Estamos sendo lembrados de que somos tão vulneráveis que, se cortarem nosso ar por alguns minutos, a gente morre. - Ailton Krenak
ISSN 1678-0701 · Volume XXI, Número 86 · Março-Maio/2024
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16/12/2013 (Nº 46) OS DESAFIOS DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL NO CONTEXTO DA EDUCAÇÃO CONSTRUTIVISTA
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OS DESAFIOS DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL NO CONTEXTO DA EDUCAÇÃO CONSTRUTIVISTA

 

 

Marco Aurélio da Silva

Mestrando em Ciências Sociais – UFSM, Mestrando em Educação – UNISC, Esp. em Educação Ambiental  - UFSM. Santa Cruz do Sul – RS. E-mail: marcoaurelio22000@yahoo.com.br

 

Aristéia Mariane Kayser

Esp. Em Educação Ambiental  - UFSM, Esp. Em Gestão da Organização em Saúde Pública – UFSM. Santa Cruz do Sul – RS. E-mail. amarianekayser@yahoo.com.br

 

Resumo: O artigo se propõe a examinar a possível relação entre educação ambiental e a proposta da educação construtivista no contexto escolar contemporâneo. Para o procedimento metodológico utilizou-se da análise de conteúdo teórico de vários autores os quais trabalham a temática aqui proposta.

Palavras-chave: Educação Ambiental, Contexto escolar, Educação construtivista

 

1.      MEIO AMBIENTE EM DISCUSSÃO

 

  A educação ambiental (EA), surge como uma reflexão critica da realidade do sistema educacional (VASCONCELLOSs, 2002 (b)). Pois, a (EA) propõe um sistema de educação construtivista interdisciplinar, humanizado, consolidando a participação dos diversos atores da sociedade por meio de um sistema de cooperação. Contribuindo para uma relação mais harmoniosa e equilibrada entre homem e a natureza. Sabe-se, que todo processo de mudança requer uma nova forma de ação -reflexão - ação. Neste sentido os surgimentos da Educação Ambiental vêm de encontro aos anseios da sociedade. Esta sociedade que se encontra em um processo acelerado de transformação / desenvolvimento e necessita de novos paradigmas, novos valores, novas buscas para ter um maior sentido.

    No entanto, por meio de uma nova consciência ambiental, a qual desde o início deverá despertar em nossas crianças e jovens interesses em desenvolver uma comunidade sustentavelmente saudável. Onde a participação dos diversos atores da sociedade faz-se fundamental principalmente a participação da escola e dos educadores em desenvolverem uma pedagogia mais humanizada desencadeando experiências e vivências com intuito de fomentar uma consciência do respeito ao próximo e consequentemente de um trabalho mais humanizado (FREIRE, 1979).

 Houve uma preocupação do governo federal em reformar os Parâmetros Curriculares Nacionais para que as novas diretrizes estivessem de acordo com as exigências das novas normas mundiais. Algumas das ações adotadas foram os aperfeiçoamentos dos professores, melhoria de laboratórios, revisão de livros didáticos tudo para uma melhor qualidade de ensino. Pois na sociedade capitalista do século XXI a questão da Educação Ambiental é um paradigma emergente, pois vem discutir as questões complexas do Meio Ambiente e conseqüentemente a contribuição dos formadores na formação do sujeito. Neste sentido o eixo da formação ética, que permeia o sistema educacional deve estar pautado na,

 

“[...] busca pelo desenvolvimento de alguns aspectos que dêem aos jovens e às crianças as condições físicas, psíquicas, cognitivas e culturais necessárias para uma vida pessoal digna e saudável; e para poderem exercer e participar efetivamente da vida política e pública da sociedade, de forma crítica e autônoma” (ARAÚJO, 2003, p. 30-31)

 

Na perspectiva Reigota (2001), a educação ambiental tem como uma das suas finalidades a efetivação das políticas públicas de proteção ao meio ambiente, mas este processo além de políticas públicas deve ser um processo de conscientização da sociedade a qual tem ou teria uma grande parcela de responsabilidade neste processo de degradação ambiental. É nesta perspectiva, que se pensa em uma proposta de educação ambiental interdisciplinar disseminando cada vez mais uma prática educativa de preservação do meio ambienta. Todavia Reigota (2001), vai definir meio ambiente como,

 

                                     “[...] um lugar determinado e/ou percebido onde estão em relações dinâmicas e em constante interação os aspectos naturais e sociais. Essas relações acarretam processos de criação cultural e tecnológica e processos históricos e políticos de transformação da natureza e da sociedade” (p. 21).

 

       No entanto, o sistema  Educacional tem como ponto de partida uma reflexão critica da contribuição do sujeito para com o seu  Meio Ambiente. Porém, Libâneo (1991, 1993), nos chama a atenção para o fato que a sociedade é capitalista e a mesma requer do sistema educacional pessoas capacitadas para o mercado de trabalho, ou seja, isto se torna um empecilho para que o sujeito se torna consciente que toda e qualquer ação por ele desenvolvida refleti no meio ambiente.

 

A sociedade industrial e tecnológica estabelece (cientificamente) as metas econômicas, sociais e políticas, a sociedade treina (também cientificamente) nos alunos os comportamentos de ajustamento a essas metas [...] a educação é um recurso tecnológico por excelência. Ela é encarada como um instrumento capaz de promover, sem contradição, o desenvolvimento econômico pela qualificação da mão-de-obra, pela redistribuição da renda, pela maximização da produção e, ao mesmo tempo, pelo desenvolvimento da ‘consciência política’ indispensável à manutenção do Estado autoritário [...] a escola atua, assim, no aperfeiçoamento da ordem social vigente (o sistema capitalista), articulando-se diretamente com o sistema produtivo [...] seu interesse imediato é o de produzir indivíduos “competentes” para o mercado de trabalho ( p. 61)

 

 

   A Educação Ambiental tem como ponto de partida uma reflexão critica da contribuição do sujeito para com o Meio Ambiente (Lei 9.795, de 27.04.1999). Percebe-se um distanciamento entre a proposta curricular do sistema nacional brasileiro de educação e a Política Nacional de Educação Ambiental, todavia, acredita-se na necessidade de um trabalho interdisciplinar, multidisciplinar, transversal sempre considerando a pluralidade de fatores sociais. Conforme podemos verificar no artigo 1 da Política Nacional de Educação Ambiental.

Art. 1º Entende-se por educação ambiental os processos por meio dos quais o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para o meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial a sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade (BRASIL, 1999, p. 1).

    A proposta do referido artigo não é entrar no mérito da discussão conceitual o que é educação ambiental ou meio ambiente (DIAS, 2001). Todavia, de acordos com os Parâmetros Curriculares Nacionais Meio Ambiente e Saúde, Brasil, vol. 9, 1997, “[...] a própria base conceitual está em plena construção e de fato não existe consenso sobre esses termos nem mesmo na comunidade científica; com mais razão, pode-se admitir que o mesmo ocorra fora dela” (p.9). Nesta mesma perspectiva a conferência de Tbilisi apud Silva (2003), vai dizer que meio ambiente é “[...] o conjunto de sistemas naturais em que vivem o homem e os demais organismos e de onde obtêm sua subsistência” (p.102).

  Todas estas definições são de extrema importância para a fundamentação do referido trabalho, tendo em vista que a proposta do mesmo é pensar a utilização do blog como ferramenta pedagógica para uma maior conscientização da população acadêmica (educandos) e sociedade no que se refere à temática educação ambiental (HORN, 2008). A educação ambiental é uma temática que nos últimos anos tem ganhado espaço nas discussões em sala de aula, no entanto, o educador como mediador do ensino-aprendizagem cabe-lhe a missão de oferecer condições para que os educandos possam desenvolverem reflexões criticas sobre a referida temática (LIBÂNEO, 1993).

 

É na vivência grupal, na forma de autogestão, que os alunos buscarão encontrar as bases mais satisfatórias de sua própria “instituição”, graças à sua própria iniciativa e sem qualquer forma de poder. Trata-se de “colocar nas mãos dos alunos tudo o que for possível: o conjunto da vida, as atividades e a organização do trabalho no interior da escola [...]”. Os alunos têm liberdade de trabalhar ou não, ficando o interesse pedagógico na dependência de suas necessidades ou das do grupo (p. 68).

 

Diante deste aspecto, o educador dentro das várias práticas pedagógicas poderá utilizar-se, do blog como mais uma ferramenta facilitadora no processo de ensino – aprendizagem, o mesmo pode fomentar o debate nas redes sociais via sistema de blog educativo.Dentro desta reflexão podemos nos pautar na contribuição de Abegg et al (2009),

 

“[...] as plataformas colaborativas acrescentam outras perspectivas ao processo de ensinoaprendizagem, proporcionando novas maneiras de realizar as atividades de estudo, agregando dimensões como planejamento colaborativo de projetos com aplicações e funcionalidades específicas, nos quais professores e alunos podem trabalhar em rede, colaborativamente, sobre um tema” ( p.164).

 

Cabe a sociedade contemporânea desenvolver mecanismos de preservação do meio ambiente e é dentro desta perspectiva que surge o conceito de educação ambiental o qual é definido por TOZONI-REIS (2007), como uma pedagogia crítica que,

 

[...] preocupa-se com a apropriação, pelos sujeitos, dos saberes sócio-ambientais compreendidos como o conjunto de conhecimentos, idéias, conceitos, valores, símbolos, habilidades, hábitos procedimentos e atitudes re-significados na perspectiva da sustentabilidade social e ambiental” (p. 13).

 

Pinesso (2006), comunga da mesma idéia para o autor a educação ambiental surge como uma alternativa crítica construtivista por meio da qual se deve pensar o novo sistema educacional, portanto cabendo ao sistema público seguido por toda a gestão fornecer condições estruturais de um sistema educacional de qualidade, por meio do qual se tenha maiores e melhores condições de trabalhar as perspectivas pedagógicas por meio de práticas metodológicas as quais possibilitam a uma reflexão crítica da realidade social, esta que esta intrinsecamente relacionada com o meio ambiente seja este no âmbito natural ou social, portanto se justificaria o pensar interdisciplinar.  Segundo Sato e Carvalho (2005),

 

O momento em que surge a Educação Ambiental, está marcado por todas estas disputas, por isso , e pela necessidade de definir sua identidade frente a outros campos da educação, encontra no conceito de interdisciplinaridade um recurso muito conveniente (p.127). 

 

O pensar a educação ambiental por meio da interdisciplinariedade nos oportuniza maiores condições de reflexões sobre as convergências emblemática sendo este o ponto norteador do debate teórico sobre a referida temática. O Art. 2º da Política Nacional de Educação Ambiental (BRASIL, 1999), vai mencionar que “A educação ambiental é um componente essencial e permanente da educação nacional, devendo estar presente, de forma articulada, em todos os níveis e modalidades do processo educativo, em caráter formal e não-formal”. Sendo esta questão presente na realidade do sistema educacional brasileiro e concretizada pelas propostas curriculares de muitas escolas brasileiras conforme aponta (SATO e CARVALHO, 2005).

Há um processo de interface que vem sendo reconhecido e assumido na realidade do sistema educacional, cabendo aos educadores fomentar o diálogo, a aprendizagem interdisciplinar entre os vários saberes sobre a temática educação ambiental. Dentro desta perspectiva de ensino, de conscientização, de ações solidárias e de práticas coletivas é que se pensa e defendendo o blog, como uma ferramenta interativa e disseminadora de um ensino - aprendizagem coletiva, mútua.

O que esta sendo proposto ao decorrer do presente artigo, é pensarmos em uma realidade de ensino – aprendizagem plausível de ser realizada no dia – a – dia, dentro deste contexto é que se pensa a utilização do blog como uma alternativa diferente porém, uma ferramenta de fácil manuseio, de amplo alcance, acém de ser uma comunicação interativa. Na seção a seguir a proposta é discutir em linhas gerais a formação de educadores e a interdisciplinaridade. Pois, na contemporaneidade não há como discutir educação ambiental sem nos referirmos ao uso das novas tecnologias e principalmente na formação dos educadores.

 

2.      A EDUCAÇÃO AMBIENTAL NO CONTEXTO ESCOLAR

 

 

Nesta seção a proposta é refletir as possíveis possibilidades de utilização da educação ambiental no contexto escolar. Para tanto, nos estaremos pautando nos teóricos Reigota (2001), Bigotto (2008), Leff (2008), Dias (2004), Aranha (2006), Morin (2004). Ambos os autores acreditam que o ambiente escolar seja o mais propicio para desenvolvermos reflexões acerca da contribuição ou não da educação ambiental. Pois, os ambientes escolares favorecem o fomento do diálogo, da interação tornando desta forma um espaço de criatividade.

A educação formal é constituída desde a pré - escola até a Universidade passando por várias faixas de idades tendo por base este pressuposto podemos assim afirmar que a educação ambiental ela se constitui no âmbito formal e informal de educação. Muitas vezes desconsideramos a experiência do aluno extra - sala de aula mas, Freire (2008) afirma justamente o contrário pois, segundo o autor deve-se aproveitar,

 

“[...] a experiência que têm os alunos de viver em áreas da cidade descuidadas pelo poder público para discutir, por exemplo, a poluição dos riachos e dos córregos e os baixos níveis de bem-estar das populações, os lixões e os riscos que oferecem à saúde das gentes” (p. 30).

 

 Portanto, chega-se a conclusão que o contexto escolar favoreça o processo de conscientização da preservação do meio ambiente, ou seja, cabendo aos educadores apenas reformular, reorganizar, dinamizar o currículo escolar para que o mesmo possa abranger a temática educação ambiental e suas especificidades, por meio da uma interdisciplinaridade de conteúdos relacionando-a com os contextos sociais. Aranha (2006), considera de extrema importância que o professor seja consciente de seu papel enquanto educador,

 

 

“[...] espera-se que o profissional da educação seja um sujeito crítico, reflexivo, um intelectual transformador, capaz de compreender o contexto social – econômico - político em que vive, não se corrompendo frente às contradições e não se deixando levar pelo vício do “é assim mesmo” (p. 47).

 

Bigotto (2008), vai defender a tese da correlação entre cidadania e interdisciplinaridade sendo fundamental para uma reflexão socioambientalmente correta.

 

A abordagem do meio ambiente na escola passa a ter um papel articulador dos conhecimentos nas diversas disciplinas, num contexto no qual os conteúdos são ressignificados [...] promovendo instrumentos para a construção de uma visão crítica, reforçando práticas que explicitam a necessidade de discutir e agir em relação aos problemas socioambientais (p. 39).

 

A Política Nacional de Educação Ambiental no Brasil fundamenta a teoria de ambos os autores Reigota (2001) e Bigotto (2008).  A lei nº 9.795/99, no seu Art. 9° enfatiza que a educação ambiental deve estar presente nos currículos escolares sem distinção. Já no Art. 11 da referida lei é mencionado sobre, a formação de educadores ambientais “A dimensão ambiental deve constar dos currículos de formação de professores, em todos os níveis e em todas as disciplinas” (BRASIL, 1999, p. 4).

E aqueles que não tiverem formação adequada terão respaldo da lei para fazer formação complementar de seus estudos visando desta forma a qualidade do ensino. Conforme é verificado na seguinte citação da Lei nº 9.795, “[...] devem receber formação complementar em suas áreas de atuação, com o propósito de atender adequadamente ao cumprimento dos princípios e objetivos da Política Nacional da Educação Ambiental” (BRASIL, 1999, p. 4).

Esta formação interdisciplinar visa não somente a qualidade do ensino, mas também a formação de cidadãos conscientes e comprometidos com a preservação do meio ambiente conforme podemos verificar o que diz os Parâmetros Curriculares Nacionais referindo que,

                                   

 

A principal função do trabalho com o tema Meio Ambiente é contribuir para a formação de cidadãos conscientes, aptos a decidir e atuar na realidade socioambiental de um modo comprometido com a vida, com o bem estar de cada um e da sociedade [...] (BRASIL a, 1998, p.187).

  

Talvez, uma das dificuldades é entender como se dá a contribuição da EA, no âmbito da pequena comunidade local, pois temos inclinação em pensar no macro.Mas à proposta da EA, é justamente pensar os problemas locais, a realidade local desta forma contribuindo necessariamente com a realidade das comunidades, visando o bem estar social.  Devemos a partir do aprendizado oferecido por meio da escola desenvolver um sistema de cooperação, associação, um espírito cívico visando desenvolver práticas de preservação ambiental e esta prática passa pelo método interdisciplinar (REIGOTA, 2001). Subirats (2003), corrobora com esta afirmação dizendo que,

 

A comunidade-escola não pode ficar reduzida a uma instituição reprodutora de conhecimentos e capacidades. Deve ser entendida como um lugar em que são trabalhados modelos culturais, valores, normas e formas de conviver e de relacionar-se. É um lugar no qual convivem gerações diversas, em que encontramos continuidade de tradições e culturas, mas também é um espaço para mudança. A comunidade-escola e a comunidade local devem ser entendidas, acreditamos, como âmbitos de interdependência e de influência recíprocas, pois [...] indivíduos, grupos e redes presentes na escola também estarão presentes na comunidade local, e uma não pode ser entendida sem a outra (p. 76).

 

As PCN’s, enfatizam a importância de respeitar um trabalho educacional em escala, fomentando discussões, reflexões, criticas e soluções dos problemas é este processo deve ser enfatizado dentro das pequenas comunidades, portanto, todos agentes sócias tornam-se peças importantes dentro deste sistema de cooperação, troca de experiências de aprendizagem e o papel da escola é fundamental neste processo, pois a mesma se torna articuladora de todo este processo (BRASIL a, 1998). Morin (2004) destaca que,

 

Devemos, pois, pensar o problema do ensino, considerando, por um lado, os efeitos cada vez mais graves da compartimentação dos saberes e da incapacidade de articulá-los uns aos outros; por outro lado, considerando que a aptidão para contextualizar e integrar é uma qualidade fundamental da mente humana, que precisa ser desenvolvida, e não atrofiada (p. 16).

 

 

Morin (2004), chama a atenção para um trabalho articulado onde se tenha um sistema organizacional, planejado, sistemático e a escola tem esta função, assim como as outras esferas organizacionais que constitui a vida humana,só assim seremos capazes de novas atitudes, ou seja, condições de buscar novos valores culturais.

Bigotto (2008), vai dizer sobre a importância de um trabalho pedagógico organizado, dinâmico, humanizado com metodologias adequadas para o sucesso das práticas pedagógicas aqui afirmamos novamente que o blog é mais uma variável positiva em favor da educação de qualidade e de uma maior conscientização sobre a temática EA, possibilitando uma maior interação entre os autores envolvidos neste caso educandos e educadores, superando uma visão tacanha sobre o meio ambiente. Este processo interdisciplinar entre sociedade-natureza é algo novo na sociedade e na esfera educacional neste sentido buscamos a contribuição de LEFF (2008).

                                    O saber ambiental impulsionou novas abordagens holísticas e a busca de métodos interdisciplinar, capazes de integrar a percepção fragmentada da realidade que foi legada pelo desenvolvimento das ciências modernas [...] A interdisciplinaridade proposta pelo saber ambiental implica a integração de processos naturais e sociais de diferentes ordens de materialidade e esferas da racionalidade [...] ( p. 226). 

 

Segundo Dias (1991), não se trata de reduzir o conceito de EA apenas para solução  de problemas sociais e esta também não é a proposta do presente trabalho, mas sim favorecer a inter-relação, uma visão interdisciplinar. 

 

“[...] a EA foi definida como dimensão dada ao conteúdo e a prática da educação, orientada para a resolução dos problemas concretos do meio ambiente, através de um enfoque interdisciplinar e de uma participação ativa e responsável de cada indivíduo e da coletividade” (p. 98).

 

Segundo Leff (2008), o desafio do sistema educacional hoje é correlacionar globalização e educação ambiental e dentro desta reflexão o autor considera que a educação ambiental esta em transformação, ou seja, passando para um conceito de sustentabilidade. Bigotto (2008) defende que,

 

Uma das principais causas da problemática ambiental foi atribuída a ciência moderna e a revolução industrial, que fizeram a distinção das ciências, o fracionamento do conhecimento e a compartimetalização da realidade em campos disciplinares confinados. Assim, iniciou-se uma busca por um método que fosse capaz de reintegrar estes conhecimentos dispersos num campo unificador do saber; um projeto para pensar as condições teóricas e para estabelecer práticas de interdisciplinaridade (p. 29).

 

No que se refere às lacunas das leis brasileiras sobre a preservação do meio ambiente e toda a problemática ambiental verificada na atualidade, podemos afirmar que o sistema educacional brasileiro necessariamente deve passar por profundas mudanças no que se refere à implantação efetiva de temáticas sobre o meio ambiente, ou seja, os currículos escolares precisam serem revistos, visando o fomento cada vez maior de debates públicos e de políticas públicas de conscientização, e isto só é possível, por meio de práticas pedagógicas que possibilitem a conscientização do conceito de cidadania este conceito que esta diretamente relacionada com a ética, com a prática desses dois conceitos o sujeito terá um maior discernimento e conscientização da sua relação com o meio ambiente.

 

3.      CONSIDERAÇÕES FINAIS

 

Um diálogo franco e aberto demonstrando a todos que cada qual tem papel importante na mudança da concepção reducionista  e que, o sucesso de todo o projeto educacional só será possível se trabalharmos juntos, ou seja, por meio de uma participação cooperativa, um espírito cívico. Pois, a somatória dos esforços de todos poderemos ver os belos resultados no que tange a preservação do meio ambiente, é um processo progressivo de mudança de paradigma, o qual passa necessariamente deve ser assumido por todo o sistema educacional conforme afirma Velasco (1997),

“[...] a educação é a ação transcorrida fundamentada numa pedagogia ploblematizadora ou pedagogia da libertação, que se caracteriza entre outros, pelos seguintes traços: a) coloca os instrumentos da cultura erudita a serviço da conscientização/ mobilização dos oprimidos em luta para superar o capitalismo e alcançar uma ordem comunitária constituída por indivíduos livremente associados e multilateralmente desenvolvidos. b) toma como ponto articulador da ação pedagógica as questões ligadas à vida diária e à luta dos oprimidos; c) estabelece vínculos de muito enriquecimento entre a cultura “erudita” e a chamada cultura “popular” (aquela que à margem da educação formal, os oprimidos constroem no dia-a-dia das suas vidas e das suas lutas); d) supera a contradição educador-educando, propiciando a construção dialógica do conhecimento vivo (ligado ao dia-a-dia e cimentado na pesquisa e na reflexão), numa dinâmica em que ambos são educandos-educadores, porque são investigadores críticos, isto é, sujeitos desveladores da realidade social e engajados na sua transformação libertadora; e) combate, pela crítica e a auto-reflexão, o fatalismo e o assistencialismo, e aposta na capacidade de luta dos e com os oprimidos para melhorar as nossas vidas e para, em última instância, superar o capitalismo; f) defende (e busca aplicar no dia-a-dia) a tomada democrática das decisões e visa a superação da disciplina verticalmente imposta pela autodisciplina consensualmente estabelecida e avaliada” (p. 109)

 

Um dos tantos obstáculos verificado é a mão importância dada aos conteúdos da Educação Ambiental no âmbito escolar o que induz a interpretarmos como uma falta de comprometimento da própria escola e muitas vezes verifica-se, a predominância de uma percepção docente conservadora. Não podemos realtivizar mas muitos Projetos Políticos Pedagógicos  teoricamente se propoem a trabalhar no âmbito da escola as políticas públicas no que tange a Educação Ambienta na base dos currículos escolares. Entretanto, faltam às escolas assumirem estas propostas por meio de suas práticas educativas fomentando desta forma a formação de valores e o comprometimento de todos os atores sociais.

Portanto, a escola com todo seu aparato pedagógico vêem se tornar essencial para a construção de uma nova realidade cultural, e é dentro de todo este contexto que desde o inicio do artigo que estamos afirmando a importante de um trabalho em rede, integrado, transversal para a real efetivação da conscientização e preservação do meio ambiente (PHILIPPI JUNIOR; PELICIONI, 2005).

Não iremos abordar aqui o conceito de sustentabilidade, pois é outro tema importante e que merece uma reflexão apropriada. Porém, observamos que o conceito (sustentabilidade) é pautado em uma perspectiva de um trabalho interdisciplinar, transversal, multidisciplinar o que não alteraria nossa reflexão, ou seja, estamos no caminho certo.

 

4.  REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

 

ABEGG, I. et al. Aprendizagem Colaborativa em rede mediada pelo wiki do Moodle. jul. 2009. Disponível  em:  http://portalsbc.sbc.org.br/?module=Public&action=SearchResult&author=232 . Acesso em: 03 de Fev de 2013.

 

ARAÚJO, U. F. A construção de escolas democráticas: histórias sobre complexidade, mudanças e resistências. São Paulo: Moderna, 2002

 

ARANHA, M. L. de A. Filosofia da Educação. São Paulo: Moderna, 2006.

 

BRASIL. Lei 9.795, de 27 de abril de 1999. Instituiu Política Nacional de Educação Ambiental. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil03/Leis/L9795htm>. Acesso em: 20 de Jan. 2013.

 

BIGGOTO, Antonio César. Educação Ambiental e o desenvolvimento de atividades de ensino na escola pública. 2008. 135 p. Dissertação (Mestrado em Educação) – Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo, São Paulo. Disponível em: . Acesso em: 27 de Jan. 2013.

 

DIAS, G.F. Educação Ambiental. Princípios e Práticas. São Paulo: Gaia, 1991.

 

Freire, P. (2008). Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Ed. Paz e Terra. (Coleção Leitura).

 

LEFF, E. Saber ambiental: sustentabilidade, racionalidade, complexidade, poder. Trad. Maria Mathilde Endlich Orth. Petrópolis: Vozes, 2008.

 

LIBÂNEO, J.C. Tendências pedagógicas na prática escolar. In: LUCKESI, C.C. Filosofia da Educação. São Paulo: Cortez, 1993.

 

MORIN, E. A cabeça bem feita: repensar a reforma e reformar o pensamento. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2004.

 

SUBIRATS, J. Educação: responsabilidade social e identidade comunitária. In: GÓMEZ-GRANELL & VILA (org.). A cidade como projeto educativo. Porto Alegre: Artmed, 2003.

 

VELASCO, S.L. Como entender a educação ambiental: uma proposta. AMB & EDUC. Rio Grande (RS), 1997, vol. 2, p. 107-119.

 

Ilustrações: Silvana Santos