suporte oferecido pelo SAAE, que pode ser justificado pelo fato de que esta prestadora ainda está ampliando seu corpo técnico aplicado à EA.

A fim de minimizar este transtorno, devem ser levadas em consideração as diretrizes oriundas da institucionalização da educação ambiental no Ministério da Educação como: estimular a construção de grupos de estudos a fim de estimular a interdisciplinaridade, atualização das práticas pedagógicas de acordo com os objetivos propostos, bem como avaliar os projetos e programas de governo (BRASIL, 2007)

CONCLUSÃO

O Projeto Sane, desenvolvido pelo SAAE de Limoeiro do Norte – CE, em parceria com a Secretaria Municipal de Educação Básica, provou ser uma ferramenta eficaz quanto à adimplência, favorecendo a cidadania.

Na opinião dos docentes, cuja maioria entrevistada se encontra muito satisfeita, este tipo de campanha deve ser mantida, uma vez que pode favorecer mudança comportamental em prol da cidadania, mas, em contra partida, é interessante que seja repensada a abordagem feita junto a eles no processo de (re) implantação, logo sendo necessária composição de uma equipe específica de educação ambiental na concessionária que, no caso do SAAE, se encontra em processo embrionário, como possibilidade de fortalecimento da gestão.

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BIGOTTO, A. C. Educação ambiental e o desenvolvimento de atividades de ensino na escola pública. 2008. 137f. Dissertação (Mestrado em Educação) Universidade de São Paulo. São Paulo, 2008.

BORGES, D. C. S.PEREIRA, S. G.; FERREIRA, J. E. . A Importância da Educação Ambiental no Ensino Fundamental. Revista Brasileira de Educação e Cultura, v. 1, p. 104-119, 2013.

BRASIL, Lei Nº 12.862, de 17 de setembro de 2013.  Altera a Lei n° 11.445, de 5 de janeiro de 2007, que estabelece diretrizes nacionais para o saneamento básico, com o objetivo de incentivar a economia no consumo de água

______. Lei Federal nº 9.795 de 27 de abril de 1999 – Política Nacional de Educação Ambiental – Disponível em: < http://www.planalto.gov.br>. Acesso em 05/6/2014.

______. Ministério da Educação e Cultura. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Brasília, DF, 1996.

______. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade. Educação Ambiental: aprendizes de sustentabilidade. Brasília, DF, 2007.

IBGE. Censo 2010. Disponível em: <http://www.censo2010.ibge.gov.br/>. Acesso em: 12 Ago. 2012.

INDAIATUBA, SAAE - Departamento de Comunicação Social.  Sane e o combate ao desperdício, Indaiatuba, SP. 2009.

JACOBI, P. R. Educação Ambiental: o desafio da construção de um pensamento crítico, complexo e reflexivo. Educação e Pesquisa, v.31, n.2, p.233-250, maio/ago. 2005.

LEMES. M. C. ET AL. A teoria e a prática na formação de professores: desafios e dilemas. Montes Belos, GO, 2011.

LIMOEIRO DO NORTE, SAAE. Sane e o combate ao desperdício, Limoeiro do Norte, CE, 2009

______. Plano Municipal de Saneamento Básico, 2009.

MEDEIROS, Jonas et al. A Gestão de Recursos Hídricos–A Água: Um Estudo em Escolas na Região do Vale do Itapocu. Revista da UNIFEBE-ISSN 1679-8708, v. 1, n. 12, 2013

PONTES, E. T. M. ; MACHADO, T. A. . Programa Um Milhão de Cisternas no Nordeste Brasileiro: Políticas Públicas, Desenvolvimento Sustentável e Convivência com o Semiárido. In: XIX Encontro Nacional de Geografia Agrária, 2009, São Paulo. Anais do XIX Encontro Nacional de Geografia Agrária. São Paulo, 2009.

REIGOTA, M. Meio ambiente e representação social. 7°ed. São Paulo: Cortez, 87p., 2007.

SANTOS, D. A. ; BARBOSA, L. S. ; SILVA, V. V. ; ARRUDA, J. . Hidrocidades: ações integradas de cidadania, inclusão social e educação ambiental com vista à conservação da água em Jacarepaguá, Rio de Janeiro, Brasil. Revista Eletrônica em Gestão, Educação e Tecnologia Ambiental, v. 3, p. 283-291, 2011.



[1] Como o projeto ainda está em execução, tendo concluído somente a primeira etapa, ainda não é possível afirmar se o Projeto Sane já apresentou algum impacto ao consumo de água nos domicílio.

[2] A fim de finalizar a primeira etapa do projeto em 2013, duas figurinhas foram entregues em dezembro.

Ilustrações: Silvana Santos