Estamos sendo lembrados de que somos tão vulneráveis que, se cortarem nosso ar por alguns minutos, a gente morre. - Ailton Krenak
ISSN 1678-0701 · Volume XXI, Número 86 · Março-Maio/2024
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04/04/2021 (Nº 47) APRENDIZAGEM TRANSFORMATIVA PARA A SUSTENTABILIDADE
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Aprendizagem transformativa para a sustentabilidade: conceitos e aplicação em um curso de graduação em Administração

 

 

Antonio Gil da Costa Júnior

Doutorando em Administração / UFRN

E-mail: antonio.gil@gmail.com

 

Carlos Eduardo de Mira Costa

Mestrando em Meio Ambiente e Recursos Hídricos / UNIFEI

E-mail: cadumira@gmail.com

 

Resumo

 

A ONU – Organização das Nações Unidas – instituiu o atual decênio como a Década da Educação para o Desenvolvimento Sustentável, na esperança de que educadores e instituições de ensino possam discutir e propor melhorias na educação para a sustentabilidade. Essa preocupação é mister haja vista a crescente preocupação mundial a respeito dos impactos ambientais e sociais. Destarte, autores e organizações mundiais clamam por mudanças significativas na educação superior no contexto do ensino para a sustentabilidade. Assim, propõe-se o modelo ATS de Aprendizagem Transformativa para a Sustentabilidade, uma metodologia adequada à realidade brasileira do modelo TSL (Transformative Sustainability Learning). A ATS é um conjunto de objetivos de aprendizagem correspondentes aos domínios da Taxonomia de Bloom: cognitivo, psicomotor e afetivo, que tem o propósito de facilitar as experiências pessoais e grupais, resultando em intensas modificações no conhecimento, habilidades e atividades relacionadas à justiça social, econômica e ambiental. Este modelo foi aplicado em um curso de Administração de uma Instituição de Ensino Superior do estado do Mato Grosso com resultados animadores, alcançando o objetivo final da aprendizagem transformativa no domínio comportamental.

 

Palavras-chave: Educação. Aprendizagem Transformativa. Sustentabilidade.

 

 

Introdução

 

A partir de 2005, o Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior incluiu a Responsabilidade Social como uma das dimensões do Instrumento de Avaliação do Sinaes. Esta dimensão considera a responsabilidade social nos itens: desenvolvimento econômico e social, conservação do meio ambiente, da memória e patrimônio cultural, da produção artística e inclusão social. Estes componentes isolados demonstram o que o Estado almeja do Ensino Superior quanto a sua gestão. Entretanto a sustentabilidade, enquanto ensino, não possui a mesma clareza, como citam Borlan e Motta (2008, p. 11) “se por um lado é clara a natureza da responsabilidade social na gestão das instituições de ensino enquanto organizações empresariais, por outro seu sentido para a tríplice função enquanto universidade de ensino, pesquisa e extensão ainda é causa de discussão”.

A educação universitária nas sociedades ocidentais subdividiu o conhecimento em disciplinas. Esse modelo de educação tem suas origens no racionalismo, uma doutrina em que o conhecimento é resultado de uma compreensão “fundamentada em evidências e com retidão e rigor científico” das coisas e do mundo (LAMBKIN, 1998). O domínio do racionalismo em detrimento das características humanas como o senso comum, a criatividade, a intuição, a memória cultural, a ética e a espiritualidade, serviu para fracionar o conhecimento em elementos cada vez menores.

Como articula Orr (1992), é hora de se indagar o quê se necessita saber para viver humanamente, de forma pacífica e responsável na Terra, direcionando as pesquisas neste ponto. Assim, pode-se mudar a direção da educação parando-se de ensinar a “insustentabilidade” (perpetuamento da crise social e ambiental) e modificando a concepção pedagógica para ensinar a sustentabilidade (justiça socioambiental). Para se despertar do modelo de reprodução das moléstias sociais para o ensino da sustentabilidade, demanda-se a transformação para novas formas de aproximar a educação à vida.

O modelo de Aprendizagem Transformativa a ser exposto neste artigo é baseado em duas premissas. A primeira é de que os espaços de estudo, trabalho e diversão dos alunos são os centros de suas experiências, que auxiliam a ensiná-los como tudo funciona e quais seus papéis no mundo (GRUENEWALD, 2003). Para uma contextualização apropriada, a educação para a sustentabilidade deve ser posicionada tanto na Instituição de ensino quanto no ambiente da comunidade.

Já a segunda premissa é a de que as Instituições de ensino devem assumir um papel ativo, ciente de sua responsabilidade nos âmbitos local, regional e global (GRUENEWALD, 2003). Para atingir estas premissas a missão e objetivos da instituição devem ser analisados e até mesmo reconstruídos.

 

Meio Ambiente e Sustentabilidade

 

            Pode-se conceituar meio ambiente como a interação do conjunto de elementos naturais e artificiais, no qual o ser humano é parte integrante, pois detém assim como outros elementos que influenciam, interagem, modificam, criam e destroem. Em consonância, Rodrigues (2002, p. 51) afirma que o meio ambiente:

 

(...) não retrata apenas a ideia de espaço, de simples ambiente, mas ao contrário, vai além, para significar, ainda, todo o conjunto de relações (físicas, químicas e biológicas) dentre os fatores vivos (bióticos) e não vivos (abióticos) deste ambiente e que são responsáveis pela manutenção, abrigo e regência de todas as formas de vida existentes nesse ambiente.

           

Atualmente, a maioria dos problemas ambientais é ocasionada pelas ações humanas, que usam o meio ambiente para obter os recursos necessários para produzir bens e serviços, despejando os resíduos e sobras no meio ambiente. Tal prática se intensificou principalmente após a Revolução Industrial.

            A apropriação indevida da água, do solo e do ar é ocasionada por uma visão ultrapassada de que os recursos naturais são abundantes e inesgotáveis, bens livres, isto é, bens que não necessitam de trabalho para se obter, criando assim uma percepção de modelo inesgotável, dificultando a inevitável extinção dos recursos naturais e disseminação da poluição ambiental. (DONAIRE, 1999).

            A Revolução Industrial é considerada pelos principais autores da área como o marco da intensificação dos problemas ambientais, pois houve uma maior parcela de emissão de gases, devido às novas instalações industriais por todo o mundo e pelo lixo gerado cada vez mais composto de restos de embalagens e produtos industriais.

O uso de fertilizantes, de inseticidas, de herbicidas, isto é, de produtos industrializados usados na atividade agrícola intensificaram ainda mais o processo de degradação ambiental.

Essas atividades produtivas intensivas, com intuito de atender grandes mercados, alteraram a proporção da exploração de recursos e dos resíduos lançados, que cresceram em dimensões consideráveis ameaçadoras às gerações futuras.

 

Meio Ambiente no Processo Histórico do Mato Grosso

 

A expedição de Antonio Moreira Cabral foi o primeiro a descobrir ouro nas regiões do rio Coxipó, em 1719 e em 1722 as minas de Cuiabá. Foi grande o fluxo migratório vindo da Capitania de São Paulo e de outras como, Rio de Janeiro, Minas Gerais e as do Nordeste para exploração das minas da região.

A ocupação da região Centro-Oeste ocorrido no séc. XVIII esteve sempre ligado aos interesses econômicos da metrópole. Desde a descoberta do ouro, várias outras culturas exploratórias foram cultivadas. As atividades começaram com mineração (ouro, diamantes), cana-de-açúcar, erva-mate, poaia, borracha, pecuária, agricultura até os dias atuais.

O governo de Getúlio Vargas marcou o estado de Mato Grosso, pois foi empreendida a “Marcha para o Oeste”. O projeto teve o intuito de estimular os migrantes a se estabelecerem em Mato Grosso, assentando-os em pequenas propriedades, isto é, ocupar os “espaços vazios” existentes na região. De acordo com o projeto, os colonos receberiam provisoriamente as terras e, somente depois de três anos, teriam o título definitivo de posse delas. Este título somente poderia ser conseguido caso ele mantivesse o cultivo da terra e se comportasse de maneira correta, não infringindo as leis.

O governo federal estimulou esta cultura exploratória através dos projetos de colonização da região Centro-Oeste e de outras regiões. As terras mato-grossenses, abertas à colonização após a divisão do estado, não contavam com a infraestrutura necessária para receber e fixar o contingente migratório que estava por chegar.

Júlio Campos, primeiro governador eleito pelo voto direto, objetivava acelerar o processo de colonização na região norte do Mato Grosso e atraía migrantes que tinham como meta transformar Mato Grosso no “celeiro agrícola do Brasil”. Assim, foi investido em ampla propaganda veiculada nas regiões Sudeste e especialmente Sul, acelerando o processo de colonização. A chegada dos migrantes foi responsável pela expansão das atividades madeireira e agrícola - principalmente a monocultura de soja, assim como desencadeou um rápido processo de urbanização, dando origem a novos municípios.

Nesse processo de colonização conseguiram se fixar apenas aqueles grupos mais amparados por empresas colonizadoras ou cooperativas. Os colonos que não conseguiram se sustentar na região integraram-se à dinâmica do êxodo rural, consequência inevitável desse processo.

Atualmente o estado do Mato Grosso é considerado o polo mais relevante de produção agrícola do Brasil, sendo o principal produtor de grãos. De acordo com Figueiredo et. al. (2004) as exportações de soja são responsáveis por 24,3% da receita brasileira advinda das exportações segundo informações do MIDC - Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.

Por tornar-se o “celeiro mundial”, o estado do Mato Grosso, e consequentemente suas atividades no agronegócio, passam a ter repercussão nacional e até mesmo global. Como descreve Gomes (2007, p. 22), “o mundo se atenta ao Mato Grosso. Toda vez que pisamos na bola por aqui se cria um obstáculo ambiental na Europa, que é o grande mercado das nossas commodities agrícolas”.

 

Em decorrência desse contexto, surgem movimentos que reivindicam modificações em relação à forma de produzir e diligenciam a sustentabilidade, considerando aspectos, como aqueles relacionados ao meio ambiente, à qualidade de vida, a redução dos custos dos alimentos e de energia, minimizando o quanto possível os impactos no meio ambiente (OLIVETTE, 2006, p. 8).

 

Debater as questões ambientais do Mato Grosso, assim como em toda a região Centro-Oeste e Amazônia, acarreta em discutir a intensificação da ocupação humana e econômica advinda principalmente a partir de 1973, com a ocupação destas regiões na política “integrar para não entregar” do governo militar da época (RIBEIRO, 2008).

Esta política, por meio do INCRA (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária), instigava os ocupantes que assumissem a posse das suas áreas pelo desmatamento. Os excessos cometidos nesses últimos 35 anos deixaram uma profunda marca em grande parte da sociedade. Um elemento cultural que dificulta a efetivação, e até mesmo, a conscientização da sustentabilidade.

 

A Década da Educação para o Desenvolvimento Sustentável

 

O atual decênio foi instituído pela ONU como a Década da Educação para o Desenvolvimento Sustentável. Ao instituir essa preocupação, a Década almeja melhorar a qualidade do ensino, promover a troca de experiências entre os diversos atores envolvidos e acrescer a atenção pública ao assunto. A significação de educação para o desenvolvimento sustentável supera a questão ambiental (como água, mudanças climáticas, biodiversidade etc.) e acrescenta estes conceitos a aspectos econômicos para o desenvolvimento (luta contra a pobreza, transformações sociais, ecoturismo etc.) e a valores socioculturais, tais como igualdade de gênero e promoção da diversidade cultural (UNESCO, 2005).

Almeja-se que neste período seja construído um elo entre a academia e as necessidades da comunidade, assim como o imperativo de promover a sustentabilidade no ensino superior de um modo que afete beneficamente a sociedade e a biosfera.

Assim a Aprendizagem Transformativa assume o papel de procurar conduzir as pessoas a mudarem suas concepções e visões do mundo. Procedimentos de reflexão crítica das “concepções e pontos de vista” são essenciais para este aprendizado, que inova procedimentos de (re)construção do conhecimento constituído em experiências de vida até chegar a novas maneiras de pensar e viver (MOORE, 2005). Objetiva-se com esta educação, respaldada na pedagogia crítica, uma modificação na sociedade.

 

O modelo de Aprendizagem Transformativa para a Sustentabilidade

 

A metodologia Aprendizagem Transformativa para a Sustentabilidade, ATS, é um modelo adaptado à realidade brasileira do método TSL – Transformative Sustainability Learning (SIPOS et al., 2008).

Consiste de um conjunto de objetivos de aprendizagem relacionados ao princípio: mente (domínio cognitivo), mãos (domínio psicomotor) e coração (domínio afetivo) que tem a finalidade de facilitar as experiências pessoais e grupais, resultando em intensas mudanças no conhecimento, habilidades e atividades relacionadas à justiça econômica, social e ambiental.

Portanto a ATS procura colaborar para a sustentabilidade por meio da articulação e interação entre as ações pedagógicas focadas no princípio mente, mãos e coração.

A notória relação entre a educação para a sustentabilidade e a educação transformativa faz da ATS um instrumento pedagógico benéfico de modificação cultural, de aprendizagem e ensino, que se atenta com “o quê é ensinado, como ocorre este ensino e como o que é ensinado é aprendido”.

 

O princípio mente, mãos e coração

 

Mente, mãos e coração correspondem ao domínio cognitivo, domínio psicomotor e domínio afetivo de aprendizagem (BLOOM et al., 1964). A ATS é uma aprendizagem que promove as experiências pessoais ocasionando em intensas mudanças no conhecimento, habilidades e atitudes associadas ao aprimoramento da justiça econômica, social e ambiental.

O resultado da aprendizagem resulta do conhecimento, habilidades e atitudes adquiridas por meio da participação em uma atividade educacional. A “Taxonomia de Bloom” (BLOOM et al., 1964) é usada para o desenvolvimento das finalidades de aprendizagem da ATS. Assim, de maneira simplificada, o modelo ATS agrega os processos de aprendizagem nos participantes via mente (domínio cognitivo; engajamento por meio de estudos e discussões acadêmicas e compreensão da cidadania e sustentabilidade local, regional e mundial), mãos (domínio psicomotor; estimulando a passagem da teoria para o aprimoramento de capacidades práticas e atividades físicas como pintar, construir e plantar) e coração (domínio afetivo; atitudes e valores são convergidos em comportamento, como aprimoramento de responsabilidades individuais e coletivas para com a comunidade).

O objetivo desta integração é atingir o que Hauenstein (1998) refere-se como o domínio comportamental, o propósito da aprendizagem transformativa. Esta união da metodologia da ATS com a taxonomia na educação de Hauenstein é relevante por demonstrar como a sustentabilidade foi incorporada e como é exercida na vida do participante.

Ressalta-se que a ATS é resultado da efetivação de arquétipos pedagógicos que constam da agenda do Decênio da Educação para o Desenvolvimento Sustentável da Organização das Nações Unidas, tais como a interdisciplinaridade; a transdisciplinaridade e aprendizagem para a sustentabilidade em âmbito local, através da teoria-prática, educação ambiental, pedagogia crítica, pesquisa-ação, eco-justiça, etc.

 

A Aprendizagem Transformativa para a Sustentabilidade na prática

 

O fator cultural e histórico que impede a conscientização da sustentabilidade no Mato Grosso é bem visível na região médio-norte do estado. Esta situação não ocorre apenas com os colonizadores, que chegaram ao município a mais de 25 anos. As gerações nascidas no local perpetuam em muitos pontos o pensamento dos pais.

Pensando nisso, o modelo da ATS foi implementado em um curso de Administração de uma Instituição de Ensino Superior, colocando-se em prática no semestre em que a disciplina Gestão Ambiental está inserida.

As ações aplicadas seguiram o princípio mente, mãos e coração, e são discorridas a seguir.

 

a.    Mente: aprendizagem aplicada por meio de leituras e discussão em pequenos e grandes grupos, realizada em sala de aula com livros, artigos e vídeos profissionais de reportagens e vídeos filmados pelos próprios acadêmicos.

 

b.    Mãos: através de visitas e passeios, os acadêmicos foram estimulados a sentir a natureza e expressar por meio da arte (pintura, poemas, músicas, etc.) os problemas socioambientais. Outra ação implementada foi o desenvolvimento de um projeto social de diagnóstico e plano de ação empresarial para melhoria de uma mini usina de extração de soja de uma associação dos amigos da criança e do adolescente da comunidade, realizada unicamente pelos graduandos sob orientação de docentes. Os acadêmicos também organizaram por conta própria uma campanha de arrecadação de mantimentos para uma creche e orfanato da comunidade, além de ações recreativas envolvendo questões ambientais com as crianças e adolescentes.

 

c.    Coração: os acadêmicos foram instigados a filmar os problemas ambientais e sociais encontrados expondo seus sentimentos. Os vídeos então eram apresentados em sala de aula, para estimular o domínio cognitivo (mente) gerando ideias de como colocar em prática alguma ação, no domínio psicomotor (mãos).

 

A relevância do modelo da ATS está em integrar as atividades educacionais sempre nos três domínios, ao contrário dos modelos pedagógicos que se utilizam de métodos descontextualizados, não promovendo uma mudança no comportamento e na vida dos participantes.

Os primeiros resultados obtidos foram muito animadores. Tanto para os alunos que aprovaram o modelo de aprendizagem quanto para os professores-pesquisadores, visto que a ATS colocada em prática alcançou o objetivo de aprendizagem transformativa no domínio comportamental de Hauenstein (1998). Observou-se uma mudança clara na postura dos graduandos antes e após as primeiras atividades. Muitos que eram céticos sobre a possibilidade de um grupo de alunos fazer a “diferença” na comunidade tiveram desempenho e engajamento surpreendente. O modelo ATS continua a ser aplicado e aos poucos sendo agregado a outros semestres.

 

Considerações Finais

 

Este artigo teve como finalidade apresentar o modelo ATS, assim como seus conceitos, princípios, valores e objetivos da sustentabilidade na busca de uma transformação social. Apoiado no princípio mente, mãos e coração, esta metodologia tem o propósito de facilitar as experiências pessoais e grupais resultando em intensas mudanças no conhecimento, habilidade e ações relacionadas à justiça econômica, social e ambiental.

Este modelo foi implementado em um curso de Administração de uma Instituição de Ensino Superior do Mato Grosso e continua em andamento.  Inicialmente foi aplicado no semestre em que a disciplina Gestão Ambiental está inserida. Com os primeiros resultados otimistas, a nova etapa está sendo a implementação em outros semestres do curso de Administração desde os semestres iniciais até a conclusão.

O propósito deste artigo não é encerrar a discussão a respeito da aprendizagem transformativa na educação para a sustentabilidade, pelo contrário, é de estimular novas pesquisas na área, principalmente com a aplicação prática do modelo ATS.

Espera-se que as atividades e ações nos domínios cognitivo, psicomotor e afetivo possam resultar na formação de cidadãos e profissionais capacitados e diferenciados no mercado profissional que sejam atuantes nas causas sociais e ambientais.

 

Referências

 

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Ilustrações: Silvana Santos