Estamos sendo lembrados de que somos tão vulneráveis que, se cortarem nosso ar por alguns minutos, a gente morre. - Ailton Krenak
ISSN 1678-0701 · Volume XXI, Número 86 · Março-Maio/2024
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04/09/2014 (Nº 49) MEDIDAS PROFILÁTICAS E TERAPÊUTICAS POPULARES UTILIZADAS NOS ACIDENTES OFÍDICOS NA ZONA OESTE DO RIO DE JANEIRO
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MEDIDAS PROFILÁTICAS E TERAPÊUTICAS POPULARES UTILIZADAS NOS ACIDENTES OFÍDICOS NA ZONA OESTE DO RIO DE JANEIRO

 

João Victor Ferreira de Oliveira (1); Daniele de Siqueira da Silva (2); Grazielle Amorim de Jesus (3); Carolina Almeida Menezes (4); Camila Alves Araujo (5); Tatiana Neves Paiva (6); Juliana Oliveira Jill(7).

 

 

(1) Estudante; Universidade Castelo Branco; Rio de Janeiro, Rio de Janeiro; joaooliveirabio@gmail.com.

(2) Estudante; Universidade Castelo Branco; Rio de Janeiro, Rio de Janeiro; daniele_dsiqueira@hotmail.com.

(3) Estudante; Universidade Castelo Branco; Rio de Janeiro, Rio de Janeiro; grazi.j.amorim@hotmail.com.

 (4) Estudante; Universidade Castelo Branco; Rio de Janeiro, Rio de Janeiro; carolina_dalmeida@hotmail.com.

(5) Estudante; Universidade Castelo Branco; Rio de Janeiro, Rio de Janeiro; milajc92@hotmail.com.

(6) Estudante; Universidade Castelo Branco; Rio de Janeiro, Rio de Janeiro; tatiana-f@hotmail.com.

(7) Estudante; Universidade Castelo Branco; Rio de Janeiro, Rio de Janeiro; julianajill.oliveira@bol.com.br.

 

RESUMOAs serpentes, assim como outros animais peçonhentos despertam grande temor no imaginário popular, porém esse pavor não tenha sido o suficiente para motivar medidas eficientes no controle dos acidentes causados por esses animais. A Zona Oeste da Cidade do Rio de Janeiro abriga uma grande fauna ofídica sendo peçonhenta ou não. Os casos de acidentes no Rio de Janeiro saltaram cerca de 120% do ano 2000 até 2007. O conhecimento popular faz referência aos acidentes com animais peçonhentos, como mortais. Dessa maneira torna-se de suma importância a compreensão mínima referente a esses acidentes, para que os populares possam lidar de maneira correta no qual os acidentes ofídicos acometem. O objetivo do trabalho é listar as medidas profiláticas caseiras adotadas no Bairro de Jacarepaguá e suas adjacências e se essas tais medidas são ou não eficazes em casos de acidentes, bem como levantar a incidência de acidentes ofídicos ocorridos nessa região. A pesquisa foi realizada através de uma entrevista contendo 7 perguntas, sendo 6 fechadas e 1 aberta. A pesquisa consistiu em 85 entrevistados abrangendo três núcleos do Parque Estadual da Pedra Branca. Os resultados mostraram que as pessoas não possuem um conhecimento correto a respeito da identificação com as serpentes peçonhentas, devido a essa lacuna há possibilidade de se ter a preocupação de um ataque com serpentes não peçonhentas. Os procedimentos terapêuticos caseiros ressaltados pelos entrevistados, de acordo com o conhecimento científico, não apresentam nenhum efeito ao veneno podendo levar a vítima a piorar ou ao óbito.  

 

 

Palavras-chave: Profilaxia. Caseira. Serpente. Rio de Janeiro.

 

Introdução

 

As serpentes, assim como outros animais peçonhentos despertam grande temor no imaginário popular, porém esse pavor não tenha sido o suficiente para motivar medidas eficientes no controle dos acidentes causados por esses animais (CARDOSO & WEN, 2009).

            A Zona Oeste da Cidade do Rio de Janeiro abriga um grande número de serpentes peçonhentas ou não.  Esses animais são atraídos, para região, devidos alguns fatores como concentração de lixo nas ruas, canais, valas e o clima quente. (MACHADO, 2009).

Conforme o MINISTÉRIO DA SAÚDE & CONASEMS (2009), as serpentes peçonhentas de importância em saúde pública no Brasil são as do gênero Bothrops Wagler (1824) – jararaca, jararacuçu, urutu, cotiara, caiçaca –, Crotalus Linnaeus (1758) – cascavéis, Lachesis Daudin (1803) – surucucu, surucucu-pico-de-jaca – e Micrurus Wagler (1824) – corais verdadeiras.

A OMS (Organização Mundial de Saúde) calcula que ocorram no mundo 1.250.000 a 1.665.000 acidentes por serpentes peçonhentas por ano, com 30.000 a 40.000 mortes (SWARROP & GRAD, 2001). Os casos de acidentes no Rio de Janeiro saltaram cerca de 120% do ano 2000 até 2007. (CARDOSO & WEN ET AL., 2009).

            O conhecimento popular faz referência aos acidentes com animais peçonhentos, como mortais. Dessa maneira torna-se de suma importância a compreensão mínima referente a esses acidentes, para que os populares possam lidar de maneira correta no qual os acidentes ofídicos acometem (MALGAREJO, 2009).

            O objetivo desse trabalho é listar as medidas profiláticas caseiras adotadas no Bairo de Jacarepaguá e suas adjacências e se essas tais medidas são ou não eficazes em casos de acidentes, bem como levantar a incidência de acidentes ofídicos ocorridos nessa região.

 

 

Material e Métodos

O estudo foi realizado entre os meses de dezembro de 2013 a fevereiro de 2014 em regiões próximas aos núcleos, Camorim, Pau da Fome e Piraquara, do Parque Estadual da Pedra Branca, situado no município do Estado Rio de Janeiro.

A pesquisa foi realizada através de uma entrevista contendo 7 perguntas, sendo 6 fechadas e 1 aberta. Foram entrevistados no total de 85 pessoas, sendo 14 pessoas no núcleo da Piraquara, 33 no núcleo do Camorim e 38 no núcleo do Pau da Fome, sendo a aplicação do questionário abrangendo os horários de 10:00 a.m à 13:00 p.m.

 

 

Resultados e Discussão

Os resultados do gráfico 1 fazem menção ao conhencimento dos entrevistados em relação a presenciar os acidentes ofidismo. Neste gráfico nota-se que as respostas obtidas foram que 40% dos entrevistados já presenciaram acidentes serpentes peçonhentas e 60% nunca observaram esses acidentes desse cunho.

 

 

Gráfico 1 – Você já presenciou algum acidente com serpentes.

 

 

 

 

A questão 2 do questionário refere-se ao conhecimento popular a respeito a identificação das serpentes peçonhentas. A questão apresentava respostas semiabertas.    Nota-se que apenas 26% dos questionados apresentavam um conhecimento correto de conhecimento de serpentes peçonhentas, enquanto 74% não apresentavam nenhum conhecimento a respeito da questão.

Conforme a questão 2 é semi-aberta, houve a justificativa do conhecimento das pessoas a respeito do assunto, as pessoas informaram, em sua maioria, que as cobras peçonhentas são aquelas que possuem a cabeça triangular e os olhos pequenos.

Gráfico 2- Você sabe diferenciar uma cobra peçonhenta de uma não peçonhenta.

 

Houve o questionamento a respeito do conhecimento do soro antiofídico. Houve, aproximadamente, uma igualdade nas respostas. Sendo 50,6% sabiam o que era o soro antiofídico, enquanto 49,4% não apresentavam um conhecimento a respeito do medicamento.

Gráfico 3 – Você sabe o que é o soro antiofídico.

 

A questão 4 faz menção o quanto a população acha que os procedimentos terapêuticos caseiros têm em relação aos acidentes com animais peçonhentos. Cerca de 53% dos entrevistados disseram que esses procedimentos são de suma importância, enquanto 47% disseram que esses procedimentos não são importantes e sim o procedimento médico.

 

Gráfico 4- Você acha que os procedimentos terapêuticos caseiros têm em relação aos acidentes com animais peçonhentos.

 

O gráfico 5 foi perguntado aos entrevistados quais métodos eles utilizam no momento do acidente ofídico. O procedimento mais informado foi levar o enfermo ao hospital, com 41%. Posteriormente o ‘’chupar’’ o veneno constatou-se 22% dos entrevistados respondendo esse procedimento como correto. O ingerir do leite no momento da picada foi informado sendo cerca de 13% dos entrevistados respondendo essa alternativa. Usar o torniquete no membro ferido também foi constatado com 10%. O uso da borra de café no local e ervas foi informado também e ambos receberam 5% de resposta.

Gráfico 5- Que método você utiliza no momento do acidente ofídico.

 

Conclusões

Os resultados mostram que as pessoas não possuem um conhecimento correto a respeito da identificação com as serpentes peçonhentas, devido a essa lacuna há possibilidade de se ter a preocupação de um ataque com serpentes não peçonhentas.

Os procedimentos terapêuticos caseiros ressaltados pelos entrevistados, de acordo com o conhecimento científico, não apresentam nenhum efeito ao veneno podendo levar a vítima a piorar ou ao óbito.  

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Referências Bibliográficas

 

CARDOSO, J. L. C. & WEN, F. H. Introdução ao Ofidismo. In: CARDOSO, J. L. C.; SIQUEIRA FRANÇA, F. O. de; WEN, F. H.; MALÁQUE, C. M. S.; HADDAD JR., V.  Animais peçonhentos no Brasil: biologia, clínica e terapêutica dos acidentes. 2. ed. São Paulo: Sarvier, 2009. Cap. 1 p. 3-5.

MALGAREJO, 2009 In: Animais Peçonhentos no Brasil: Serpentes Peçonhentas no Brasil MINISTÉRIO DA SAÚDE, CONSELHO NACIONAL DAS SECRETARIAS  MUNICIPAIS (CONASEMS), O SUS de A a Z: garantindo saúde nos municípios, 3. ed., Brasília: Editora do Ministério da Saúde, 2009. 480 p.

SWARROP S. & GRAD B. Snakebite mortality in the world. Bull World Health Org 1954; 10: 35-76 In: PINHO, F.M.O. & PEREIRA, I.D. Ofidismo: artigo de revisão.

Revista da Associação Médica Brasileira, São Paulo, SP, 2001, v.47, n.1, p. 24-29.

 

 

Ilustrações: Silvana Santos