Estamos sendo lembrados de que somos tão vulneráveis que, se cortarem nosso ar por alguns minutos, a gente morre. - Ailton Krenak
ISSN 1678-0701 · Volume XXI, Número 86 · Março-Maio/2024
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04/06/2014 (Nº 48) SEMENTES DE CONHECIMENTO: O POTENCIAL DOS JARDINS BOTÂNICOS COMO INSTRUMENTOS DIDÁTICOS PARA PESQUISA E PRÁTICA DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL
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Sementes de conhecimento: o potencial dos jardins botânicos como instrumentos didáticos para pesquisa e prática da educação ambiental

 

 

José André Verneck Monteiro

 

Pedagogo, especialista em Educação Ambiental, mestrando em Práticas em Desenvolvimento Sustentável.

 

Email: educativo@live.com

 

 

Resumo

 

 

O presente ensaio foi especialmente elaborado a convite de Berenice Gehlen Adams para integrar a 48ª Edição da Revista Educação Ambiental em Ação. Trata do potencial dos jardins botânicos (JB´s) como espaços de reflexão e prática da Educação Ambiental (EA). Tem como principal objetivo estimular, entre educadores ambientais, o uso destes locais para o desenvolvimento de atividades educacionais diversificadas, voltadas à sensibilização, tomada de consciência e atitudes relacionadas à conservação das plantas e dos recursos ambientais. Traz uma síntese das principais reflexões originadas pela experiência profissional do autor e de sua monografia desenvolvida como requisito parcial para obtenção do grau de especialista em Educação Ambiental.

 

             

 

Palavras-chave: educação ambiental, instrumento didático, jardim botânico.

 

 

A humanidade vem se distanciando das Leis da Natureza e, como consequência disso, tem provocado profundas alterações no equilíbrio dos ecossistemas, em escala planetária.

Esse processo se intensificou a partir da Revolução Industrial, no século XVIII e até hoje mantém uma tendência de degradação dos recursos naturais, voltada ao desenvolvimento econômico por meio da produção, transporte e comercialização de bens industrializados.

No Brasil, o estado atual de conservação ambiental é resultado de cinco séculos de ação humana predominantemente espoliatória, de caráter imediatista, desvinculada de atenção à resiliência dos ecossistemas.

 

“O processo histórico de ocupação de terras revestiu-se de um caráter predatório que resultou na destruição de grande parte das formações vegetais originais. A palavra de ordem era o desmatamento visando à expansão da fronteira agrícola e desenvolvimento a qualquer custo”. (BARBOSA, 2006).

 

A extinção precoce de espécies vegetais representa uma perda irreparável de entidades biológicas e também das relações ecológicas interdependentes das plantas. 

Além da gravidade da redução da biota planetária, assume destaque a constatação de que as alterações humanas sobre os ecossistemas podem vir a desencadear abruptas contribuições para intensificação das mudanças climáticas extremas, em curso.

Dessa forma, se mostra imprevisível um panorama futuro relacionado à continuidade e eficiência dos serviços ambientais, os quais dependem da integridade dos ecossistemas para promover regulação térmica, fornecimento de água, recomposição de fertilidade dos solos e purificação do ar.

A humanidade depende da biodiversidade vegetal, também, como fonte de sobrevivência e desenvolvimento sustentável, sob a forma de alimentos, fármacos, matérias primas artesanais e industriais.

Portanto, a conservação da diversidade botânica é, também, um instrumento aliado aos campos da ciência aplicada ao desenvolvimento humano, que pode, inclusive, contribuir para a formulação de políticas públicas voltadas à solução de problemas atuais e futuros relacionados à segurança alimentar e ao fornecimento de insumos de múltiplos usos.

 

“O Brasil possui a mais diversa flora do mundo, com mais de 55 mil espécies descritas, o que representa aproximadamente 24% do total mundial, e abriga alguns dos biomas mais ricos do planeta em número de espécies vegetais - a Amazônia, a Mata Atlântica e o Cerrado. A Floresta Amazônica brasileira, com aproxima-damente 30 mil espécies vegetais, compreende em torno de 26% das florestas tropicais remanescentes no planeta”. (MMA, 2014).

 

A conservação de tal patrimônio é realizada de formas distintas [in situ – ex situ] definidas pela Convenção da Diversidade Biológica (2012), a saber:

 

“Conservação in situ significa a conservação de ecossistemas e habitats naturais e a manutenção e recuperação de populações viáveis de espécies em seus meios naturais e, no caso de espécies domesticadas ou cultivadas, nos meios onde tenham desenvolvido suas propriedades e características. Conservação ex situ significa a conservação de compo-nentes da diversidade biológica fora de seus habitats naturais”.

 

No Brasil, a modalidade de Conservação in situ tem como principais sedes as áreas particulares (reservas legais, áreas de preservação permanente e iniciativas espontâneas) e as áreas que compõe o Sistema Nacional de Unidades de Conservação.

Porém, desacopladas de eficazes programas de EA, isoladamente a criação de Áreas Protegidas não assegura, por si, todos os meios necessários para a conservação de espécies raras de plantas, devido a inúmeros fatores como incêndios florestais, invasão de áreas protegidas, coleta e extrativismo não licenciados, falta de recursos físicos e humanos destinados à fiscalização.

No caso da modalidade de Conservação Vegetal ex situ, as principais iniciativas são desenvolvidas pelos JB´s, hortos, viveiros públicos e privados, bancos de germoplasma, cultivos comerciais e por colecionadores de plantas.

A Conservação ex situ é uma prática multidisciplinar, complementar à conservação in situ, que envolve conhecimentos científicos e habilidades de botânica, ecologia, agronomia, fitotecnia, administração, direito, informática e educação, constituindo um dos mais atuais e relevantes objetivos dos JB´s.

Note-se que em nenhum outro percurso da história humana houve uma crise civilizatória tão ampla como a atual, de caráter generalizado nos diversos setores: governamental, político, socioambiental e empresarial, cujos impactos refletem, de forma inédita, nos ambientes naturais.

 

“A presente crise desnuda a enganosa compreensão dominante da história, da natureza e da Terra. Ela colocava o ser humano fora e acima da natureza com a excepcionalidade de sua missão, a de dominá-la. Perdemos a noção de todos os povos originários de que pertencemos à natureza. Hoje diríamos, somos parte do sistema solar, de nossa galáxia que, por sua vez, é parte do universo. Todos surgimos ao longo de um imenso processo evolucionário. Tudo é alimentado pela energia de fundo e pelas quatro interações que sempre atuam juntas: a gravitacional, a eletromagnética e a nuclear fraca e forte. A vida e a consciência são emergências desse processo. Nós humanos, representamos a parte consciente e inteligente da Via-Láctea e da própria Terra, com a missão, não de dominá-la, mas de cuidar dela para manter as condições ecológicas que nos permitem levar avante nossa vida e a civilização”. (BOFF, 2011).

 

Porém, há de se considerar que os recursos do Planeta são finitos e que a Natureza não existe somente para servir ao homem, o que nos leva a refletir sobre a gênese da tomada de consciência ambiental a partir do movimento ambientalista mundial.

Desde 1972, após a realização da Conferência de Estocolmo, a conservação da biodiversidade e dos recursos ambientais assumiu relevância nas pautas governamentais de vários países, iniciando um processo de valorização do conceito de desenvolvimento sustentável, de forma a compatibilizar o desenvolvimento econômico com a conservação da Natureza e de todos os elementos que a compõem.

De fato, vários instrumentos de regulação da atividade humana foram criados desde então, para minimizar a crescente devastação ambiental, mas que por si não são suficientes para coibir plenamente o avanço das atividades antrópicas sobre os ecossistemas.

Não é possível estimar, sem alarme, as consequências da continuidade desse processo para as próximas gerações, em relação aos níveis de degradação humana e ambiental, propagação do belicismo, conflitos originados por raízes corporativas e, surpreendentemente, até com caráter religioso.

Portanto, a realidade socioambiental contemporânea impõe a necessidade de uma reorientação da trajetória existencial humana e uma mudança de olhar sobre o clima, a biodiversidade, os serviços ambientais e a pluralidade de culturas.

 

“Por que é urgente que se incorpore esta revolução paradigmática? Porque é ela que nos fornecerá a base teórica necessária para resolvemos os atuais problemas do sistema-Terra em processo acelerado de degradação. Ela nos permite ver nossa interdependência e mutualidade com todos os seres. Formamos junto com a Terra viva a grande comunidade cósmica e vital. Somos a expressão consciente do processo cósmico e responsáveis por este pedaço dele, a Terra, sem a qual tudo o que estamos dizendo seria impossível. Porque não nos sentimos parte da Terra e a estamos destruindo”. (BOFF; HATHWAY, 2011).

 

Por conseguinte, um desafio para os próximos anos consiste em tornar as pessoas capazes de servir à Natureza e colaborar para que seu equilíbrio e harmonia sejam reestabelecidos, de modo que se tenha uma perspectiva mais pacífica, pautada pelos princípios da solidariedade, justiça, inclusão, respeito, ética, moralidade e dignidade, de forma que todo cidadão - independentemente de origem, nacionalidade, grupo étnico, religião, profissão, idade ou gênero – possa exercer plenamente sua cidadania planetária e defender a teia da vida. (MONTEIRO, 2014).

 

“Em outras palavras, a teia da vida consiste em redes dentro de redes. Em cada escala, sob estreito e minucioso exame, os nodos da rede se revelam como redes menores. Tendemos a arranjar esses sistemas, todos eles aninhados dentro de sistemas maiores, num sistema hierárquico colocando os maiores acima dos menores, à maneira de uma pirâmide. Mas isso é uma projeção humana. Na natureza, não há "acima" ou "abaixo", e não há hierarquias. Há somente redes aninhadas dentro de outras redes”. (CAPRA, 1996 p. 45).

 

Em setembro de 2013 foi lançado o 5º relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima, uma avaliação criteriosa de 2500 páginas, tendo por base mais de 9000 publicações científicas (IPCC, 2013).

 

“Em tal documento conclui-se que a atmosfera e os oceanos estão aquecendo, as quantidades de gelo e neve estão reduzindo, o nível do mar e a concentração de gás carbônico estão aumentando. Tais efeitos se prolongarão para além de 2.100. Não há governança global para cuidar dessa situação. Fomos todos "treinados" por meio de uma educação alienadora e uma mídia parcial para ignorar tal situação e achar que nada disso nos afeta. Assim, continuamos nessa trajetória maluca de autoflagelação coletiva com a nossa percepção embotada pelo valor econômico - o único válido. Há de se promover uma iluminação coletiva, ampliar a percepção para esses cenários e desafios”. (DIAS, 2014).

 

Como as questões que se apresentam são urgentes e não se pode esperar pela plena eficácia das políticas públicas, o que mais importa agora são as ações individuais, que somadas, trazem notável diferença positiva.

Desta forma, a educação, em seu sentido mais amplo, tem papel fundamental para sensibilizar e motivar as pessoas para que tal transformação seja levada a efeito, pois a educação é um instrumento de transformação social capaz de atribuir às pessoas a autonomia necessária para optar com sabedoria. De acordo com o postulado por Nelson Mandela:

 

“A educação é a arma mais poderosa que se pode usar para mudar o mundo. Não está além do nosso poder a criação de um mundo no qual crianças tenham acesso a uma boa educação. Os que não acreditam nisso têm imaginação pequena”. (PORVIR, 2014)

 

 No Brasil, a Política Nacional de Educação Ambiental foi instituída pela Lei 9.795, de 27 de abril de 1999, que define educação ambiental como:

 

“Processo por meio do qual o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltados para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade”.

 

            Portanto, a EA deve ser um processo contínuo e interdisciplinar, constituído por aspectos legais, metodológicos e conceituais, e que deve ocorrer em todos os espaços onde haja reunião de pessoas, com o objetivo de proporcionar uma (re) valorização do ambiente e das relações que se estabelecem entre todos os seus constituintes (MONTEIRO, 2014).

            A EA pode ocorrer em diferentes âmbitos, quais sejam: formal, não formal e informal. O presente estudo enfatizou a modalidade de EA não formal, assim definida por SMITH (2001):

 

“Educação não formal é qualquer atividade educacional organizada fora do sistema formal estabelecido - se operando separadamente ou como um recurso importante de alguma atividade mais ampla - que se destina a servir clientelas aprendizagem identificáveis ​​e objetivos de aprendizagem”.

 

Em razão do sentido de prioridade imposto pelas alterações do clima, poluição e alterações dos ecossistemas ocasionados pela atividade industrial, se faz imprescindível ampliar os horizontes de difusão da EA, em todos os níveis, pois a perda de biodiversidade está ocorrendo em um ritmo vertiginoso.

Segundo a Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN, 2013), de 70.294 espécies avaliadas, 20.934 foram consideradas ameaçadas de extinção. Em 2004 eram 8.321 em tal condição.

Estima-se que mais de oitocentas espécies tenham sido extintas nos últimos quinhentos anos (BAILEY, 2004), e com estatísticas sugerindo taxas de extinção cem a mil vezes superiores às taxas de referência (PIMM, 1995), esse número deve aumentar drasticamente no futuro.

            Apesar dos prognósticos alarmantes sobre a erosão do patrimônio biológico planetário e indispensável, inclusive, à vida humana, cabe destacar que todo cidadão pode colaborar diariamente, com ações simples, para redução de seu impacto sobre o ambiente.

            Reduzir o consumo desnescessário, adotar a coleta seletiva, fortalecer a  economia local, priorizar alimentos frescos, utilizar menos combustíveis fósseis, dentre outras medidas, são apenas algumas das iniciativas que podem ser adotadas por pessoas de todas as classes sociais para minimizar a degradação ambiental.

Porém, tal conhecimento precisa ser mais amplamente difundido, sobretudo, entre a comunidade estudantil e seus mestres, capazes de propagar entre mais pessoas a importância da conservação das plantas e do ecossistema, para a manutenção da paz entre o homem e a natureza.

No que se refere à sensibilização de pessoas para a importância da conservação das plantas, merecem destaque os programas de EA desenvolvidos pelos JB´s Brasileiros.

 

“Os Jardins Botânicos desempenham um papel relevante e vital na conservação vegetal, porém, sem uma atuação ativa em um processo educacional, os JB se tornam incapazes de atingirem suas metas. Ao chamar a atenção para as ameaças que os vegetais e os habitat enfrentam, os jardins botânicos podem conduzir a sociedade a pensar em formas de proteção da biodiversidade”. (REDE BRASILEIRA DE JARDINS BOTÂNICOS, 2014).

 

Segundo a Rede Brasileira de Jardins Botânicos (RBJB), há, no Brasil, mais de quarenta JB´s, sediados em todas as regiões do país, os quais totalizam mais de 3000 profissionais, das diversas áreas do conhecimento, atuantes no setor.

De acordo com a resolução n° 339 do Conselho Nacional de Meio Ambiente, no Brasil, Jardim Botânico é definido como:

 

“Área protegida, constituída no seu todo, ou em parte, por coleções de plantas vivas cientificamente reconhecidas, organizadas, documentadas e identificadas, com a finalidade de estudo, pesquisa e documentação do patrimônio florístico do País, acessível ao público, no todo ou em parte, servindo à educação, à cultura, ao lazer e à conservação do meio ambiente” (CONAMA, 2003).

 

Atualmente os principais instrumentos formais que norteiam a atuação dos JB´s para minimizar a extinção precoce de espécies vegetais são a Convenção sobre Diversidade Biológica e a Estratégia Global para a Conservação de Plantas, ambos documentos frutos da Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, realizada em 1992 no Rio de Janeiro (CBD, 2012).

No Brasil, desde 2004 se adota como documento primordial e complementar aos anteriormente citados, o Plano de Ação para os Jardins Botânicos Brasileiros, elaborado pela Rede Brasileira de Jardins Botânicos (PEREIRA, 2004).

Os JB´s têm muito a oferecer em termos de entretenimento aliado ao conhecimento. São importantes centros de EA e seu potencial vem sendo progressivamente descoberto pelo público.

Ao invés de sala de aula, quadro e giz, o cenário propulsor do aprendizado é a biodiversidade vegetal e a aquisição de conhecimentos, motivações e atitudes provêm da interação entre os participantes, mediador e acervo, em atividades lúdico-didáticas, no âmbito prático e reflexivo.

Como já mencionado, além da importância dos vegetais para o equilíbrio do ecossistema, destaca-se a utilização das plantas pelo homem desde tempos remotos como alimentos, remédios, matéria-prima para vestuário e construção, fonte de energia, lazer e práticas religiosas.

Esse conjunto de fatores amplia o potencial para o ensino e aprendizagem nos JB´s.

Por essência, são instituições comprometidas com pesquisa e inovação tecnológica, não somente espaço para contemplação, mesmo que o ato de passear seja o intuito de muitos de seus visitantes, o que é justificável em razão da qualidade de fruição experimentada nos JB´s.

Atividades de EA desenvolvidas em Jardins Botânicos são capazes de proporcionar aos participantes múltiplas abordagens, lúdicas e didáticas, no âmbito prático e reflexivo.

Com criatividade e escuta sensível às expressões (dos educandos e do ambiente), cada educador pode criar seu próprio repertório de ações divertidas e atraentes, que auxiliem aos participantes na interpretação ambiental e colaborem para produzir conhecimento em redes de informação consubstanciadas pela integração de natureza e arte, ciência e vivência.

O contato com o acervo constituído pelas plantas e outros elementos sistematicamente organizados e apresentados, possibilita, por meio da exploração de conceitos, técnicas, ideias e valores da temática socioambiental, estabelecer correlações entre as pessoas, o ambiente, a diversidade cultural, biológica e paisagística.

Em cada detalhe das plantas, e até nas placas de identificação botânica há um imensurável roteiro de significados e curiosidades, os quais passam a fazer mais sentido quando devidamente explorados e descobertos em equipe.

Simultaneamente, o jardim desperta as pessoas para a interação, sensibilidade, criatividade e formação crítica, na condição de sujeito integrante e transformador do ambiente e da realidade.

Além disso, os JB´s são importantes refúgios para aves e insetos, o que amplia seu potencial para exemplificação das interações que ocorrem entre animais e plantas.

Cabe destacar que a visitação mediada em JB´s não se restringe ao interesse de uma só disciplina. Do contrário, ações interdisciplinares podem ser perfeitamente adequadas ao projeto político pedagógico da escola.

Nesse sentido, é desejável que os professores se reúnam e agendem uma visita técnica ao JB de sua cidade, a fim de conjuntamente se apropriarem do espaço antes de levar suas classes de alunos.

Em um cenário ideal, a visita ao JB deve ter complementaridade, pelas atividades realizadas previamente, e pelo desencadeamento do projeto.

Como simples exemplos, pode-se aproveitar o ensejo e revitalizar o jardim/horta da escola, criar uma exposição de fotos/textos, encenar uma peça teatral, publicar um blog, ou qualquer outra composição educomunicativa derivada do projeto que motivou a visita ao jardim.

Para tal, pode render bons frutos a apreciação de publicações sobre o tema, dentre as quais merecem destaque as elencadas abaixo.

No Brasil, por enquanto, o hábito de apreciar e aprender entre as plantas é uma prática incomum, diferentemente dos países anglo-saxônicos, nos quais é notável a cultura de visitar os JB´s, principalmente durante a primavera, com temperaturas mais amenas e profusão de maciços floríferos.

Por aqui é ainda mais comum frequentar Jardins Zoológicos do que Jardins Botânicos. Realmente, alguns bichos têm comportamento mais contagiante, e desde o jardim de infância, somos mais motivados pelos personagens de desenhos animados e pelos míticos animais africanos, do que pela singeleza das plantas.

Mas, para que as crianças sejam estimuladas, desde cedo, a cuidar das plantas, é preciso de que os educadores estejam, também, sensíveis e preparados para tal iniciativa.

Comumente a demanda financeira inviabiliza a realização de diversas atividades educacionais extracurriculares, mas considerando que, no Brasil, a maioria dos JB´s é constituída por instituições de caráter governamental, dotadas de verbas públicas para seu funcionamento, o que possibilita às tais instituições não cobrar, ou cobrar taxas irrisórias para visitação, o que favorece para que as instituições de ensino incluam a visitação aos JB´s em seus planos de estudos do meio.

Agradeço ao leitor, pela atenção e à Berenice Gehlen Adams pela oportunidade de contribuir com a Revista Educação Ambiental em Ação.

Caso sinta vontade de criticar este trabalho, agradecerei pelo contato.

 

 

Para saber mais, conheça:

 

Educomunicação Ministério do Meio Ambiente. Disponível em .

 

Educomunicação. O que é isto? Donizete Soares.  Disponível em .

 

HONIG, Marÿke. Como dar vida ao seu jardim. Interpretação ambiental em Jardins Botânicos. RBJB, JBRJ, BGCI, Rio de Janeiro, 2005.

 

LEGAN, Lucia. A Escola Sustentável: Eco-Alfabetizando Pelo Meio Ambiente. 2a ed. Pirenópolis/São Paulo. Ecocentro IPEC e Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, 2007.

 

_____. Criando habitats na escola sustentável: livro de Educador. Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, Pirenópolis, GO : Ecocentro IPEC, 2009. 96p. : il. Disponível em .

 

Manual de Introdução à Interpretação Ambiental. Instituto Estadual de Florestas. Projeto Doces Matas. Belo Horizonte, 2002. Disponível em .

 

WILSON, Julia. Educação Ambiental em Jardins Botânicos: Diretrizes para Desenvolvimento de Estratégias Individuais. Rede Brasileira de Jardins Botânicos. Rio de Janeiro: 2003. Disponível em .

 

 

 

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS

 

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BGCI - Botanic Gardens Conservation International. Convention on Biological Diversity - CBD. 2012. Global Strategy for Plant Conservation: 2011-2020. Richmond.

 

BRASIL. Lei nº. 9795, de 27 de abril de 1999: dispõe sobre a educação ambiental, institui a Política Nacional de Educação Ambiental e dá outras providências. Brasília: Diário Oficial da União, 1999.

 

_____. DOU. Diário Oficial da União. 1º de março de 2012, seção 3 – pg. 123.  Imprensa Oficial. Brasília.

 

CAPRA, Fritjof. A Teia da Vida – Uma nova compreensão científica sobre os sistemas vivos. 1996. Ed. Cultrix, São Paulo. 255 p.

 

PEREIRA, T. S. ; COSTA, M. L. M. N. da. Os Jardins Botânicos brasileiros: desafios e potencialidades. Cienc. Cult. [online]. 2010, vol.62, n.1, pp. 23-25. ISSN 2317-6660.

 

PIMM, S.L.; Russell, G.J.; Gittleman, J.L. & Brooks, T.M. 1995. The future of biodiversity. Science 269(5222): 347-350.

 

 

WEBGRAFIA

 

BARBOSA, L. M. coord. Manual para recuperação de áreas degradadas do Estado de São Paulo: Matas Ciliares do Interior Paulista. São Paulo: Instituto de Botânica, 2006. Disponível em . data de acesso: 29/11/13.

 

BOFF, Leonardo. O antropoceno: uma  nova era geológica. 2011. Disponível em . data de acesso: 26/02/14.

 

BOFF, Leonardo; HATHWAY, Mark. Uma revolução ainda por fazer. 2011. Disponível em . data de acesso: 26/02/14.

 

CONAMA – Conselho Nacional de Meio Ambiente - Resolução Nº 339 de 25/09/2003. Dispõe sobre a criação, normatização e o funcionamento dos jardins botânicos, e dá outras providências. Disponível em < http://bit.ly/1f4OPdT>. data de acesso: 07/02/14.

 

DIAS, Genebaldo Freire. Disponível em . data de acesso: 26/02/14.

 

IPCC – Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima. Quinto Relatório. 2013. Disponível em . Data de acesso: 15/05/14.

 

IUCN - International Union for Conservation of Nature. 2013. The IUCN Red List of threatened species. Disponível em . data de acesso: 03/11/13.

 

MMA - Ministério do Meio Ambiente do Brasil. 2014. Conservação in situ, ex situ e on farm. Disponível em .  data de acesso: 07/02/14.

 

MONTEIRO, José. A educação ambiental desenvolvida no Jardim Botânico Plantarum em 2012. Monografia de Especialização Lato Sensu em Educação Ambiental. Universidade Candido Mendes / Instituto A Vez do Mestre. 2014. Disponível em>.

 

PORVIR. Nelson Mandela, um advogado da educação. Disponível em . data de acesso: 26/02/14.

 

RBJB - Rede Brasileira de Jardins Botânicos. 2014. Disponível em < http://www.rbjb.org.br>. data de acesso: 07/02/14.

 

SMITH, M. K. (2001). ‘What is non-formal education?’, the encyclopaedia of informal education. Disponível em < http://bit.ly/1mHanql>. data de acesso: 10/01/14.

 

 

Ilustrações: Silvana Santos