Estamos sendo lembrados de que somos tão vulneráveis que, se cortarem nosso ar por alguns minutos, a gente morre. - Ailton Krenak
ISSN 1678-0701 · Volume XXI, Número 86 · Março-Maio/2024
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04/09/2014 (Nº 49) CONTRIBUIÇÃO PARA A EDUCAÇÃO AMBIENTAL: HÁBITOS DE RECICLAGEM DO ÓLEO COMESTÍVEL USADO EM ALFENAS-MG E OFICINA DE CONFECÇÃO DE SABÃO
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CONTRIBUIÇÃO PARA A EDUCAÇÃO AMBIENTAL: HÁBITOS DE RECICLAGEM DO ÓLEO COMESTÍVEL USADO EM ALFENAS-MG E OFICINA DE CONFECÇÃO DE SABÃO

 

 

Cibele Marli Cação Paiva Gouvêa1; Aline Constâncio Ladeira2; Ana Paula Acerbi Ribeiro2; Cristiane Lopes Lionello2; Driélli de Carvalho Vergne2; Elias Granato Neto2, Glaice Kelly de Souza Alves2; Liliane Gonçalves Vila Nova2; Mariane Patrezi Zanatta2; Marina Acero Angotti2; Marina Isidoro Silva2; Michele Molina Melo2; Nara Cristina Chiarini Pena Barbosa2; Roberta Ribeiro Silva3

 

1 Docente Associado 4 do Instituto de Ciências da Natureza e Tutora Grupo PET-Biologia da Universidade Federal de Alfenas, Rua Gabriel Monteiro da Silva, 700, Alfenas, MG, Brasil. 37130-000. cibelegouvea@hotmail.com; Tel (35) 32991419; 2Graduandos em Ciências Biológicas e integrantes do Grupo PET-Biologia da Universidade Federal de Alfenas e integrantes; 3Docente Adjunto 4 da Faculdade de Nutrição da Universidade Federal de Alfenas.

 

RESUMO

Tendo em vista os prejuízos ambientais do descarte inapropriado do óleo residual de fritura, o objetivo do presente trabalho foi investigar o hábito de reciclar o óleo de cozinha usado, os conhecimentos sobre a reciclagem deste em Alfenas, situada no sul de Minas Gerais e oferecer oficina de confecção de sabão, como forma de reciclagem do óleo usado e formação de multiplicadores. O estudo foi conduzido utilizando-se questionário estruturado, aplicado a alunos da UNIFAL-MG e de duas escolas públicas. Os resultados do presente trabalho permitem concluir que a população estudada, apesar de apresentar conhecimentos sobre os impactos ambientais do descarte inapropriado do óleo residual de frituras e sobre formas de reciclagem do óleo, não tem o hábito de reciclá-lo. Dessa forma foi ministrado minicurso para conscientizar o grupo sobre as principais conseqüências do descarte inadequado do óleo, bem como sobre os efeitos maléficos à saúde do consumo excessivo deste e ainda foi conduzida oficina para confecção de sabão utilizando-se o óleo usado.

 

PALAVRAS-CHAVE: Óleo residual. Meio ambiente. Preservação.

 

INTRODUÇÃO

Uma das principais preocupações ambientais relativas às diversas atividades humanas é a geração de resíduos. O manuseio, estocagem, coleta e descarte desses resíduos podem impor riscos ao ambiente e à saúde pública, especialmente, em locais de intensa atividade humana, como os centros urbanos. O descarte inapropriado de resíduos no ambiente contribui para a emissão de gases que aumentam o efeito estufa, além de danos diretos à saúde humana e animal (ACUFF; KAFFINE, 2013).

Grandes quantidades de óleo comestível usado são produzidas mundialmente, especialmente, nos países desenvolvidos. Nesses países são consumidos anualmente/per capita cerca de 50 L de óleo comestível, enquanto, nos países em desenvolvimento são 20 L (DALL´AGNOL; LAZAROTTO; HIRAKURI, 2010). Em 2012, o Brasil produziu 3 bilhões de litros de óleo comestível, sendo que mais de 200 milhões de litros/mês de óleo residual de frituras foram descartados inapropriadamente (ECÓLEO, 2012).

Em nosso país não há regulamentação para o descarte do óleo comestível residual. Tal regulamentação existe em países como: Bélgica, Holanda, França, Espanha, Finlândia e apesar da ausência de regulamentação em outros países da Europa e nos Estados Unidos, nesses países existem critérios recomendados para o descarte de óleos e gorduras de fritura (PAUL; MITTAL, 1997).

As principais formas inapropriadas de descarte do óleo de cozinha usado são: nas pias, vasos sanitários, diretamente nos rios e riachos e no solo. Quando descartado em pias e vasos sanitários, o óleo é conduzido para a rede de esgoto, onde parte deste se adere às paredes do encanamento, reduzindo a eficiência do sistema. O óleo despejado em rios e riachos contamina a fauna e flora, induz à carência química e bioquímica de oxigênio, aumento do teor de sólidos suspensos totais, impermeabiliza leitos e terrenos, contribuindo para as enchentes, além de provocar mau cheiro. Em locais onde há estações de tratamento de esgoto, o óleo danifica as tubulações, dificultando o desempenho e funcionamento eficiente destas. Quando o descarte ocorre no lixo comum, o destino são lixões e aterros sanitários. Nesses ambientes o óleo pode atingir os lençóis freáticos contaminando-os e ainda pode provocar a impermeabilização do solo impedindo o funcionamento do aterro. Além dos danos ambientais é importante considerar também os efeitos maléficos para a saúde humana do consumo excessivo de lipídeos e do óleo de fritura usado repetidamente (NG et al., 2014). Entretanto, estes resíduos gordurosos, quando utilizados como biomassa nos processos de termoconversão para produção de biocombustíveis e precursores químicos, podem substituir substancialmente a matéria-prima proveniente de fontes fósseis e ainda minimizar os danos do descarte no meio ambiente (BOTTON et al., 2012).

Atualmente, a reciclagem de resíduos de frituras ganha projeção no Brasil, devido à possibilidade de sua reutilização na produção de biodiesel, obtendo-se glicerina como subproduto e ainda: na produção de sabão, como carga oleosa na produção de tintas, base lipídica para a produção de rações animais e em vários outros processos industriais. Dessa forma, o ciclo reverso do produto pode trazer vantagens competitivas e evitar a degradação ambiental (BOTTON et al., 2012).

Na cidade de Alfenas, situada na região sul do estado de Minas Gerais não há programas sistemáticos de coleta e reciclagem do óleo comestível usado. Assim, o objetivo do presente trabalho foi realizar uma ação de Educação Ambiental, para promover a reflexão e ação sobre o gerenciamento da produção de resíduos e a reciclagem, por meio de avaliação, aplicação de minicurso e de oficina para a produção de sabão, reciclando o óleo comestível usado.

 

METODOLOGIA

Participaram deste estudo exploratório, de desenho seccional, alunos: da Universidade Federal de Alfenas (UNIFAL-MG); do terceiro ano do ensino médio das escolas públicas Escola Estadual Dr. Emílio da Silveira e Dr. Napoleão Salles e do programa de Educação de Jovens e Adultos desta última escola, na cidade de Alfenas, situada no sul de Minas Gerais.

Para caracterização do grupo estudado foi aplicado questionário, dividido em duas seções: 1, para coleta de dados socioeconômicos; 2, para avaliação dos hábitos de uso e reciclagem de óleo residual de frituras.

Em seguida foi ministrado minicurso, com duração de 4 h, incluindo teoria e prática (oficina de produção de sabão). Na parte teórica do minicurso foram apresentados: os dados sobre a produção de resíduos no Brasil; o tempo de duração dos resíduos no ambiente; o cenário da reciclagem no Brasil; o que é o óleo vegetal (composição e estrutura química), as alterações químicas produzidas no óleo pelo aquecimento e os impactos sobre a saúde humana; os impactos ambientais do descarte inapropriado do óleo usado e formas de reutilização e reciclagem do óleo comestível usado. Para a atividade prática, os participantes foram divididos em grupos e cada grupo produziu sabão, utilizando-se como matéria prima o óleo residual de frituras.

O minicurso produziu um material didático (apostila), contendo com os dados teóricos, a formulação e o modo de preparo do sabão. A apostila foi distribuída gratuitamente aos participantes, que levaram também o sabão produzido.

Os dados foram analisados utilizando-se os programas Epidata para geração do banco de dados e Epinfo para realização de análises uni e multivariada.

 

RESULTADOS

Participaram deste estudo 168 indivíduos, sendo 61,45% mulheres e 31,55% homens, com idade média de 20 anos. A maioria dos indivíduos reside em casa própria, com os familiares e apenas estudam. Grande parte possui computador em casa, veículo e acesso à internet. A renda familiar mensal de 67,86% dos participantes é menor ou igual à 3 salários mínimos e a maioria não possui plano de saúde. Em relação à escolaridade dos pais, percebe-se que as mães possuem maior nível de escolaridade que os pais. Mais de 90% dos participantes lê jornais, revistas e livros e tem acesso a TV, rádio e esportes regularmente, enquanto o acesso a cinema, teatro e principalmente museu é menor (Tabela 1).

 

Tabela 1. Caracterização da população estudada

Variável

Frequência

%

Gênero

 

 

 

 

Feminino

115

61,45

 

Masculino

53

31,55

Casa própria

 

 

 

 

Sim

102

60,71

 

Não

66

31,29

Residem

 

 

 

 

Familiares

127

75,60

 

Só/república

41

24,40

Ocupação

 

 

 

 

Estudante

118

70,24

 

Estudante/trabalhador

50

29,76

Computador em casa

 

 

 

 

Sim

130

77,38

 

Não

38

22,62

Veículo

 

 

 

 

Sim

92

54,76

 

Não

76

45,24

Acesso à internet

 

 

 

 

Sim

105

62,50

 

Não

63

37,50

Renda1

 

 

 

 

£3

114

67,86

 

>3

54

32,14

Plano de saúde

 

 

 

 

Sim

68

40,48

 

Não

100

59,52

Escolaridade do pai

 

 

 

 

Fundamental incompleto

74

44,05

 

Fundamental

31

18,45

 

Médio

33

19,64

 

Superior

23

13,69

 

Especialização

7

4,17

Escolaridade da mãe

 

 

 

 

Fundamental incompleto

66

39,29

 

Fundamental

32

19,05

 

Médio

43

25,60

 

Superior

15

8,92

 

Especialização

12

7,14

Leitura

 

 

 

 

Jornal

155

92,26

 

Revista

153

91,07

 

Livro

157

93,45

Acesso

 

 

 

 

TV

164

97,62

 

Rádio

158

94,05

 

Cinema

147

87,50

 

Teatro

103

61,31

 

Museu

61

36,31

 

Esporte

132

78,57

1 Renda representada pelo número de salários mínimos recebidos por toda a família.

 

A análise dos hábitos de consumo e de reciclagem do óleo de cozinha usado, descrita na Tabela 2, permitiu observar que a maioria (58,33%) consome mais de 2 L de óleo mensalmente, que as pessoas utilizam o óleo para frituras mais de uma vez (76,19%) e que apesar do conhecimento sobre as formas de reciclagem (87,50%) e dos impactos do descarte indevido do óleo no ambiente (70,83%) apenas 39,88% reciclam o óleo comestível usado.

 

Tabela 2. Hábitos de consumo e reciclagem de óleo comestível usado

Variável

Frequência

%

Consumo de óleo mensal (L)

 

 

 

 

£2

70

41,67

 

>2

98

58,33

Vezes de utilização do óleo

 

 

 

 

1

40

23,81

 

>1

128

76,19

Recicla o óleo

 

 

 

 

sim

67

39,88

 

não

101

60,12

Conhecimento de reciclagem do óleo

 

 

 

 

sim

147

87,50

 

não

21

12,50

Impacto do descarte do óleo

 

 

 

 

sim

119

70,83

 

não

49

29,17

 

A análise estatística multivariada, que visou comparar todos os dados para o estabelecimento de correlações, revelou que o fato de residir com familiares, o nível de escolaridade da mãe e a ocupação parecem interferir positivamente no hábito de reciclar o óleo comestível usado, mas apenas a escolaridade da mãe com ao menos ensino médio influenciou significativamente (p = 0,026). Assim, as pessoas que têm mães com ao menos ensino médio têm 2,27 vezes mais chances de reciclar o óleo comestível usado do que os demais.

Apesar da maioria dos participantes não reciclar o óleo comestível usado, estes possuem conhecimentos sobre a possibilidade de reciclar e os impactos ambientais do descarte do óleo usado. A análise estatística apontou que possuir moradia própria e veículo, ter mãe com ao menos ensino médio, ter acesso à TV, revista e esporte e o consumo mensal de óleo influencia o conhecimento sobre a reciclagem do óleo, contudo, apenas o fato de ler revista e ter conhecimento sobre os impactos ambientais do descarte inapropriado do óleo são significativos (p < 0,05). Assim, a análise multivariada demonstrou que as pessoas que não leem revista e desconhecem os impactos ambientais do descarte inapropriado do óleo, têm 4,84 e 4,62 vezes, respectivamente, mais chances de não saber reciclar.

A análise dos conhecimentos adquiridos e do nível de satisfação dos participantes, após a realização do minicurso, demonstrou que 100% dos participantes se mostraram satisfeitos com a atividade realizada e que pretendem reduzir a produção de resíduos, bem como reciclar o óleo comestível usado.

 

DISCUSSÃO

Alfenas-MG não conta com programas formais de reciclagem, dessa forma, não há dados disponíveis sobre os hábitos de consumo e de reciclagem de óleo residual de frituras na cidade ou de outros resíduos decorrentes da atividade humana. Assim, este é o primeiro trabalho a investigar os hábitos de reciclagem e o conhecimento sobre as formas possíveis de reciclar o óleo comestível.

Os resultados demonstram que a população estudada tem alto consumo mensal de óleo comestível, o que provavelmente contribui para a geração de óleo residual. Além disso, utiliza o óleo para fritura mais de uma vez, o que pode ser prejudicial à saúde. O aquecimento do óleo a altas temperaturas promove sua hidrólise, oxidação e polimerização com a formação de substâncias tóxicas para as células. A hidrólise aumenta a proporção de ácidos graxos livres, enquanto a oxidação produz hidroperóxidos e compostos voláteis de baixo peso molecular que são cancerígenos  e produzem muitos danos ao sistema cárdio-vascular (CHOE; MIN, 2007; NG et al., 2014).

De acordo com Botton et al. (2012) a degradação, que é acelerada pela alta temperatura do processo de fritura, modifica as características físico-químicas do óleo, até que este se torna exaurido e não pode mais ser utilizado para fritura, por conferir sabor e odor desagradáveis aos alimentos, bem como adquire características químicas comprovadamente nocivas à saúde. Não havendo utilização prática para os óleos residuais domésticos e comerciais, em geral são descartados inapropriadamente, hábito que foi também observado no presente estudo.

É interessante ressaltar que a maioria da população estudada relatou conhecer os impactos ambientais do descarte do óleo residual e formas de reciclagem deste, mas não o fazem, o que gerou a questão: por que esta discrepância existe?

Hornik et al. (1995) realizaram um estudo de metanálise de 67 trabalhos sobre reciclagem e indicaram muitas variáveis que podem afetar o comportamento de reciclar. Dois tipos básicos de variáveis foram identificados: incentivo para o comportamento de reciclagem e facilitadores ou barreiras para este comportamento, que podem ser internas ou externas ao indivíduo. No presente estudo o hábito de não reciclar o óleo residual pela população estudada pode também ser explicada pelos fatores apontados como mais importante por Hornik et al. (1995), pois em Alfenas não há incentivo ao comportamento de reciclar o óleo residual de frituras, uma vez que a cidade não dispõem de programas para reciclagem e, além de possíveis barreiras internas individuais, a principal barreira externa é a falta de postos de coleta de óleo residual e a nula divulgação dos poucos pontos existentes na cidade. O sucesso de qualquer programa de reciclagem depende da conscientização, incentivo e melhoria dos aspectos facilitadores da reciclagem (OMRAN et al., 2009). Outra barreira à reciclagem do óleo residual, apontada no presente estudo parece ser o acesso à educação. Assim, observou-se que as pessoas, cujas mães possuem ao menos ensino médio completo, acessam jornal, revista, TV e esportes em hábito de reciclar, evidenciando que o acesso à informação é importante na formação do cidadão consciente.

O presente trabalho ainda produziu material didático e ofereceu uma forma simples para reciclar o óleo usado. A formulação apresentada, para a produção do sabão foi testada previamente, procurando-se obter uma fórmula que minimizasse o custo e os riscos de acidentes, como a utilização de água fria para a produção do sabão. Considerando os resultados desta ação houve a sensibilização e o desenvolvimento de competências para reciclagem, que são alguns dos objetivos da Educação Ambiental. Assim atividades simples de esclarecimento e conscientização parecem ser eficientes para sensibilizar e levar à mudar as atitudes, por pessoas, que muitas vezes adotam métodos de descarte inadequado para os seus resíduos por falta de informações e conhecimento dos danos que esta atitude pode provocar.

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os resultados do presente trabalho permitem concluir que a população estudada, apesar de apresentar conhecimentos sobre os impactos ambientais do descarte inapropriado do óleo residual de frituras e sobre formas de reciclagem do óleo, não tem o hábito de reciclar o óleo residual de frituras, talvez por falta de incentivo e estímulo. As ações de conscientização e estímulo à reciclagem do óleo de cozinha, realizadas neste trabalho trouxeram contribuição para a formação de multiplicadores e para minimizar a poluição ambiental causada pelo descarte indevido do óleo comestível usado. O meio ambiente já bastante degradado pelo desenvolvimento social e industrial necessita de ações para sua preservação, bem como para preservação da saúde humana e animal.

 

AGRADECIMENTOS

Ao PET-MEC-SESU pela concessão de bolsas.

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ACUFF, K.; KAFFINE, D. T. Greenhouse gas emissions, waste and recycling policy. J. Environ. Econ. Manage, v. 65, n. 1, p. 74-86, 2013.

BOTTON, V. et al. Craqueamento termo-catalítico da mistura óleo de fritura usado-lodo de estamparia têxtil para a produção de óleo com baixo índice de acidez. Quím. Nova, v. 35, n. 4, p. 677-682, 2012.

CHOE, E.; MIN, D. B. Chemistry of deep-fat frying oils. J. Food Sci., v. 72, n. 5, p. R77-R86, 2007.

DALL´AGNOL, A.; LAZAROTTO, J. J.; HIRAKURI, M. H. Desenvolvimento, mercado e rentabilidade da soja brasileira. Circular Técnica, 74 - Embrapa Soja, p. 1-20, 2010.

ECÓLEO. Reciclagem do óleo. Disponível em: . Acesso em: 23 de Maio de 2014.

HORNIK, J. et al. Determinants of recycling behaviour: A synthesis of research results. J. Socio Econ., v. 24, n. 1, p. 105-127, 1995.

NG, C. Y. et al. Reprint of "Heated vegetable oils and cardiovascular disease risk factors". Vascul. Pharmacol., v. 62, p. 38-46, 2014.

OMRAN, A. et al. Investigating households attitude toward recycling of solid waste in Malaysia: a case study. Int. J. Environ. Res., v. 3, n. 2, p. 275-288, 2009.

PAUL, S.; MITTAL, G. S. Regulating the use of degraded oil/ fat in deep-fat/oil food frying. Crit. Rev. Food Sci. Nutr., , v. 37, n. 7, p. 635-662, 1997.

 

APÊNDICE A – Questionário inicial

1. Sexo:

2. Idade:

3. Estado Civil:

(  ) Solteiro(a)

(  ) Casado(a)

(  ) Separado(a) / Divorciado(a)

(  ) Viúvo(a)

(  ) Vivo com companheiro(a)

4. Estado de origem: _____  Município de origem: __________________________

5. Você tem casa própria: (  ) Sim (  ) Não

6. Em que localidade seu domicílio se encontra?

(  ) Bairro na periferia da cidade

(  ) Bairro na região central da cidade

(  ) Condomínio residencial fechado

(  ) Conjunto habitacional/casa popular

(  ) Região rural

(  ) Outro: ____________

7. Com quem você mora atualmente?

(  ) Com os pais e/ou outros parentes.

(  ) Com esposo(a) e/ou filho(s).

(  ) Em república/pensão.

(  ) Sozinho(a).

8. Quantas pessoas vivem na sua casa?

9. Quantos irmãos e meio-irmãos nascidos vivos você tem no total?

10. Quantos filhos nascidos vivos você tem no total?____     (  ) Não tenho filhos

11. Atualmente você: (  ) Apenas estuda            (  ) Trabalha e estuda

12. Qual é a sua renda familiar mensal (salário mínimo)?

(  ) Menos de 1

(  ) 1

(  ) Até 3

(  ) De 3 a 10

(  ) De 10 a 20

(  ) De 20 a 30

(  ) Mais de 30

13. Qual a sua situação?

(  ) Não trabalho e sou sustentado por minha família ou outras pessoas

(  ) Trabalho e sou sustentado parcialmente por minha família ou outras pessoas

(  ) Trabalho e sou responsável apenas por meu próprio sustento

(  ) Trabalho, sou responsável por meu próprio sustento e ainda contribuo parcialmente para o sustento da família

(  ) Trabalho e sou o principal responsável pelo sustento da família

(  ) Outra situação. _____________________________

14. Quantas pessoas (contando com você) contribuem para a renda da sua família?

15. Quantas pessoas (contando com você) vivem da renda da sua família?

16. No seu domicílio há (quantos):

(  ) Computador (micro ou notebook) ___

(  ) Telefone fixo ___

(  ) Telefone celular ___

(  ) TV por assinatura ___

(  ) Automóvel ___

(  ) Motocicleta ___

(  ) Acesso à internet          

17. Você e/ou sua família tem plano de saúde ? (  ) Sim      (  ) Não

18. Qual o grau máximo de escolaridade do seu pai e de sua mãe?

pai      mãe   grau

(  )       (  )       Ensino fundamental incompleto

(  )       (  )       Ensino fundamental completo

(  )       (  )       Ensino médio incompleto

(  )       (  )       Ensino médio completo

(  )       (  )       Ensino superior incompleto

(  )       (  )       Ensino superior completo

(  )       (  )       Especialização

(  )       (  )       Mestrado

(  )       (  )       Doutorado

(  )       (  )       Pós-Doutorado

(  )       (  )       Desconheço

19. Assinale o seu conhecimento de idiomas:

Idioma

Habilidade

Bem

Razoavelmente

Quase nada

Inglês

leio

 

 

 

 

falo

 

 

 

 

escrevo

 

 

 

Espanhol

leio

 

 

 

 

falo

 

 

 

 

escrevo

 

 

 

Francês

leio

 

 

 

 

falo

 

 

 

 

escrevo

 

 

 

Alemão

leio

 

 

 

 

falo

 

 

 

 

escrevo

 

 

 

Outro- qual?

leio

 

 

 

 

falo

 

 

 

 

escrevo

 

 

 

 

20. Com que freqüência você tem acesso?

 

Diariamente

Quase diariamente

Às vezes

Raramente

Nunca

Jornais

 

 

 

 

 

Revistas

 

 

 

 

 

Televisão 

 

 

 

 

 

Internet 

 

 

 

 

 

Livros  

 

 

 

 

 

Rádio AM/FM         

 

 

 

 

 

24. Quantos livros em média você costuma ler por ano?

(  ) Nenhum

(  ) Um livro

(  ) De 2 a 5 livros

(  ) De 6 a 10 livros

(  ) De 11 a 15 livros

(  ) De 16 a 20 livros

(  ) De 21 a 30 livros

(  ) Mais do que 30 livros

25. Com que frequência você:

 

1 x semana

1 x mês

1 x ano

Menos que 1 x ano

Nunca

Vai ao cinema

 

 

 

 

 

Vai ao teatro

 

 

 

 

 

Vai ao estádio

 

 

 

 

 

Vai ao museu

 

 

 

 

 

Vai ao shopping

 

 

 

 

 

Vai ao parque

 

 

 

 

 

Assiste a shows/concertos

 

 

 

 

 

Pratica esportes

 

 

 

 

 

Vai a bares/ danceterias

 

 

 

 

 

 

26. Quantos litros de óleo de cozinha você consome no mês?

(  ) Menos de 1L

(  ) Entre 1 e 2L

(  ) Entre 2 e 3L

(  ) Mais de 3L

27. Quantas vezes você utiliza o mesmo óleo no preparo de alimentos?

28. O que você faz com o óleo que sobra do preparo dos alimentos?

29. Na sua opinião, o que pode ser feito com este óleo?

30. Quais os impactos do descarte inadequado do óleo de cozinha no ambiente?

 

APÊNDICE B – Questionário após a participação no minicurso

1. O que você achou mais interessante no projeto?

2. Como você pretende utilizar os conhecimentos adquiridos?

3. Apresente suas críticas e sugestões para melhorarmos o projeto.

 

APÊNDICE C – Apostila do minicurso

 

1. O LIXO NO BRASIL

O lixo é tecnicamente conhecido como “Resíduo Sólido” e o desenvolvimento econômico da sociedade moderna vem aumentando suas quantidades.

Estima-se que no Brasil a produção anual de lixo esteja em torno de 44 milhões de toneladas, sendo que esses resíduos em sua maioria não possuem um destino correto e vão parar em aterros sanitários inadequados e lixões. Nestes locais ocorre o processo anaeróbio de decomposição, gerando o metano e gás sulfídrico, além do chorume, que contém muitos poluentes, sendo o principal causador da contaminação dos rios e do lençol freático.

O tempo de decomposição de alguns materiais na natureza normalmente leva anos:

MATERIAL

TEMPO DE DEGRADAÇÃO

Aço

Mais de 100 anos

Alumínio

200 a 500 anos

Cerâmica

Indeterminado

Chicletes

5 anos

Cordas de nylon

30 anos

Embalagens Longa Vida

Até 100 anos (alumínio)

Embalagens PET

Mais de 100 anos

Esponjas

Indeterminado

Filtros de cigarros

5 anos

Isopor

Indeterminado

Louças

Indeterminado

Luvas de borracha

Indeterminado

Metais de equipamentos

Cerca de 450 anos

Papel e papelão

Cerca de 6 meses

Plásticos de embalagens

Até 450 anos

Pneus

Indeterminado

Sacos e sacolas plásticas

Mais de 100 anos

Vidros

Indeterminado

Para diminuir o acúmulo de dejetos em locais inadequados, a reciclagem torna-se uma medida importante, pois diminui a contaminação do ambiente e a extração de recursos não-renováveis. O processo de reciclagem não apresenta poluição zero, porém, polui menos.

Reciclar é diferente de reutilizar? Reutilizar é reaproveitar o material em outra função e reciclar é transformar materiais usados, por meio de processos artesanais ou industriais, em novos produtos.

O primeiro passo para a reciclagem do lixo é sua separação, que se não for feita adequadamente, dificulta a reciclagem e pode deixar esta cara ou poluente demais.

Para que se faça a separação adequada do lixo é importante conhecer o que pode ser reciclado:

PODE

NÃO PODE

Garrafa e pote de vidro

Vidro refratário de panela e travessa para microondas

Garrafa PET

Espelho

Sacola de plástico

Lenço de papel, papel higiênico, absorvente e fralda descartável

Papel e papelão

Louça

Filme plástico de embalagem

Barbeador descartável

Lata de aço

Papel carbono

Lata de alumínio

Esponja de aço

Isopor

Etiqueta adesiva

Tampa de aço de pote e de garrafa

Clipe e grampo

Papel alumínio e embalagem de marmitex

Cabo de panela

Embalagem longa vida

Tomada

Lâmpada incandescente e fluorescente

 

Apesar das inúmeras vantagens da reciclagem, o ideal é reduzir a quantidade de resíduos gerados. A reciclagem traz os seguintes benefícios:

·           Contribui para diminuir a poluição do solo, água e ar.

·           Melhora a limpeza da cidade, a qualidade de vida da população e forma uma consciência ecológica.

·           Prolonga a vida útil de aterros sanitários.

·           Gera empregos para a população não qualificada.

·           Gera receita com a comercialização dos recicláveis.

·           Estimula a concorrência, com a comercialização paralela aos produtos gerados a partir de matérias-primas virgens

 

3. ÓLEO

3.1. ESTRUTURA QUÍMICA

Os óleos e gorduras são lipídeos, fontes de energia, podendo ser utilizados na produção de ácidos graxos, glicerina, lubrificantes, biodiesel, além de inúmeras outras aplicações.

Os óleos vegetais são constituídos principalmente de triacilgliceróis, também chamados de "gorduras neutras" (> 95 %) e pequenas quantidades de mono e diacilgliceróis. Os triacilgliceróis são formados pela ligação de três moléculas de ácidos graxos com o glicerol, um triálcool de 3 carbonos, por ligações do tipo éster. Sua principal função é a de reserva de energia e eles são armazenados, principalmente, nas células do tecido adiposo e tecidos de reserva vegetal.

Triacilglicerol

Os óleos e gorduras são formados principalmente por ácidos graxos de cadeia longa, os quais são constituídos por átomos de carbono e hidrogênio (cadeia hidrocarbonada) e um grupo carboxila. São classificados de acordo com o tipo de ligação, sendo denominados de ácidos graxos saturados, quando apresentam ligações simples e insaturadas (monoinsaturados ou poli-insaturados) ocorrendo uma ou mais duplas ligações.

Os ácidos graxos podem se diferenciar pelo número de C, número e posição de duplas ligações na cadeia hidrocarbonada e pela configuração (cis ou trans). Aparecem na forma de ácidos graxos livres, em pequenas quantidades em óleos e gorduras ou na forma associada, com glicerídeos e não glicerídeos, chegando a representar até 96% do peso total dessas moléculas.

Com isso, a diferença entre o óleo e a gordura está em suas cadeias carbônicas. Os óleos são os triacilglicerídeos líquidos em temperatura ambiente (25ºC) e fornecem, por hidrólise, glicerina e ácidos graxos com uma ou mais insaturações. Já a gordura, os triacilglicerídeos sólidos em temperatura ambiente, fornecem, por hidrólise, glicerina e ácidos graxos de cadeia saturada longa.

      

Óleo                                                                 Gordura

 

3.2. IMPACTOS NA SAÚDE

A ingestão de grandes quantidades de lipídeos e de ácidos graxos trans pode alterar a concentração de LDL (lipoproteína de baixa densidade – “colesterol ruim”) e de HDL (lipoproteína de alta densidade – “colesterol bom”).

A LDL é responsável por transportar o colesterol (75 a 80%) depositando-os nas células e, em excesso, pode se depositar na parede das artérias, o que leva à formação de placas (aterosclerose). Estas placas causam diminuição da elasticidade e estreitamento das artérias e podem resultar em infarto, AVC, isquemia dos membros, entre outras. Já a HDL é responsável pelo trânsito de 20 a 25% do colesterol retirando seu excesso do organismo, inclusive das placas arteriais e transportando-os dos tecidos para o fígado, que se encarregará de descartá-los.

Ainda, o processo de fritura libera a molécula de glicerol e os ácidos graxos. O glicerol sofre a ação do calor, o que provoca a desidratação da molécula e forma uma substância chamada acroleína que é potencialmente cancerígena (mutagênica) e oxidante, destrói as fibras elásticas, irrita as mucosas gastrintestinal e nasal, danifica as artérias e acelera o envelhecimento da pele.

Os subprodutos gerados pelo aquecimento do óleo em repetidas frituras inibem as ações das enzimas pancreáticas, diminuindo o ritmo da digestão, causam irritação na mucosa gástrica, o que piora o estado de pessoas que têm gastrite.

 

3.3. IMPACTOS AMBIENTAIS

São diversos os impactos causados ao meio ambiente devido ao despejo inadequado do óleo de fritura, dentre esses impactos encontramos:

·           Entupimentos em caixas de gordura e tubulações;

·           Retenção de resíduos sólidos;

·           Poluição do lençol freático ou refluxo à superfície;

·           Formação de películas oleosas na superfície da água dificultando as trocas gasosas;

·           Morte de animais, vegetais e outros organismos;

·           Aumento do número de enchentes em áreas urbanas devido a impermeabilização do solo e

·           Metanização (transformação em gás metano) dos óleos contribuindo para o aquecimento global.

 

Para minimizar os impactos ambientais, o óleo comestível usado pode ser utilizado na fabricação de sabão, detergente, glicerina, resina para tintas, ração para animais, massa de vidraceiro, fertilizantes, asfalto e biodiesel.

 

4. SABÃO

Os sabões são substâncias com propriedades detergentes, que emulsificam as gorduras por possuírem uma parte hidrofílica (polar) e uma parte lipofílica ou hidrofóbica (apolar). São moléculas orgânicas, geralmente sais de ácidos graxos. A interação entre o detergente e a gordura resulta em uma estrutura conhecida como micela. O sabão atua na limpeza, pois diminui a tensão superficial da água e concentra as partículas de óleo ou gordura em micelas.

Os sabões são produzidos pela reação de saponificação, pela oxidação um ácido graxo de cadeia longa com uma base alcalina. Assim, os produtos utilizados para a fabricação do sabão comum são o hidróxido de sódio ou potássio (soda cáustica ou potássica), que será responsável pela formação da parte polar do sabão e óleos ou gorduras animais ou vegetais, que fornecem os ácidos graxos necessários para a ligação com a gordura que se deseja remover (parte apolar do sabão). A reação de saponificação ocorre desta forma:

Óleo                         +                        Soda           Glicerina         +          Sabão

 

RECEITA DE SABÃO

 

Materiais: 4 litros de óleo filtrado; 900 g de soda em escamas;1 litro de água; 1/2 copo de detergente; 1 recipiente de plástico grosso; 1 colher de pau; 1 forma.

 

Modo de preparo:

Colocar, com cuidado, a soda cáustica em recipiente de plástico grosso e adicionar a água à temperatura ambiente, aos poucos. Manter uma distância segura quando efetuar a mistura com a soda cáustica, pois o vapor resultante dessa mistura é muito forte e pode causar queimaduras.

Com a soda dissolvida adicionar o óleo, vagarosamente e sem parar de mexer. Quando estiver engrossado, adicionar o detergente, mexer cerca de mais 5 minutos e colocar em uma forma de plástico ou papelão. Após 2 dias, cortar os pedaços do sabão. Se o sabão ainda não estiver endurecido, esperar mais um dia para cortá-lo.

A função do detergente é apenas de auxiliar na formação de espuma. É importante colocar detergente e não sabão em pó, pois no caso da utilização para lavar louça, o sabão em pó pode deixar resíduos nocivos à saúde, enquanto o detergente é próprio para lavar louça e pode ser usado para lavar roupa. Não é necessário colocar álcool, pois além de encarecer a recita, este pode conter resíduos tóxicos para as pessoas. A função do álcool é acelerar a reação de saponificação, fazendo com que o sabão endureça mais rapidamente. Contudo, seguindo a receita o sabão endurecerá mesmo sem o álcool.

Ilustrações: Silvana Santos