Estamos sendo lembrados de que somos tão vulneráveis que, se cortarem nosso ar por alguns minutos, a gente morre. - Ailton Krenak
ISSN 1678-0701 · Volume XXI, Número 86 · Março-Maio/2024
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16/12/2013 (Nº 46) GESTÃO DE PROJETOS E UNIDADES HOSPITALARES: UMA APLICAÇÃO CONCEITUAL À COMPETITIVIDADE E AOS ASPECTOS AMBIENTAIS
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Preparation of Papers for the EFITA/WCCA 2007 Joint Conference

GESTÃO DE PROJETOS E UNIDADES HOSPITALARES: UMA APLICAÇÃO CONCEITUAL À COMPETITIVIDADE E AOS ASPECTOS AMBIENTAIS

 

Luciene Mendes Ribeiro1; Dany Geraldo Kramer Cavalcanti e Silva2; Rasiah Ladchumananandasivam3; Enilson Medeiros dos Santos4

1. Setor de Segurança do Trabalho – UFRN - Mestre – Pós – Graduação em Engenharia Mecânica – UFRN. luciene@prh.ufrn.br.

2. Prof. MSc. FACISA – UFRN. Pós – Graduando em Engenharia Mecânica – UFRN. dgkcs@yahoo.com.br.

3. – Prof. Dr. Programa de Pós-Graduação em Engenharia Mecânica – UFRN. rlsivam@gmail.com

3. Prof. Dr. – Programa de Pós – Graduação em Engenharia de Produção – UFRN. enilson@interjato.com.br

 

RESUMO

As instituições hospitalares caracterizam-se por sua complexidade e magnitude no sentido estrutural e funcional, exigindo a participação de diversos profissionais para o seu bom funcionamento. Nesta conjuntura, o presente artigo objetiva discutir a aplicação da gestão de projetos nestas unidades. Para tanto se desenvolveu um estudo bibliográfico descritivo com consultas a literatura pertinente, englobando aspectos da melhoria na competitividade e gestão dos aspectos ambientais destas instituições.  Observou-se que estas instituições requisitam de planejamento prévio de suas ações, de modo a se estabelecer uma logística de informação e coordenação entre as equipes técnicas, aumentando o rendimento de atividade e mitigação de custos.

Palavras chaves: Gestão de projetos. Hospitais. Aspectos ambientais. Competitividade. Análise conceitual.

 

1. Introdução

Ao longo da história humana, os maiores problemas de saúde que os homens enfrentaram sempre estiveram relacionados à natureza da vida em comunidade. Tornando-se o crescimento populacional, uma das variáveis mais importantes para a saúde pública, surgindo uma demanda crescente de pacientes em busca de serviços saúde (SILVA et al, 2006).

A princípio estes pacientes eram tratados em suas residências, surgindo posteriormente centros de atendimento populacional, criados por igrejas a fim de acolher esta demanda. Desta forma, surgiam as primeiras versões de unidades de saúde, denominadas de hospitais, no latim significando lugar onde se hospedam pessoas (ROSEN, 1994).

Atualmente, apresentam–se como instituições complexas onde se observam atividades gerenciais e técnicas com ações de prevenção, tratamento e diagnóstico a saúde humana, podendo-se observar atividades de pesquisa, ensino e extensão, dependendo da funcionalidade institucional.  Exigem a participação de diversos profissionais para o seu bom funcionamento e redução de custos (SILVA et al, 2006).

Nesta conjuntura, o planejamento das atividades de forma integrada se faz necessário para melhor articulação de informações e das equipes técnicas, uma vez que, os hospitais na atualidade, apresentam áreas de tecnologia de informação mal estruturadas, prevalência do conhecimento técnico sobre o de gestão e a falta de recursos, acarretando em falhas na prestação de serviços e gestão interna (CABRERA, 2006).

Como exemplos, citam-se perda na qualidade do serviço terapêutico e diagnóstico prestado, gestão inadequada dos aspectos ambientais da instituição, que muitas vezes são abordados de formas isoladas sem observação das particularidades dos setores.

Assim o presente artigo visa discutir os aspectos da gestão integrada nas unidades hospitalares com suas importâncias para o diferencial competitivo e gestão dos aspectos ambientais.

 

2. Metodologia

 

O presente artigo foi desenvolvido através de uma pesquisa bibliográfica descritiva, com coleta de dados e informações em periódicos nacionais e internacionais, sistemas normativos e legais, normas diretivas e demais fontes disponíveis, a luz da temática apresentada. Utilizando como base de consulta o portal periódicos CAPES e o GOOGLE ACADÊMICO, tendo-se como palavras chaves: “gestão de projetos” ou “gerenciamento de projetos” e “hospital”, afim de se determinar a ocorrência de materiais acadêmicos que enfocassem a gestão de projetos em hospitais.

 

 

3. Hospitais, competitividade, aspectos ambientais e gestão de projetos

 

            Segundo Toledo (2006) hospitais são instituições que funcionam todos os dias do ano de forma ininterrupta, com consumo de recursos naturais como água, energia, óleos, desenvolvem atividades diversas nas áreas de alimentação, lavanderias, diagnóstico e hospedagem que geram refugos com grande risco ambiental e á saúde pública.

Os modelos tradicionais de gestão enfocam a relação de hierarquia sem muita ênfase ao problema de inter-relacionamento e integração das atividades, fragmentando desta forma as atividades que podem comprometer setores distintos e a prestação dos serviços básicos.

            Atualmente as unidades de saúde, pública ou privada, encontram-se em um ambiente globalizado, onde a qualidade do serviço prestado, torna-se essencial para o reconhecimento público, conformidade legal / regulamentar e a captação de recursos públicos / privados, e assim conferindo qualidade técnica e ambiental aos serviços prestados com baixos custos, sendo entendida como um diferencial competitivo.

            No que se refere às práticas gerenciais competitivas que incluam variáveis ambientais, está o modelo integrado de gestão de projetos, que segundo Gandolfi et al. (p. 2, 2006): Através do aperfeiçoamento e inovação dos processos de gestão, é possível fazer um melhor uso dos recursos, realizando os projetos mais estratégicos para a empresa e prioritários para a população, podendo colaborar em maior grau para o atendimento dos objetivos e metas propostas.

 

3.1. Aspectos ambientais e a competitividade

 

Dentre os itens que vem merecendo destaques nas unidades hospitalares, estão os aspectos ambientais (elemento das atividades, produtos ou serviços de uma organização que pode interagir com o ambiente) que podem acarretar em impactos negativos ao ambiente (NBR, 2006; MENILK, 2002).

Com o advento das legislações ambientais no setor, as instituições vêm sendo pressionadas a qualificarem suas ações gerenciais nesta área, articulada as demais áreas logísticas, com utilização de recursos humanos, financeiros e materiais, uma vez que os custos com os aspectos ambientais supracitados têm aumentado nos períodos recentes, sendo uma variável competitiva no setor.

Para Kupfer (2002), a competitividade pode ser definida como a capacidade da empresa formular e implementar estratégias de concorrências que lhe permitam ampliar ou conservar, de forma duradoura, uma posição sustentável no mercado.

A adoção do Sistema de Gestão Ambiental - SGA não só relaciona-se a grandes empresas, como relata Brio – 2002 em virtude de que as pequenas empresas também têm grande importância econômica e uma ampla contribuição para a contaminação do meio ambiente. O mesmo aplica-se a hospitais de qualquer porte, levando-se em conta a importância econômica e ambiental destas instituições, sejam privadas ou públicas.

Nos hospitais privados ter-se-ia a busca por melhoria da imagem junto à comunidade e ao mercado, redução de custos, melhoria organizacional, melhor gerenciamento de operações, com redução de acidentes ocupacionais e da infecção hospitalar, devido ao treinamento de pessoal, implantação de sistemas adequados de tratamento e higiene de resíduos, redução no consumo de água e energia e motivação de empregados. Em suma, possibilita uma maior produtividade e lucratividade sem perda na qualidade, disponibilizando mais recursos no sentido de dinamizar ainda mais setores que o necessitem.

Nos hospitais públicos ter-se-ia também ganhos semelhantes aos privados, porém como o objetivo principal não é o lucro, os benefícios seriam notados na contenção de custos com o consumo de energia e  água, que seriam minimizados,  além da redução dos acidentes ocupacionais e da  infecção hospitalar, tendo-se ainda o ganho com melhoria no gerenciamento de documentos e sistemas gerais, com a  motivação de funcionários, o melhor atendimento ao paciente e podendo, desta forma,  através da redução dos desperdícios, relocar os já escassos recursos  no sentido de otimizar a  suas aplicações.

            Silva et al (2006) citam que as instituições devem ter ações pró-ativas na formulação de novas idéias e ações, buscando maior eficiência de seus sistemas e conseqüente ganho de competitividade. Devendo para tanto desenvolver as seguintes ações prévias:

·         Monitorar e entender a ciência e tecnologias de seu setor de atuação;

·         Monitorar e entender seu mercado de atuação, necessidades dos consumidores, incluindo-se mudanças no setor (desafios sócio-políticos, mudanças na legislação, etc);

·         Identificar novas idéias implantadas;

·         Rever conceitos, baseado na avaliação integral de seu potencial.

Nesta conjuntura insere-se a Gestão de Projetos nas unidades de saúde que segundo Gandolfi et al (P. 2, 2006):

 “o aperfeiçoamento e inovação dos processos de gestão, é possível fazer um melhor uso dos recursos, realizando os projetos mais estratégicos para a empresa e prioritários para a população, podendo colaborar em maior grau para o atendimento dos objetivos e metas propostas”.

 

3.2. Gestão de projetos e as unidades hospitalares

 

            Historicamente, as unidades de saúde eram vistos como unidades de atendimento e hospedagem a população em diversas regiões do país, sem um determinado enfoque à empresa de negócio e gerencial (GANDOLFI et al, 2006).  Entretanto, na atualidade apresentam ações complexas, que exigem intervenções integradas visando planejamento adequado das ações, eficiência nas aplicações de recursos, determinação de variáveis competitivas, melhoria no atendimento e assim mitigação de gastos, desperdícios, redução dos riscos ambientais, melhorias na qualidade do atendimento, eficiência gerencial, que podem ser alcançadas através do planejamento e gestão de projetos (CHARNET, 2007).

            Segundo Charnet (2007) o projeto pode ser entendido como o agrupamento de esforços organizados de mão-de-obra, recursos financeiros e materiais, de forma a se realizar determinada atividade que possam ser benéficas para uma organização. Este autor define gestão de projetos como (CHARNET, p. 23, 2007):

“a aplicação de conhecimentos, habilidades, ferramentas e técnicas às atividades do projeto com a intenção de atender seus requisitos, e é realizado com o uso dos processos iniciar, planejar, controlar e encerrar”.

 

            Para tanto o PMBOK direciona as seguintes etapas para implantação da gestão de projetos:

  • Identificação das necessidades;
  • Estabelecimento de objetivos claros e alcançáveis;
  • Balanceamento das demandas conflitantes de qualidade, escopo, tempo e custo;
  • Adaptação das especificações, dos planos e da abordagem às diferentes preocupações e expectativas das diversas partes interessadas.

            Para tanto, Gandolfi et al (2006) citam a necessidade de disseminação da cultura de gestão de projetos junto aos setores, participação da alta diretoria, disposição de recursos humanos e financeiros, para que o mesmo possa atuar de forma integrada, facilitando a aplicação adequada dos recursos em áreas cruciais da unidade, mitigando riscos ambientais, adquirindo competitividade nos serviços prestados (menores custos e maior qualidade) e melhoria da imagem institucional.

            Charnet (2007) complementa as informações anteriores, indicando que a eficiência da gestão de projetos depende do entendimento e conhecimento em gerenciamento de projetos, habilidades interpessoais, conhecimento de normas regulamentares e do entendimento do ambiente do projeto, resumidos na figura 01, que exigem adaptações em acordo com a instituição a ser implantada.

 

 

 

Figura 01: Requisitos para o gerenciamento de projetos eficaz. Fonte: Charnet (2007).

 

4. Considerações finais

 

            Na atualidade diversos fatores podem ser considerados críticos para competitividade no setor hospitalar, dentre os quais, qualidade e eficiência dos serviços prestados, gestão adequada dos aspectos ambientais e gestão integrada e planejada dos recursos disponíveis.

            Para tanto a cultura gerencial das instituições hospitalares precisam se adaptar as novas demandas sociais, culturais e ambientais existentes, podendo-se utilizar os conceitos e ferramentas da gestão de projetos em suas atividades diárias, gerando complacência com as normas legais existentes, aplicação eficiente dos recursos financeiros, melhorias nas qualidades dos serviços prestados, melhoria na imagem, redução de custos, e assim melhorias na imagem institucional, culminando em uma instituição competitiva e socialmente responsável.

            Exigindo para tanto condições (estrutura física, materiais, recursos humanos e financeiros) para sua adequada implantação, buscando transformar as estratégias de negócio da instituição em resultados efetivos através da execução de projetos estratégicos da empresa.

 

 

 

5. Referências

 

CABRERA, M. GP na área hospitalar – Uma proposta para Implantação de Sistemas de Gestão. IN: I Congresso Brasileiro de Gerenciamento de ProjetosAnais, Florianópolis 29 a 31 de março de 2006;

 

CHARNET, E. Gerenciamento de projetos em organizações do terceiro setor. 2007. 120F. Dissertação (mestrado) - Universidade de Taubaté, Programa de Pós-Graduação em Administração, Taubaté, 2007.

 

GANDOLFI, C. B. T; CARABOLANTE, F. J.;

GOES, W. M. A experiência da utilização dos conceitos de gerência de projetos em um hospital público: um remédio para a saúde. IN:  I Congresso Brasileiro de Gerenciamento de ProjetosAnais - Florianópolis 29 a 31 de março de 2006

 

Karkotli, G. R. Importância da responsabilidade social para implementação do marketing social nas organizações. Dissertação de Mestrado – UFSC, 2002

 

KUPFER, D. Competitividade da Indústria Brasileira: Visão de Conjunto e Tendências de Alguns Setores. Disponível em: http:// www.ie.ufrj.br/gic/pdfs/1994-1_Kupfer.pdf. Acessado em 15/01/2003.

 

MELNYK, S. A.; SROUFE, R. P.; CALANTONE, R. Assessing the impact of environmental management systems on corporate and environmental performance. Journal of Operations Management 336, 1–23, 2002.

 

NBR ISO 14001. (1996)- Sistemas de Gestão Ambiental - especificação e diretrizes para uso. Associação Brasilieira de Normas Técnicas (ABNT).

 

Odete T. P.; Alberto S. S.. Proposta de metodologia de avaliação e diagnóstico de gestão hospitalar. Acta Paul Enferm 2008; 21 (Número Especial): 198-202.

 

ROSEN, G. Uma história da saúde pública. Unesp, 1994.

 

SILVA, D. G. K. C. ;  Sérgio Marques Júnior, Geraldo Barroso Cavalcanti Júnior e Bianca Caroline da Cunha Germano, Competitiveness in the Clinical Analysis Sector: A survey study in the City of Natal - RN/Brazil, POM 2006 - Seventeenth Annual Conference of POMS, - Anais, 1996.

 

SILVA, D. G. K. S.; SILVA, I. S.; Gestão de lixo hospitalar: uma análise da Estrutura curricular em cursos superiores de saúde ofertados por faculdades sediadas em Imperatriz –MA – Brasil. Monografia. 73f. 2006. (Pós-Graduação em Metodologia do Ensino Superior – UEMA). Imperatriz – MA.

TOLEDO, A. F.; DEMAJOROVIC, J. Atividade hospitalar: impactos ambientais e estratégias de ecoeficiência. INTERFACHES, PP. 01 – 23. 2006.

 

 


 

Ilustrações: Silvana Santos