Estamos sendo lembrados de que somos tão vulneráveis que, se cortarem nosso ar por alguns minutos, a gente morre. - Ailton Krenak
ISSN 1678-0701 · Volume XXI, Número 86 · Março-Maio/2024
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04/06/2014 (Nº 48) PRODUÇÃO DE RECURSO AUDIOVISUAL, COMO FERRAMENTA PEDAGÓGICA NA EDUCAÇÃO AMBIENTAL APLICADA
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Título

PRODUÇÃO DE RECURSO AUDIOVISUAL, COMO FERRAMENTA PEDAGÓGICA NA EDUCAÇÃO AMBIENTAL APLICADA

 

Euclides Ferreira de Albuquerque¹

 

¹ Biólogo (UECE), Pós-graduando em Educação Ambiental e Sustentabilidade

(UCAM), Analista Ambiental IBAMA.  euclidesfa@hotmail.com

 

 

 

 

RESUMO

 

 

 


A lagoa de Maracanaú, localizada no centro do município, na CE-451, contrasta a presença de uma rica biodiversidade com sérios impactos ambientais, decorrente das diversas atividades antrópicas desenvolvidas no seu entorno. Visando a produzir um vídeo sobre as características socioambientais da lagoa de Maracanaú, direcionado aos alunos da 7° série do ensino fundamental da cidade, foram realizados levantamentos de dados em campo, verificando os principais problemas, com a finalidade de produzir um vídeo amador, que servisse de base para a produção de outros vídeos por alunos das escolas da região. Os resultados mostraram um ecossistema com sérios problemas ambientais, decorrentes da destruição de sua mata ciliar, edificação dentro da área de preservação permanente além da descarga de esgoto e acúmulo de lixo, causando poluição na lagoa, e prejudicando o lazer e o aspecto paisagístico. Este trabalho foi disponibilizado à Secretaria de Meio Ambiente de Maracanaú, com o intuito de contribuir com políticas públicas para a educação ambiental.

 

Palavras-chave: Recursos hídricos. Ecologia. Educação ambiental.

 

 

1 INTRODUÇÃO

 

A metodologia da utilização de vídeos nas escolas constitui um fator preponderante para fixação do aprendizado e para divulgação de vivências práticas, para uma maior sensibilização dos estudantes, pois a dinamicidade da produção audiovisual incrementa a percepção dos alunos, atraindo-lhes a atenção para conceitos e contextos ainda não incorporados e uma maior valorização das regiões abordadas na produção. Os vídeos podem gerar maior interesse, desenvolver mais a criatividade, a comunicação e a interação com outros colegas e com outras escolas. Além disso, poderão também dar aos alunos uma visão mais concreta sobre determinados assuntos (MORAN, 2009).

Assim, um vídeo sobre um ecossistema aquático próximo à escola contribuirá para o aprendizado de conteúdos vivenciados em sala de aula, com maior estímulo à curiosidade dos alunos, despertando-lhes a motivação e aumentando-lhes a percepção ambiental, havendo a necessidade de que sejam observados diversos fenômenos naturais e antrópicos, abordando diferentes aspectos, como a flora, a fauna e as características sociais.

Dessa forma, é possível que ocorra o envolvimento dos alunos na busca por soluções para os problemas ambientais, possibilitando a eles imaginarem novas formas de utilização do local, salientando a necessidade de conservação do recurso hídrico.

A lagoa de Maracanaú, cujo nome homenageia a cidade onde está localizada, e que tem grande importância para a história desta, ainda apresenta significativa biodiversidade, apesar de ter séria degradação ambiental (MARACANAÚ, 2010). Esse manancial foi analisado através de levantamentos em campo, que resultaram na produção de um vídeo amador, retratando, sob o ponto de vista ambiental, suas peculiaridades, abordando um conteúdo que pode ser utilizado como base para aulas de campo que tenham como finalidade a produção de vídeos amadores pelos alunos sobre os recursos hídricos da cidade.

 

2. REFERENCIAL TEÓRICO

 

2.1 PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS

 

A utilização das novas tecnologias na educação está muito defasada em relação ao seu uso científico no Brasil e também em nível internacional. Porém, espera-se, conforme os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs), que as tecnologias específicas de cada área venham a ser incorporadas no seu processo ensino/aprendizagem (TEODORO; VEIT, 2002).

Nesse sentido, deve-se notar que os conhecimentos oriundos dos meios de comunicação sobre os problemas ambientais são importantes, mas, em muitos casos, não transmitem informações e conceitos científicos sobre o tema. Como exemplo disso, há o emprego de ecologia como sinônimo de meio ambiente e a difusão de visões distorcidas sobre a questão ambiental. Por esse motivo, a escola tem papel fundamental em dar visão crítica sobre determinados conceitos (BRASIL, 1998b).

A proposta transversal dos PCNs apresenta a preocupação de que a prática pedagógica venha a expressar a perspectiva política, social e cultural de nossa sociedade, abrindo um espaço de diálogo em sala de aula onde juntos professores e alunos sejam incentivados a discutir e se posicionar (RODRIGUES; RODRIGUES, 2001).

Conforme os PCNs é possível ampliar o conhecimento sobre a diversidade da vida nos ambientes naturais ou transformados pelo ser humano, estudar a dinâmica da natureza e como a vida se processa em diferentes espaços e tempos, tendo em vista uma reconstrução crítica da relação homem/natureza (BRASIL, 1998b).

Todas as áreas presentes no ensino fundamental apresentam claras conexões com o Meio Ambiente. Um exemplo disso ocorre com as Ciências Naturais, como o fato delas promoverem educação ambiental em todos seus eixos temáticos, de reconhecerem o ser humano como parte integrante da natureza, relacionando a ação deste às mudanças nas relações entre os seres vivos e à alteração dos recursos e ciclos naturais. Essas conexões são notadas também quando essas Ciências abordam os limites desses recursos e as alterações nos ecossistemas, apontando para o futuro do planeta, da vida e para a necessidade de planejamento em longo prazo (BRASIL, 1998b).

As conexões mostram também, que os desgastes ambientais estão ligados ao desenvolvimento econômico e correlacionados a fatores políticos e sociais. Tais conexões servem de base para o desenvolvimento sustentável, além de analisar soluções tecnológicas possíveis para a agricultura, manejo florestal, diminuição do lixo, reciclagem de materiais, ampliação do saneamento básico e de controle da poluição (BRASIL, 1998b).

Por meio das análises de dados obtidos em pesquisas de campo, pode-se observar a importância das metodologias alternativas favoráveis a diversificação do material didático utilizado em sala de aula (CASTRO; MAGALHÃES, 1979).

Os conhecimentos oriundos das análises devem contribuir, também, para que o cidadão seja capaz de usar o que aprendeu ao tomar decisões de interesse individual e coletivo, no contexto de um quadro ético de responsabilidade e respeito que leve em conta o papel do homem na biosfera (KRASILCHIK, 2008). 

 

 

2.2 EDUCAÇÃO AMBIENTAL

 

A relação da sociedade com os recursos naturais tem sido caracterizada por um uso indiscriminado destes, o que está gerando uma crise do modo de produção denominada de “crise ambiental”. Assim, a Educação Ambiental pode ser definida como uma estratégia para uma tentativa de reversão desta crise. (DIÓGENES; ROCHA, 2009).

De um modo geral, a educação tem grande importância para a melhoria da qualidade de vida, pois tenta implantar soluções efetivas para os problemas ambientais, o que pode melhorar as condições de sobrevivência (SATO; SANTOS, 1999). A Política Nacional de Meio Ambiente visa implementar essas soluções, capacitando os alunos para o exercício da sua cidadania ativa, com foco na defesa do meio ambiente, estimulando a formação de uma consciência sobre a qualidade ambiental e o equilíbrio ecológico dos diferentes ecossistemas (BRASIL, 1981).

Os diversos conceitos e abordagens sobre educação ambiental coincidem na intenção de renovar o ser humano, com seres mais integrados à natureza e a si mesmo e que diferirem em si no caminho e na forma de se construir o processo educacional (MEDEIROS; SATO, 2009).

Os conceitos foram formulados com contribuições das resoluções e propostas geradas em vários ambientes, tais como: Conferência das Nações Unidas sobre o Ambiente Humana; Conferência de Estocolmo, em 1972; Conferência de Belgrado organizada pela UNESCO, em 1975, que também em parceria com o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), organizou a I Conferência Intergovernamental sobre Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis e Responsabilidade Global, ambas geradas no âmbito da Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e Desenvolvimento (CNUMAD) ou ECO-92, no Rio de Janeiro, e a Declaração de Tessalônica, apresentada na Grécia, em 1997, documentos considerados primordiais para revisão de literatura sobre o assunto (MEDEIROS; SATO, 2009).

Assim, a educação ambiental possibilita que o indivíduo e a coletividade construam valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade. O dever da promoção dessa educação, de maneira integrada aos programas educacionais, compete às instituições educativas, tendo por base as abordagens humanistas, holísticas e democráticas; com a concepção do meio ambiente em sua totalidade, considerando a interdependência entre o meio natural, o sócio-econômico e o cultural, sob o enfoque da sustentabilidade; com a vinculação entre a ética, a educação, o trabalho e as práticas sociais (BRASIL, 1999).  

Dentre os objetivos fundamentais dessa modalidade educativa, identificam-se o desenvolvimento de uma compreensão integrada do meio ambiente em suas múltiplas e complexas relações, envolvendo aspectos ecológicos, psicológicos, legais, políticos, sociais, econômicos, científicos, culturais e éticos; o estímulo e o fortalecimento de uma consciência crítica sobre a problemática ambiental e social; o incentivo à participação individual e coletiva, permanente e responsável, na preservação do equilíbrio do meio ambiente, entendendo-se a defesa da qualidade ambiental como um valor inseparável do exercício da cidadania; o fomento e o fortalecimento da integração com a ciência e a tecnologia (BRASIL, 1999).

O processo educacional busca a integração entre os meios biológicos e sociais, na tentativa da conservação do conhecimento local e de nossa diversidade (OLIVEIRA JÚNIOR; SATO, 2009).

Por outro lado, a ignorância ou informação inadequada fazem com que a maioria das pessoas não entenda a íntima relação entre as atividades humanas e o ambiente. Por esse motivo, é muito importante sensibilizar as pessoas e envolvê-las nos problemas ambientais para se buscar soluções efetivas para o desenvolvimento e planejamento ambiental (SATO; SANTOS, 1999).

Portanto, decisões precisam ser tomadas com urgência, pois a necessidade de preservação do meio ambiente está se tornando uma questão de sobrevivência (ALMEIDA; OLIVEIRA, 2007).

O indivíduo do futuro deve pensar de uma maneira emancipatória, o que o fará conceber novas formas de reapropriação do mundo. Essas reflexões são concebidas através das Ciências Ambientais, que podem ser abordadas de diversas maneiras, sendo a escola responsável pela promoção da Educação Ambiental, pois é um espaço privilegiado para realizá-la, sendo um local de produção e construção de conhecimentos (ALMEIDA; OLIVEIRA, 2007; CAMARGO; UMETSU, 2009).

Segundo Sato e Santos (1999), o processo educacional pode despertar a preocupação ética e ambientalista dos seres humanos, modificando os valores e as atitudes, propiciando a construção de habilidades e mecanismos necessários ao desenvolvimento sustentável. A utilização de material educativo pelos alunos sobre uma realidade comum ao mesmo pode propiciar a construção dessas habilidades e de mecanismos que promovem a alfabetização ecológica e a cidadania ambiental de educando, educadores e demais segmentos da comunidade escolar.

Acredita-se que a possibilidade de apresentação de fenômenos próximos à realidade do aluno tem grande importância para o processo de ensino aprendizagem das temáticas ambientais no ambiente escolar. A utilização de métodos que apresentem ambientes naturais próximos à realidade dos alunos é uma forma de apresentar fenômenos naturais, culturais, sociais e econômicos. Essa experiência possibilita ao aluno, com a orientação do professor, considerar a totalidade dos diversos elementos envolvidos em certo fenômeno durante a formulação de suas hipóteses frente às questões levantadas por ele ou por seu professor (FONSECA; CAUDEIRA, 2008).

Na abordagem de bacias hidrográficas no contexto escolar é necessário que as mesmas sejam unidades representativas próximas à realidade vivida pelo educador e por seus alunos. Além disso, é muito importante que a bacia hidrográfica escolhida para ser trabalhada seja inteiramente conhecida e detalhada, o que requer conhecimento técnico e científico em relação aos aspectos biofísicos e antrópicos, tais como o relevo, áreas permeáveis e impermeáveis, densidade de ocupação humana, impactos antrópicos, etc. Para isso, devem ser conhecidos levantamentos geográficos e demográficos da região sobre solos, geologia e rede hídrica (RUFFINO; SANTOS, 2002 apud BERGMANN; PEDROSO, 2008).

 

2.4 UTILIZAÇÃO DE VÍDEOS NA PRÁTICA PEDAGÓGICA

 

A tecnologia educacional confunde-se com a própria educação no momento em que incorpora os elementos humanos no processo de avançar na apropriação dos conhecimentos no preparo do educando para lutar por uma vida social mais digna e justa (LUCKESI, 1993).

O processo educativo deve ser contínuo e permanente, utilizando, além dos recursos tradicionais, também os tecnológicos à disposição no mundo moderno. Como exemplo disso, há o vídeo, que se tornou elemento ativo de integração em todas as atividades desenvolvidas no âmbito educacional (LIMA, 1996).

Os vídeos podem trazer grande potencial à prática pedagógica. Acredita-se que o uso de mídias presentes em nosso cotidiano seja uma proposta capaz de contemplar o uso inteligente dos recursos disponíveis na escola, a diversidade de interesses e conhecimentos nas mais diversas áreas, tornando as aulas mais interessantes e os alunos mais estimulados (MARTINS, 2006).

Porém, não se pode apresentar um vídeo para substituir a fala do professor sobre um determinado assunto. É preciso propor a leitura reflexiva desses meios, em um determinado contexto, com sua linguagem peculiar, sua manifestação cultural, bem como possibilitar o espaço da criação usando essa linguagem, extrapolando o papel passivo da recepção da imagem e do som. Soma-se a isso a possibilidade de criar o diálogo entre as diferentes mídias, comparando-se características e informações obtidas em cada uma delas (PEREIRA, 2008).

A sensibilidade dos jovens é facilmente atingida através das linguagens de vídeos. A forma dinâmica do material facilita o interesse por assuntos novos, fazendo com que o vídeo seja um grande instrumento de comunicação e de produção, além disso, pode ser produzido até mesmo por celulares e divulgados com grande facilidade na internet. Nesse aspecto de produção, os computadores e celulares apresentam grande importância, por exemplo, os vídeos podem ser facilmente produzidos por alunos e serem editados sem muitas complicações, utilizando programas básicos de computador. Por outro lado, os vídeos podem ser utilizados em todas as etapas do processo de ensino e aprendizagem, podendo desenvolver o desejo de pesquisa nos alunos. Também podem ser usados para tornar mais próximos temas distantes do cotidiano. O professor, a partir da utilização desse recurso, pode gerar questionamentos, debates, levantamento de sugestões do grupo, estudo dirigido para verificação da compreensão e da habilidade de transferir conhecimentos recebidos para novas situações (MORAN, 2009).

No entanto, é importante que os alunos sejam preparados antes da exibição de vídeos, para que se atentem aos assuntos pertinentes à aula e que encontrem no filme semelhanças com a realidade em que vivem (VENDITTI JÚNIOR et al., 2009).

 

 

 


3. MÉTODO  

 

3.1 LOCAL DE ESTUDO

 

A pesquisa foi desenvolvida na lagoa de Maracanaú (Figura 1), localizada no centro do município, na CE-451 (latitude: 03°52'14”S; longitude: 038°37'41.71”W), a poucos metros de três escolas públicas: o Colégio Liceu Estadual de Maracanaú, o Liceu Municipal de Maracanaú e o Instituto São José.

A área da lagoa de Maracanaú estar protegida por legislação municipal, Lei no 733 de 13 de julho de 2000, em seu Art. 28, VII, a qual inclui todas as lagoas do município como Setor de Proteção dos Recursos Hídricos (MARACANAÚ, 2000).

 

3.2 DESENVOLVIMENTO DA PESQUISA

 

A pesquisa é do tipo exploratória de campo, pois foi uma investigação empírica visando à formulação de questões, com a finalidade de clarificar conceitos (MARCONI; LAKATOS. 1996).

Em campo foram pesquisadas as principais características ambientais da lagoa e as suas peculiaridades históricas, as quais foram abordadas em um vídeo amador, com o intuito de construir uma metodologia básica, para produção de vídeos amadores por alunos da educação básica do município, visando à apresentação de determinada realidade a partir dos pontos de vistas de diferentes alunos.

Após isso definiu-se a sinopse do vídeo: A lagoa de Maracanaú no contexto ambiental, elaborou-se um roteiro simplificado, utilizando-se da pesquisa acima citada.

Foram filmados os arredores da lagoa e do espelho d’água, utilizando uma câmera de vídeo digital amadora. Em seguida, foi feita a seleção das imagens mais representativas e a produção do áudio na própria câmera, descrevendo-se as principais características ambientais da lagoa, em conformidade com as imagens captadas.

Após o material escolhido ter sido passado para o computador, utilizando-se de um programa simples (Windows Movie Maker), foi feita a edição em forma de documentário, incluindo-se o áudio, que abordou fatores como localização, função, importância, contextualização histórica, ocupação urbana, despejo de lixo, crescimento de plantas aquáticas no espelho da água, perda da biodiversidade, pesca artesanal, principais problemas ambientais envolvendo a lagoa e efeitos das ações humanas sobre a biota.

 

4 RESULTADOS  E DISCUSSÃO

 

Como resultado do trabalho proposto foi possível verificar que a lagoa de Maracanaú teve a maior parte sua mata ciliar destruída, restando apenas alguns exemplares de vegetação nativa.

Segundo Almeida (2005), a mata ciliar predominante nas lagoas do município é constituída principalmente de carnaúba, apresentando porte e fisionomia de vegetação seca da caatinga principalmente no período de estiagem e nela também pode ser encontrado o mulungu (Erythrina velutina), o juazeiro (Zizyphus joazeiro) e a oiticica (Licania rigida). O autor também salienta que a lagoa de Maracanaú é uma das que apresenta a mata ciliar mais degradada.

A Lei N° 12.651/12, o Código Florestal, define as margens de lagoas como Áreas de Preservação Permanente, conferindo regime  especial de preservação às formações vegetais incluídas em seus limites. (BRASIL, 2012). Já a Lei N° 9.605/98, Lei dos Crimes Ambientais, Art. 38 (BRASIL, 1998a), cita que destruir ou danificar floresta considerada de preservação permanente, mesmo que em formação, ou utilizá-la com infringência das normas de proteção é considerado crime ambiental punido com detenção de um a três anos, ou multa, ou ambas as penas cumulativamente. Aparentemente esses dois instrumentos legais estão sendo desrespeitados, pois foi verificada a presença de residências possivelmente irregulares na área de preservação permanente da lagoa.

Quanto à qualidade da água da lagoa de Maracanaú, foram observados problemas relacionados com a descarga de esgoto e acúmulo de lixo causando a poluição da água da lagoa, prejudicando o lazer e o aspecto paisagístico.

Em estudo realizado pela Secretaria de Meio Ambiente do município (MARACANAÚ, 2010) para verificar a qualidade da água da lagoa, os resultados mostraram que, devido à poluição, a mesma se encontrava imprópria para a balneabilidade.

Em relação à flora e fauna existente na lagoa de Maracanaú, o levantamento realizado pela Secretaria de Meio Ambiente do município (MARACANAÚ, 2010) mostrou razoável variedade de espécies arbóreas, herbáceas, de peixes, aves, répteis e mamíferos, conforme pode ser observado nos. Muitas dessas espécies puderam ser observadas no processo de produção do documentário.

As pesquisas mais recentes (MARACANAÚ, 2010) revelaram um ambiente poluído, no entanto verificou-se que ainda ocorre na lagoa à pesca de subsistência, fonte de proteína de alta qualidade e, em alguns casos, de renda.

Vale salientar que no entorno da lagoa ocorreram vários eventos históricos muito significativos para a cidade (ALMEIDA, 2005; MARACANAÚ, 2010), dentre os quais, destaque para construção da Rede Ferroviária Federal em 1875 e da antiga estação de trem de Maracanaú, epicentro do processo de povoamento e urbanização da cidade. Tais fatos, segundo Santos (1998), foram fundamentais para conservar o antigo povoado e impulsionar o crescimento da cidade.

Embora apresente vários problemas decorrentes das atividades antrópicas, a lagoa de Maracanaú ainda apresenta um belo cartão postal.

Este trabalho e o vídeo produzido foram disponibilizados à Secretaria de Meio Ambiente de Maracanaú, com o intuito de trazer alguma contribuição às políticas públicas municipais para a educação ambiental.

 

 

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

 

 

A lagoa de Maracanaú é um ecossistema de grande importância para a comunidade local, porém verificou-se descaso em relação a sua preservação e/ou exploração, seja do próprio manancial, seja dos seus arredores.

A atividade pesqueira ocorre frequentemente, no entanto a qualidade da água da lagoa é imprópria para o lazer.

Novas pesquisas, nesse caso, desenvolvidas por alunos da educação básica, com orientação de seus professores, que envolvesse a produção de vídeos amadores sobre outros recursos hídricos do município de Maracanaú, seriam de grande importância para o processo de Educação ambiental dos alunos, relacionado à ação antrópica.


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Ilustrações: Silvana Santos