Estamos sendo lembrados de que somos tão vulneráveis que, se cortarem nosso ar por alguns minutos, a gente morre. - Ailton Krenak
ISSN 1678-0701 · Volume XXI, Número 86 · Março-Maio/2024
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10/09/2018 (Nº 45) TRANSFORMAÇÕES E REFLEXÕES ACERCA DAS AÇÕES DE UMA COMISSÃO DE GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS EM UM CAMPUS UNIVERSITÁRIO
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TRANSFORMAÇÕES E REFLEXÕES ACERCA DAS AÇÕES DE UMA COMISSÃO DE GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS EM UM CAMPUS UNIVERSITÁRIO (SP, BRASIL)

 

Steve de Oliveira Costa1

1 – Licenciando em Ciências Biológicas, Universidade Federal de São Carlos, Centro de Ciências Agrárias, Rodovia Anhanguera, Km 174, Araras, SP. steve.costa.soc@gmail.com

 

RESUMO

Este trabalho objetiva promover uma análise das transformações e reflexões acerca das ações de uma Comissão de Gerenciamento de Resíduos em um campus universitário, localizado no interior do estado de São Paulo (Brasil). Trata-se de uma pesquisa documental, partindo-se da análise de documentos e demais informações a respeito do tema. Optou-se em trabalhar com essa comissão por entender que se trata de uma instância de extrema importância para a qualidade dos espaços de trabalho dentro deste campus universitário, assim como para a manutenção da qualidade ambiental de outras universidades. Além dos documentos, adotou-se o registro fotográfico da atual situação das áreas do local de estudo, como ferramenta para visualização dos fatos, e posterior discussão e averiguação com as propostas desta comissão e suas efetivas práticas, assim como dos fatores de impedimento de suas atividades. Os resultados obtidos possibilitaram uma melhor compreensão dos mecanismos e das dinâmicas de trabalho realizados em torno das atividades ligadas a geração, armazenamento e descarte correto de substâncias e materiais, retratando-se no presente estudo o planejamento estratégico e as experiências desta comissão, desde a sua inauguração até o presente momento, de modo a fornecer subsídios para outras universidades e instituições que necessitem gerenciar seus resíduos de forma sustentável.

Palavras-chave: educação ambiental, resíduos, universidades.

1. INTRODUÇÃO

É evidente no cotidiano uma urgente necessidade de transformações nos padrões de consumo atuais das sociedades, com enfoque para a superação da desigualdade social e das injustiças ambientais que, por meio da apropriação da natureza e da própria humanidade para atender aos seus padrões de consumo exacerbados, acarretam graves problemas ambientais. Desse modo, vivemos inseridos em uma sociedade de risco, com efeitos que muitas vezes escapam à nossa capacidade de percepção, mas aumentam consideravelmente as evidências de que eles podem atingir não somente a vida de quem os produz, mas as de outras pessoas, espécies e até gerações futuras (HENRIQUES et al., 2007).

Trata-se assim de uma crise ambiental de proporções inéditas, que se deve ao fato do crescente desenvolvimento das tecnologias que ocasionaram uma grande expansão no modelo de exploração e consumo dos seres humanos, decorrentes do uso do meio ambiente para obtenção de recursos necessários para a produção de bens e serviços que estes necessitam e dos despejos de materiais e energia não aproveitados do meio ambiente, ocasionando efeitos colaterais e consequências graves, tornando-se assim insustentável os padrões de consumo da sociedade atual (BARBIERI, 2002).

Assim, para o enfrentamento desses desafios e demandas na perspectiva de um ambiente mais sustentável, é necessário que a população crie condições para que o meio natural tenha a capacidade de regeneração e resiliência em nível compatível ao de exploração do homem dos recursos naturais, nesta questão de grande complexidade, a educação ambiental se insere como uma opção viável para a promoção de ações ambientais visando contribuir para a reorientação destes estilos de vida individuais e coletivos (CARVALHO, 1998).

Nesse contexto, a educação ambiental é entendida como uma educação política de formação para a cidadania ativa, visando ações transformadoras da realidade socioambiental, além de proporcionar experiências que possibilitem o contato direto entre as pessoas e o mundo, com enfoque para o despertar da consciência do papel individual e coletivo destas pessoas em relação aos ecossistemas que as envolvem, para a promoção de discussões acerca da importância do ambiente para a saúde e o bem estar do homem e para o exercício da cidadania, além de possibilitar a avaliação do desenvolvimento econômico aliado à degradação ambiental e à qualidade de vida, desenvolvendo-se assim no educando o sentido ético-social diante dos problemas ambientais (MORADILLO e OKI, 2004; PHILIPPI JR. e PELICIONI, 2005).

 

OBJETIVO GERAL

Promover uma análise das transformações e reflexões acerca das ações de uma Comissão de Gerenciamento de Resíduos em um campus universitário, localizado no interior do estado de São Paulo (Brasil), retratando-se o planejamento estratégico e as experiências desta comissão até o presente momento, de modo a fornecer subsídios para outras universidades e instituições que necessitem gerenciar seus resíduos de forma sustentável.

 

OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Os objetivos específicos consistem em:

- Incentivar novas iniciativas para o gerenciamento de resíduos em universidades e instituições responsáveis pelo gerenciamento de seus resíduos;

- Contribuir para o despertar da consciência ambiental dos indivíduos responsáveis pelo gerenciamento de resíduos em universidades e da coletividade;

- Divulgar as ações de educação ambiental que contribuíram positivamente para o gerenciamento de resíduos no campus universitário em estudo;

- Divulgar a relevância do gerenciamento de resíduos em universidades, a fim de despertar a sensibilização da população acerca da importância do gerenciamento de seus resíduos;

- Fornecer subsídios que contribuam para a elaboração e inserção de programas e ações em educação ambiental no local de estudo;

3. MATERIAL E MÉTODOS

3.1. CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO

O campus universitário, objeto do presente estudo, encontra-se localizado no interior do estado de São Paulo e ocupa uma área de 230 hectares e 25 mil m² de área construída, abrigando cerca de 1.000 pessoas entre estudantes, professores e funcionários.

Tendo em vista a dimensão em área do campus, e sua abrangência em cursos de graduação e pós-graduação ofertados, suas atividades também se mostram bastante diversificadas, especialmente às de pesquisas laboratoriais. Além disso, vale salientar as demais atividades de ensino e extensão, que também são responsáveis pela produção de resíduos no local de estudo.

Tais atividades geram resíduos neste campus universitário, ao ponto que necessitem de uma atenção especial no que diz respeito à produção e descarte correto desses materiais, que são vistos por muitas pessoas como simplesmente “lixo”, muitas vezes sem uma maior percepção das pessoas em relação aos potenciais riscos e impactos desses materiais sobre o ambiente e a saúde humana.

 

3.2. METODOLOGIA DE PESQUISA

A coleta de dados se pautou no levantamento de documentos oficiais sobre o processo de gerenciamento de resíduos, como por exemplo, atas de reunião, projetos de pesquisa e extensão, seguida da análise documental acerca das ações promovidas pela comissão de gerenciamento de resíduos no campus universitário.

A pesquisa documental trata de materiais que ainda não receberam nenhuma análise aprofundada, de modo que essa pesquisa tem como enfoque a seleção, análise e interpretação de informações brutas, visando extrair delas algum sentido, e introduzir às mesmas algum valor e, assim, poder contribuir com a comunidade científica a fim de que outros possam se valer dessas informações e voltar a desempenhar futuramente o mesmo papel (SILVA e GRIGOLO, 2002).

 

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

O campus universitário, objeto de estudo em questão, foi instituído em 1991, e, somente no ano de 2008, foi criada uma comissão de gerenciamento de resíduos. Esta comissão foi criada a partir da iniciativa de técnicos de laboratório, de caráter voluntário, a fim de instituir um órgão e mecanismos para melhor tratar a questão da gestão de resíduos no campus universitário em questão.

A comissão de gerenciamento de resíduos era composta por cinco membros e tinha por objetivo definir normas e procedimentos no âmbito da universidade, com a finalidade de minimização de riscos no campus, além da inserção e promoção de ações com enfoque na redução na geração de resíduos, assim como na adequação da segregação dos mesmos, monitorando-se assim os riscos de contaminação ao meio ambiente e visando assegurar o manuseio correto dos resíduos gerados nas atividades de ensino, pesquisa e extensão.

Vale ressaltar que algumas destas ações não tiveram êxito, como pode ser constatado no levantamento fotográfico realizado no local de estudo (Figuras 1, 2, 3 e 4). Tais objetivos decorriam do comprometimento institucional da universidade, exposto em seu Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI), instituído em 2004, no qual a gestão da universidade deveria ocorrer de forma planejada, participativa e sustentável.

 

Figura 1: Armazenamento inadequado de resíduos no entorno do remanescente florestal do campus universitário em estudo.

 

Figura 2: Material descartado de forma inadequada no campus universitário.

Figura 3: Vidrarias de laboratório e lâmpada fluorescente descartados de forma inadequada no campus universitário.

 

Figura 4: Materiais descartados de modo inadequado no campus universitário.

 

Do ano de sua criação, até o pedido de extinção desta Comissão, podem ser destacadas algumas realizações que constavam em suas metas, como por exemplo, a aplicação de questionários entre os anos de 2008 e 2009 aos técnicos responsáveis pelos laboratórios e a professores ligados aos laboratórios mediante suas disciplinas e projetos; a realização de palestras à comunidade acadêmica com representantes da Unidade de Gerenciamento de Resíduos da universidade (criada desde 2002 em um campus existente em outra cidade); a coleta de resíduos químicos laboratoriais por empresa especializada nos anos de 2009 e 2010; e a aprovação de bolsas para estagiários de graduação em 2009.

Outras iniciativas também merecem destaque, como a efetivação da parceria da Comissão de Gerenciamento de Resíduos com a prefeitura municipal e com a cooperativa de catadores de Araras. Porém, após a mudança na administração municipal, essa parceria acabou sendo desfeita. No ano de 2009, também foram distribuídas embalagens plásticas (bombonas) aos laboratórios que mostraram interesse em contribuir com os trabalhos da comissão, no intuito de servirem para armazenamento dos resíduos de diferentes espécies produzidos em suas atividades, facilitando posteriormente na coleta dessas substâncias e materiais.

A partir do projeto de bolsa treinamento foram confeccionados “bags” para coleta de materiais recicláveis (papéis, papelão e plásticos) em quatro pontos do campus, que antes não apresentavam nenhum tipo de coletor.

Durante o período de atuação da comissão, surgiram alguns problemas e dificuldades que impediram uma melhor atuação e eficácia de suas propostas e ações. Apesar do empenho a comissão não conseguiu envolver professores em suas ações, limitando-se apenas aos técnicos de laboratório, não permitindo assim que suas propostas tivessem maior aceitação e visibilidade frente à comunidade acadêmica como um todo.

A pouca participação de membros da comissão nas reuniões de conselho do campus também se destaca como um dos problemas encontrados pela comissão, assim como a obtenção de um espaço para discussão e colocação de propostas, o que infringe a questão da participação segundo o Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI) da instituição.

A falta de recursos humanos foi um fator limitante, já que era necessário que um profissional permanente estivesse mais a frente da comissão, de forma a dedicar parte de sua carga horária aos trabalhos da comissão com maior regularidade.

A não obtenção de recursos financeiros também contribuiu para que outras propostas pudessem ser postas em prática, tendo em vista os custos na organização de pessoas e de mecanismos capazes de suprir as demandas do programa de gerenciamento dos resíduos em toda a extensão do local de estudo.

Outra dificuldade encontrada foi quanto a não disponibilidade de espaço físico, como por exemplo, uma sala própria com equipamentos de mobília, informática e demais materiais de consumo, que caracterizasse uma infraestrutura mínima para que os membros da comissão pudessem se reunir e se organizar de forma mais autônoma.

Uma das principais demandas que a comissão via como fundamental seria em relação à criação de um entreposto para armazenamento dos resíduos de maior risco produzidos no campus, para que fossem coletados anualmente por uma empresa especializada. Entretanto, não foi possível a criação desse entreposto, o que tornou ainda mais difícil a gestão dos resíduos e, conseqüentemente, deixando a cargo dos laboratórios a responsabilidade de armazenar e destinar seus próprios resíduos.

Outra demanda da comissão seria um suporte de informática para comunicação e transparência do programa de gerenciamento de resíduos, onde as pessoas pudessem consultar através do site da instituição informações a respeito da existência da comissão e de detalhes de seu funcionamento. A organização de seminários em torno do tema “resíduos” também foi constatada como mais uma demanda da comissão, o que envolveria toda a comunidade acadêmica na apresentação e discussão do assunto, objetivo não desenvolvido por conta da falta de apoio da direção do campus.

A capacitação dos membros da comunidade acadêmica por meio de oferta de cursos sempre foi vista como algo essencial no fortalecimento das ações da comissão para minimização dos riscos na manipulação de resíduos em geral, mas também não encontrou apoio para que fossem oferecidos no campus.

Com todas essas dificuldades, a continuidade dos trabalhos desta comissão se inviabilizou, culminando em um pedido de extinção de seus membros, no ano de 2010. A comissão não atuou, portanto, até o início de 2012, quando foram retomados os seus trabalhos. Estas dificuldades foram tratadas no trabalho de Rivetti et al. (2012), e contribuíram em grande medida para subsidiar ações para a reativação da Comissão de Gerenciamento de Resíduos em 2012.

Assim, em janeiro de 2012, a Comissão de Gerenciamento de Resíduos foi reativada, por conta de uma ação extensionista em educação ambiental promovida na disciplina de Educação Ambiental em Escolas Rurais no campus universitário em estudo, o que despertou em alguns estudantes a busca por medidas a serem tomadas para a promoção do gerenciamento de resíduos neste campus universitário, que culminou com o diálogo de um destes estudantes com o diretor do campus. E, a partir de uma parceria estabelecida entre a comunidade acadêmica e a diretoria do campus, as atividades da Comissão de Gerenciamento de Resíduos foram retomadas.

A nova Comissão de Gerenciamento de Resíduos é composta por 10 membros, representada por quatro docentes, três técnicos administrativos e três discentes de graduação.

A partir das experiências já mencionadas acerca das atividades da Comissão de Gerenciamento de Resíduos inicial, no ano de 2012, a nova Comissão recém-criada demonstrou grande esforço para atuar efetivamente na melhoria do gerenciamento de resíduos no campus universitário em questão. Dentre suas medidas, vale ressaltar a obtenção de uma verba de R$179.500,00, a ser destinada para a construção do depósito de resíduos sólidos e líquidos (124,8 m2) no campus universitário em estudo, referente à construção do entreposto, já mencionado como um dos grandes entraves para a continuidade das atividades da Comissão inicial. A Diretoria do campus disponibilizou também um local provisório para o armazenamento de resíduos de laboratório, no qual as devidas providências estão em andamento para a desocupação e limpeza do local, que será utilizado como local de armazenamento de resíduos até a futura construção do entreposto pela própria universidade.

Os membros da Comissão atual organizaram um evento referente à oferta de um mini-curso intitulado “Boas Práticas Laboratoriais”, com enfoque nas legislações e procedimentos, ministrado em maio de 2012.

Outra ação relevante diz respeito ao evento “Lixo e Consumo”, que consistiu em uma palestra de docentes que atuam na área de gerenciamento de resíduos no presente campus universitário, junto a uma exposição de quadros nos quais as pinturas retrataram a mesma temática.

Vale salientar também a obtenção de bombonas, galões, caixas de papelão e rótulos para identificação dos resíduos, concedidos com verba disponibilizada pela própria universidade A nova equipe da Comissão de Gerenciamento de Resíduos ainda conta com a participação de dois técnicos administrativos remanescentes da antiga equipe, que contribuem positivamente para nortear as ações da Comissão, evitando-se assim a repetição de ações pouco exitosas para o gerenciamento de resíduos, como por exemplo, as já mencionadas no escopo do presente estudo.

No que diz respeito à parceria entre a Diretoria e a Comissão de Gerenciamento de Resíduos, vale ressaltar que a Diretoria do campus contribuiu com a aquisição de um triciclo elétrico para a coleta e transporte dos resíduos no local de estudo, de modo que a obtenção da verba foi possibilitada devido à parceria entre a Comissão, a Diretoria, a Reitoria e a empresa distribuidora do veículo.

Uma ação de extrema relevância que deve ser enfoque também retrata a parceria do campus universitário com uma cooperativa local, parceria que contribuiu para a inserção da prática da coleta seletiva solidária no local de estudo. A implementação da coleta seletiva solidária no local de estudo foi amplamente discutida durante as reuniões da Comissão de Gerenciamento de Resíduos e, por consenso, foi definida que a coleta seletiva se inicie em lixeiras individualizadas (15 L) nas salas de secretarias, coordenações, docentes, técnicos administrativos e outras repartições do campus. Na sequência, o material reciclável seria recolhido pela equipe de limpeza e acumulado em lixeiras de maior capacidade (100 L), distribuídas nas áreas de circulação do campus.

O material destas lixeiras então será posteriormente recolhido por 77 unidades móveis (manuais ou mecanizadas) e conduzido até os contêineres, localizados em pontos estratégicos do campus, e com capacidade de 1000 L, que foram substituídos pelos antigos “bags” que, ao invés de descartados, foram doados a uma escola rural local.

Outro aspecto relevante diz respeito à criação pela universidade de uma Comissão de Eventos que, por meio do envio de propostas de eventos, disponibiliza semestralmente uma verba de até R$500,00, distribuída conforme a relevância e necessidade de cada evento, de modo que, a presente Comissão já contribuiu para a Comissão de Gerenciamento de Resíduos financiando o mini-curso de “Boas Práticas Laboratoriais” e, atualmente, a Comissão de Gerenciamento de Resíduos obteve uma nova proposta aprovada junto a Comissão de Eventos, para o financiamento de um mini-curso de “Compostagem”, a ser ofertado por dois docentes que ministram disciplinas relacionados à temática do mini-curso.

Vale ressaltar também a parceria realizada entre uma empresa Junior presente no campus junto a Comissão de Gerenciamento de Resíduos, que contribuiu no programa de coleta e reutilização de óleo de cozinha, assim como na organização do evento de “Boas Práticas Laboratoriais”.

Como projetos em andamento, vale ressaltar as ações propostas como medidas para a diminuição do consumo de papel nas fotocopiadoras do campus, por meio da aquisição da nova norma ABNT, que dispõe sobre o assunto, por intermédio da biblioteca universitária, que traz como um grande avanço a possibilidade de impressão de monografias, dissertações e teses na frente e no verso de cada folha.

A construção de uma sala para as reuniões da Comissão foi outra conquista de grande relevância, permitindo assim aos membros ter um espaço próprio para encontros e discussões acerca das medidas a serem tomadas para o gerenciamento dos resíduos produzidos no local de estudo, assim como foi criado um blog para a divulgação das atividades e eventos propostos pela presente Comissão.

Por outro lado, alguns entraves foram verificados, como por exemplo, a participação de um dos membros da equipe da Comissão em somente uma das reuniões da Comissão, o que denota a falta de comprometimento com a Comissão, assim como o desligamento de um dos docentes membros da Comissão, por conta de ter tomado posse de um cargo administrativo junto a Pró-Reitoria de Extensão do campus universitário em questão, o que, por outro lado, poderá possibilitar uma maior parceria entre a Comissão e esta outra esfera universitária.

Houve a oferta de uma bolsa atividade para estudantes de graduação auxiliarem na divulgação dos eventos da Comissão e, entretanto, não houve procura pela vaga desta bolsa atividade.

Assim, vale ressaltar que, dentre as medidas da Comissão, a parceria entre o campus e uma cooperativa local foi uma grande conquista. Conforme o acordo assinado pela cooperativa e pelo coordenador da Comissão de Gerenciamento de Resíduos, a cooperativa se comprometeu a fazer a coleta semanal de material reciclável armazenado no local de estudo, com pesagem do caminhão para fins de levantamento de informação, que deverão constar nos relatórios semestrais que a Comissão de Gerenciamento de Resíduos deverá apresentar à Unidade de Gerenciamento de Resíduos a qual esta vinculada, assim como ao Ministério Público.

 

5. CONCLUSÕES

Verificou-se na pesquisa aqui retratada que a criação de uma Comissão de Gerenciamento de Resíduos é de extrema relevância e pode contribuir efetivamente para a melhoria da qualidade ambiental de um campus universitário, assim como é essencial o apoio em relação a recursos financeiros, humanos e a disponibilização de um espaço físico adequado para o planejamento e implementação de ações para o gerenciamento correto de resíduos, constatando-se também que deve ser primazia de programas desta natureza o estabelecimento de parcerias entre toda a comunidade acadêmica e comunidade externa para a implementação de suas atividades de planejamento e articulação com os demais colaboradores.

Espera-se que as ações retratadas na elaboração deste documento possam subsidiar discussões e a implementação de novas iniciativas, planejamentos e ações no sentido de levar esta proposta não só à direção do campus, mas também a outras instituições que necessitem de medidas de gerenciamento de seus resíduos semelhantes as propostas no presente campus universitário.

 

6. REFERÊNCIAS

BARBIERI, J. C. Educação Ambiental e os problemas ambientais. In: MENDONÇA, P. R. (Org.) Educação Ambiental Legal. Coordenação geral de educação ambiental: Brasília, 2002.

CARVALHO, I. Em Direção ao Mundo da Vida: Interdisciplinaridade e Educação Ambiental. Brasília: IPÊ – Instituto de Pesquisas Ecológicas, 1998.

HENRIQUES, R.; TRAJBER, R.; MELLO, S.; LIPAI, E. M.; CHAMUSCA A. (Orgs.) Educação Ambiental: aprendizes de sustentabilidade. Ministério da educação: Brasília, 2007.

MORADILLO, E. F. de.; OKI, M. da C. M. Educação ambiental na universidade: construindo possibilidades. Química Nova, São Paulo, v. 27, n. 2, p. 332-336, 2004.

PHILIPPI JR., A.; PELICIONI, M. C. F. Educação Ambiental e Sustentabilidade. Barueri: Manole, 2005. 878p.

RIVETTI, L. V.; SIMONATO, D. C.; COSTA, S. O.; FIGUEIREDO, R. A. Análise documental e de percepção acerca da gestão de resíduos em um campus universitário (SP, Brasil). Revista Ibero-Americana de Ciências Ambientais, Aquidabã, v. 3, n. 1, p. 98-111, 2012.

SILVA, M. B.; GRIGOLO, T. M. Metodologia para iniciação científica à prática da pesquisa e da extensão II. Caderno Pedagógico. Florianópolis: UDESC, 2002.

Ilustrações: Silvana Santos