Estamos sendo lembrados de que somos tão vulneráveis que, se cortarem nosso ar por alguns minutos, a gente morre. - Ailton Krenak
ISSN 1678-0701 · Volume XXI, Número 86 · Março-Maio/2024
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Breves Comunicações
04/06/2014 (Nº 48) IMPACTOS AMBIENTAIS DECORRENTES DA AÇÃO ANTRÓPICA NA MICROBACIA DO CÓRREGO SUSSUAPARA EM PALMAS-TO
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AVALIAÇÃO DOS IMPACTOS AMBIENTAIS NA MICROBACIA DO

 

 

 

IMPACTOS AMBIENTAIS DECORRENTES DA AÇÃO ANTRÓPICA NA MICROBACIA DO CÓRREGO SUSSUAPARA EM PALMAS-TO

 

 

 *Florisvardo Tavares Sousa

Mestre em Ciências do Ambiente pela Universidade Federal do Tocantins (UFT) Inspetor de Recursos Naturais do Instituto Natureza do Tocantins-NATURATINS. 302 Norte Lote 03 – Alameda 01 – Centro – Palmas-TO – CEP: 77.006-336  Fone: (63) 3218-2632; florisvardo@uft.edu.br

*Autor para correspondência.

 

Bruno Machado Carneiro

Mestre em Ciências do Ambiente pela Universidade Federal do Tocantins (UFT) Analista Ministerial especializado do Ministério Público Estadual – Geógrafo, Quadra 102 Norte Avenida Leste Oeste 4, Plano Diretor Norte, Palmas - TO, CEP: 77006-218    Fone (63) 3216-7600; carneirobruno@hotmail.com

 

 

Willian Cardoso Santana

Mestre em Ciências do Ambiente pela Universidade Federal do Tocantins (UFT)  Analista em Reforma e Desenvolvimento Agrário - INCRA-TO, Quadra 302 Norte, Alameda 01, Lote 01, Plano Diretor Norte, Palmas-TO - CEP: 77.006-336. Fone: (63) 3219-5200. wcsantana@yahoo.com

 

 

 

RESUMO

O estudo teve como enfoque analisar as relações do homem sobre o meio ambiente na microbacia do córrego Sussuapara, localizado na região central da cidade de Palmas, capital do Estado do Tocantins. Para o embasamento do mesmo foram utilizadas a revisão bibliográfica e a visita in loco, como forma de levantar os problemas ambientais e a condição geral da área, além de registros fotográficos para documentação dos problemas ambientais. O Trabalho exposto tem como objetivo expor os problemas ambientais na microbacia, a fim de sensibilizar a comunidade e o poder público para buscar alternativas de recuperação da área degradada.

 

INTRODUÇÃO

O uso insustentável dos recursos naturais tornou se o alvo de estudo de pesquisadores nesses últimos anos. A poluição da água e da atmosfera, o desflorestamento, o uso incorreto da terra, a degradação dos recursos hídricos entre outros, caracterizam os problemas ambientais mais agravantes no mundo contemporâneo e estimulam a sensibilização da sociedade para que sejam tomadas providências imediatas, dando primazia à conservação dos recursos essenciais à qualidade de vida do planeta.

A degradação ambiental, cada vez mais presente nos dias atuais, leva-nos a procurar formas, possíveis soluções que faça diminuir ou tentar estabilizar estes processos degradatórios, que causa uma série de danos muitas das vezes irreparáveis ao meio ambiente, devido à ação antrópica, e a exploração de forma erronia dos recursos naturais.

Nos dias atuais o ser humano busca cada vez mais mecanismos para extrair da natureza seus bens naturais o que na maioria das vezes deixa um rastro impactante no local explorado, buscando atender apenas as suas necessidades sem a preocupação do dano causado ao ambiente. E como o homem já modificou todos os aspectos do seu habitat, utilizam-se dos recursos naturais e modificam constantemente o ambiente onde vivem, transformando cada vez mais o meio natural.

O trabalho em questão visa contribuir para com a preservação do meio ambiente, principalmente com relação às atividades e os impactos ambientais causados pela ação do homem na área da microbacia do Sussuapara, surgindo à necessidade imediata da preservação do local.

Diante disso, surge o desejo de expor a problemática ambiental a fim de despertar os moradores do entorno e de modo geral do município para que  possam, não apenas agir corretamente no processo de preservação do meio natural,  como também colaborar com o despertar dessa consciência junto às suas famílias e perante a comunidade local, em que não apenas contribuam para a diminuição do grau de  degradação, mas serem cidadãos responsáveis e conscientes aptos a decidirem e atuarem na realidade socioambiental, comprometidos com a vida, com a preservação e o equilíbrio daquele ecossistema local.

 

Localização da área de Estudo

Palmas, a capital do Estado do Tocantins, está localizada no centro geodésico do Brasil, sendo margeada à direita pelo Lago formado pela UHE Luís Eduardo Magalhães e a esquerda pelas Serras do Carmo e do Lajeado, e tem como pontos de coordenadas 10º 10’ de latitude sul e 48º 20’ de longitude oeste. Sua altitude média é de 260 metros acima do nível do mar e possui área territorial de aproximadamente 2.572 Km², correspondente ao Plano Diretor (Tocantins, 1997).

Na microbacia do tributário Sussuapara, localizada dentro do Município de Palmas-TO, na região norte com coordenadas UTM 794007 e 8874083 da nascente e 789933 e 8874682 na foz, a área urbana é formada por 18 quadras, sendo que 15 (quinze) estão habitadas e com todas as suas ruas asfaltadas. Nestas existem 4.741 imóveis, sendo que 818 são lotes vagos e 3.923 possuem edificações. Destes, 2.528 possuem calçamento que juntamente com outras edificações, poderão impactar, de forma indireta, na qualidade da água do córrego.

 

RESULTADOS E DISCUSSÃO

O homem como produtor do espaço geográfico cria toda uma gama de arquétipos e paisagens artificiais através de sua apropriação do mesmo, de modo a se evidenciar que toda ação de "produção e consumo do e no espaço" Rodrigues (1998), gera impactos diretos e indiretos no meio, isto é, a sociedade ao consumir para satisfazer suas necessidades, extrai da natureza diversos recursos gerando impactos e resíduos, que podem degradar o meio e torná-lo insalubre como salienta Mucelin e BELLINE (2008):

“A criação das cidades e a crescente ampliação das áreas urbanas têm contribuído para o crescimento de impactos ambientais negativos. No ambiente urbano, determinados aspectos culturais como o consumo de produtos industrializados e a necessidade da água como recurso natural vital à vida, influenciam como se apresenta o ambiente.”

 

  Através da visita in loco, nota-se um grau de degradação assustador e intenso ao longo do córrego Sussuapara, sendo que o mais preocupante é o desmatamento ciliar. Parte da sua vegetação nativa não se encontra mais, o que acarreta o assoreamento da mesma, de vido a não proteção do solo, tornando a uma área mais propícia a erosão; processo de desgaste do solo, desagregação, arranque, transporte e deposição de sedimentos que no caso do Sussuapara, essas partículas com o desmatamento da mata ciliar, são transportadas, gerando o acúmulo de sedimentos no Reservatório da UHE Luís Eduardo Magalhães.

As Figuras 01 e 02 ilustram a retirada da cobertura vegetal e a chegada de sedimentos resultantes do desmatamento e exposição do solo nas margens do córrego do Sussuapara intensificando o processo de assoreamento do córrego e contribuindo para a degradação do reservatório da UHE Luís Eduardo Magalhães.

 

 

                Figura 01 - solo exposto                                Figura 02 - Carreamento de sedimentos

Fonte: autores                                                      Fonte: autores

 

 

Para Araújo et. al. (2008), a degradação dos solos envolve a redução dos potenciais recursos renováveis por uma combinação de processos agindo sobre a terra. Tal redução levando ao abandono ou “desertificação” da terra pode ser por processos naturais, tais como o ressecamento do clima atmosférico, processos naturais de erosão, algumas outras deformações do solo ou uma invasão natural de plantas ou animais nocivos. Pode também ocorrer por ações antrópica diretamente sobre o terreno ou indiretamente em razão das mudanças climáticas adversas induzidas pelo homem.

Outro grande problema comum às comunidades urbanas é o lixo. Este se torna mais grave quando seus produtores estão próximos às águas. Segundo Fonseca (1999), lixo é um conjunto de resíduos sólidos, resultantes das atividades diárias do homem na sociedade e dos animais domésticos.

Nas proximidades do córrego Sussuapara foram observados vários depósitos de resíduos sólidos (Figura 03).  Essa grande quantidade de lixo caracterizado por sacolas plásticas, garrafas de refrigerante e outros de origem domiciliar em alguns locais na área verde do córrego estar relacionado a destinação que os moradores dariam ao lixo que por algum motivo deixou de ser coletado pela prefeitura e que são levados pelas águas das chuvas para o canal do córrego (figura 4).

 

       

Figura 03 – Resíduos Sólidos na área verde           Figura 04 – Resíduos Sólidos no canal do córrego

do  Sussapara.                                                     Fonte: autores

Fonte: autores

 

Essa quantidade de resíduos sólidos descartados em local inadequado, esta intimamente relacionada com a proximidade da área urbana. Esta relação é favorecida pela facilidade de acesso à s áreas, atrelado a esse fator soma-se o crescimento urbano desordenado, que tem sido apontado como um dos grandes vilões da questão ambiental, por ter íntima relação com a geração de lixo e esta com a deterioração das condições ambientais.

Por fim, cabe ressaltar que todos os impactos identificados têm relação direta com a proximidade urbana e com a falta de políticas públicas voltadas a educação ambiental da população.

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

 

A degradação observada na microbacia do Córrego Sussuapara é um grave problema ambiental decorrente das relações conflitantes homem x natureza, que torna o ambiente cada vez mais fragilizado. Sendo a população que reside nas proximidades da área uma das maiores responsáveis pelos danos causados ao local.

Algumas medidas para a proteção e preservação da microbacia precisam e deve ser tomadas por parte dos gestores municipais e a comunidade do entorno.  Medidas como educação ambiental contínua e permanente, visando á interação social no controle aos impactos ambientais.

É recomendável que os órgãos estaduais e municipais que cuidam do meio ambiente, realizem uma efetiva fiscalização e aplicação de projetos de cunho ambiental, a fim de conscientizar a população para a importância do ambiente preservado e equilibrado.

 

 

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

 

ARAUJO, Gustavo Henrique de Sousa; ALMEIDA, Josimar Ribeiro de. GUERRA, Antônio José Teixeira. Gestão Ambiental de Áreas Degradada. 3ª ed. Rio de Janeiro: Editora Bertrand Brasil, 2008. 320 p.

 

FONSECA, Iniciação ao Estudo dos Resíduos Sólidos e da Limpeza Urbana. João Pessoa: União. 1999.122p;

 

 

MUCELIN, Carlos Alberto; BELLINI, Marta. Lixo e impactos ambientais perceptíveis no ecossistema urbano. Sociedade & Natureza. jun. 2008. Uberlândia, 2008. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/sn/v20n1/a08v20n1.pdf  Acesso em: 01 abr. 2014.

 

RODRIGUES, A.M. Produção e Consumo do e no espaço; problemática ambiental urbana. São Paulo: Ed. Hucitec, 1998.

 

Ilustrações: Silvana Santos