Estamos sendo lembrados de que somos tão vulneráveis que, se cortarem nosso ar por alguns minutos, a gente morre. - Ailton Krenak
ISSN 1678-0701 · Volume XXI, Número 86 · Março-Maio/2024
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04/06/2014 (Nº 48) SUSTENTABILIDADE E O SEMIÁRIDO: UMA ANÁLISE NA PRODUÇÃO DE ÓLEO ATRAVÉS DA AMÊNDOA DA Orbignya phalerata Mart. NA COMUNIDADE DO SÍTIO MACAÚBA EM BARBALHA, CEARÁ
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SUSTENTABILIDADE E O SEMIÁRIDO: UMA ANÁLISE NA PRODUÇÃO DE ÓLEO ATRAVÉS DA AMÊNDOA DA Orbignya phalerata Mart. NA COMUNIDADE DO SÍTIO MACAÚBA EM BARBALHA, CEARÁ

 

 

Maria Eliana Vieira Figueroa1; Tiago Cartaxo de Lucena2

 

1.Graduanda Em Ciências Biológicas pela Universidade Regional do Cariri

e-mail: elianavfigueroa1@hotmail.com

2.Graduando em Geografia pela Universidade Regional do Cariri

e-mail: tiagoeafc@hotmail.com

 

RESUMO

A Orbignya phalerata Mart é uma espécie da família das palmáceas. A área de ocorrência dos babaçuais predomina em zonas de várzeas, junto do vale dos rios e, eventualmente, em pequenas colinas e elevações.

A Orbignya phalerata Mart é uma palmeira nativa encontrada nas regiões Nordeste, Norte e Centro Oeste, sendo o Nordeste a região de maior ocorrência, detendo a maior produção de amêndoas e área ocupada com cocais (CASTRO; BRAGA; MATA 2002; PORTO, 2004). Atualmente é considerado o maior recurso oleífero nativo do mundo, e um dos principais produtos extrativos do Brasil, contribuindo de maneira significativa para a economia de alguns estados da federação (BEZERRA, 1995; FERRERA, 1999).

O Óleo de é muito utilizado para fins alimentícios. Este óleo apresenta propriedades semelhantes ao óleo de dendê (ou palma), apresentando alto teor de ácido láurico. Óleo da Orbignya phalerata Mart tem várias aplicações, dentre as quais podemos destacar: indústria cosmética, alimentícia, sabões, sabão de coco, detergentes, lubrificantes, entre outras. De todos os óleos vegetais de uso industrial o óleo da Orbignya phalerata Mart tem o mais alto índice de saponificação e o mais baixo valor de iodo e refração, o que o qualifica para o preparo de pomadas cremosas. O referido trabalho irá realizar uma análise o processo extrativo deste óleo da amêndoa da Orbignya phalerata Mart em uma cooperativa situada na comunidade do Sítio Macaúba localizada na cidade de Barbalha Ceará com o intuito de verificar o desenvolvimento sustentável, a produção de renda e a convivência com o semiárido através do óleo e de alguns derivados no processo de reaproveitamento da matéria prima da Orbignya phalerata Mart.

Foi realizado através de abordagens nos teóricos no assunto trabalhado, em seguida, realizou uma visitação a cooperativa onde observou o processo de extração do óleo da amêndoa e seu armazenamento para a comercialização. Em relação aos cooperados, a análise se deu de forma qualitativa tendo através de questionamentos para obtenção de respostas em relação ao processo extrativo e a forma de reaproveitamento do fruto utilizado, e a questão da sustentabilidade da comunidade com a produção do material, seu consumo e conservação ambiental.

Após a analise feita na cooperativa de extração de óleo da amêndoa da Orbignya phalerata Mart, percebeu que além da obtenção do óleo para fins comestíveis e comerciais, é feita também com as cascas do fruto fonte de energia em forma de calor servindo como repelente contra insetos, como sua utilização se da de forma que é feito peças de cozinha como jogo americano, chaveiros, tapetes entre outros que aumenta a renda da cooperativa e assim melhorando a qualidade de vida das pessoas que vivem no campo.

 

INTRODUÇÃO

No mundo desenvolvido da atualidade, as abordagens para a mudança ambiental oscilam. A tradição cultural tem desempenhado papel na determinação do comportamento das pessoas em relação ao meio ambiente.

Embora as atividades destinadas a alterar o ambiente, na sua maioria tenham a intenção de ser benéfica do ponto de vista humano, o grau de inter-relação dos fenômenos naturais a que nos referimos,explica que mudanças inesperadas, ou até relações de cadeia, venham resultar daquilo que pretendia ser uma ‘’benfeitoria’’isolada.

A sustentabilidade é essencial para que o meio ambiente seja preservado, visto que ela depende de ações e atividades humanas elaboradas de forma a minimizar ou acabar com possíveis impactos à natureza. Portanto, sustentabilidade tem relação com desenvolvimento econômico, porque empresas de vários tipos influenciam na preservação ambiental a partir de suas ações.

desenvolvimento sustentável é a prática que possibilita o crescimento econômico necessário de forma a assegurar o desenvolvimento social e a preservação de recursos naturais. Isso acontece por meio de atitudes sustentáveis,  que podem ser aplicadas no dia a dia de corporações e até na rotina pessoal de cada indivíduo.

 A região semiárida nordestina é, fundamentalmente, caracterizada pela do bioma da caatinga, que constitui o sertão. O sertão nordestino apresenta clima seco e quente, com chuvas que se concentram nas estações de verão e outono.

A região sofre a influência direta de várias massas de ar que, de certa forma, interferem na formação do seu clima, mas essas massas adentram o interior do Nordeste com pouca energia, tornando extremamente variáveis não apenas os volumes das precipitações caídas, mas, principalmente, os intervalos entre as chuvas. No Semiárido chove pouco e as chuvas são mal distribuídas no tempo em pequenos intervalos. Portanto, o que realmente caracteriza uma seca não é o baixo volume de chuvas caídas e sim a sua distribuição no tempo.

 O Semiárido corresponde a 53% da área do Nordeste, e é uma zona sujeita a períodos cíclicos de secas. Estudos realizados sobre a distribuição de chuvas no globo terrestre atestam que essa aridez, é determinada pelo processo de circulação atmosférica global, exógeno à região, estabelecido, possivelmente, no final da era glacial, com efeitos avassaladores. A convivência com o semiárido implica em uma harmonia entre humanos e o meio ambiente, pois não se trata de tentar modificar suas características naturais, trata se de se adaptar se as mesmas.

Dessa forma, é a possibilidade de interação e aceitação com o meio ambiente que irá possibilitar uma reciprocidade entre os diversos seres vivos, para que se estabeleça um equilíbrio. “[...] da aceitação e do cuidado com o outro reconhecido em sua legitimidade enquanto outro da partilha, aquele com quem cada uma das partes da convivência estabelece laços de complementaridade e interdependência” (PIMENTEL, 2002, p. 193)

 

Como ainda é uma conceitual recente, o desenvolvimento sustentável necessita de maiores instrumentos que o faça evoluir com maior clareza e eficiência prática, já que é imprescindível como maneira de tentar minimizar as implicações da crise mundial e relação às classes sociais, encontrando soluções para as camadas menos abastadas que estão presentes em todo o mundo e convivendo promissoramente para os que já têm seu considerado modo de vida, principalmente aquelas comunidades  que convivem com o semiárido

Ao se falar em desenvolvimento logo é destacado o papel do Estado, perfazendo um arranjo basal na implementação das políticas que venham a constituir o desenvolvimento sustentável. Como ele é ainda o grande motivador de recursos, torna-se o maior responsável por conseguir ou não uma melhoria no nível de vida da população.

Dessa forma, as políticas públicas estiveram durante muito tempo vinculadas restritivamente às ações do Estado em grandes questões públicas (MEAD apud SOUZA, 2006), sendo englobadas nos estudos de ciência política sobre o assunto as ideias de racionalidade e grupos de interesse, influenciando na tomada de decisão.

Evita-se o uso de noções extremistas quanto à elaboração de políticas públicas tanto como sendo meramente estatal quanto excessivamente através de um campo de forças dos grupos interessados.

 

Admite-se uma relativa autonomia do Estado, permeável a influências externas de outras instituições e grupos sociais, enfatizando o papel da política pública na solução de problemas (SOUZA, 2006).

 

 

REFERENCIAL TEÓRICO

 

A Orbignya é uma espécie da família das palmáceas. A área de ocorrência dos babaçuais predomina em zonas de várzeas, junto do vale dos rios e, eventualmente, em pequenas colinas e elevações (MIC, 1982). Frutos ovais alongados, de coloração castanha, que surgem de agosto a janeiro, em cachos pêndulos. A polpa é farinácea e oleosa, envolvendo de 3 a 4 sementes oleaginosas.

A exploração se dá através da extração, a partir de plantas não cultivadas, em áreas de ocorrência natural. A Orbignya é o fruto de uma palmeira nativa da região norte do Brasil e que apresenta em seu interior várias sementes ou amêndoas de onde é extraído o óleo de coco babaçu. O babaçu é uma cultura extrativista, não havendo plantações comerciais. Do fruto apenas 6 a 8% são sementes.

A Orbignya é uma palmeira nativa encontrada nas regiões Nordeste, Norte e Centro Oeste, sendo o Nordeste a região de maior ocorrência, detendo a maior produção de amêndoas e área ocupada com cocais (CASTRO; BRAGA; MATA 2002; PORTO, 2004). Atualmente é considerado o maior recurso oleífero nativo do mundo, e um dos principais produtos extrativos do Brasil, contribuindo de maneira significativa para a economia de alguns estados da federação (BEZERRA, 1995; FERRERA, 1999).

Ele representa alta importância ecológica, social e política na qualidade de produto extrativo, envolvendo centenas de famílias nos estados onde se encontra (FRAZÃO, 1992). De acordo com Bezerra (1995), “a sua exploração é considerada a mais importante do extrativismo vegetal”.

O interesse pela exploração do babaçu concentra-se, atualmente, nas amêndoas que representam apenas 6% a 7% do peso total do fruto. Destas amêndoas é extraído o óleo, produto mais importante dentre os derivados da palmeira, podendo ser utilizado para fins culinários e industriais (BEZERRA, 1995; FERREIRA, 1999).

Os óleos vegetais brutos obtidos da primeira extração da semente oleaginosa possuem características físico-químicas que fogem dos padrões para o seu consumo imediato (OLIVEIRA, C., 2001).

Destas sementes são extraídos de 65 a 68% de um óleo de cor branca a levemente amarelada. Esta cor vai depender da temperatura, pois o óleo da Orbignya apresenta-se como uma gordura à temperatura ambiente. O óleo da Orbignya apresenta odor e sabor suave característico.

 

Os lipídios ocorrem em quase todos os tipos de alimentos, e a maioria deles (90%) é encontrada na forma de triacilgliceróis. Os ácidos graxos naturais presentes nos alimentos possuem cadeia linear e números pares de carbono, os quais podem ser saturados ou insaturados. Além dos triacilgliceróis, os alimentos também possuem outros tipos de lipídios, como fosfolipídios, glicolipídios, esfingolipídios, lipoproteínas, etc. (ARAÚJO, 1999).

O óleo da Orbignya possui ampla diversidade de ácidos graxos, mas são as altas concentrações dos ácidos láurico (40,0-55,0%), mirístico (5,2-11,0%), que favorecem a sua utilização em todo o mundo (CODEX ALIMENTARIUS, 2003; PORTO, 2004). Contêm ácidos insaturados em pequenas quantidades, o que faz com que os óleos pertencentes a esta família tenham um tempo de armazenamento muito grande (BOBBIO, 2003).

O óleo ou gordura da Orbignya bruto se caracteriza como óleo ou gordura obtido pelo processo de extração. Sendo que o óleo bruto deve ser submetido ao processo de refino para o consumo humano (BRASIL, 1999).

O Óleo de é muito utilizado para fins alimentícios. Este óleo apresenta propriedades semelhantes ao óleo de dendê (ou palma), apresentando alto teor de ácido láurico.

O Óleo da Orbignya tem várias aplicações, dentre as quais podemos destacar: indústria cosmética, alimentícia, sabões, sabão de coco, detergentes, lubrificantes, entre outras. A Orbignya é uma palmeira que pode ser utilizada para este fim, pois contém amido. De todos os óleos vegetais de uso industrial o óleo da Orbignya tem o mais alto índice de saponificação e o mais baixo valor de iodo e refração, o que o qualifica para o preparo de pomadas cremosas. O referido trabalho realizou uma analise o processo extrativo deste óleo da amêndoa da Orbignya em uma cooperativa situada na comunidade do Sítio Macaúba localizada na cidade de Barbalha Ceará com o intuito de verificar o desenvolvimento sustentável, a produção de renda e a convivência com o semiárido através do óleo e de alguns derivados no processo de reaproveitamento da matéria prima da Orbignya phalerata Mart.

 

DESENVOLVIMENTO

 

O referido trabalho teve início com uma análise do local onde se coleta o fruto por parte dos cooperados, onde dele se extrai o óleo para fins comerciais. Antes do inicio a investigação cientifica sobre o processo da sustentabilidade através do uso do óleo da amêndoa da Orbignya phalerata, foram realizados estudos bibliográficos sobre os teóricos que embasam suas pesquisas através da questão do desenvolvimento sustentável e suas perspectivas. Esse estudo foi feito durante todo o desenvolvimento do projeto.

Em seguida através de um questionário argumentativo, obtiveram-se informações e dados importantes sobre o processo da obtenção do produto e comercialização deste para fins lucrativos visando o desenvolvimento da comunidade e a sustentabilidade. Este trabalho utilizou o modelo de observação não participante ou observação passiva, na qual “o pesquisador entra em contato com a comunidade, grupo ou realidade estudada, mas sem integrar-se a ela” (LAKATOS; MARCONI, 1991, p. 193).

A fase de inspeção de campo foi definida em função dos objetivos da pesquisa. Assim, a fase consistiu no levantamento de dados aos quais forneceram segurança e inteireza à pesquisa, destacando-se a conjuntura histórica do extrativismo vegetal no Brasil e Ceará; o levantamento de produção da amêndoa do coco babaçu em diversas escalas espaciais e temporais (Brasil, Nordeste, Ceará, Barbalha), sua importância econômica e os condicionantes geoambientais para ocorrência local e regional do babaçu.

Além da questão da análise qualitativa, realizaram-se visitas ao local onde se encontra a cooperativa do óleo de coco babaçu e como também, as famílias que retiram do seu sustento através da obtenção e comercialização do óleo da amêndoa estudado para consumo sustentável onde visa diminuir ou até mesmo eliminar os impactos ao meio ambiente.

São atitudes positivas que preservam os recursos naturais, mantendo o equilíbrio ecológico em nosso planeta. Estas práticas estão relacionadas à diminuição da poluição, incentivo à reciclagem e eliminação do desperdício, tendo a sustentabilidade ambiental e ecológica como manutenção do meio ambiente do planeta Terra, mantendo a qualidade de vida, o meio ambiente em harmonia com as pessoas.

 

1. Localização do município de Barbalha-Ceará

 

Description: C:\Users\House\Desktop\280px-Ceara_Municip_Barbalha.svg.png

Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Barbalha

 

2. Cooperativa de produção do óleo de coco babaçu na comunidade do sítio Macaúba em Barbalha-Ceará

 

Fonte: Eliana Figueroa

 

3. Imagens da amêndoa e do coco babaçu

 

Description: C:\Users\House\Desktop\Fotos babaçu 005.jpg

Fonte: Google imagens

 

 

 

4. Composição química da amêndoa da Orbignya phalerata Mart.

 

Componentes

Participação/peso

Carboidratos

Cinzas

Fibras

Óleo

Proteína

Umidade

12,10

2,30

 6,90

66,20

7,80

4,70

Total

100,00

Fonte: Adaptado de Vivacqua (1954) apud Santos (1979)

 

 

RESULTADOS OBTIDOS

 

Com base na análise do processo de produção do óleo e sua comercialização, foi obtido os seguintes resultados que serão definidos em tabelas e gráficos que serão citados a seguir.

 

Tabela 01: quantidade de óleo produzido

 

Semanalmente

 

8 à 10 litros

 

Mensalmente

 

30 á 40 litros

Fonte: associação das mulheres rurais do Sitio Macaúba

 

Com base na tabela acima durante a semana em que a cooperativa esta ativa, são produzidos e torno de oito á dez litros de óleos durante a semana e que mensalmente, são produzidos entre trinta a quarenta litros de óleo da amêndoa. Esse processo é realizado através da utilização dos maquinários onde existe na cooperativa uma máquina que se utiliza para cortar o fruto, outra máquina que se utiliza para separação das amêndoas e logo após a separação desta, é colocada em um recipiente de metal onde será aquecida sendo realizado seu cozimento.

Tendo feito isto, as amêndoas pré-cozidas passam para uma máquina em que a mesma irá retirar o produto principal que é o óleo. Diante do processo de produção, foram obtidas informações sobre o rateio do lucro pela comercialização do óleo que é definido valores aproximados por produção.

 

Gráfico 01: Rateio do lucro pela comercialização do óleo

Fonte: associação das mulheres rurais do Sitio Macaúba

 

O óleo é comercializado ao preço unitário de quinze reais, onde deste, é rateado entre as cooperadas e a manutenção da cooperativa sendo que a cada litro de óleo produzido é retirado dois reais para cada cooperada (que são sete cooperadas que fazem o trabalho da obtenção do óleo de coco na associação das mulheres rurais do Sitio Macaúba) e um real para a cooperativa (pagamento de energia, água e limpeza do local).

 

Gráfico 02: Material produzido com a casca do fruto da Orbignya phalerata

Fonte: associação das mulheres rurais do Sitio Macaúba

                                                      

                 Como o é óleo produzido na associação, as cascas do fruto são utilizadas para outros fins como mostra no gráfico acima onde temos ilustrados os materiais que são confeccionados e vendidos para turistas da região. São feitos mensalmente em torno de trinta peças de jogo americanos; sessenta e cinco peças de bijuterias entre elas se destacam brincos e colares; quarenta e cinco copos personalizados; treze cortinas artesanais e em torno de seis luminárias. Esses materiais são vendidos pelas cooperadas para pessoas que fazem a distribuição deste material para a região do cariri chegando até a região sudeste nos estados de São Paulo e Rio de Janeiro (fonte empírica das cooperadas da associação).

               Além da produção de materiais, a casca também e vendida para engenhos de cana de açúcar situados em comunidades aproximadas da cidade de Barbalha em que é utilizada como fonte de energia para a produção de álcool etílico e rapadura. A sobra do produto das amêndoas em que foi retirado o óleo para a comercialização é atribuída para a produção de ração bovina e de galináceos que são utilizadas nas famílias locais que possuem criação pequena de gado e galinhas para a produção de leite e ovos onde são comercializados ali mesmo no local.

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

                Com base no trabalho realizado conclui-se que a mobilização participativa da associação das mulheres rurais do Sitio Macaúba se realiza a partir do reconhecimento de sua importância na atividade de exploração do coco babaçu e do seu papel na manutenção do estoque natural e preservação dos seus modos de vida. Nesse sentido, a implementação de políticas públicas que tenham como princípios a manutenção da biodiversidade das áreas de babaçuais e a segurança socioeconômica das famílias rurais do município que, em comum, dependem do coco para sua manutenção de vida, faz-se pertinente ao sistema produtivo do babaçu onde desenvolvimento sustentável se notifica  com base no desenvolvimento capaz de suprir as necessidades da geração atual, sem comprometer a capacidade de atender as necessidades das futuras gerações.

                 É o desenvolvimento que não esgota os recursos para o futuro. Tendo em vista que tudo é reaproveitado, os impactos ambientais não se retratam com ênfase na comunidade e que se observa que as pessoas não necessitam de se deslocar para outros ambientes em busca de sobrevivência perfazendo seu sustento no seu local de origem e por fim, concretiza-se que a produção do óleo da amêndoa da Orbignya phalerata Mart na comunidade da zona rural do município de Barbalha, Ceará através do cooperativismo, se satisfaz onde as pessoas que realizam a produção do material comercializado têm seu sustento garantido mantendo o homem no campo de forma sustentável sem agredir o ambiente.

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

 

BEZERRA, O.B. Localização de postos de coleta para apoio ao escoamento de produtos extrativistas: um estudo de caso aplicado ao babaçu. 1995. Dissertação (Mestrado em Engenharia). Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC, Florianópolis, 1995.

BOBBIO, F. O.; BOBBIO, P.A. Introdução à química de alimentos. 3 ed. São Paulo: Varela, 2003

BRASIL. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). Resolução RDC n° 482, de 23 de setembro de 1999. Aprova o Regulamento Técnico: “Fixação de Identidade e Qualidade de Óleos e Gorduras Vegetais”. Disponível em: . Acesso em: junho de 2013

CODEX ALIMENTARIUS. Codex Standard for Named Vegetable Oils. CODEX STAN 210 (Amended 2003). Codex Alimentarius, Roma: FAO/WHO, 2003

FERREIRA, M.E.M. Modelos log-normal e markoviano para estudo da evolução de abundância em uma floresta de babaçu. 1999. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção). Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, maio, 1999.

CASTRO, A.A.; BRAGA, M.E.D.; MATA M.E.R.M.C. Comportamento reológico do azeite de coco babaçu em diferentes temperaturas. Revista Brasileira de Oleaginosas e Fibrosas. Campina Grande: EMBRAPA-CNPA, v.6, n.1, jan./abr. 2002.

FRAZÃO, J.M.F. Diagnóstico da pesquisa agro florestal do babaçu na última década. In: WORKSHOPBABAÇU: alternativas políticas, sociais e tecnológicas para o desenvolvimento sustentável. Anais. SãoLuís: EMAPA, 1992

www.ibge.gov.br/cidadesat/painel/painel.php?codmun=230190 acesso em maio de 2013

LAKATOS, E.M., MARCONI, M. de A. Fundamentos de metodologia científica. 3.ed. São Paulo: Atlas,1991.

MEAD, L. M. apud SOUZA, C. Políticas Públicas: uma revisão da literatura. Porto Alegre: Sociologias, ano 8, nº 16, jul/dez. 2006, p. 20-451991.

PIMENTEL, Álamo. O Elogio da Convivência e suas Pedagogias Subterrâneas no Semi-árido Brasileiro. (Tese de Doutorado). Porto Alegre: UFRGS, 2002.

Ilustrações: Silvana Santos