Estamos sendo lembrados de que somos tão vulneráveis que, se cortarem nosso ar por alguns minutos, a gente morre. - Ailton Krenak
ISSN 1678-0701 · Volume XXI, Número 86 · Março-Maio/2024
Início Cadastre-se! Procurar Área de autores Contato Apresentação(4) Normas de Publicação(1) Dicas e Curiosidades(7) Reflexão(3) Para Sensibilizar(1) Dinâmicas e Recursos Pedagógicos(6) Dúvidas(4) Entrevistas(4) Saber do Fazer(1) Culinária(1) Arte e Ambiente(1) Divulgação de Eventos(4) O que fazer para melhorar o meio ambiente(3) Sugestões bibliográficas(1) Educação(1) Você sabia que...(2) Reportagem(3) Educação e temas emergentes(1) Ações e projetos inspiradores(25) O Eco das Vozes(1) Do Linear ao Complexo(1) A Natureza Inspira(1) Notícias(21)   |  Números  
Trabalhos Enviados
04/04/2021 (Nº 47) EDUCAÇÃO AMBIENTAL, TURISMO E SUSTENTABILIDADE EM EMPREENDIMENTOS HOTELEIROS
Link permanente: http://www.revistaea.org/artigo.php?idartigo=1773 
  

EDUCAÇÃO AMBIENTAL, TURISMO E SUSTENTABILIDADE EM EMPREENDIMENTOS HOTELEIROS; UM ESTUDO DE CASO EM BELÉM DO PARÁ

 

 

Autor: João Gabriel P. Huffner¹

¹ Bacharel em Turismo pela Escola Superior da Amazônia – ESAMAZ

 

pinheirohuffner@yahoo.com.br

 

 

Resumo

 

O presente estudo resultou da necessidade de investigação no que tange a gestão e conscientização ambiental dentro de um meio de hospedagem (Hotel Muiraquitã) no município de Belém capital do Estado do Pará, sendo evidente a relevância do tema já que hoje as discussões a cerca de práticas sustentáveis dentro da atividade turística e principalmente dentro dos meios de hospedagem incorporam debates e preocupações no mundo inteiro. Tendo como objetivos refletir a importância do gerenciamento e educação ambiental em meios de hospedagem, além de investigar as práticas sustentáveis empregadas. Contudo o estudo configurou-se como um estudo de caso fazendo uso de uma abordagem qualitativa o que culminou no levantamento dos pontos importantes ao mesmo. Com o crescimento e expansão dos meios de hospedagem devido ao aumento do fluxo turístico, aumentam os impactos ambientais provenientes de tal atividade ou empreendimento, e que precisam ser estudados e mitigados. Os meios de hospedagem compreendem em seu funcionamento processos de utilização de energia e produção de resíduos (lixo), que não podem interferir na qualidade dos serviços prestados, porém devem ser enquadrados em normas e padrões que estabeleçam um equilíbrio na utilização de recursos energéticos e na produção e destinação dos resíduos. Todo o exposto denota a relevância da pesquisa junto à academia, pois poderá servir como fonte para novas pesquisas e para a empresa, pois se trata de um empreendimento novo e com perspectivas de crescimento, e com isso necessitará aperfeiçoa-se em suas práticas de sustentabilidade.

 

 

Palavras-chave: Turismo, Meios de Hospedagem, Educação Ambiental

 

 

1. INTRODUÇÃO

 

 

          O cenário mundial do século XXI presencia o despertar de uma nova consciência da sociedade em relação à questão ambiental, que ganha dimensão devido à importância atribuída à proteção ao meio ambiente como um dos fatores-chave da sociedade atual. A preocupação ecológica e a crescente busca de alternativas de desenvolvimento sustentável levam as organizações empresariais, bem como o poder público, a planejar os investimentos em tecnologia antipoluente em solo, água, ar e florestas na busca de mecanismos de ação para incrementar o aproveitamento de resíduos, evitando a exploração indiscriminada de novos recursos naturais e o acúmulo de materiais desperdiçados.

           Nesse sentido, o compromisso e a responsabilidade com a questão ambiental têm sido foco de discussões em diversas áreas do conhecimento. Desse modo, o poder público e organizações concentram esforços acerca de iniciativas de gestão ambiental sustentável sob áreas delimitadas e consideradas de “proteção ambiental”, visando à manutenção e a sensibilização da sociedade a questões ambientais.

          O presente Trabalho faz-se necessário devido à grande importância da gestão ambiental dentro dos meios de hospedagem nos dias atuais, em que o setor hoteleiro e os outros tipos de hospedagem vêm se tornando um dos segmentos que mais se desenvolve  e gera lucro dentro da atividade turística no mundo inteiro.  Além de servir como fonte bibliográfica para futuras pesquisas sobre o tema, contribuindo com o conhecimento acadêmico e com o empreendimento estudado na reflexão sobre as questões ambientais e suas práticas.    

           Nesse sentido, justifica-se a relevância deste trabalho na medida em que a questão ambiental tem tornado cada vez mais freqüente a discussão na sociedade atual, visto que tem sido objeto de vários estudos pelas mais diversas áreas do conhecimento, assim como, a implementação de alternativas aos problemas ambientais depende do empenho de cada segmento da sociedade, cada um contribuindo a partir de suas características, definindo seu campo de atuação e habilidades, incluindo ações de manutenção e preservação de áreas destinadas à sustentabilidade ambiental, a exemplo das ações empreendidas pelo objeto de estudo e foco desta pesquisa, que efetiva uma reflexão sobre o gerenciamento e conscientização ambiental nesse meio de hospedagem.                                                                                                                                                  

           Observa-se, assim, que o objetivo geral deste estudo envolve analisar as práticas de gestão e conscientização ambiental implantadas no Hotel Muiraquitã, em Belém do Pará bem como o modelo estrutural de gestão ambiental do Hotel, suas práticas de gestão que favorecem a conscientização ambiental de clientes e colaboradores do Hotel Muiraquitã revelando a importância dessas ações para a sustentabilidade ambiental do empreendimento.         

 

2. O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E SUA RELAÇÃO COM A ATIVIDADE TURISTICA

 

 

           Define-se desenvolvimento a partir da interação entre o meio ambiente, a economia e a sociedade, tal como a maneira que progridem e mudam. E essa mudança envolve o mundo como um todo. Um dos elementos que impulsiona consideravelmente o desenvolvimento é o aumento da população, causando estresse e danos aos recursos naturais, além de outras mazelas sociais, como a miséria e a pobreza.

           Atualmente, o estado do desenvolvimento estabelecido gera conseqüências em sua maior parte social e ambiental, reflexos do nível acelerado de industrialização que os países desenvolvidos e os em desenvolvimento estão passando, como o Brasil.

           Os fatos relacionados ao desenvolvimento citados acima, em conjunto com diversos outros elementos, intensificam a busca para redefinir e redirecionar o caminho do desenvolvimento para torná-lo sustentável e, nesse sentido, a comunidade internacional reconhece que a busca pela sustentabilidade requer um esforço colaborativo extraordinário envolvendo a sociedade em geral (Agenda 21, 1992).

           Várias criticas sobre esse modelo de desenvolvimento começaram a surgir a partir dos anos 70 baseadas em estudos onde se mostrava que muitos países “em desenvolvimento” estavam alcançando seus objetivos de crescimento e aumentando suas riquezas, porém, todos  eles apresentavam quadros de pobreza e distribuição de renda negativos, juntamente a degradação ambiental.

           Segundo Dasgupta (2002) o desenvolvimento econômico e tecnológico trabalham contra a natureza porque, existem algumas iniciativas para economizar o uso dos ecossistemas e que geralmente requerem investimentos altos.        

           Na época do surgimento do movimento ecológico e dos grupos de pressão nas décadas de 60 e 70, não existia ainda nenhuma perspectiva alternativa sobre o mundo além da visão do crescimento econômico e tecnológico. Esse quadro começou a mudar com a publicação em 1872 do livro “Limites do Crescimento” publicado por Clube de Roma, uma associação de livres cientistas, tecnocratas e políticos. O livro mostrou, com a modelagem por computador, as interações projetadas sobre as tendências futuras em população, crescimento econômico e recursos naturais. O estudo sugeriu que a humanidade estava trilhando um caminho que esgotaria eventualmente os recursos do planeta e ameaçaria sua própria existência (PORTER, 2000).

           Portanto, países desenvolvidos e em desenvolvimento começaram a apresentar uma nova necessidade, a de se desenvolverem e gerar crescimento afetando menos e utilizando menos recursos naturais. Com esse intuito muitos esforços e teses foram e estão sendo elaborados por lideres mundiais, como por exemplo, a Conferência das Nações Unidas sobre meio Ambiente e Desenvolvimento (ECO 92), realizada no Rio de Janeiro, em Junho de 1992, na tentativa de criar um programa que proteja o Meio ambiente e utilize formas de industrialização menos agressivas e danosas à natureza (MURPHY, 2002).

            A partir do ECO 92, originou-se um documento intitulado Agenda 21, uma espécie de guia prático sobre Desenvolvimento Sustentável. Foi assinada por 178 países que se comprometeram em desenvolver planos nacionais, municipais, regionais para o Desenvolvimento Sustentável e estabeleceram metas diversas para alcançar até 2002. Uma destas metas era para cada pais estabelecer estruturas para a educação para o desenvolvimento sustentável, ou seja, cada pais ficou responsável por elaborar sua própria Agenda 21 comprometendo-se a refletir sobre as questões de desenvolvimento.

          É importante ressaltar que esse documento apresenta uma das primeiras estruturas para tratar das questões de desenvolvimento, apresentando uma abordagem oposta às medidas universais, prescritas e exigidas pelas organizações de desenvolvimento internacionais.

                                                                                                                                               

O conceito de desenvolvimento sustentável fornece uma estrutura para a integração de políticas ambientais e estratégias de desenvolvimento – sendo o termo “desenvolvimento” aqui empregado em seu sentido mais amplo (BRUNDTLAND, 1987, p.43).

 

                                                                                                                                                                                       

           Segundo o relatório da Comissão Mundial Sobre o Meio Ambiente, intitulado “Nosso Futuro Comum” (1987) pode-se estabelecer cinco conceitos-chave que explicitam a interligação com a humanidade na questão de sustentabilidade, são eles;

 

As necessidades do futuro não poderão ser sacrificadas para as demandas do presente; O futuro econômico da humanidade é entrelaçado com a integridade de sistemas naturais; O sistema mundial atual não é sustentável porque não satisfaz as necessidades de muitos, principalmente os pobres; Proteger o ambiente é impossível se não realizamos melhorias nas perspectivas econômicas das pessoas mais pobres do planeta; Precisamos agir para preservar o maior numero de opções para as gerações futuras, sendo que elas têm o direito de determinar suas próprias necessidades (NOSSO FUTURO COMUM, 1987, P. 28).

 

       

           Atualmente a formulação de acordos e convenções internacionais para a proteção do meio ambiente vem igualmente definindo o conceito de Desenvolvimento Sustentável pelo fato de estabelecer metas, prazos e indicadores para alcançar a sustentabilidade em diversas áreas (MMA, 2002).                                                                                                                                                  

            Para Ruschmann (1997), o Turismo pode vir a ser uma atividade alternativa na busca de um desenvolvimento sustentável de um país, região ou estado, desde que haja o interesse em mantê-la “saudável”, na medida em que se busque estabelecer o Turismo ao encontro das idéias ou bases teóricas e praticas do desenvolvimento sustentável.

           Nesse sentido, é possível afirmar que através do Turismo, o Brasil, que é possuidor de grande potencial, apresenta condições favoráveis para gerar desenvolvimento social e econômico, além de colaborar na preservação e conservação de áreas naturais de importância indiscutível.

          Para tanto, faz-se necessário um planejamento consciente da atividade turística junto aos envolvidos (administração pública, setor privado, ONG’s, comunidade local e consumidores) para que todos se beneficiem e produzam uma atividade “sustentável”.

                                                                                                            

           Na busca por alternativas para estabelecer novos parâmetros de desenvolvimento a partir do conceito de Desenvolvimento Sustentável, o Turismo como atividade dinâmica e ligada diretamente à natureza como matéria prima para a sua pratica, é capaz de originar um novo conceito; o “Turismo sustentável”, com isso Ruschmann citada por Gazoni (1997, p.101) afirma que “os conceitos de turismo sustentável e desenvolvimento sustentável estão intimamente ligados a sustentabilidade no uso dos recursos naturais e culturais”, pois, o Turismo é capaz de gerar desenvolvimento, porém precisa de limites e regras que não o torne mais uma atividade degradante.

          Assim, um Turismo sustentável pode e deve ajudar no desenvolvimento dos países, estados e municípios em termos econômicos, sociais e acima de tudo, ambientais propondo novas perspectivas e parâmetros de utilização para ecossistemas mais simples e grandiosos como a floresta Amazônica.        

           Segundo Cordeiro (1997, p.19), essa recente função do turismo como um componente lógico de desenvolvimento sustentável deve imprimir métodos multidisciplinares em sua forma atribuídos de um planejamento cuidadoso, tanto gerencial quanto físico e rigorosas normas e regulamentos que irão garantir essa sustentabilidade.                                                                                                                                               

          

3. IMPACTOS AMBIENTAIS GERADOS PELO TURISMO

 

 

           Os maiores impactos causados pelo desenvolvimento desordenado do Turismo estão principalmente relacionados aos impactos ambientais e sociais causando, por conseqüência, uma crise de todo o sistema e inviabilizando, dessa forma, a proposta de que o turismo pode ser bom para uma dada localidade. Ruschmann (1997) ressalta que os impactos do Turismo se referem ao desenvolvimento turístico nas localidades receptoras e que são conseqüência de um processo de interação entre turistas, comunidade e meios receptores.

           Dessa forma, o Turismo produz impactos benéficos ou negativos nas áreas visitadas. Porém, tanto seus benefícios quanto os problemas dele decorrentes são potenciais, ou seja, dependem de como o planejamento, implementação e monitoramento forem organizados e realizados.         

          É importante frisar que o Turismo trabalha os recursos naturais como peça fundamental do conjunto de atrativos que compõem a atividade, sendo que muitos desses recursos são finitos, frágeis e vulneráveis às práticas realizadas no Turismo. Portanto uma das analises imprescindíveis para que os impactos negativos sejam minimizados, é a determinação da capacidade de carga do local que, corresponde ao número total de visitantes e o grau de desenvolvimento ótimo que um local pode receber, sem que resulte em prejuízos ao ambiente.com a crescente urbanização dos grandes centros , a população em massa tende a “invadir” áreas naturais em busca de lazer entre outras motivações, transformando a realidade desses locais através da poluição sonora, lixo e resíduos acumulados e a contaminação da água.

           Por o Turismo ser uma atividade altamente rentável, principalmente em destinos com natureza exuberante, ocorre o desenvolvimento de empreendimentos de forma rápida e intensa, em muitos casos, quanto maior o grau de atratividade turística do local é maior o desrespeito com a capacidade de carga.                                                                                                            

        Por conseqüência, a atividade turística não pode ser planejada desvinculada do meio, deve ser vista como um sistema, onde todas as partes estão interligadas. No planejamento devem-se considerar os aspectos físicos, econômicos, sociais, culturais e ambientais (RUSCHMANN, 1997).    

 

4. IMPACTOS AMBIENTAIS PROVENIENTES DA ATIVIDADE HOTELEIRA

 

           O segmento hoteleiro hoje fincou suas bases na indústria do Turismo e na economia como uma atividade altamente rentável, Com tanto crescimento infra-estrutural é relevante levantar questões a cerca dos impactos negativos gerados, pois se trata também de um dos subsistemas mais amplos e importantes da cadeia Turística, que necessita de energia e utiliza recursos naturais e produz elementos poluidores, o que na hotelaria deve ser trabalhado e minimizado, como enfoca Ferreira (1999, p.2) “[...] o setor hoteleiro em particular, deve ter sua parcela de responsabilidade em fazer da ética do desenvolvimento sustentável uma parte integrante de suas metas, já que dependem da qualidade do meio ambiente para o seu crescimento”.

          Dentre os impactos ambientais provenientes da atividade hoteleira, são evidentes os advindos do mau uso dos recursos naturais, os impactos poluentes, a ocupação territorial que pode acarretar danos à paisagem e pressão sobre o meio ambiente. Centeno (2004, p.46) os define da seguinte forma: “Os impactos causados devido ao mau uso dos recursos naturais ocorrem a partir da entrada do processo. Já os impactos poluidores se dão na saída, ou seja, ao termino do processo.”                          

           Os empreendimentos hoteleiros utilizam-se de um grande consumo de energia e água, aumentam a população das localidades na alta estação, atrelando o seu produto às riquezas naturais, concomitantemente geram resíduos poluentes, efluentes líquidos oriundos dos banheiros, lavanderia e cozinha, emitem gases à atmosfera, alterando o equilíbrio dos ecossistemas.

           Hoje, a grande maioria dos empreendimentos hoteleiros buscam implantar Sistemas de Gestão Ambiental na tentativa de minimizar os impactos negativos, tornando a preocupação com o meio ambiente um elemento essencial na competitividade dentro do mercado cada vez mais exigente.

 

5. HOTEL MUIRAQUITÃ: UMA REFLEXÃO SOBRE O GERENCIAMENTO E A EDUCAÇÃO AMBIENTAL EM MEIOS DE HOSPEDAGEM

 

          O estudo de caso do Hotel Muiraquitã objetiva levantar informações relevantes sobre o mesmo e referentes a sustentabilidade do empreendimento, analisando sua conformidade  com as legislações ambientais, suas práticas de mitigação de impactos oriundos de suas atividades  tendo em vista o pequeno porte do empreendimento, além de contemplar os aspectos organizacionais e administrativos do hotel, o que será melhor exposto no tópico seguinte.

5.1 O HOTEL MUIRAQUITÃ

5.1.1 Estrutura e Funcionamento

 

           O Hotel Muiraquitã (Figura 1) foi inaugurado em 2006, iniciou suas atividades com o quantitativo de oito funcionários e dezessete apartamentos distribuídos em três pavimentos e uma suíte que pode ser adaptada para até cinco camas de solteiro. No trecho abaixo a proprietária descreve o empreendimento e os serviços oferecidos:

 

O Hotel Muiraquitã segundo as normas de classificação de meios de hospedagem oficiais da Embratur  é classificado como padrão Econômico, o publico alvo do empreendimento são os Turistas de negócios, no Hotel oferecemos os serviços de café da manhã, frigobar cheio, telefone, Wi-fi (ponto de Internet nas UH’s e no Lobby), recarga de celular, cobrança por faturamento (empresas), formas de pagamento variadas, além de faturamento temos cartão de debito e credito (Visa, Mastercard e Amex), convênio com a ABIH e centrais de reservas (exemplo Hóspedes Vip). (Informação verbal)

          

           Com a transcrição do trecho acima se percebe que o empreendimento busca oferecer serviços variados e com qualidade e conforto aos hóspedes contribuindo assim para uma fidelização e retorno garantido.

 

 

Description: hotel muiraquitã 1

Figura 1: Fachada do Hotel Muiraquitã

Fonte: Hüffner, (2008)

 

 

           O imóvel onde se encontra o empreendimento antes era a residência dos proprietários, que foi transformada e adaptada para uma estrutura de um hotel com a ajuda de arquitetos e financiamentos voltados ao setor. Vale ressaltar que o hotel é administrado pelo proprietário e sua família. Outro ponto a considerar é a sua localização privilegiada, pois o hotel está em uma avenida próxima ao centro da cidade com diversos produtos e serviços a disposição do hóspede conforme depoimento da gestora do hotel.         

                                                                                                                                                                                     

 6. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS        

 

         Para alcançar os objetivos propostos pelo presente trabalho, a metodologia empregada constituiu-se do levantamento dos dados primários que se caracterizam como a pesquisa desenvolvida a partir de material já elaborado, constituído principalmente de livros e artigos científicos, tendo a finalidade de fazer um levantamento do que está disponível em termos de informações e conhecimentos relativos à temática estudada.   

         O passo seguinte constituiu-se da coleta dos dados secundários, referentes ao estudo de caso das práticas de gestão e conscientização ambiental implantadas no Hotel Muiraquitã. Os dados secundários envolvem o desenvolvimento de pesquisa de Campo através de aplicação de entrevista junto ao propietário do hotel baseada em questionário estruturado com perguntas abertas além visitações ao local da pesquisa para observações, definindo assim a pesquisa como qualitativa e exploratória.

 

 

7. ANÁLISE DAS AÇÕES AMBIENTAIS ADOTADAS PELO HOTEL MUIRAQUITÃ

 

           O Hotel Muiraquitã investe em soluções que juntas não constituem um sistema de gestão ambiental, porém, são importantes para a implantação de um e podem ser incorporadas a outras medidas que juntas formulem programas e culminem em um sistema.                                                                                                                                                  

           Tais soluções focam principalmente a minimização do consumo de energia e o não desperdício nas dependências do empreendimento, para isso o hotel investiu em formas simples e fáceis de aplicação.                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                          

           Os benefícios angariados com a utilização de tecnologias limpas para a redução do consumo e desperdício de recursos como a energia pode ser maior do que se imagina, tanto nos aspectos ambientais quanto nos econômicos do empreendimento.

         Uma dessas tecnologias são os cartões inteligentes que comandam o uso de energia assim que o hóspede entra e sai do apartamento evitando que ele esqueça as luzes ou aparelhos ligados ao sair e controla o consumo (Figuras 2 e 3).

 

Description: hotel muiraquitã 021

            

Description: hotel muiraquitã 020

                                                                                                                                      Figura 2: Cartões Inteligentes Instalados nas UH’s               Figura 3: Cartão Inteligente Conectado

                                                                                                                                      Fonte: Hüffner, (2008)                                                                   Fonte: Hüffner, (2008)

          

Telhas transparentes (Figuras 4 e 5), que auxiliam na iluminação do ambiente diminuindo o consumo de energia elétrica, dando um aspecto claro ao recinto e ajuda na diminuição do consumo de energia elétrica contribuindo assim com a não construção de novas usinas hidrelétricas, além  de ser uma questão de inteligência, pois, vivemos em uma região de sol e ventos fortes que devem ser aproveitados.

            É importante frisar a necessidade de se trabalhar alternativas viáveis e de baixo custo de implementação em busca da diminuição do consumo interno de energia elétrica, pois além dos benefícios ambientais existem os benefícios econômicos resultantes de tais medidas. Nesse sentido podemos destacar de acordo com o depoimento da gerente do hotel que:

 

Como o empreendimento é novo, aproveitou-se o que havia de mais moderno em tecnologia para equipá-lo com economia e qualidade. Então, a preocupação inicialmente foi de ordem econômica. Mas, como a preocupação ambiental já estava aliada a tecnologia por parte de nossos fornecedores, o hotel com um investimento maior, adquiriu o formato de hotel inteligente (parcialmente), considerando é claro que é de porte micro, por isso sua capacidade de investimento ainda é pequena (Informação verbal).                      

                                             

 

Description: SUNP0078
                                                                                                                                                 Figura 4: Telhas transparentes.

Fonte:Huffner, (2008)

 

 

 

 

           Aquecimento da água utilizada em chuveiros, duchas e copa são feitos por placas de captação de energia solar. Este tipo de medida contribui para a redução dos valores pagos pela energia elétrica e utiliza como fonte um recurso natural praticamente infinito e que é abundante durante o ano inteiro em nossa região, a energia solar. E essa é uma medida integrada a todas as UH's do empreendimento Além de que o Hotel emprega o uso de lâmpadas econômicas em todos os setores e sensores de luz que acionam a iluminação somente com a presença de alguém (Figura 6).   

 

 

Description: hotel muiraquitã 022 Description: hotel muiraquitã 023

Figura 5: Telhas transparentes                                    Figura 6: Lâmpadas econômicas

Fonte: Vieira, (2008)                                                   Fonte: Vieira, (2008)

 

           Outro ponto relevante é o estimulo que os funcionários recebem em relação á redução do consumo e desperdício de energia e água nas dependências do Hotel, contudo esse trabalho necessita de fiscalização e cobrança por parte dos administradores.  Segundo informação proveniente da gerência do Hotel essa é até então a única medida em relação à gestão da água no empreendimento, mas que pesquisas estão sendo feitas para a utilização de novas alternativas como relação a esse quesito futuramente;

 

Ainda não temos um sistema de aproveitamento da água dos chuveiros e da chuva para fins como limpeza e sanitários, ou seja, não temos cisternas. No momento o abastecimento do Hotel é feito por meio de poço artesiano. Quanto ao esgoto o tratamento é padrão residencial (Informação verbal).

 

 

           É fato a preocupação da administração do hotel em implantar junto às atividades medidas simples, eficazes e ambientalmente corretas como as já citadas acima.  Completando a análise o Hotel evidencia ações para um tratamento adequado aos resíduos sólidos produzidos durante os processos de entrada e saída de insumos anteriormente descritos e que fazem parte da rotina operacional de qualquer empreendimento hoteleiro e que deve receber uma atenção especial no intuito de propor soluções e destinos adequados aos resíduos e lixo gerados através da coleta seletiva de todo o material encaminhando-o para reciclagem e reaproveitamento.

           Depois de feita a identificação dos resíduos sólidos produzidos no hotel, fica fácil analisar, discutir e propor medidas que proporcionem um destino adequado aos resíduos de acordo com suas especificidades buscando  alternativas  e  soluções   sustentáveis  mitigando os impactos negativos  no meio ambiente. Nesse aspecto a gerente completa da seguinte forma;

 

Dentro das praticas adotadas pelo Hotel Muiraquitã está a coleta seletiva de materiais recicláveis. Nesse sentido o Hotel pratica uma coleta seletiva domestica e também destina o material recolhido por meio da coleta promovida pela prefeitura junto a catadores de cooperativas de reciclagem, todo material que pode ser reaproveitado é doado nessa coleta (informação verbal).

                     

 

           Ainda é relevante destacar que os meios de hospedagem geram uma produção significativa de resíduos sólidos, onde o volume dessa produção é determinado por diversos fatores dentre os quais podemos citar o numero de hóspedes, quantidade de funcionários e tamanho e porte do hotel. Nesse sentido pode-se afirmar que a produção de resíduos sólidos no Hotel em estudo não chega a ser grandiosa, porém não deixando de ter uma relevância dentro da sustentabilidade almejada no empreendimento.

           A adoção de tais medidas no intuito de garantir o uso racional de recursos naturais e promover uma preocupação ambiental que envolva as atividades do empreendimento são louváveis e pertinentes, porém, este estudo busca propor melhorias nas práticas já existentes constituídas de procedimentos que visem uma maior contribuição e eficácia no que tange a questão ambiental e os impactos negativos gerados pelas atividades exercidas, estabelecendo um compromisso com a melhoria continua.

           Quanto á sustentabilidade nos aspectos que envolvem o conceito, ou seja, não somente o ambiental, a gerente do Hotel Muiraquitã finaliza no seguinte trecho;

 

O Hotel Muiraquitã pode ser considerado um meio de hospedagem sustentável dentro de suas condições de porte (micro empresa) e nos seguintes aspectos; aspecto econômico: possui atendimento de qualidade e personalizado, garantindo manutenção de clientes e conquista de novos (carteira de clientes em crescimento) graças ao “boca a boca positivo”. Aspecto social: é uma empresa ética, pois remunera seus empregados dentro das normas trabalhistas, e paga seus tributos normalmente (sistema super simples micro empresa), faz vistorias periódicas (bombeiros e vigilância sanitária). Aos empregados é permitida a compensação de horários e são concedidos adiantamentos quando necessários. A empresa também ajuda a divulgar a cultura e turismo da região Amazônica por meio de seu site (lenda muiraquitã), mapas e guias turísticos. Quanto à sociedade trabalha pelo combate a prostituição infantil, pois o estabelecimento combate este tipo de postura por meio de cartazes / campanhas e orientação da recepção. Aspecto Ambiental: adota mecanismos de Hotel Inteligente para economia de energia com cartões inteligentes, placas solar nas duchas e copas telhas transparentes, lâmpadas econômicas e coleta seletiva de lixo  (informação verbal).                                                     

                                                                              

 

8. CONSIDERAÇÕES FINAIS

      

 

           Considerando-se a análise das ações ambientais adotadas pelo Hotel Muiraquitã, observou-se que suas práticas envolvem a utilização de tecnologias limpas e o uso de telhas transparentes e placas solares que visam à redução do consumo de energia, além de outras ações de responsabilidade social, como campanhas contra a prostituição infantil.

           No entanto, os resultados apresentados pela pesquisa indicam a necessidade de medidas que, privilegiem a proteção ao meio ambiente como um todo indivisível e também visem à melhoria de sua imagem institucional a partir de um maior comprometimento de seus colaboradores e aumento da criatividade em prol de sua preservação. Nesse sentido, caso um processo de gestão ambiental do Hotel Muiraquitã fosse efetivado na sua totalidade, permitiria uma melhor análise e planejamento em relação à utilização de seus recursos naturais, assim como a operacionalização eficaz em relação aos equipamentos hoteleiros existentes no empreendimento.

           Dessa forma, a implantação dos Sistema de Gestal Ambientais -  SGA`s deve constituir-se em prioridade na empresa que, a partir de políticas, programas e procedimentos devem conduzir suas atividades de modo ambientalmente seguro. Outro fator de sustentabilidade ambiental implica no treinamento e motivação para a questão da sustentabilidade ambiental que deve ser proporcionado aos colaboradores para atingir um melhor desempenho das atividades de maneira responsável em relação ao meio ambiente.

           A identificação foi possível a partir da verificação através da pesquisa de campo, na qual foi identificada a inexistência de treinamentos direcionados à melhoria das atividades desenvolvidas pelos colaboradores em prol da proteção e manutenção ambiental. Portanto, a análise das práticas de gestão ambiental resultou na observação de que o Hotel Muiraquitã necessita de uma revisão no planejamento e na operacionalização, a fim de que o compromisso e a responsabilidade com a questão ambiental seja, realmente, o foco principal da organização, considerando-se que a Gestão Ambiental é o processo de análise e planejamento corporativo em relação à utilização dos recursos naturais e preservação do meio ambiente e o caminho natural para atingir-se a sustentabilidade das organizações no longo prazo.                                                                                                                                                

           Muitos foram os percaussos enfrentados, apesar de o tema envolver questões que atualmente são comumente debatidas existe muito pouco emtermos de praticas sutentaveis em evidência no setor hoteleiro da capital paraense, o que levou ao aprofundamento teorico e bilbliogafico, porém, a contribuição dos proprietarios e administrados do objeto de estudo foi imprescindivel para o desenvolvimento da pesquisa in loco.

           Nesse sentido, a gestão ambiental serve de base para a excelência empresarial, que avalia a empresa não só por seu desempenho produtivo e econômico, mas também pela qualidade de seus produtos, por sua performance em relação ao meio ambiente e pela saúde de seus colaboradores internos.

           Entende-se, assim, que a empresa precisa de uma tomada de consciência do seu papel na sociedade para aceitar/implementar a gestão ambiental e ter uma atitude proativa em relação aos critérios de sustentabilidade ambiental que prevêem a manutenção e a preservação do meio ambiente. A minimização ou solução dos problemas ambientais requer dos empresários e administradores uma nova atitude, que passem a considerar a questão ambiental na tomada de decisão e adotem concepções administrativas e tecnológicas que contribuam para ampliar a proteção ao meio ambiente.

           Diante de todo o exposto, acredita-se que esta pesquisa pode contribuir não somente para possíveis melhorias na qualidade da prestação de serviços e aspectos ligados a questão ambiental, mas também, a comunidade acadêmica interessada em discussões de modelos adequados a prática sustentável.

 

REFERÊNCIAS

         

ALVES. K.dos S.e CAVALCANTI J. E. A. e SILVA J. T. M. Hotelaria e Turismo: Elementos de Gestão e Competitividade: A Gestão Ambiental de Resíduos Sólidos no Setor Hoteleiro - Campinas, São Paulo Editora Alínea, 2006.

 

BRUNDTLANDH. G. Nosso Futuro Comum, p. 43; 1987

 

CENTENO R. C. Gestão Ambiental em Meios de Hospedagem, Porto Alegre, 2004.

 

DASGUPTA, P. Existe Desenvolvimento Sustentável na Contemporaneidade?  Academia de Ciência, Junho, 2002.

 

EVER, J.H. Desenvolvimento sustentável em São Paulo in Governo de São Paulo, 1997.

 

FERREIRA L. J. A Variável Ambiental como Componente na Classificação da Qualidade dos Serviços – Hotelaria - Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC 1999.

 

FILHO, Q. A.N.. e Ferreira T. A, M. Hotelaria e Turismo: Empreendedorismo em Turismo na Era do Conhecimento, Reinaldo Dias e Nelson a. quadros Vieira Filho (Organizadores)- Campinas S.P Editora alínea, 2006.

 

GAZONI, L. J. . Gestão  de Hotelaria e Turismo: Sustentabilidade em Meios de Hospedagem / Reinaldo Dias e Maria Alzira Pimenta (Organizadores) . São Paulo Editora  Pearson Prenticen Hall, 1997.

 

PORTER. G; BROWN, .J; WELSH. C; PANELA. S. Políticas Climáticas Globais ; publicações,  IBAMA – 2000.

 

RUSCHMANN, D.. Turismo e Planejamento Sustentável: A Proteção do Meio Ambiente. São Paulo, Editora Papirus, 1997.

 

SWARBROOKE J. Turismo Sustentável: Turismo Cultural, Ecoturismo e Ética – Brasilia – DF,  Ed. Aleph, 2000.

 

 

 

Ilustrações: Silvana Santos