Estamos sendo lembrados de que somos tão vulneráveis que, se cortarem nosso ar por alguns minutos, a gente morre. - Ailton Krenak
ISSN 1678-0701 · Volume XXI, Número 86 · Março-Maio/2024
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10/09/2018 (Nº 45) JOGOS LÚDICOS: UMA PROPOSTA DE ENSINO DE ECOLOGIA E EDUCAÇÃO AMBIENTAL NA FORMAÇÃO DE PROFESSORES DE CIÊNCIAS
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JOGOS LÚDICOS: Uma Proposta de ensino de ECOLOGIA E EDUCAÇÃO AMBIENTAL na Formação de Professores de Ciências

 

 

Geisieli Rita de Oliveira1, Manuela Tavares Moreira¹, Vanda Maria Gomes de Souza¹ e Catarina Teixeira²

 

¹Graduandas em Ciências Biológicas pela Fundação Educacional de Divinópolis – FUNEDI/ UEMG, Divinópolis, MG - ge_baronesa@hotmail.com

²Mestranda em Educação pela Universidade Federal de Lavras - UFLA. Professora na Fundação Educacional de Divinópolis – FUNEDI/UEMG, Divinópolis, MG – cateixeira@funedi.edu.br

 

 

Resumo: Os jogos didáticos e pedagógicos são subsídios durante o processo de ensino-aprendizagem e por terem caráter lúdico, proporcionam atividades educacionais mais criativas e motivadoras. Por isso, o presente trabalho tem por objetivo abordar a elaboração e confecção de jogos utilizando os componentes e conceitos científicos de ecologia. E através de sua perspectiva ambiental, propô-los como subsídio no ensino de ciências, ecologia e educação ambiental, na formação de novos professores para o ensino de ciências. Para concretização dos objetivos foi desenvolvida uma cartilha digital, pelas autoras e encaminhado via meio eletrônico para todos os graduando em Ciências Biológicas da FUNEDI-UEMG. Como resultado tem-se a produção de diversos jogos ecológicos, tais como quebra-cabeça e baralhos. Propõem-se através do material produzido o ensino de Ciências, Ecologia e Educação Ambiental, através de sua utilização como material didático-pedagógico, ou mesmo, através da sua construção pelos educandos e educadores.

 

Palavras-chave: jogos, ecologia, educação ambiental.

 

 

Introdução

 

 

Discutir questões ambientais na escola é uma das preocupações da educação. De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) de 1998 a preocupação em relacionar a educação com a vida do aluno vem crescendo desde a década de 60 no Brasil. Porém, a partir da década de 70, com o crescimento dos movimentos ambientalistas, passou-se a adotar explicitamente a expressão Educação Ambiental para qualificar iniciativas de universidades, escolas, instituições governamental e não governamentais por meio das quais se busca conscientizar setores da sociedade para as questões ambientais. Um importante passo foi dado com a Constituição de 1988, quando a Educação Ambiental se tornou exigência a ser garantida pelos governos federal, estaduais e municipais (artigo 225, § 1º, VI).

 Para Guimarães (2003), a posição ou mesmo a visão que o homem tem da natureza, é devido à forma fragmentada com que o saber sobre o ambiente é transformado em conhecimento pela sociedade. Neste contexto, destaca-se, portanto, a Educação Ambiental (EA), que foi popularizada no mundo todo definitivamente na década de 80, sendo hoje, perante tantos problemas ambientais, uma grande necessidade.

 Sendo um tema interdisciplinar a EA (MANCUSO, 2001) propõe a modificação da atual situação ambiental, através da conscientização e do desenvolvimento de habilidades nos cidadãos, podendo assim possibilitar a compreensão das diversas áreas de conhecimento, como a ecologia, fazendo com que os cidadãos sejam capazes de identificar as diversas relações entre o meio físico e biológico, e principalmente, perceber as conseqüências de seus atos diários no âmbito sócio ecológico (DIAS, 2000).

Segundo Costa (2000) no Brasil, falta novas orientações para o desenvolvimento da EA. Bem como novos recursos instrucionais que facilitem e possibilitem sua prática, ou mesmo, há a falta de um planejamento pedagógico, pois segundo o mesmo autor, a atual situação no campo pedagógico da EA, demonstra-se falho principalmente na educação formal, destacando-se a problemática que os professores enfrentam, os quais não sabem como fazer a EA, ou mesmo, não buscam alternativas para fazê-la. De acordo com Guimarães (2003), um dos fatores que devem ser encontrados em um plano de ação na EA são o aspecto lúdico e o criativo, pois a sensibilização do educando perante as questões ambientais deve ocorrer através de um processo prazeroso, no qual haja seu envolvimento integral, tanto racionalmente quanto emocionalmente.

 Diversos autores como Carneiro (1995); Santos (1997); Rosa (1998); Almeida (1998); Mütshele e Gonsales Filho (1997: 1998); Macedo et al. (1997), Stefani e Neves (2004); dentre outros, acreditam que o aspecto lúdico  é imprescindível nos processos de ensino e  aprendizagem

             Para Stefani e Neves (2004), o jogo didático em ciências, apresenta regras criadas pelo professor para trabalhar determinadas habilidades, atitudes, conteúdos e valores. .Os jogos didáticos são modalidades de divertimento, orientadas, conduzidas e desencadeadas pelo docente, e que propiciam o entretenimento de crianças, jovens e adultos.

Verificado estes fatores, o presente trabalho tem por objetivo abordar a elaboração e confecção de jogos didáticos e pedagógicos, utilizando-se de componentes e conceitos científicos de ecologia. E por meio de sua perspectiva ambiental, propô-los como subsídio no ensino de ciências, ecologia e educação ambiental, na formação de novos professores para o ensino de ciências. Para concretização dos objetivos foi desenvolvida uma cartilha digital, pelas autoras e encaminhado via meio eletrônico para todos os estudantes de ciências biológicas da FUNEDI-UEMG.

 

 

 

 Material e Métodos

 

 

O projeto iniciou a partir da percepção das autoras sobre as deficiências de novas propostas lúdicas para o ensino de ciências nas escolas, o que muitas vezes fazem com que os alunos se desinteresse pela matéria, bem como a falta de tempo do professor para desenvolver novas metodologias de ensino para estes alunos.

Primeiramente, foram selecionados os conceitos científicos de Ecologia a serem abordados nos jogos. Após esta fase, foi selecionado o tipo de jogo a ser utilizado e a seleção de ilustrações para o mesmo.

Os temas escolhidos foram: Cadeia alimentar, interações interespecíficas desarmônicas: predação e parasitismo, interações interespecíficas harmônicas: mutualismo e comensalismo, biodiversidade, extinção de espécies e preservação ambiental.

Para trabalhar cadeia alimentar o jogo escolhido foi quebra- cabeça e o jogo quem sou eu.  No jogo quebra cabeça, primeiramente trabalharam-se as fotos formando a ilustração do quebra-cabeça (Fig. 1). Em cada foto escreveu-se o respectivo papel que o ser vivo desempenha na cadeia alimentar, além de desenhar duas setas para demonstrar o elemento que vem antes e depois na cadeia alimentar.

 


Fig 1. Quebra - cabeça da cadeia alimentar.

 

 

Para o jogo quem sou eu, foram desenvolvidas cartas com descrições e dicas de quais componentes da cadeia alimentar estas se referiam.

            Para trabalhar as interações interespecíficas foi utilizado o jogo da memória e desenvolvido um jogo de liga os nomes as figuras, onde os alunos recebem uma quantidade de cartas com figuras das relações e devem procurar o nome desta interação e classificá-las com negativa ou positiva.

             Com o tema biodiversidade o jogo escolhido foi do tipo senha, a identificação do organismo ocorre coletivamente pela associação das dicas apresentadas nas cartas que compõem o jogo. As dicas contêm informações sobre características morfológicas, fisiológicas, ecológicas e curiosidades sobre o organismo a ser descoberto.

            O jogo de quebra cabeça e de memória foi utilizado para o tema extinção de espécies e para o tema preservação ambiental foi desenvolvido um jogo de perguntas e resposta.

 

 

Resultado e Discussão

 

 

Através das características estruturais dos jogos descritos, verifica-se que os mesmos podem ser instrumentos durante o ensino. Com isso, através da visualização de suas ilustrações possibilita-se ensinar ciências, ecologia e educação ambiental, pois assim como demonstrado em trabalho de Souza e Nascimento Júnior (2005), sobre os jogos ecológicos, os mesmos ensinam sobre ecologia através da demonstração das próprias relações ecológicas encontradas nas fotos.

Os jogos podem ser utilizados também para fixação ou revisão de conteúdos em sala de aula, utilizando-os em oficinas pedagógicas onde os alunos os jogam, assim como proposto por Calisto (2005), com jogos da memória ecológicos.

Entretanto estas atividades devem ocorrer de forma planejada e organizada pelo professor. Este que deve pré-estabelecer seus objetivos, agindo de forma a proporcionar um processo de aprendizado aos alunos mais proveitoso, e por que não, divertido e prazeroso (Stefani e Neves, 2004).

 

 

Conclusões

 

 

Com o desenvolvimento do presente trabalho, procurou-se contribuir com a elaboração de técnicas de ensino, para que se apresentem como atividades mais dinâmicas e motivadoras para o professor e sua formação.

Portanto esta proposta da utilização dos jogos ecológicos no ensino de Ciências, Ecologia e Educação Ambiental, se constitui a partir da verificação das características lúdicas de ensino que o material produzido possui, por isso, podem proporcionar ao educador um subsídio que possibilita chamar a atenção do educando, instigando a curiosidade em buscar novos conhecimentos a respeito da ecologia.

 

 

 

Referências Bibliográficas

 

CALISTO, A. P.L. Produção de jogos da memória como forma alternativa para a introdução de conceitos ecológicos no ensino fundamental. 2005. 40p. Monografia (graduação), Curso de Ciências Biológicas com ênfase em biotecnologia, Universidade Paranaense - Toledo.

 

CARNEIRO, M. A. B. O jogo em suas diversas concepções.  Revista da associação brasileira de psicopedagogia. V. 14, nº 33, p. 30-34,  São Paulo, 1995.

 

DIAS, G. F. Educação Ambiental - Princípios e Práticas. 6 ed. São Paulo: Gaia, 2000.

 

GUIMARÃES, M. A dimensão ambiental na educação. Coleção Magistério: formação e trabalho pedagógico. 5º ed. São Paulo, ed. Papirus, 2003. 

 

MACEDO, L. de; PETTY, A. L. S.; NORIMAR, C. P. 4 Cores, Senha e Dominó: Oficinas de jogos em uma perspectiva Construtivista e Psicopedagogica. 2 ed. São Paulo: Casa do Psiccólogo, 1997

 

MANCUSO, R. Educação Ambiental – Tema pode e deve ser explorado numa abordagem interdisciplinar. Revista do Professor. Porto Alegre, 17 (65), p. 24-30, jan./mar. 2001.

 

MÜSTSCHELE, M. S.; GONSALES FILHO, J. Oficinas pedagógicas – A arte e a magia do fazer na escola.  V. 2: 2º grau. 3 ed. São Paulo: Loyola, 1997.

MÜSTSCHELE, M. S. ; GONSALES FILHO, J. Oficinas pedagógicas – A arte e a magia do fazer na escola. V. 1, 5 ed.São Paulo: Loyola, 1998.

 

ROSA, S. S. Brincar, conhecer, ensinar. São Paulo, ed. Cortez, 1998.

 

SANTOS, C. A. dos. Jogo – Fator de socialização que favorece a construção do conhecimento. Revista do professor.  Porto Alegre, 13 (50), p. 09-13. abr./jun.1997.

 

SOUZA, D.C & NASCIMENTO JÚNIOR, A.F. Elaboração de material didático pedagógico como subsídio ao ensino de etologia a partir do comportamento apresentado pela capivara (Hidrochaeris hidrochaeris) na região do município de Toledo Paraná. ANAIS DO XXII ENCONTRO ANUAL DE ETOLOGIA. Campo Grande, 2004.

 

SOUZA, D. C & NASCIMENTO JÚNIOR, A.F. Jogos ecológicos: uma avaliação de sua utilização como subsídio ao ensino de ecologia e à educação ambiental. III FÓRUM NACIONAL DO MEIO AMBIENTE, XII SEMANA DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL. Santa Rosa, 2005. p. 133-139.

 

SOUZA, D. C & NASCIMENTO JÚNIOR, A.F. Elaboração e produção de jogos de salão ecológicos: uma proposta lúdica à educação ambiental. In: ANAIS DO II FORUM NACIONAL DE EDUCAÇÃO – Formação, Trabalho e Educação. Torres: ULBRA, 2005.

 

STEFANI, A.; NEVES, M. G. Lúdico em Ciências: jogos educativos podem transformar o trabalho didático em diversão.  Revista do professor. Porto Alegre, 20 (79), p. 21-27, jul/set.2004.

 

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Ilustrações: Silvana Santos