Estamos sendo lembrados de que somos tão vulneráveis que, se cortarem nosso ar por alguns minutos, a gente morre. - Ailton Krenak
ISSN 1678-0701 · Volume XXI, Número 86 · Março-Maio/2024
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04/06/2014 (Nº 48) PRÁTICAS DE INCENTIVO À SUSTENTABILIDADE ATRAVÉS DA EDUCACÃO AMBIENTAL NA ESCOLA ESTADUAL MERCEDES NERY MACHADO EM JUIZ DE FORA – MG
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PRÁTICAS DE INCENTIVO À SUSTENTABILIDADE ATRAVÉS DA EDUCACÃO AMBIENTAL NA ESCOLA ESTADUAL MERCEDES NERY MACHADO EM JUIZ DE FORA – MG

PRACTICES ENCOURAGING SUSTAINABILITY THROUGH ENVIRONMENTAL EDUCATION IN THE STATE SCHOOL NERY MERCEDES MACHADO IN JUIZ DE FORA – MG

 

 

Bruno Conde Esteves

Mestre e Doutorando em Ecologia – PGECOL / UFJF

bcondebio@hotmail.com

 

Andrea Esteves Martins

Bióloga - UFJF, Pós Graduada em Gestão Ambiental Urbana- UFJF e Professora de Biologia da Escola Estadual São Vicente de Paulo

aembiol@hotmail.com

 

Arthur Dias Costa

Graduando em Ciências Humanas – UFJF

arthur.dias.costa@gmail.com

 

Ester Maiolini Ribeiro

Graduanda em Ciências Biológicas – UFJF

estermaiolini@hotmail.com

 

Amanda Surerus Fonseca

Graduanda em Ciências Biológicas – UFJF

mandinhasurerus@gmail.com

 

 

Resumo

A escola é um dos locais onde deve ocorrer a disseminação de atitudes e saberes com relação às questões relacionadas ao meio ambiente, contribuindo para desenvolver uma mudança de comportamento na sociedade. O envolvimento dos diversos setores da sociedade e, em especial, o escolar, através de projetos de educação ambiental, constitui uma ferramenta na busca de soluções para conscientização e a minimização dos problemas ambientais para a manutenção da boa qualidade de vida para a população e garantia de continuidade para a natureza. Em função disso foi executado um trabalho na Escola Estadual Mercedes Nery Machado, visando o envolvimento e conscientização de toda a comunidade escolar a cerca da conservação do meio ambiente através de práticas ecológicas que visam a solidariedade com a natureza. Assim os alunos, bem como toda a comunidade escolar, promoveram a multiplicação e defesa do patrimônio ambiental.

Palavras-chave: Meio Ambiente, Desenvolvimento Sustentável, Preservação, Educação Ambiental

Abstract

School is one of the spots where must occur the dissemination of attitudes and knowledge with regard to issues related to the environment able to develop this behavior change in the society. The involvement of the society diverse branches and, specially, the school, through environmental education projects, will be able to create a useful tool to find out solutions for the conscientization and minimization of the environmental matters for the population quality life maintenance and the guarantee of continuity for nature. As a result, work was executed in the State School Nery Mercedes Machado, seeking the entire school community’s involvement and conscientization about the conservation of the environment through green practices aimed at solidarity with nature. So students and the entire school community promoted the multiplication and protection our environmental heritage as well.

Keywords: Environment, Sustainable Development, Conservation, Environmental Education.

 

 

Introdução

O crescimento urbano desordenado, acompanhado das mudanças bruscas na paisagem, tem como efeito tanto a perda de referenciais da relação do ser humano com o lugar, e consequente empobrecimento da sua cultura e identidade, quanto o prejuízo direto via impactos ambientais. As derivações desses quadros formados são implicações na qualidade ambiental e de vida das comunidades humanas (BUCK & MARIN, 2005).

Segundo Lima (1999), a questão ambiental revela o retrato de uma crise pluridimensional que aponta para a exaustão de um determinado modelo de sociedade que produz, desproporcionalmente, mais problemas que soluções. Rodríguez (1997) chega a caracterizar a crise ambiental desta transição de milênio como tendo em seu bojo um profundo caráter civilizatório destrutivo. A humanidade demonstra uma incapacidade de criação, em curto prazo, de soluções culturais, em relação ao uso abusivo e predatório dos bens ambientais. Neste contexto, a Educação Ambiental constitui-se de grande importância para mudança de valores e, além da simples transmissão de conhecimentos, privilegia saberes coletivo e o desenvolvimento da capacidade de participação política dos indivíduos na construção de uma sociedade democrática (SAUVÉ, 1994; JOST, 1996; SOUZA,  2002).

A reflexão sobre as práticas sociais, em um contexto marcado pela degradação permanente do meio ambiente e do seu ecossistema, cria uma necessária articulação com a produção de sentido sobre a educação ambiental (JACOBI, 2003). A educação ambiental (EA) surge como uma das possíveis estratégias para o enfrentamento da crise civilizatória de dupla ordem, cultural e social (SORRENTINO et al., 2005). A economia dos recursos, a opção por produtos ecologicamente corretos e a preocupação com o coletivo são atitudes que podem ser alcançadas através da conscientização e da educação ambiental, fazendo desta um instrumento significativo para subsidiar a implementação de bases políticas de sustentabilidade, que valorize as diversidades e culturas regionais. A educação ambiental atende, portanto, à necessidade de práticas sociais que venham sensibilizar o público sobre os problemas de relacionamento do homem com a natureza. E é desse trabalho educacional que se consegue do ser humano adotar o senso de responsabilidade individual em relação ao meio ambiente, para reforçar atitudes, valores e medidas compatíveis com o desenvolvimento sustentável (SOUZA, 2002).

A escola é um espaço social onde muitas pessoas convivem, aprendem e trabalham. Também é o lugar onde os estudantes e os professores passam a maior parte de seu tempo. Além disso, é na escola que os programas de educação e saúde podem ter a maior repercussão, beneficiando os alunos na infância e na adolescência. Nesse sentido, os professores e todos os demais profissionais tornam-se exemplos positivos para os alunos, suas famílias e para a comunidade na qual estão inseridos (IRALA & FERNANDEZ, 2001).

 

Objetivo

O objetivo da presente contribuição é o de buscar a integração e conscientização ecológica e socioambiental entre os alunos da Escola Estadual Mercedes Nery Machado na cidade de Juiz de Fora, MG, proporcionando a vivência de atividades integradoras por meio de práticas de incentivo a sustentabilidade através da educação ambiental, como: plantio de mudas de espécies de vegetais nativos da região, visando o sequestro de carbono e reconstrução de áreas verdes da cidade; o uso do solo e aproveitamento de resíduos orgânicos e secos na construção da horta escolar, que ao mesmo tempo em que diminui os custos da escola com parte da alimentação, também  enriquecem a merenda com alimentos nutritivos;  destinação adequada para o lixo orgânico e seco produzido pela escola, reaproveitamento de garrafas PET para a confecção de canteiros e a construção do aquecedor solar;  oficina de papel reciclado, a coleta e venda de  latinhas de alumínio para auxiliar na manutenção  e custeio do projeto;  incentivos a práticas de separação  do lixo, como também diversas iniciativas que visem reduzir o consumo e desperdício de energia. Sendo possível colocar em prática o que, segundo Barros & Paulino (2007), constitui o conceito mundial dos 3 “Rs”: Reduzir, Reutilizar e Reciclar.

Material e Métodos

O referido trabalho foi desenvolvido no espaço físico da Escola Estadual Mercedes Nery Machado, entre os meses de fevereiro de 2009 a outubro de 2009, envolvendo alunos, pais, professores e demais funcionários da escola. A execução do trabalho seguiu as seguintes etapas: conscientização sobre os problemas ambientais; separação e reaproveitamento de resíduos (lixo); construção do minhocário e da composteira; construção de horta orgânica escola; plantio de mudas nativas de mata atlântica; atividades extraclasse (passeio ecológico); orientações sobre como reduzir o consumo e desperdício, em especial o de alimentos; oficina de artesanato; construções do aquecedor solar a partir de materiais recicláveis; oficina de papel reciclado;

O trabalho teve início com uma palestra, onde foram convidados alunos, pais, professores e demais funcionários da escola. Nesta palestra foram abordados temas referentes aos principais problemas ambientais da atualidade (lixo, efeito estufa, poluição da água, do ar, extinção de espécies, bem como o uso abusivo dos recursos naturais). Ao término da palestra foi apresentado um vídeo (Projeto Agora Agroenergia e Meio Ambiente), com 40 minutos de duração, sobre mudanças climáticas e perspectivas a cerca do futuro do Planeta.

Ao longo de uma semana, foi realizada a leitura da REVISTA SEMEANDO (Revista distribuída nas Escolas Estaduais, com temas sobre sustentabilidade) em todas as salas de aula nos 6°, 7°, 8° anos e PAV (Projeto Acelerar para vencer), módulo II primeiro ciclo.  Ao término da leitura os alunos foram colocados em roda onde foi feita uma reflexão sobre meio ambiente e sobre o futuro do planeta. Em seguida os alunos foram levados para o laboratório de informática, onde foi sugerido sites específicos para a realização de pesquisa sobre práticas ecológicas que visam cuidar da natureza.

Ao concluírem a pesquisa foram estabelecidas metas a serem cumpridas dentro do prazo estipulado (separação do lixo, a construção de uma composteira e um minhocário, horta orgânica, oficina de artesanatos, plantio de mudas nativas de Mata Atlântica, passeio ecológico, orientações para redução do consumo, construção de aquecedor solar de baixo custo e oficina de papel reciclado).

Seguindo Félix (2007) os alunos tiveram um conjunto de tarefas a realizar, após orientação à cerca da importância da separação dos itens descartados (lixo). Cada aluno teve como meta mínima, recolher e trazer para a escola semanalmente um quilo de papel, 10 garrafas PET vazias, 10 latas de alumínio, 10 embalagens Tetra Pak. Como incentivo à participação nas tarefas, foi realizado sorteio ao término do trabalho de um aparelho de MP3, adquirido com a verba arrecadada com a venda das latas de alumínio recolhidas pelos alunos. As garrafas PET foram guardadas em uma sala cedida pela direção da escola.  Posteriormente as garrafas foram utilizadas na construção da horta escolar, na confecção de sementeiras, na oficina de artesanato, na construção do aquecedor solar, além de uma parte ter sido vendida para usinas de reciclagem, para arrecadar verba para compra de sementes de plantas medicinais.

As cantineiras da escola foram orientadas a guardar os restos orgânicos da cantina, tais como: cascas de frutas, legumes e de ovos, restos de verduras, para a realização da próxima etapa do trabalho.

Na construção da composteira, a metodologia empregada segue Fetter & Muller (2007) e utilizamos dois tipos de composteira. Uma ao ar livre e outra em latas metálicas. Foram utilizadas latas metálicas e caixas plásticas de 10 e 12 litros de óleo vazias que foram utilizadas na cantina da escola e que seriam descartadas. Nas referidas latas e caixas, foram feitos furos para entrada de ar e posteriormente preenchidas com terra preta, restos orgânicos, produzidos pela cantina, esterco animal e 10 minhocas Vermelha da Califórnia (Eisenia fetida Savigny) que segundo Schiedeck  et al (2006) , são as minhocas mais utilizadas na produção de húmus no mundo, sendo elas auxiliares importantes para o processo de decomposição, por se alimentarem de resíduos orgânicos e assim produzir humo, importante fertilizante natural para a terra. A composteira ao ar livre está na foto abaixo e segue à mesma metodologia.


Figura 1. Alunos realizando a compostagem em composteira a céu aberto.

 Na etapa de construção do minhocário (foto abaixo), as minhocas foram trazidas pelos próprios alunos que retiraram de seus quintais, sítios e terrenos de familiares. Um grupo de cinco alunos ficou responsável por conferir se a umidade da terra estava adequada e também revolver a mistura por quatro a cinco vezes em doze dias. Passados doze dias, os alunos fizeram uma triagem das minhocas dentro das latas e estabeleceram comparação entre o número de minhocas ao término do processo com o número de minhocas colocadas inicialmente. O adubo produzido foi acondicionado em pacotes de papel e posteriormente foram utilizados na horta.


Figura 2. Alunos no processo de triagem das minhocas sobre o produto final do processo de compostagem.

Para a construção da horta orgânica escolar, a metodologia empregada segue Fetter & Muller (2007) onde os professores da escola, juntamente com os alunos envolvidos colaboraram trazendo sementes, mudas e garrafas PET vazias.   Os alunos foram orientados quanto a construção da horta orgânica conforme Irala & Fernandes (2001), onde foram plantadas hortaliças, plantas medicinais e temperos, utilizando garrafas PET que foram cortadas de forma vertical e transversal, e preenchidas com a mistura ideal de terra e adubo, além de canteiros cercados por PET’s (foto abaixo).


Figura 3. Alunos e professor no processo de construção e manipulação de algumas das hortas da escola.

O adubo utilizado na horta foi produzido pelos alunos na própria escola a partir do lixo orgânico produzido na cantina. Na sala de aula foram trabalhados diversos assuntos, como cálculos matemáticos, envolvendo os vegetais plantados e o tempo de germinação o que busca trabalhar de forma interdisciplinar. Envolvemos os alunos com trabalhos desde forma de adubação, uso de compostos orgânicos, influência climática e lunar no desenvolvimento das plantas, ciclo de vida de cada vegetal, uso medicinal e terapêutico e a nomenclatura científica dos vegetais.

Quanto ao plantio de mudas nativas da Mata Atlântica, as mudas de Pau-brasil, Jacarandá e Ipê, adquiridas através de doações de professores, pais e do horto da Associação Pelo Meio Ambiente de Juiz de Fora- AMA-JF (foto abaixo) foram plantadas tanto no espaço verde da escola, como também em áreas de reflorestamento da cidade, tais como espaço físico da Organização Não-Governamental Associação Para o Meio Ambiente de Juiz de Fora (AMA-JF). Para a ocorrência deste evento foram convidados alunos, pais, professores, bem como toda a comunidade escolar, além do Jornal JF Hoje, que noticiou o acontecimento.


Figura 4. Alunos adquirindo mudas de Aroeira (Schinus terebinthifolius Raddi) cedidas pela ONG-AMA-JF.

 

Foi realizado um passeio ecológico como atividade extraclasse. Os alunos foram levados para conhecer uma ONG, AMA-JF, localizada na zona rural de Juiz de Fora/MG, em meio à mata nativa (foto abaixo) e fragmentos de Mata Atlântica. Seu objetivo é conscientizar a comunidade para a necessidade de se preservar os ecossistemas naturais e nas áreas de interesse ecológico, sua fauna e flora restantes, principalmente em Juiz de Fora e na bacia do Rio Paraibuna.

 


Figura 4. Passeio ecológico junto aos estagiários da ONG-AMA:JF

 

Na AMA-JF, os alunos assistiram a palestras sobre como preservar os recursos naturais e problemas ambientais atuais; fizeram caminhadas em uma trilha feita em fragmento de Mata Atlântica, preservado pela ONG, onde foi possível mostrar elementos da biodiversidade, como plantas, fungos e animais, além de passar noções sobre como se comportar dentro de uma mata; plantio de mudas nativas: Pau-brasil, Aroeira, Jacarandá e Pitanga.

Na escola, junto com os estagiários das áreas de enfermagem e nutrição (voluntários), através de parcerias feitas com instituições de ensino superior de Juiz de Fora, as funcionárias responsáveis pelo preparo da merenda, foram instruídas sobre como evitar o desperdício dos alimentos, aproveitando partes que antes eram desprezadas, tais como: cascas, talos, folhas e outros, através de receitas alternativas de aproveitamento integral dos alimentos visando o enriquecimento nutricional e ao mesmo tempo evitando o desperdício (foto abaixo). Foram trabalhados junto com as estagiárias em sala de aula sobre bons hábitos alimentares, melhor aproveitamento dos alimentos e principalmente sobre o desperdício que muitas vezes foi observado durante a merenda, quando alunos deixavam grandes quantidades de restos nos pratos, gerando desperdício.


Figura 5. Cozinheira aproveitando resto de folhagem antes não aproveitadas.

 

Na oficina de artesanato (foto abaixo), através de quatro encontros, ao longo de duas semanas, junto com a professora de artes, os alunos foram orientados sobre como construir objetos úteis, como: caixas de presentes, brinquedos, utilidades domésticas, embalagens para acondicionar alimentos, enfeites e porta lápis, a partir de embalagens Tetra Pak, garrafas PET, papéis e latinha de alumínio. Parte dos objetos construídos na oficina foi vendida na festa agostina da escola, em uma barraca destinada à venda de artesanatos produzidos a partir de lixo. O dinheiro recolhido através da venda dos artesanatos foram destinados ao custeio e manutenção da própria oficina, para a compra de tintas, pincéis etc.

Figura 6. Aluno apresentando a Oficina de Artesanato.

 

Para a construção dos aquecedores solares, iniciou-se uma ampla pesquisa a cerca de projetos voltados para a construção de um aquecedor solar de baixo custo. Os alunos foram levados para o laboratório de informática da escola, onde puderam pesquisar e estudar um projeto mais adequado para ser instalado na escola. No segundo encontro, deu-se a construção do aquecedor solar. Os materiais utilizados segundo Oliveira & Carvalho (2004) são considerados lixo. Por tanto, ao mesmo tempo em que construímos um instrumento para o aproveitamento de um tipo de energia limpa (energia solar) poupamos o meio ambiente, reutilizando materiais que seriam descartados.  A metodologia adotada segue Bertoleti & Souza (2008). O coletor solar (foto abaixo) foi montado no teto da escola onde foi anexado um reservatório exclusivo e um sistema de tubos para levar a água quente à cozinha e ao chuveiro do banheiro dos funcionários.


Figura 7. Alunos junto ao aquecedor solar.

Para a fabricação do papel reciclado foram seguidos procedimentos: em um primeiro encontro os papéis foram separados por cores, em seguida, picados e deixados de molho em baldes com água, por um período de sete dias. No segundo encontro, os papéis que estavam de molho, foram retirados e batidos no liquidificador, na proporção de 3 xícaras de água para uma de papel e duas colheres de sopa de cola plástica branca.  A massa obtida foi colocada em uma bacia de 20 litros com um quarto de água para que a massa de papel fosse dissolvida. Retirada a massa da bacia com a moldura de tela (foto abaixo) e deixadas para escorrer e secar. Foram colocados jornais em cima das molduras com a massa de papel para absorver o excesso de água e em seguida os papéis foram pendurados em varais para concluir o processo. Pelo menos um dia da semana os alunos envolvidos ficaram voltados para a produção do papel reciclado.


                                                                

Figura 8. Alunos produzindo papel reciclado.

Resultados e Discussão

Os resultados obtidos foram muito positivos, causando nos alunos e em seus familiares, preocupação com relação ao futuro de nosso Planeta. A solução proposta segue os moldes de Desenvolvimento Sustentável. Foi possível agir de forma ecologicamente correta, poupando o meio ambiente, ao mesmo tempo em que o projeto pôde servir de molde (Projeto Piloto), para outras escolas da cidade e região.

Mesmo sendo o objetivo principal do trabalho a Educação Ambiental, também houve espaço para trabalhar: higiene, respeito, cooperação, alimentação alternativa, biologia dos vegetais, taxonomia, estudo de anelídeos e o uso terapêutico de plantas medicinais.

A prática escolar com o uso da horta não se restringe a um período determinado. As repercussões se ampliam a cada dia, irradiado para outras pessoas da comunidade. Essa horta foi um passo importante, como merenda escolar com a produção de alimentos mais nutritivos e saudáveis.

Dentre os resultados obtidos, foi possível mostrar a importância do meio ambiente e da utilização consciente de seus recursos, que além de poupar a natureza, há diminuição de consumo e economia de energia e materiais, como papéis, plásticos, restos de comida, como cascas de vegetais e frutas, para melhoria da qualidade do solo. Além disso, através das entrevistas realizadas com os pais e/ou responsáveis, além da comunidade escolar, como: professores e funcionários, ficou evidente que houve uma real mobilização em função do trabalho que havia sido iniciado no âmbito escolar.

Pais e/ou responsáveis, funcionários da escola e professores ajudaram no recolhimento de materiais necessários, além de mostrarem-se empenhados em contribuir para realização do trabalho e também que os alunos se tornaram peças-chave para a difusão e multiplicação da informação, através deles a preocupação com questões sócias - ambientais chegou a suas casas, bairros e assim a mobilização de pessoas em função da conservação do meio ambiente. Praticamente 80% dos pais e/ou responsáveis começaram a dialogar e agir mais a favor das questões ambientais, visto que, sem que se conheça realmente o problema, não podem priorizar nenhuma atitude ecológica.

O presente trabalho deverá ter prosseguimento para que mais alunos desenvolvam a vivência concreta a respeito dos temas sobre desenvolvimento sustentável, dentro de suas próprias casas. Como exemplo disso a produção de adubo orgânico, a separação do lixo, o que não só contribui para a melhoria da coleta dos catadores de papel, como também pode ser uma alternativa para complementar o orçamento familiar, além do plantio de hortas que ajuda a diminuir nos gastos com alimentação. Segundo Alves & Colesanti (2007), a Educação Ambiental é uma das ferramentas de orientação para a tomada de consciência dos indivíduos frente aos problemas ambientais, por isto sua prática faz-se importante, principalmente para solucionar ou mitigar o problema do acúmulo de resíduos sólidos, lixo, nas escolas e dentro de casa.

Constitui-se, então, uma forma de participação dos alunos e professores, visando inserir, em seu referencial sobre meio ambiente, conceitos de preservação, integração, solidariedade e, com isto, promover a construção de conhecimentos, assumir responsabilidades, em uma visão contemporânea de preservação ambiental. Mais do que o ganho de informação, a possibilidade de modificar os hábitos de conduta das crianças que participaram do trabalho, com sua participação direta nas ações de Educação Ambiental.

 

Referências

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Ilustrações: Silvana Santos