Estamos sendo lembrados de que somos tão vulneráveis que, se cortarem nosso ar por alguns minutos, a gente morre. - Ailton Krenak
ISSN 1678-0701 · Volume XXI, Número 86 · Março-Maio/2024
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16/12/2013 (Nº 46) LEVANTAMENTO DAS ESPÉCIES DE PLANTAS MEDICINAIS UTILIZADAS PELOS ALUNOS DE GRADUAÇÃO DA UNIVERSIDADE CASTELO BRANCO, RIO DE JANEIRO, RJ
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UNIVERSIDADE CASTELO BRANCO

LEVANTAMENTO DAS ESPÉCIES DE PLANTAS MEDICINAIS UTILIZADAS PELOS ALUNOS DE GRADUAÇÃO DA UNIVERSIDADE CASTELO BRANCO, RIO DE JANEIRO, RJ

 

MSc. Sonia Cristina de Souza PANTOJA/ Universidade Castelo Branco, Av Santa Cruz  1631,Realengo - RJ. E-mail: soniapantojarj@gmail.com

Claudio Fernandes de Souza NEVES, biológo

UNIVERSIDADE CASTELO BRANCO

 

RESUMO

 

O trabalho leva a reflexão da importância do uso de plantas medicinais com fim terapêutico, assim como a importância econômica e a necessidade de pesquisas científicas multidisciplinares, visando atender as necessidades básicas de saúde conforme determinações estipuladas pela OMS a nível mundial e pelo Ministério da Saúde no Brasil.O resultado mostrou que em ordem de maior citação o Plectranthus barbatus Andrews (boldo-de-jardim), Melissa officinalis L. (Erva-Cidreira), Chamomilla recutita (L.) Rauschert (Camomila) e Foeniculum vulgare Mill. (Erva-doce), são as espécies mais utilizadas

  1. INTRODUÇÃO

A ciência terapêutica data da remota antiguidade, desde que as primeiras enfermidades surgiram, os homens começaram a combatê-las com os recursos naturais, utilizando conhecimento que detinham. O conhecimento sobre plantas medicinais adquiridos pela sabedoria popular, ou empírico, é passada até hoje de geração a geração, deste modo, o homem se interessou em pesquisar e identificar que plantas deve utilizar e suas possíveis aplicações terapêuticas. Assim, os primeiros relatos de estudos botânicos foram influenciados pela busca de plantas com algum tipo de finalidade terapêutica. As plantas medicinais tiveram uma influência tão marcante na botânica, ao ponto de os primeiros autores serem chamados de Herbalistas (LORENZI, 2008).

Ainda nos dias de hoje as plantas medicinais são adquiridas do mesmo modo de quando começaram a ser utilizadas como medicamento, ou seja, em feiras livres, armazéns, mercados populares e cultivadas em fundo de quintal de domicílios residenciais.

Hoje existem inúmeras nomenclaturas distintas para as linhas de pesquisa na área da botânica aplicada, como a Botânica Agrícola, Farmacobotânica, Botânica Aplicada a indústria de alimentos e a Etnobotânica que estuda os vegetais que possuem algum tipo de valor econômico (OLIVEIRA, 2009). 

O termo muito difundido entre as pessoas que procuram tratar suas enfermidades com produtos naturais a base de plantas medicinais, é a fitoterapia, que segundo OLIVEIRA  (2009)  é o tratamento feito utilizando plantas através dos vegetais frescos, extratos vegetais ou drogas vegetais, tendo como base essas matérias-primas.

Os estudos das plantas medicinais no Brasil iniciaram no período do Brasil colônia, quando os primeiros colonizadores que já detinham algum conhecimento, junto com a chegada de inúmeros escravos oriundos da África que faziam uso de plantas em seus rituais religiosos, começaram a observar os costumes das populações indígenas locais, de acordo com as necessidades que surgiam, começaram a utilizar as plantas da flora local como fonte terapêutica para seus problemas de saúde, foi a partir desse período que inúmeras plantas, principalmente as que continham alguma finalidade terapêutica, foram introduzidas na flora brasileira (LORENZI, 2008).

 “O Brasil é um dos países de maior diversidade genética vegetal, contando com mais de 55.000 espécies catalogadas” (NODARI e GUERRA, 1999 apud AZEVEDO e SILVA, 2005).

Atualmente existem estudos tendo como linha de pesquisa as plantas medicinais, na área da fitoterapia e botânica sendo feitos no Brasil, mas devemos ressaltar que esses estudos devem ser realizados de maneira que o público de forma ampla, possa identificar e fazer a escolha certa da planta, uma vez que, o uso de plantas medicinais de forma errônea poderá ter conseqüências inesperadas.

Um dos fatores que mais dificulta a identificação de uma planta na fitoterapia é a diferença de nomes populares encontrado de região para região (LORENZI, 2008). Dessa forma podemos ressaltar a importância de Lineu que, em 1753, organiza a nomenclatura botânica, com regras para os táxons, principalmente espécie, facilitando o estudo de cientistas de qualquer nacionalidade (LORENZI, 2008).

LORENZI (2008) afirma ainda que “qualquer estudo envolvendo plantas medicinais deve ser iniciado pela amostragem botânica. Para tanto, um material testemunha (exsicata ou “voucher”) deve ser preparado”. Notamos então a importância de se realizar mais estudos nesta área da botânica que é fundamental para uma melhor compreensão da potencialidade das plantas utilizadas.

Em todo o Brasil o uso indiscriminado de remédios alopáticos tem se intensificado anualmente. E o uso de plantas medicinais sem conhecimento prévio têm acompanhado esse crescimento. De certo a automedicação e o uso indiscriminado de qualquer medicamento sem prescrição médica eleva o risco do agravamento de uma determinada enfermidade. Lembramos que os vegetais contêm todas as substâncias de que o homem necessita para manter-se são ou para recuperar a saúde.

“Atualmente, as plantas medicinais passaram a ser cogitadas como recurso terapêutico viável, devido aos altos preços e à falta de acesso aos quimioterápicos por grande parcela da população” (LUZ, 2001).

“O aumento no uso de plantas medicinais está provavelmente relacionado à deterioração das condições econômicas nos países do terceiro mundo” (HERSCH-MARTINEZ, 1995 apud AZEVEDO e SILVA, 2005).

Enquanto nos países de terceiro mundo e em desenvolvimento como o Brasil o uso de plantas medicinais, muitas vezes é o único meio terapêutico, nos países mais desenvolvidos o uso de fitomedicamentos têm-se elevado devido a influência de modismos de consumo de produtos naturais.

CORREIA JÚNIOR et al. (1994) apud LUZ, (2001) ressaltaram que, “na medicina, produtos originários de plantas ocupam um espaço cada vez maior na terapêutica. No entanto, a coleta desenfreada de plantas nativas pode levar à extinção de espécies importantes”.

Segundo LAIRD e KATE, 2002 apud MARCHESE et al., 2004) “o mercado mundial de plantas medicinais, apresentaram valor estimado de US$ 22 bilhões, com taxas de crescimento anuais entre 10 e 20%”.

De acordo com a ABIFISA (2009), estima-se que 82% da população brasileira utilizam produtos a base de ervas. O setor fitoterápico movimenta anualmente R$ 1 bilhão em toda sua cadeia produtiva e emprega mais de 100 mil pessoas no Brasil.

O Ministério da Saúde do Brasil vem orientando as Comissões Interinstitucionais de Saúde  a buscarem o Sistema Único de Saúde no intuito de oficializar  a fitoterapia como prática oficial da medicina, sendo que para isso, faz-se necessário que os profissionais conheçam as plantas medicinais de sua região (SILVA et al, 2006 apud Valdir Florêncio da Veiga Júnior, 2008).

O trabalho leva a reflexão da importância do uso de plantas medicinais com fim terapêutico, assim como a importância econômica e a necessidade de pesquisas científicas multidisciplinares, visando atender as necessidades básicas de saúde conforme determinações estipuladas pela OMS a nível mundial e pelo Ministério da Saúde no Brasil.

 

  1. OBJETIVOS

 

2.1.-OBJETIVOS GERAIS

O trabalho teve como objetivo realizar levantamento e identificação do uso popular de plantas medicinais pelos alunos de graduação da Universidade Castelo Branco e verificar na literatura especializada se as plantas medicinais citadas estão de acordo com as enfermidades tratadas pelos mesmos, assim como traçar um perfil deste usuário, identificar quais as enfermidades que o levaram a fazer uso, partes utilizadas do vegetal, freqüência de utilização, dosagem, quem indicou a utilização da planta medicinal e se obteve resultado positivo após a utilização.

2.2.-OBJETIVO ESPECÍFICO

Realizar descrição botânica das quatro espécies de plantas medicinais mais citadas pelos alunos de graduação da Universidade Castelo Branco

  1. MATERIAL E MÉTODOS

O trabalho foi realizado no campus de Realengo da Universidade Castelo Branco situado na zona oeste do Rio de Janeiro, no período de setembro a outubro.

O levantamento das espécies de plantas medicinais foi feito através de pesquisa de campo, aonde foram entrevistados 191 alunos de graduação escolhidos aleatoriamente, onde foi aplicado questionário com perguntas abertas e fechadas, abordando dados sobre o vegetal usado e dados específicos da pessoa entrevista, possibilitando estruturar os objetivos deste estudo.

Findada a pesquisa de campo, utilizou-se o software Open Office 3.1.1, para consolidar os dados da pesquisa de campo e realizar as estruturações dos resultados obtidos

A descrição botânica das quatro espécies de plantas medicinais mais citadas, foi realizada, através de consulta a bibliografia especializada, feita na biblioteca Manoel Bandeira e biblioteca Barbosa Rodrigues.

 

  1. RESULTADOS

 

Durante a pesquisa foram entrevistados 191 alunos de graduação, aonde foi possível descrever o perfil dos usuários, relacionar para qual doença faz uso e quais plantas medicinais são as mais utilizadas.

A maioria dos entrevistados 83%, responderam que fazem uso ou já utilizaram plantas medicinais para algum fim terapêutico e apenas 17% respondendo que não fazem ou nunca utilizaram plantas medicinais (Figura 1). Dentre os entrevistados 61% das mulheres e 22% dos homens responderam que utilizam plantas medicinais, enquanto 12% das mulheres e 5% dos homens responderam que não fazem uso de plantas medicinais (Figura 2).

FIGURA 1 – RELAÇÃO USUÁRIOS /NÃO USUÁRIOS DE PLANTAS MEDICINAIS.

 

FIGURA 2 – RETRATA O PERCENTUAL DE USUÁRIOS / NÃO USUÁRIOS DE PLANTAS MEDICINAIS, POR SEXO.

 

Observou-se que os alunos do sexo feminino entre 21 e 30 anos e os alunos do sexo masculino entre 41 e 50 anos fazem mais uso de plantas medicinais do que os alunos de outras faixa etária. Dentre os alunos que responderam que não utilizam plantas medicinais, os alunos do sexo masculino e feminino entre 21 e 30 anos foram os que mais responderam que não utilizam plantas medicinais. Os 17% dos alunos entrevistados que responderam não fazer uso de plantas medicinais apresentaram motivos variados (Figura 3).

FIGURA 3 – MOTIVOS PARA O NÃO USO DE PLANTAS MEDICINAIS.

 

Dos entrevistados que responderam ser usuários de plantas medicinais, 75% disseram ter sido indicado o uso de plantas medicinais, pelos seus familiares ascendentes (pais e avós), 2% pelos amigos, 1% nutricionista, 1% terapeuta, 1% sites da internet, 1% através da literatura e 19% responderam não lembrar quem indicou o uso de plantas medicinais.

FIGURA 4 – QUEM INDICOU O USO DE PLANTAS MEDICINAIS.

 

Quanto ao tempo de utilização das plantas medicinais, 65% responderam que fazem uso somente, quando necessário, 18% responderam que quando fazem uso normalmente utilizam durante vários dias seguidos, enquanto que 16% responderam que fazem uso freqüentemente e apenas 1% respondeu que faz uso durante meses seguidos quando necessário (Figura 5).

A freqüência de dose diária feito pelos alunos obteve os seguintes resultados, 71% responderam fazer uso uma vez ao dia, 14% duas vezes ao dia, 10% três vezes ao dia e 5% responderam que fazem uso mais de três vezes ao dia (Figura 6).

FIGURA 5 – TEMPO DE UTILIZAÇÃO DAS PLANTAS MEDICINAIS.

 

FIGURA 6 – FREQUENCIA DE DOSE DIÁRIA.

 

Dentre os alunos entrevistados, 90% responderam que melhoraram após o uso de plantas medicinais, 9% responderam que não apresentaram melhora, enquanto que 1% apresentou complicações e 0% piorou após o uso de plantas medicinais (Figura 7).

 

FIGURA 7 – RESULTADO OBSERVADO APÓS UTILIZAÇÃO DE PLANTAS MEDICINAIS.

Os alunos entrevistados mostraram preferência em fazer uso de plantas medicinais através de chá (85%), seguido de macerado (sumo) (8%), inalação (2%), xarope (2%), gargarejo (1%), salada (1%), batido com leite (1%), (Figura 8).

Verificou-se a preferência de uso do vegetal in natura, e a parte do vegetal mais citada foi o uso da folha (71%), seguido do caule (3%), semente (3%), flor (1%), fruto (1%), estigmas (1%) e ramo (1%) (Figura 9).

Os resultados também mostraram que os alunos fazem uso de plantas medicinais de forma beneficiada, seja na forma de sache / saquinhos (16%) ou comprimido (3%).

FIGURA 8 – DISTRIBUIÇÃO DA FORMA UTILIZADA PELOS ALUNOS PARA O USO DAS PLANTAS MEDICINAIS.

 

FIGURA 9 – DISTRIBUIÇÃO DA PARTE USADA DO VEGETAL PELOS ALUNOS.

Obs.: * Em outros foi considerado as citações para comprimido (4 citações - 3%) e sachê (26 citações - 16%), mesmo não sendo partes do vegetal, pois demonstra que alguns alunos utilizam plantas medicinais de forma beneficiada.

 

Em relação ao levantamento das plantas medicinais utilizadas pelos alunos, foram listadas, 18 famílias, com 27 espécies identificadas, aonde é possível verificar o nome científico e popular, relacionados no Quadro 1.

QUADRO 1 – RELAÇÃO DAS FAMÍLIAS, ESPÉCIES E NOMES POPULARES.

 

 


Os alunos entrevistados citaram 32 doenças/sintomas, relacionados no Quadro 2, junto com as plantas medicinais utilizadas como tratamento.

 

 

QUADRO 2 – RELAÇÃO ENTRE AS DOENÇAS/SINTOMAS E PLANTAS MEDICINAIS UTILIZADAS PELOS ALUNOS.


Dentre as 27 espécies identificadas, 11 espécies foram mais citadas, totalizando 131 citações, listada no Quadros 3 onde verifica-se o nome popular e científico, número de citações e indicações encontradas na literatura, no Quadro 4 é possível verificar as espécies, partes utilizadas do vegetal, modo de preparo e indicações populares.

 

QUADRO 3 – PLANTAS MEDICINAIS MAIS CITADAS, COM NOMENCLATURA, NÚMEROS DE CITAÇÕES, SUAS INDICAÇÕES NA LITERATURA.

 


 

 

QUADRO 4 – PLANTAS MEDICINAIS MAIS CITADAS COM NOMENCLATURA POPULAR, PARTE UTILIZADA, MODO DE PREPARO E INDICAÇÕES DE CITAÇÕES, SUAS INDICAÇÕES POPULARES.

 

 

Dentre as espécies mais citadas, 4 espécies tiveram destaque, o Plectranthus barbatus Andrews (boldo-de-jardim), Melissa officinalis L. (Erva-Cidreira), Chamomilla recutita (L.) Rauschert (Camomila) e Foeniculum vulgare Mill. (Erva-doce), aonde foi feito uma descrição botânica possibilitando realizar melhor identificação das espécies.

 

  1. DISCUSSÃO

Os resultados obtidos no presente estudo quanto ao perfil dos usuários, mostrou estar de acordo com o realizado por SANTOS et al (2009); VALDIR FLORENCIO DA VEIGA JUNIOR (2008); ARNOUS et al.(2005); MARCHESE et al.(2004); POLEZZI et al.(2004); MEDEIROS et al (2003).

No estudo feito por PILLA et al.(2006) foi encontrado o mesmo perfil de usuário, mas, observou que os indivíduos com 40 anos ou mais, citaram mais plantas medicinais conhecidas e utilizadas do que os indivíduos com idade inferior a 40 anos.

O resultado mostrou que os familiares ascendentes são responsáveis por incentivar o uso das plantas medicinais com finalidade terapêutica na busca de cura de determinadas enfermidades. Essa prática também foi observada nos estudos realizados por SANTOS et al (2009); VALDIR FLORENCIO DA VEIGA JUNIOR (2008); ARNOUS et al.(2005); POLEZZI et al.(2004) e LUZ (2001); comprovando que a tradição do uso das plantas medicinais é passado de geração a geração.

No entanto estudo realizado por MRA SANTOS et al (2008), constatou que os homens apresentaram significativamente mais informações sobre as plantas medicinais devido terem mais contato com a floresta do que as mulheres.

Segundo PILLA et al.(2006) os usuários de Martin Francisco, no município de Mogi-Mirim fazem referência à Igreja católica no preparo dos remédios caseiros, cujas receitas e até mesmo algumas plantas são obtidas com a Pastoral da Saúde e com o Padre da paróquia.

“Ressalta-se que o sistema terapêutico dos erveiros nas feiras livres do RJ é dinâmico e aberto a influências externas (eg. A mídia através de telejornais, revistas), alterando o caráter tradicional desse conhecimento” (MAIOLI-AZEVEDO E FONSECA-KRUEL, 2006).

“Neste sentido, AMOROSO (2002) apud AZEVEDO E SILVA (2006) também identificou nas comunidades de agricultores estudadas em Mato Grosso, a entrada de novas informações com relação à utilização de plantas para fins medicinais através, principalmente, da televisão.”

Comparando os resultados aqui apresentados quanto ao levantamento das plantas medicinais com outros trabalhos realizados no Rio de Janeiro por MAIOLI-AZEVEDO E FONSECA-KRUEL (2006); AZEVEDO E SILVA (2006); PEREIRA et al.(2005); MEDEIROS et al (2003); em Rondônia por MRA SANTOS et al (2008); Mogi-Mirim (São Paulo) por PILLA et al.(2006), Itacaré (Bahia) por PINTO et al.(2006) todos apresentaram grande variabilidade de famílias botâncias, sendo que as famílias Asteraceae e Lamiaceae foram as que tiveram maior representatividade de espécies citadas.

No trabalho de NUNES et al.(2003) feito no centro de Campo Grande no Mato Grosso do Sul a família botânica com maior representatividade de espécies foi Leguminosae seguida da Bignoniaceae. Já o trabalho de LUZ (2001) realizado em Boa Vista (Roraima) apresentou a família botânica Caesalpinaceae (Fabaceae) e Labiatae (Lamiaceae) com maior representatividade nas citações de espécies.

O estudo mostrou que a folha é a parte do vegetal mais utilizada e o chá por infusão ou decoto é o método mais empregado na utilização de plantas medicinais.

“O uso acentuado de folhas apresenta um caráter de conservação do recurso vegetal, pois não impede o desenvolvimento e a reprodução da planta, se a retirada da parte aérea não for excessiva” (MARTIN, 1995 apud PILLA et al.,2006).

O resultado mostrou que em ordem de maior citação o Plectranthus barbatus Andrews (boldo-de-jardim), Melissa officinalis L. (Erva-Cidreira), Chamomilla recutita (L.) Rauschert (Camomila) e Foeniculum vulgare Mill. (Erva-doce), são as espécies mais utilizadas. Em comparação com os resultados aqui apresentado com os realizados em outros estudos por SANTOS et al (2009); VEIGA JUNIOR (2008); MRA SANTOS et al (2008); PILLA et al.(2006); AZEVEDO E SILVA (2006); PINTO et al.(2006); PEREIRA et al.(2005); ARNOUS et al.(2005); MARCHESE et al.(2004); POLEZZI et al.(2004); MEDEIROS et al (2003); LUZ (2001) o boldo-de-jardim (Plectranthus barbatus Andrews) é a espécie de planta medicinal com maior presença em relação as outras espécies.

No estudo realizado por ARNOUS et al.(2005) em estudo feito em Minas Gerais, aparece o boldo (Peumus boldus) como uma das plantas mais citadas.

Segundo LUZ (2001) os resultados apresentados em Boa Vista, Roraima apresentaram grande diversidade de famílias botânicas e espécies de plantas devido a heterogeneidade da população boavistense, sendo que a cultura indígena têm forte influencia na cidade fazendo com que haja grande preferência por plantas de ocorrência natural. Mesmo assim o boldo-de-jardim (Plectranthus barbatus Andrews) é utilizado para os mesmos fins encontrados no presente estudo.


  1. CONCLUSÕES

Os resultados obtidos foram condizentes com a proposta do trabalho, comprovando a importância do uso de plantas medicinais como fim terapêutico. Findada a pesquisa e com a estruturação dos resultados, ficou explicito a necessidade de mais pesquisas na área da botânica aplicada, realizando um maior esclarecimento sobre o uso das plantas medicinais, quanto ao preparo, parte correta do vegetal a se usar, identificação da planta e real fim terapêutico, para que mais pessoas passem a ser usuários e possam ter as plantas medicinais como meio terapêutico de baixo custo e de fácil acesso.

Foi possível verificar através dos resultados a diversidade de famílias botânicas e espécies. As famílias Asteraceae e Lamiaceae tiveram destaque por aparecem em quase todos os estudos consultados, mostrando a importância da preservação das espécies.

Concluiu-se também que o boldo-de-jardim (Plectranthus barbatus Andrews) é a planta medicinal mais difundida e utilizada, não só no Rio de Janeiro, mas em outras localidades do país, reforçando a necessidade de estudos uma vez que a mesma pode ser confundida facilmente com o malvariço (Plectranthus amboinicus), boldo-grande (Plectranthus grandis) e o boldo-gambá (Plctranthus oranatus Codd.).

 

7.    REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS

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Ilustrações: Silvana Santos