Estamos sendo lembrados de que somos tão vulneráveis que, se cortarem nosso ar por alguns minutos, a gente morre. - Ailton Krenak
ISSN 1678-0701 · Volume XXI, Número 86 · Março-Maio/2024
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10/09/2018 (Nº 45) REPRESENTAÇÕES GRÁFICAS SOBRE MEIO AMBIENTE DE ALUNOS DA ESCOLA ESTADUAL PROFESSOR LUIZ ANTÔNIO (NATAL/RN)
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REPRESENTAÇÕES GRÁFICAS SOBRE MEIO AMBIENTE DE ALUNOS DA ESCOLA ESTADUAL PROFESSOR LUIZ ANTÔNIO (NATAL/RN)

                                                                                           

Graduada em Ciências Biológicas

Hayane Montenegro de Aquino Carmo

Centro Universitário FACEX

Rua Nossa Senhora de Nazaré, 1239 - Alecrim. Natal – Rio Grande do Norte (RN). CEP: 59072-970

Telefone: (84) 8804-0433

hayane_montenegro@yahoo.com

 

Mestre em Desenvolvimento e Meio Ambiente - UFRN

Wanessa Kaline de Araújo Moura

Rua Abílio Deodato do Nascimento, 2756 – Lagoa nova II. Nata – Rio Grande do Norte (RN). CEP: 59062-390

Telefone: (84) 9694-7869

wanessakmoura@gmail.com

 

Mestre em Desenvolvimento e Meio Ambiente - UFRN

Priscila Daniele Fernandes Bezerra Souza

Rua Monte Carmelo, 2926 – Neópolis. Natal – Rio Grande do Norte (RN). CEP: 59086-490

Telefone: (84) 8705-1364

prisciladani@yahoo.com.br

 

RESUMO

 

A temática ambiental têm se tornado um assunto comum e prioritário na sociedade brasileira. O termo Meio Ambiente está entre os mais corriqueiros, porém, existe uma grande diversidade de conceitos, geralmente estão relacionados à natureza, ecologia, entre outros. Cada indivíduo percebe, reage e responde de forma diferente ás ações do ambiente em que vivem. Sendo fundamental o estudo da percepção ambiental para conhecer e entender as ligações dos seres humanos com o meio ambiente. Para a realização do presente estudo escolheu-se trabalhar com mapas mentais. Desta forma, a representação gráfica possibilita uma percepção mais realista da visão do indivíduo sem a interferência de conceitos pré-formados, servindo de instrumento para futuros trabalhos sobre o meio ambiente. Diante do exposto, objetiva-se analisar as representações gráficas sobre Meio Ambiente, percebendo as interpretações dos alunos do Ensino Fundamenta II da Escola Estadual Professor Luiz Antônio (RN). A metodologia abordada apoia-se no trabalho de Aires e Bastos (2011), aplicada juntamente a disciplina de Ciências, para a obtenção dos dados de campo, com a participação de 127 alunos. Para classificar as representações foram utilizadas as categorias, naturalista, antropocêntrica e globalizante. Os elementos das representações gráficas foram numericamente tabulados, baseado no critério quantitativo. Os mapas mentais revelaram predominância da visão naturalista, com maior frequência de representações de vegetações, céu, animais e água. Com base nos resultados obtidos foi possível identificar a necessidade dos docentes trabalharem o conteúdo curricular Meio Ambiente na perspectiva de renovar a visão ambiental, tornando-os parte dele e sensibilizando-os para o real pertencimento.

 

Palavras-chave: Ensino fundamental II. Mapas mentais. Percepção ambiental.

 

 

ABSTRACT

 

The environmental issues have become a common subject and priority in Brazilian society. The term environment is among the most commonplace, but there is a great diversity of concepts, are generally related to nature, ecology, among others. Each individual perceives, reacts and responds differently ace actions of the environment in which they live. Being the fundamental study of environmental perception to know and understand the connections between human beings and the environment. For the realization of this study chose to work with mind maps. Thus, the graphical representation allows a more realistic perception of the individual's view without the interference of preformed concepts, serving as a tool for future work on the environment. Given the above, the objective is to analyze graphical representations on Environment, realizing the interpretations of school students Fundamenta II State School Professor Luiz Antonio (RN). The methodology discussed relies on the work of Aires and Bastos (2011), applied along the course of Sciences, to obtain field data, with the participation of 127 students. To classify the representations were used categories, naturalist, anthropocentric and globalizing. The elements of graphic representations were numerically tabulated based on quantitative criteria. The mental maps revealed predominance of naturalistic view, most often representations of vegetation, sky, animals and water. Based on the results it was possible to identify the need of teachers occur within the structure of the curriculum of the school environment in view of renewing the environmental vision, making them part of it and sensitizing them to the real belonging.

Keywords: Elementary II. Mind maps. Environmental Perception.

 

1 INTRODUÇÃO

 

            Aspectos relacionados à temática ambiental têm se tornado um assunto comum e prioritário na sociedade brasileira, principalmente depois da realização da Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (Rio 92), realizada na cidade do Rio de Janeiro em 1992 e, em 2003 (Brasília), nas Conferências Infanto-Juvenil e a Nacional de Meio Ambiente (FERNANDESet al, 2009), e mais recentemente, na Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio+20), realizada na cidade do Rio de Janeiro em 2012.

Entre os termos que se tornaram comuns na sociedade brasileira, encontra-se o termo Meio Ambiente. Porém, ao pesquisar a definição do mesmo, observou-se que existe uma grande diversidade de conceitos, como afirma Coanet al (2003, p. 18).

 

O meio ambiente é gerado e construído ao longo do processo histórico de ocupação de um território por uma determinada sociedade, em um espaço de tempo concreto. Ele surge como uma síntese histórica das relações entre a sociedade e a natureza. Portanto, o conhecimento sistemático sobre o ambiente está em plena construção, é um conceito dinâmico. E justamente por estar em plena construção, é um conceito controvertido e encontramos diferentes definições para este termo que, de acordo com o momento de sua elaboração, ora o restringe, ora o amplia.

 

Aires e Bastos (2011) ressaltam que, geralmente, a expressão Meio Ambiente (MA) é relacionada e usada como símbolo de natureza, ambientalismo, educação ambiental, ecologia, entre outros, ou seja, marcada quase sempre por aspectos naturalistas, mas que, nas últimas décadas, tem se cercado, também, de aspectos sociais, inseridos no contexto de crise ecológica, de crise ambiental.

Sauvé (2005) afirma que, o meio ambiente não é simplesmente um objeto de estudo ou um tema a ser tratado entre tantos outros; nem que é algo a que nos obriga um desenvolvimento que desejamos que seja sustentável. A trama do meio ambiente é a trama da própria vida, ali onde se encontram natureza e cultura; o meio ambiente é o cadinho em que se forjam nossa identidade, nossas relações com os outros, nosso “ser-no-mundo”.

Cada indivíduo percebe, reage e responde diferentemente às ações sobre o ambiente em que vive. As respostas ou manifestações daí decorrentes são resultado das percepções (individuais e coletivas), dos processos cognitivos, julgamentos e expectativas de cada pessoa (FERNANDESet al., 2009). Esses parâmetros justificam a necessidade de compreender as ações de cada indivíduo, pois cada um tem uma percepção. No entanto, não existe percepção errada ou inadequada, existem sim, percepções diferentes, condizentes com o espaço vivido (OLIVEIRA, 2006, p. 35).

A percepção ambiental éconsiderada fundamental para se conhecer e entender as prioridades, os gostos e as ligações cognitivas e afetivas dos seres humanos com o meio ambiente, sabendo que se constituem na grande força que modela a superfície terrestre através de escolhas, ações e atitudes ambientais (MACHADO, 1999).

Oliveira (2006) afirma que, para analisar as relações do ser humano com o meio, é necessário compreender, como está estruturado esse espaço percebido na mente das pessoas, ou seja, como ocorre a construção das imagens mentais (p. 35).

Para a realização do presente estudo, escolheu-se trabalhar com os mapas mentais, uma vez que:

 

 O Mapa Mental é uma ferramenta poderosa de anotação de informações de forma não linear, ou seja, elaborado em forma de teia, onde a ideia principal é colocada no centro de uma folha de papel branco (sem pautas), usada na horizontal para proporcionar maior visibilidade, sendo que as ideias são descritas apenas com palavras chaves e ilustradas com imagens, ícones e com muitas cores [...] Assim desenhado, um Mapa Mental está organizando e hierarquizando os tópicos de um assunto, ao mesmo tempo em que sintetiza, fornecendo a visão global, mostra os detalhes e as interligações do assunto [...] (BOVO, 2005, p. 3).

 

Desta forma, a representação gráfica possibilita uma percepção mais realista da visão do indivíduo sem a interferência de conceitos pré-formados, servindo de instrumento para futuros trabalhos sobre o meio ambiente. Diante do exposto, objetiva-se analisar as representações gráficas sobre Meio Ambiente, através dos mapas mentais, percebendo as interpretações dos alunos do Ensino Fundamenta II da Escola Estadual Professor Luiz Antônio (Natal-RN).

De posse dessas informações será apresentada a monografia. O referencial teórico é dividido em tópicos que caracterizam a fenomenologia tendo como objeto o fenômeno como a percepção de qualquer elemento, por meio de nossossentidos. Na sequência é apresentada a metodologia utilizada para o estudo Baseada em Aires e Bastos (2011), seguido pelos resultados e discussão e finalmente a conclusão do trabalho.

 

 

2 METODOLOGIA

 

2.1 ÁREA DE ESTUDO

 

A pesquisa foi realizada do dia 10 a 12 de Setembro de 2012, na Escola Estadual Professor Luiz Antônio, situada na Rua Alamanda s/nº, bairro de Candelária – Natal/RN. Funcionando no turno matutino com o Ensino Fundamental I (1º ao 5º ano), no turno vespertino com o Ensino Fundamental II (6º ao 9º ano) e Ensino Médio Regular, e no turno noturno com o Ensino Médio Modalidade Normal. O corpo discente da instituição é constituído por alunos advindos de bairros periféricos da capital e de municípios da grande Natal com faixas etárias heterogêneas, em geral oriundas de famílias de baixa renda.

 

2.2 PROCEDIMENTO METODOLÓGICO

 

A metodologia abordada apoia-se no trabalho de Aires e Bastos (2011) a respeito da representação sobre o meio ambiente de alunos da educação básica de Palmas (TO). Aplicou-se a metodologia juntamente a disciplina de Ciências, no Ensino Fundamental II (6° ao 9° ano). Foi solicitado que os estudantes fizessem um desenho, ou seja, uma representação gráfica, do que eles entendem por Meio Ambiente.

A representação gráfica dos alunos foi realizada através da técnica de mapas mentais. Pois, ao trabalharmos com as representações gráficas, por meio de mapas mentais, tornamos as representações do conceito trabalhado mais próxima do sujeito pesquisado e do mundo do mesmo, qualificando essa representação, e permitindo uma melhor elaboração (AIRES; BASTOS, 2011).

Para a obtenção dos dados de campo, houve a participação de 127 estudantes, distribuídos dessa forma: 53 alunos do 6° ano, 31 alunos do 7° ano, 30 alunos do 8° ano e 13 alunos do 9° ano.

 Para classificar as representações foramutilizadasas categorias, naturalista, antropocêntrica e globalizante, conforme Reigota (1995, apud Luiz et al., 2009). Para a identificação dos elementos presentes nas representações gráficas de Meio Ambiente dos alunos, foi utilizado à análise global de cada desenho, relacionados por ano escolar.  Os elementos das representações gráficas dos alunos foram numericamente tabulados, baseado no critério quantitativo. O levantamento quantitativo é importante, pois possibilita uma melhor análise e identificação da ideia central das representações (AIRES; BASTOS, 2011).

 

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

 

Ao analisar os mapas mentais dos alunos, foi observadouma maior representaçãodo meio ambiente como natureza (Figura 1), sem qualquer associação com a presença do ser humano. Coanet al (2003 p. 19) afirma que, nessa concepção, a natureza é o ambiente original e “puro” no qual os seres humanos estão dissociados e no qual devem aprender a relacionar-se. As palavras-chave e imagens que vêm em mente são de meio natural, de árvores, plantas, animais, cachoeiras, etc. A natureza é como uma catedral, um monumento, que devemos admirar e respeitar.

 

Figura 1 – Mapa mental do meio ambiente como natureza.

 

Percebe-se então uma predominância da visão naturalista (48,5%), que segundo Reigota (1995, apud, LUIZ et al, 2009) é caracterizada pela exclusão do ser humano do meio, porém foi possível verificar também em menor incidência a visão antropocêntrica (30%), e globalizante (21,5%), conforme mostra a Figura 2.

Foi observada uma forte presença de cores nos mapas mentais, fato este, que pode está relacionado a uma forma de destacar os elementos representados e a maneira de observar o mundo vivido. A coloração dos mapas mentais foi percebida também por Aires e Bastos (2011) que afirmam ser um mecanismo utilizado pelos estudantes para dar ênfase ao conteúdo da representação.

 

Figura 2 – Gráfico das representações social de meio ambiente aplicada aos mapas mentais dos alunos de Ensino Fundamental II da Escola Estadual Professor Luiz Antônio.

 

Os elementos que apareceram com maior frequência nas representações foram: Vegetação, Céu e Animais, seguidos pela representação da Água, através de rios, lagos, cachoeira e chuva (Tabela 2), havendo uma predominância da visão naturalista, porém foi possível perceber também em menor incidência a visão antropocêntrica (30%) e globalizante (21,5%) (REIGOTA, 1995, apud LUIZ et al., 2009), conforme mostra a Figura 2.


Tabela 1 –Quantitativo dos elementos das representações gráficas dos estudantes.

 

Dos 84,2% das representações de vegetação, foi encontrada a presença de coqueiros em 38,3% delas(Figura 3), o que pode está relacionado ao fato da espécie vegetal ser comum, especialmente, na faixa litorânea da cidade em que se encontra a escola da pesquisa, além disso,de acordo com Di Leo (1985), nessa fase da infância as crianças têm uma tendência muito forte para desenhar árvores.

 

Figura 3 – Mapa mental representando a vegetação.

 

As representações do céu apareceram em 81,1% doas mapas mentais, o céu com chuva foi representado em apenas 5,8% dos mapas mentais com representações de céu, podendo está relacionado ao fato da cidade de Natal, onde se encontra a escola da pesquisa, está situada no Nordeste brasileiro, região com longos períodos de dias ensolarados.

Os animais foram representados em 59,8% dos mapas mentais, com maior frequência de aves, borboletas e peixes, destacando um mapa mental onde a representação da borboleta é a ideia central da representação gráfica e outro mapa mental onde uma ave, mais precisamente um papagaio, é a ideia central da representação (Figura 4, 5 e 6).

 

Figura 4 – Mapa mental representando as aves, borboletas e peixes.

 

Figura 5 – Mapa mental representando a borboleta como ideia central.

 

Figura 6 – Mapa mental representando o papagaio como ideia central.

 

A água foi representada em 34,6% dos mapas mentais, através de rios, lagos, cachoeiras e chuva. Houve um destaque para as representações de desperdício de água, podendo está relacionado ao fato do assunto ser bastante comentando no cotidiano, principalmente através da mídia em que eles possam ter acesso, como televisão e internet.Nestas representações foi possível verificar a associação feita pelos alunos entre o elemento água e a má-utilização do recurso pelo homem. A partir desta perspectiva verifica-se a visão antropocêntrica citada por Reigota (1995, apud, LUIZ et al, 2009) e Sauvé et al. (2000) que diz que o homem é possuidor dos recursos naturais, sendo estes uteis para a sobrevivência do homem.

As dunas e montanhas foram representadas em 19,7% dos mapas mentais, já as praias apareceram em 6,3%.Em uma das representações, aparecem elementos representando os quiosques e pessoas surfando, exatamente como se apresentam algumas praias da cidade. Estas representações podem estar relacionadas à visão do aluno sobre o meio no qual está inserido, visto que o relevo da cidade é constituído por dunas, bem como, a longa faixa litorânea da cidade.

O Planeta Terra foi representado em 7,1% dos mapas mentais, o que mostra possivelmente um entendimento amplificado do ambiente. Nestes mapas mentais verificou-se a ocorrência de representações infantilizadas, trazendo por vezes o planeta com carinha de sofrimento (figura 7). Estas caracterizações podem estar relacionadas aos problemas ambientais, assuntos discutidos frequentemente, e que com o passar do tempo vem tornando pessoas conscientes quanto a esses aspectos.

Figura 7 – Mapa mental representando o Planeta Terra através da infantilização.

 

Apareceu também, representação em que o planeta encontra-se nas mãos do ser humano, o que podem ser associados ao entendimento de que a preservação e os cuidados com o planeta estão nas mãos do homem, dando um sentido de reponsabilidade (figura8). Harris (2006) fala que, ao longo das últimas três décadas, temos ficado cada vez mais conscientes dos problemas ambientais que enfrentam as comunidades, nações, e o mundo. Durante este período, as questões dos recursos naturais e ambientais têm crescido em escopo e urgência.

Figura 8 – Mapa mental representando o Planeta Terra nas mãos do ser humano.

 

Algumas representações caracterizaram os seres humanos, os ambientes construídos, e os resíduos sólidos gerados pelo mesmo, mostrando uma relação entre o meio ambiente, as atividades realizadas no mesmo e as consequências das ações humanas. Esta visão é denominada por Reigota (1995, apud, LUIZ et al, 2009) e Sauvé et al. (2000) como globalizante onde o meio ambiente é caracterizado como as relações entre a natureza e a sociedade.

A representação do ser humano apareceu em 22,8% dos mapas mentais, onde o homem encontra-se rodeado por elementos constituintes da natureza. Foi possível verificar também a representação de impactos ambientais relacionados à ação antrópica e uma única representação do homem inserido no meio urbano, não havendo nesta representação qualquer referência com elementos naturais preservados (figura 9).

 

 

Figura 9 – Mapa mental representando o homem no meio urbano.

Diegues (1992) afirma quanto à relação do homem e o meio ambiente que é necessário desmistificar a ideia de que a natureza deve ser subjugada ao homem. Esta ética se baseia na convivialidade e no respeito pela natureza sendo composta de seres vivos, exigindo o abandono da perspectiva antropocêntrica e aderindo a uma perspectiva biocêntrica.

Entre as representações de construção humana, a figura da casa foi a mais representada aparecendo em 18,9% dos mapas mentais. Para Braga e Carvalho (2004), a casa é o abrigo, a morada do indivíduo, o que caracteriza o ambiente mais intimo do homem. Na maioria das representações da casa encontra-se rodeada por elementos naturais, e em harmonia com o Meio Ambiente, possivelmente, representando a ideia de ambiente idealizado, desejado.

Em apenas dois mapas mentais, percebe-se problemas ambientais ocasionados e relacionados diretamente a presença da casa, onde uma representação mostra o lançamento de dejetos no rio, poluição do ar, e a caça de animais. Tal representação pode estar associada à percepção do aluno sobre a relação ambiental e social, quando o mesmo relaciona a presença de favelas aos transtornos ambientais citados (figura 10). Já outra representação mostra uma casa na beira de um rio poluído, essa representação pode está associada às famílias ribeirinhas do Rio Potengi, que se encontra poluído.

 

Figura 10 – Mapa mental representando a casa, através da percepção do aluno sobre a relação ambiental e social, onde o mesmo relaciona a presença de favelas aos transtornos ambientais.

 

Foi verificada a presença de lixeiras em 15,7% dos mapas mentais, destacando que as representações gráficas do 6° ano tiveram um maior percentual de coletores seletivos com as cores e os nomes corretos. Conforme as séries foram aumentando, esses acertos foram diminuindo, ou foram ocultados. Desaparecendo na turma do 9° ano. Este aspecto pode estar associado ao conteúdo curricular meio ambiente trabalhado no 6º ano, abordando a temática lixo, o que possibilita a melhor representação.

Os resíduos sólidos foram representados em 8,7% dos mapas mentais. Mostrando a poluição de rios e solo, ou seja, o descarte incorreto desses resíduos, sendo enfatizado em um mapa mental através de setas e nomeando cada item representado (figura 11).  Tanto a representação dos resíduos quanto dos coletores, podem caracterizar a preocupação dos alunos com a geração e o descarte do lixo.

Figura 11 – Mapa mental representando os resíduos sólidos.

 

As representações de praças públicas apareceram em 7,9% dos mapas mentais, destacando as representações de praças bem estruturadas com a presença de crianças se divertindo, mas uma vez caracterizando a ideia de um ambiente idealizado.

As representações gráficas de barcos, navios e jangadas apareceram em 4,7% dos mapas mentais, onde a metade encontra-se associada à pesca; as indústrias e os automóveis apareceram em 2,4% dos mapas mentais. Estes mapas representam as atividades humanas ao meio ambiente, inferindo que os alunos compreendem a necessidade dos diferentes ambientes para manutenção da vida. É possível destacar entre essas representações, os mapas mentais que mostram o convívio harmonioso com meio ambiente versos a desarmonia (figura 12), revelando o desmatamento e a poluição do ar causado pelas indústrias.


Figura 12 – Mapa mental representando o convívio harmonioso com o meio ambiente versos a desarmonia.

 

Os resultados encontrados no presente trabalho foram de encontro à metodologia proposta por Reigota (1991) e similares aos estudados anteriormente realizados por Bezerra e Gonçalves (2007), Luiz et al (2009), e Costa et al (2012), onde a visão naturalista de meio ambiente predominou entre os entrevistados. Ressaltando que os elementos que apareceram com maior frequência foram vegetações, céu, animais e água.

 

4 CONCLUSÃO

                             

 Podemos concluir com o presente estudo que as visões antropocêntricas e globalizantes tiveram um percentual menor nas representações, porém foi possível observar na visão globalizante que a uma maior preocupação por parte dos estudantes entrevistados com o destino dos resíduos sólidos e o desperdício de água.

Foi possível observar também o baixo índice da presença do ser humano, ou seja, o homem não é visto como parte integrante do meio ambiente. Oliveira (2006) afirma que a partir do momento em que o ser humano se sentir como elemento integrante do meio ambiente, os problemas ambientais poderão ser amenizados. Como este, não se vê enquanto natureza, sua maior preocupação está relacionada exclusivamente à questão econômica, o que está provocando essa cadeia de desequilíbrio no nosso Planeta.

Com base nos resultados obtidos foi possível identificar a necessidade dos docentes trabalharem o conteúdo curricular MA na perspectiva de renovar a visão ambiental, tornando-os parte dele e sensibilizando-os para o real pertencimento.

 

 

REFERÊNCIAS

 

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Ilustrações: Silvana Santos