Estamos sendo lembrados de que somos tão vulneráveis que, se cortarem nosso ar por alguns minutos, a gente morre. - Ailton Krenak
ISSN 1678-0701 · Volume XXI, Número 86 · Março-Maio/2024
Início
Cadastre-se!
Procurar
Área de autores
Contato
Apresentação(4)
Normas de Publicação(1)
Dicas e Curiosidades(7)
Reflexão(3)
Para Sensibilizar(1)
Dinâmicas e Recursos Pedagógicos(6)
Dúvidas(4)
Entrevistas(4)
Saber do Fazer(1)
Culinária(1)
Arte e Ambiente(1)
Divulgação de Eventos(4)
O que fazer para melhorar o meio ambiente(3)
Sugestões bibliográficas(1)
Educação(1)
Você sabia que...(2)
Reportagem(3)
Educação e temas emergentes(1)
Ações e projetos inspiradores(25)
O Eco das Vozes(1)
Do Linear ao Complexo(1)
A Natureza Inspira(1)
Notícias(21)
| Números
|
Entrevistas
Entrevista com Marcelo Gleiser (7a.
edição da revista eletrônica EDUCAÇÃO AMBIENTAL EM AÇÃO)
Por Berenice Gehlen Adams Apresentação: O entrevistado desta edição é Marcelo Gleiser, um cientista brasileiro de renome internacional. Assisti ao programa de entrevistas CONEXÃO, de Roberto D'Avila, e resolvi entrar em contato com o professor Marcelo a fim de receber informações sobre seus livros: A Dança do Universo, O Fim da Terra e do Céu e O Livro do Cientista (www.saraiva.com.br). Deste contato surgiu o convite para esta entrevista, que gentilmente foi aceito. Assim, tenho a honra de apresentar Marcelo Gleiser aos leitores e leitoras da Educação Ambiental em Ação. - A ciência é parte da sociedade, apesar de serem poucas as pessoas que têm acesso a ela. O senhor é um dos grandes incentivadores da divulgação da ciência para o público em geral. Como o senhor resumiria o papel da ciência para a educação de uma nação? Como sendo absolutamente fundamental. Nossas vidas dependem cada vez mais de tecnologias avançadas. Estas tecnologias, por sua vez, são resultado de pesquisas realizadas por cientistas e engenheiros. Uma sociedade ignorante da ciência e suas aplicações está fadada a ficar para trás. Este é o aspecto mais prático da questão. O mais espiritual é que a ciência também encara questões que todos nós fazemos, sobre nossas origens, nosso destino, e mesmo nossa função no cosmo e em nossas vidas. As pessoas têm um enorme apetite por estas questões, e a ciência pode ajudá-las a refletir sobre elas. - A ciência, como parte do processo cultural da humanidade, pode ter contribuído, de forma não explícita, na degradação ambiental? Sem dúvida. Afinal o primeiro inimigo das florestas foi também a primeira das "invenções", o fogo. A necessidade que temos de nos esquentar no inverno, de cozinhar nosso alimentos, de consumir energia para tantas coisas leva necessariamente à exploração do meio ambiente e à sua degradação. Mas não poria a culpa na ciência em si, mas nas políticas de exploração ambiental que, infelizmente, muitas vezes são controladas por grupos de interesse sem nenhuma preocupação ecológica. - Dentro do atual contexto cultural da humanidade, qual tem sido a contribuição da ciência para a melhoria da qualidade de vida e da preservação ambiental? Essa pergunta é extremamente vasta. É só pensar nas tecnologias associadas à medicina, dos antibióticos e vacinas à radiação como tratamento do câncer, nas telecomunicações, nos computadores e dvds, que vemos o impacto da ciência em nossas vidas. Quanto à questão ambiental, estão surgindo melhorias no uso da energia solar, eólia e mesmo de células de combustível, que acredito será a fonte de energia do futuro. Satélites ajudam a policiar as grandes queimadas na Amazônia, e por aí a fora. - Como o senhor vê a Educação Ambiental no que tange propiciar o desenvolvimento do senso crítico em relação às atitudes desfavoráveis (ou nocivas) ao meio ambiente, e qual seria a contribuição da ciência para a busca de uma consciência ambiental? Essa é uma importante questão. Os cientistas têm de educar a população quanto aos riscos ambientais. Em minhas colunas na Folha e meu livro Retalhos Cósmicos (uma coletânea de algumas delas) falo muito sobre isso. (Veja a do dia 30/11/03, por exemplo.) Uma população educada cientificamente estará mais preparada para tomar as decisões certas; desde de reciclar o lixo até votar em políticos que expressem uma preocupação com o assunto. - O homem já foi à Lua, engendrou centenas de milhares de inventos e pesquisas significativas como a mudança genética dos organismos, a bomba H. Como o senhor vê a questão da degradação ambiental dentro do contexto científico? Será possível mudar o curso da trajetória humana que possibilite uma reversão deste quadro ambiental? O grande problema não são os cientistas. São os industriais e os políticos que controlam a legislação ambiental. A política ambiental norte-americana é uma vergonha. Os cientistas vêm falando há décadas do efeito estufa, de quais serão as suas consequências. O problema é que os efeitos são gradativos e não imediatos. E, infelizmente, o homem só reage quando está sob pressão. Só espero que não seja tarde demais, como já dizem simulações em computadores. - Convido-o a deixar um recado para os leitores e leitoras da Educação Ambiental em Ação. Gosto do lema "Pense globalmente e atue localmente". Acho que o esforço deve partir de cada indivíduo. Afinal, a casa é de todos nós, e dos nossos filhos e seus descendentes. Temos o dever de preservá-la! Nós, Editores(as) e Colaboradores(as) da revista eletrônica Educação Ambiental em Ação agradecemos imensamente pela gentileza de conceder-nos esta entrevista. Muito Obrigada! "Marcelo Gleiser foi o primeiro brasileiro a receber o presidential faculty fellow award, uma bolsa de US$ 500 mil, diretamente concedida pelo então presidente dos EUA, Bill Clinton, devido a pesquisas em cosmologia e ensino. Além desta bolsa, Gleiser recebeu US$ 105 mil da NASA para estudo de possíveis fontes de ondas gravitacionais". |