Estamos sendo lembrados de que somos tão vulneráveis que, se cortarem nosso ar por alguns minutos, a gente morre. - Ailton Krenak
ISSN 1678-0701 · Volume XXI, Número 86 · Março-Maio/2024
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Dicas e Curiosidades
DICAS PARA ELABORAÇÃO DE PROJETOS As atividades educacionais desenvolvidas por projetos são muito importantes e normalmente apresentam excelentes resultados, principalmente quando estes são bem planejados, pois o planejamento é um importante ítem a ser considerado para todo e qualquer projeto que se queira promover. Muitas vezes há uma grande dificuldade para colocar as ideias no papel, e um roteiro pode ser muito útil, lembrando que não se trata de uma receita pronta, mas apenas uma direção. Por isso, a revista Educação Ambiental em Ação selecionou este artigo para compartilhar, que apresenta um roteiro básico para quem quiser elaborar um projeto:
ROTEIRO BÁSICO PARA ELABORAÇÃO DE PROJETOS Gutemberg de Pádua Melo
A Educação Ambiental precisa responder ao desafio ambiental contemporâneo, difundindo a compreensão dos problemas ambientais e alternativas para uma mudança radical dos valores da sociedade atual que resulte numa transformação que assegure a própria sobrevivência da espécie humana e da vida em todos os seus aspectos. Na elaboração de Projetos de Educação Ambiental, a perspectiva de mudanças desse quadro de crise ambiental deve nortear todos os esforços, considerando-se a crise ambiental que atinge as mais diferentes esferas da vida do ser humano e do planeta. A educação ambiental deve, portanto, ter compromisso por meio de suas ações, com uma nova ordem humanista e civilizatória, explicitando uma nova visão de mundo. Para tanto, os Projetos de Educação Ambiental devem voltar-se para a busca de novos modelos de ação e exploração dos recursos naturais, visando alcançar as metas do desenvolvimento sustentável, objetivando, voltamos a reafirmar, uma mudança radical nas relações entre os homens e destes com o meio ambiente.Planejar não deve ser um pensar desvinculado da realidade e da intervenção sobre ela, objetivando alcançar mudanças construtivas. No entanto planejar não é agir e agir não é planejar. Agir significa intervir na realidade e planejar significa refletir criticamente sobre a ação, pois o planejamento enquanto processo de tomada de decisões, exige, antes de mais nada, conhecimento da realidade. O planejamento não é um ato isolado que precede a ação, mas um ato permanente que precede, acompanha e continua após a ação, sendo um processo contínuo de tomada de decisões que se manifesta como: previsão-reflexão antes da ação, revisão-reflexão durante a ação e avaliação-reflexão após a ação.Assim, o planejamento deve permitir, ainda, um processo partici-pativo em todas as etapas, desde o momento da formulação, decisão e operacionalização das ações, buscando estabelecer instrumentos de comunicação, documentação e devolução dos resultados de ações e atividades. PLANEJAR: O QUE E PARA QUÊ? No caso específico da educação ambiental, torna-se evidente a necessidade cada vez mais premente de intensificar ações nessa área, diante do conjunto dos problemas que caracterizam a degradação ambiental e deterioração da qualidade de vida de uma maneira em geral. As ações educativas frente às grandes questões ambientais, devem voltar-se para a defesa dos direitos de cidadania, na busca de melhores condições de qualidade de vida, pois as condições de miséria e de pobreza de grandes contingentes populacionais, exigem soluções imediatas e ações integradas que visem reverter o quadro atual dos grandes problemas ambientais como a poluição, desmatamento, efeito estufa, buraco na camada de ozônio, chuvas ácidas, extinção de espécies, esgotamento dos recursos naturais renováveis e não renováveis, etc. Dessa forma a educação ambiental deve aprofundar a compreensão de conceitos centrais tais como: homem, natureza, cidade, ambiente; procurando vincular a temática ambiental ao aspecto social e vice-versa, unindo teoria e prática, articulando o geral e o local, trabalhando-se a educação ambiental em uma perspectiva socioambiental, planetária, voltada para o saber e o fazer, dentro de um enfoque humanista, porém evitando-se o antropocentrismo. Os projetos desenvolvidos devem visar o resgate ambiental eda dignidade do ser humano, dos valores essenciais para uma vida digna, procurando estimular referenciais cooperativos que levem a uma mudança de comportamento e atitudes, visando o fazer junto para o bem comum. No que diz respeito à ação dos educadores junto às comunidades envolvidas, o trabalho deve reverter para a comunidade local, seguindo os princípios da cooperação e sustentabilidade, a fim de que ela possa dar continuidade aos projetos. Para tanto, os projetos deverão partir das necessidades reais das comunidades, buscando uma definição local de qualidade de vida a partir das referências culturais das populações envolvidas. No que se refere às estratégias, metodologias e recursos utilizados para atingir resultados positivos, o objetivo deverá ser o envolvimento de todos os atores sociais na condução das questões ambientais, desde a fase do diagnóstico dos problemas, até a etapa de implementação dos projetos. É necessário atuar na perspectiva da co-responsabilidade, da cooperação e das parcerias entre educadores, instituições, população, enfim, de todos os setores envolvidos. Só uma construção coletiva possibilitará a aplicabilidade e a sustentabilidade dos projetos. As metodologias devem ser diferenciadas de acordo com as características regionais, tanto do meio ambiente, como das populações e comunidades. Além disso, as metodologias devem levar em conta também, outros aspectos, como faixa etária,gênero, etc. na perspectiva de obter uma participação efetiva dos segmentos sociais envolvidos.
ORIENTAÇÕES TÉCNICAS PARA ELABORAÇÃO DE PROJETOS
Buscar solução para um determinado problema, este é o propósito básico de qualquer projeto, portanto, a primeira coisa a fazer para a formalização de uma proposta de projeto é a definição com clareza do problema, das características que o contextualizam e das alternativas possíveis para sua solução, ou seja, a definição da nova situação desejada. Ao se conceber a nova realidade que se pretende ver implantada, há necessidade de haver clareza de propósitos e prognósticos fundamentados na análise e na reflexão crítica da realidade. O planejamento visa a superação das diferenças da situaçãoproblema para a situação desejada. As ações, meios ou seqüência de atividades a serem empreendidas para a busca de objetivos e metas definidas, implicam a necessidade de recursos, (humanos, materiais e orçamentárias) e arranjos organizacionais e de gerência. Para a formalização de projetos de Educação Ambiental, devese observar as seguintes etapas ou seqüências para sua elaboração e apresentação finais: Identificação do Projeto - Deve envolver todos os elementos indispensáveis à sua imediata codificação, entre tais elementos são indispensáveis os seguintes: - Título do Projeto - Órgãos responsáveis - Coordenador - Executor - Período de execução (datas de início e término) - Localização: sede e área de abrangência. - Justificativa – Espaço para informar sobre a problemática ambiental a ser abordada pelo programa de educação, caracterizando- se sua relevância e a possibilidade de solução alternativa. É na justificativa que é apresentado a legitimação do propósito intencionado, portanto as informações devem ser mostradas em termos de análise, sob o ponto de vista social, político, econômico e ecológico frente aos pressupostos da educação ambiental. - Objetivos - Define as intenções do projeto e é um referencial para se avaliar os trabalhos a serem realizados. Deve-se ter um objetivo geral, que deve ser apresentado com clareza, e tantos objetivos específicos quantas atividades tenham que existir para se chegar à finalidade proposta. Quanto maior clareza se tem na definição dos objetivos, maior facilidade haverá para se estabelecer as estratégias de operacionalização e os instrumentos para alcançar as metas estabelecidas. - Metas - A fixação de metas permite determinar quantitativamente os resultados esperados frente às expectativas estabelecidas pelo conjunto dos objetivos propostos. Será pela análise detalhada dos passos operacionais que se conseguirá estabelecer a seqüência de atividades necessárias para a consecução dos objetivos específicos, que em seu conjunto comporão a finalidade maior, explicitada pelo objetivo geral. Assim, as metas devem refletir momentos estratégicos da seqüência de atividades, como possibilidade de resultados eficazes, passíveis de quantificação. - Estratégia de Operacionalização - Trata-se do detalhamento dos instrumentos necessários e da busca de condições adequadas como forma de viabilizar as intenções definidas no projeto. Usar os meios disponíveis ou explorar condições favoráveis, com vistas a alcançar objetivos específicos, caracterizam estratégias adequadas para finalidades determinadas. As articulações políticas e entre as instituições, suporte técnico, cursos de capacitação, troca de experiências, sistematização de informações, previsão de situações, são exemplos de algumas estratégias específicas. É pela definição da sequência de atividades que se poderá visualizar as estratégias adequadas para a consecução das ações, metas e objetivos. - Conteúdos Temáticos - Ao se definir a situação-problema a ser trabalhada, deve-se buscar estabelecer o conjunto de temas gerais e expressivos que requer situações relevantes sobre a questão. Através desses temas e que será obtida a formulação conceitual, com elementos de conteúdo que permitirão o tratamento interdisciplinar como abordagem que as questões ambientais exigem. Nesses termos, os projetos em educação ambiental nos permitem o tratamento crítico reflexivo que caracteriza as diferentes vertentes, em que a ação educativa pode fornecer aportes substantivos à solução do problema, sem os quais, as possibilidades que oferecem os diferentes planos de prevenção e recuperação do ambiente deteriorado, veriam-se restritos às soluções imediatas, sem incidir, suficientemente, na transformação qualitativa da problemática correspondente. - Metodologia - O tratamento interdisciplinar que deve ser dado às questões ambientais pressupõe alternativas metodológicas que exigem iniciativa e criatividade. A estratégia de problematização da questão permite uma abordagem crítico-social dos conteúdos que fornecem caminhos diversos. É necessário que se formulem atividades articuladas entre si, de modo que todas, em seu conjunto, coadunemse para a consecução dos objetivos propostos.A determinação de gerar processos participativos, com a busca de alternativas de soluções adequadas e deliberações de encaminhamentos tomadas em conjunto, envolvendo os personagens afetos à questão e interessados é o primeiro passo para acertar o caminho devido.Abrir possibilidades de participação, com discussão em torno de problemas-desafio, onde o indivíduo busque alternativas de soluções, é relevante. Coordenar e gerenciar esse processo, buscando instrumentos adequados, nos momentos apropriados, envolve sensibilidade e capacidade de comunicação, frente ao desafio de levar adiante as ações e atividades a serem implementadas.. - Cronograma - A estimativa de tempo para a realização das atividades, em cada etapa do processo, deve ser pensada cuidadosamente. Se por um lado não se pode deixar de fazer esse controle, por outro lado também não se deve ser muito rígido, pois sempre ocorrem alguns imprevistos. É pertinente avaliar o tempo estimado para o desenvolvimento de cada atividade, para, em termos de planejamento, estipular tempo para as ações. Essas previsões devem ser apresentadas em um quadro, atualizado a cada etapa do desenvolvimento do projeto, constituído numa tabela de cronograma de atividades. - Recursos- Para cada atividade diferenciada, os recursos devem ser especificados: sejam recursos humanos, técnicos, materiais e financeiros, necessários para desenvolver as ações programadas. Previstas as necessidades para cada uma das atividades, deve-se agregar todas elas, por elementos de despesa, isto é, organizar por elementos comuns a todas as atividades, totalizando cada um deles. Essa totalização para cada elemento de despesa deve ter totais parciais, obedecendo às atividades cronogramadas, de tal forma que faça coincidir cronogramas de despesa, por elementos, com o cronograma de atividades. Exemplo: em um dado mês estão previstas a s atividades X, Y, Z e para cada uma delas necessitamos os recursos x, y, e z para o elemento de despesa, materiais de consumo, assim, teremos a discriminação de necessidades e gastos em materiais de consumo, correspondente às atividades previstas. Isso feito mês a mês, para todas as atividades e elementos de despesas, caracteriza uma tabela de cronograma orçamentário. - Avaliação e Acompanhamento- Em qualquer projeto, é sumamente importante a averiguação da execução adequada das decisões tomadas no processo de implementação das ações/atividades. A avaliação implica a verificação da ação sobre o objeto, suas conseqüências e resultados, bem como a identificação e formulação de medidas corretivas ou preventivas. O acompanhamento representa a observação e análise da evolução dos fatores previstos ou não, na consecução das atividades/ações, frente às transformações esperadas, conforme as metas e os objetivos definidos. O acompanhamento tanto quanto a avaliação exigem um processo de monitoramento das atividades e ações, como elemento básico de organização para implementação de projetos.
Fonte: http://www.ibama.gov.br/phocadownload/cnia/6-nocoeseduamb.pdf In: MELO, Gutemberg de Pádua. Educação ambiental para professores e outros agentes multiplicadores/ João Pessoa: Superintendência do IBAMA na Paraíba, 2007. 60 p.
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