Estamos sendo lembrados de que somos tão vulneráveis que, se cortarem nosso ar por alguns minutos, a gente morre. - Ailton Krenak
ISSN 1678-0701 · Volume XXI, Número 86 · Março-Maio/2024
Início Cadastre-se! Procurar Área de autores Contato Apresentação(4) Normas de Publicação(1) Dicas e Curiosidades(7) Reflexão(3) Para Sensibilizar(1) Dinâmicas e Recursos Pedagógicos(6) Dúvidas(4) Entrevistas(4) Saber do Fazer(1) Culinária(1) Arte e Ambiente(1) Divulgação de Eventos(4) O que fazer para melhorar o meio ambiente(3) Sugestões bibliográficas(1) Educação(1) Você sabia que...(2) Reportagem(3) Educação e temas emergentes(1) Ações e projetos inspiradores(25) O Eco das Vozes(1) Do Linear ao Complexo(1) A Natureza Inspira(1) Notícias(21)   |  Números  
Artigos
10/09/2018 (Nº 45) QUANTIFICANDO ATITUDE AMBIENTAL
Link permanente: http://www.revistaea.org/artigo.php?idartigo=1592 
  
INTRODUÇÃO

QUANTIFICANDO ATITUDE AMBIENTAL

Vitor Araujo-Lima /Araújo-Lima,V.

Biólogo Analista I no Centro de Zoonoses do município de Cariacica-ES, Especialista em Educação Ambiental pelo Centro de Estudos Avançados e pós-graduação e Pesquisa e docente do programa de pós-graduação Mestrado strictu-sensu em Ecologia de Ecossistemas da Universidade Vila Velha.

Email: vlo992@gmail.com

Resumo

Partindo do pressuposto que as sociedades preocupam-se de forma diferente a respeito de questões ambientais é de suma importância que haja uma escala para ordenar tal grau de consciência ou responsabilidade para com o meio e, assim, direcionar as ações de forma a otimizar uma mudança de atitude autodestrutiva, para inicialmente promover a Educação Ambiental relacionado ao autoconhecimento e adiante desenvolver ativamente a mudança de maus hábitos. Este trabalho será focado sobre a perspectiva: em que medida a avaliação do grau de consciência do ser humano para com o meio natural é relevante? E terá como objetivo compreender a relevância da avaliação do grau de consciência do ser humano para com o meio natural, para isto será estudada uma ferramenta denominada Novo Paradigma Ambiental (NPA). O conceito de atitude, que é um dos mais importantes da Psicologia Social, tem recebido definição das mais diversas. Entretanto quase todas as definem como uma tendência a ação, que é adquirida no ambiente em que se vive, deriva de experiências pessoais e também de fatores e de personalidade. Assim para a maioria dos autores, o termo atitude designa disposição psicológica adquirida e organizada a partir da própria experiência, que inclina o indivíduo a reagir de forma específica em relação a determinadas pessoas, objetos e situações. O Novo Paradigma Ambiental (NPA) é o terceiro e mais recente desenvolvimento que pesquisa a atitude ambiental, ele é um medidor de componentes únicos que utiliza perguntas unidimensionais ao invés de multidimensionais. Por conta de proposições desta tradição que considera um valor moral como o centro da atitude ambiental tem sido argumentado que o NPA representa um deslocamento para a avaliação de um melhor conceito sobre atitude. Esta interpretação é suportada pelo fato que o Novo Paradigma Ambiental combinar estas considerações com a relação entre atitude ambiental e o comportamento ecológico. Com os problemas associados com poluição, superpopulação, alto consumo de energia, alto consumo de recursos naturais e outras questões ambientais se torna mais importante que os estudos em Educação Ambiental avance de tal forma que modelos e teorias entendam as preocupações, motivos e comportamentos em relação ao meio natural. Neste trabalho foi apresentado o Novo Paradigma Ambiental para que pudesse ser compreendido a relevância da avaliação do grau de consciência do ser humano para com o meio natural.

Palavras-chave: Educação Ambiental. Meio natural. Novo Paradigma Ambiental.


Educação Ambiental

Educação Ambiental é um tema relativamente novo, não só como política pública, mas também como preocupação de educadores, crianças, jovens, pais e cada vez mais um número crescente de intelectuais e profissionais das mais variadas áreas. A história da preocupação com o meio ambiente e Educação Ambiental se cruzam na década de 60 (LEONARDI, 2001, p.243). Foi nesta mesma época que entidades e políticas governamentais começaram a se preocupar com a Educação Ambiental. Em 1968 na Grã-Bretanha surgiu o conselho para a Educação Ambiental e na França e países nórdicos foram aprovadas variadas intervenções na política educacional, como normas, deliberações e recomendações que diziam respeito à introdução da Educação Ambiental no currículo escolar. Neste mesmo ano a UNESCO listou 79 países que incluíam a Educação Ambiental como componente curricular e, mais que isso, já recomendava inclusão nos aspectos sociais, culturais e econômicos ao estudo biofísico do meio natural (LEONARDI, 2001, p. 244).

Nesta época esta sensibilização com o meio estava presente como componente de uma crítica mais profunda que os movimentos sociais da época faziam, principalmente entre os jovens quanto ao estilo de vida, valores e comportamentos de uma sociedade consumista e depredadora. Para exemplificar o ocorrido observe as palavras de Crisholm ( 1972 ,p 4)

 

Da mesma forma que muita gente, eu ouvi a palavra ecologia pela primeira vez no outono de 1969. Isso foi pouco antes da série anual das Conferências Reith que a BBC anunciava, a serem dadas doutor, atualmente Sir., ecologista Frank Fraser Darling. Na minha qualidade de jornalista, fui encarregada de fazer a cobertura e escrever sobre o conferencista. Procurei a palavra no dicionário e verifiquei que se tratava da ciência do inter-relacionamento dos organismos com o seu meio ambiente. Ainda sem compreender grande coisa, li os rascunhos de suas conferências. Foi então que , de repente, descobri um novo interesse. A ecologia, segundo parecia, era a ciência que estava em condições de interpretar os fragmentos de provas que nos mostravam haver algo errado com o mundo. Havia pássaros mortos, óleo no mar, lavouras envenenadas, e explosão demográfica (...) Durante o outono de 1969 a ecologia pegou como se fosse uma nova religião entre os jovens universitários em todo o país (Inglaterra). Em março de 1970 houve a celebração do Dia da Terra (...) Na Europa, o ano de 1970 foi o Ano da Conservação Européia. Os jornais revistas, televisão e rádio começaram a fazer do meio ambiente notícia de primeiro plano. A BBC deu início, na televisão, a uma série chamada Doomwatch em que um funcionário público detentor do premio Nobel e de agradável aparência, vinha salvar o país, uma vez por semana, das imprevisíveis catástrofes ecológicas. Inevitavelmente, o mundo da propaganda entrou em cena. As companhias de petróleo e de produtos químicos começaram a contar para todo mundo como estavam preocupadas com a poluição e com a qualidade de vida. As donas de casa de classe média começaram a ficar preocupadas com a quantidade de detergentes que usavam e se deveriam fazer o reaproveitamento do lixo. Estabeleceu-se a confusão à medida que as palavras ecologia, meio ambiente, conservação, biosfera tornavam-se parte do linguajar comum, pela primeira vez. Tudo era acompanhado por um sentimento de alarma generalizado na medida em que cientistas ansiosos, chamados de Profetas do Juízo Final pelos veículos de massa, brindavam-nos com conselhos variados e algumas vezes contraditórios: Era Glacial VS. Aquecimento Global, DDT etc.

 

Nos anos 70 assuntos relacionados ao meio natural passaram a fazer parte da agenda mundial. Sendo uma época de crise econômica, deu-se conta que havia um novo ingrediente na crise e que ele tinha a ver diretamente com a redução do índice de qualidade de vida de grande parte da população mundial. Referente a isto estava a poluição em conjunto com a possibilidade de saturação dos recursos naturais que inferiria no presente e no futuro das sociedades (LEONARDI, 2001, p. 244). O número 5 e volume 95 da revista estados-unidense Time chegou a publicar no dia dois de fevereiro uma capa com o tema “Meio Ambiente” (Crisholm, 1972, p 137)


Figura 1: Capa com ilustração do rosto do Ecólogo Barry Commoner de revista dos anos 70, que ilustra o polêmico tema “meio ambiente” poluído e não poluído. Fonte: time.com

Em 1972, um grupo de pessoas conhecidas como Clube de Roma produziu um relatório intitulado “Limites de Crescimento” que tratava sobre problemas cruciais para o futuro desenvolvimento da humanidade (LEONARDI, 2001, p. 244), neste mesmo ano a Educação Ambiental foi firmada como estratégia básica no âmbito das questões ambientais pelo princípio 19 da Declaração Sobre o Meio Humano (CARNEIRO, 2006, p.24). Em 1973 criaram o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) que reforçou a necessidade de educação e formações ambientais por todas as atividades exercidas por organismos internacionais. Outros marcos históricos são o Programa Internacional de Educação Ambiental em Belgrado em 1977 (LEONARDI, 2001, p. 244) e a Conferência Intergovernamental sobre Educação Ambiental realizada na América do Norte, ambos no mesmo ano, desde então se iniciou um amplo processo em nível global orientado para criar condições que formem uma nova consciência sobre um novo valor do meio natural e para reorientar a produção de conhecimentos baseados nos métodos da interdisciplinaridade e nos princípios da complexidade (JACOBI, 2003, p.191). Outro ponto importante foi a Conferência Intergovernamental de Educação Ambiental em 1987, onde estabeleceu-se e avaliou-se grandes orientações para a efetivação da Educação Ambiental em todas as sociedades do planeta e um ano depois da conferência intergovernamental, o Brasil definiu como exigência constitucional a Educação Ambiental em nível federal, estadual e municipal (LEONARDI, 2001, p. 246).

O vocábulo Educação Ambiental envolve o campo da educação e o campo ambiental. Ele é definido pelos próprios fazeres pedagógicos necessários a esta prática educativa, ou seja, enquadramento motivador da ação pedagógica para com o ambiental (MMA, 2004, p.7), mas a formulação de um conceito tem variado ao longo do tempo de vida do tema, de forma que os questionadores ou pesquisadores tem certa dificuldade de encontrar um único conceito e objeto deste relativamente novo campo (LEONARDI, 2001, p. 247). Entretanto, o pesquisador Sorrentino (1995) classificou quatro correntes de Educação Ambiental: conservacionista, educação ao ar livre, gestão ambiental e economia ecológica, estas correntes podem ser sintetizadas em quatro tipos de objetivos: biológicos ou conservacionistas, culturais ou espirituais que buscam o autoconhecimento e o conhecimento do universo, políticos que visam a democracia dos bens naturais, a participação social e a cidadania econômica que defendem o trabalho libertador e a autogestão (Lima, 1999, p. 9).

Este novo campo educativo tem sido influenciado e isto tem possibilitado a realização de experiências concretas sobre a educação, de forma criativa e inovadora, por diversos segmentos da população e em variados níveis de informação (JACOBI, 2003, p.191). Historicamente se convencionou dar às práticas educativas relacionadas ao âmbito do natural o nome desta área. Logo podemos designar uma característica especial que define uma classe de qualidades, estas permitem o conhecimento de sua identidade, diante de uma educação que não era voltada as questões ambientais (MMA, 2004, p.7).

A Educação Ambiental tem preocupado educadores, profissionais liberais, políticos e religiosos porque ela não deve ser ensinada apenas pela educação dos jovens, mas por um novo paradigma de toda a sociedade. Este processo de conscientização seria demasiado ineficaz se conseguido em apenas uma geração, por isto é importante a participação da juventude e demais faixas etárias em vários níveis do processo de decisão. Os governos devem criar mecanismos para difundir o diálogo com as comunidades. Esta questão trouxe uma necessidade de adequar os currículos escolares para as mudanças que estão acontecendo no mundo, tanto na questão ambiental, tecnológica e social (LAZZARI & MUCELLIN, 2005, p.5), por isto existe a necessidade de incrementar os meios de informação e o acesso a esta nova área, assim como o papel indutivo do poder público nos conteúdos educacionais. Isto deve ocorrer no intuito de diversificar as possibilidades de alterar o quadro atual de degradação socioambiental (JACOBI, 2003, p192)

A Educação Ambiental está sempre evoluindo no sentido de assumir uma função transformadora, na qual a responsabilização dos indivíduos torna-se um objetivo essencial para promover um desenvolvimento que não seja auto-degradante, mas sustentável. O educador tem a função de mediador na construção de referências quanto ao ambiente natural e deve saber usá-las como instrumento para o desenvolvimento de uma prática social centrada no conceito do desenvolvimento sustentável (JACOBI, 2003, p193). Não há como negar a dimensão política da Educação Ambiental, isto ocorre por conta de seu caráter transformador. Ela também encerra outras dimensões que ultrapassariam o seu enfoque e suas relações como ciência da criação e da arte e se deteria na íntima vivência dela, na experiência sensorial ou emocional do cotidiano das pessoas (RUCHEINSKY, 2002, p15).

A postura de dependência e de não responsabilização da população decorre da desinformação, da pouca consciência ambiental adquirida e da escassez de práticas comunitárias baseadas na participação e no envolvimento dos cidadãos que proponham uma nova cultura de direitos baseada na motivação da participação da gestão ambiental (JACOBI, 2003, p192). A cidadania dar a entender posse de direitos civis, políticos e sociais. Sua origem vem de polis grega, onde a participação dos cidadãos e a democracia direta eram os pilares da cidadania.

Atitude Ambiental

O conceito de atitude, que é um dos mais importantes da Psicologia Social, tem recebido definição das mais diversas. Entretanto quase todas as definem como uma tendência a ação, que é adquirida no ambiente em que se vive, deriva de experiências pessoais e também de fatores e de personalidade. Assim para a maioria dos autores, o termo atitude designa disposição psicológica adquirida e organizada a partir da própria experiência, que inclina o indivíduo a reagir de forma específica em relação a determinadas pessoas, objetos e situações (GILL, 2010, p.136).

Atitude ambiental é considerado um dos conceitos mais promissores (KAISER et al. 1999, p1). As atitudes são predisposições para reagir negativamente ou positivamente a respeito de certos objetos, instituições, conceitos ou outros indivíduos. Assim, as atitudes são similares aos interesses, mesmo quando estes se referem especificamente a sentimentos ou preferências com respeito a atividades de uma pessoa. Enquanto uma atitude implica rejeição ou aprovação de algo o “ter interesse” significa que a pessoa dedica algo de seu tempo pensando ou regido frente a ele sem levar em conta se os pensamentos são positivos ou negativos. As atitudes são também similares as opiniões, mas diferem destas no grau de generalidade e no método de medição. Opiniões são reações especificas sobre certos sucessos, fatos ou objetos, enquanto as atitudes são mais gerais. Além disso, uma pessoa pode estar consciente de sua opinião, mas pode não estar totalmente consciente de sua atitude (RICHARDSON et al. 1999, p.265).

No senso científico não está tão claro se a atitude existe. Não podemos medi-la, dizer qual a sua cor, quão rápida ela é ou descrever a sua natureza química. A atitude é uma construção hipotética sobre um estado mental no qual inferimos entrevistas e observação de comportamento. Como um conceito, a atitude tem a sua própria realidade a partir de nossa própria introspecção. Nós acreditamos em atitudes e a achamos úteis por nos ajudar a entender o comportamento dos outros indivíduos. Nós sabemos que ela é poderosa porque mudanças na estrutura social, tal como leis requerem um impacto de afirmação ou estabilidade no meio. Tal como a dependência das pessoas ao automóvel, frequentemente parece ser influenciado por atitudes públicas. Pelo fato da atitude ser escorregadia, uma definição ampla e clara de atitude ainda não foram desenvolvidas na psicologia social, mas apenas porque elas não são bem definidas isto não significa que elas não possam ser estudadas (HEBERLEIN, 1982, p2).

Os teóricos concordam que as atitudes possuem um objeto, ou seja, todas as pessoas têm atitude sobre algo. A parte difícil de pensar sobre atitude ambiental é a ambiguidade do objeto por ele mesmo, portanto há dúvidas quanto o ambiente ser apenas a poluição ou se o ambiente natural é diferente do ambiente urbano como objeto, por exemplo. De um modo técnico podemos raciocinar que todo objeto fora de nós existe no ambiente, logo todas as atitudes que não fossem sobre nós mesmos poderia ser chamada de atitude ambiental (HEBERLEIN, 1982, p3).

Em teorias sobre atitude dois componentes são usualmente notados: uma dimensão emocional envolvendo sentimentos e um aspecto cognitivo que se refere a fatos imparciais e crenças (HEBERLEIN, 1982, p4). Para examinar as orientações humanas é necessário um conceito além de atitude, valor. O termo valor é um outro tipo de construção hipotética mental quando é conceituada ao nível de indivíduo ao invés do nível social, sendo ele um tipo particular de atitude e como tal tem dois componentes: emocional e cognitivo (HEBERLEIN, 1982, p4).

As atitudes são vistas como estados mentais hipotéticos subjacente a construções que influenciam uma variedade de declarações verbais, não há declaração verbal que confira uma boa medida de atitude. O objetivo da escala é conseguir a média da construção sobre a suposição que erros associados com respostas de um único item se cancelam, isto ocorre durante um grande número de itens. Uma escala de atitude reduz a atitude ambiental a um valor quantitativo, um número (HEBERLEIN, 1982, p9).

Valores são diferentes de atitudes ou crenças porque funcionam como princípios organizados da vida e é determinante de atitude e comportamento. Alguns estudos têm mostrado que os valores de orientação individual contribuem para explicar a atitude ambiental. A teoria valor-base é um bom quadro para explicar como valores ambientais emergem e afetam a atitude ambiental. Esta teoria afirma que a atitude ambiental é resultado de um conjunto individual de uma orientação de valores e existem três valores que orientam e governam as atitudes individuais: orientação do valor da biosfera, orientação do valor do altruísmo social e egoísmo ou auto-interesse. Sendo o “valor da biosfera” o mais importante preditor da atitude ambiental individual, então um indivíduo que possua os valores que enfatizam a harmonia homem-ambiente possui uma positiva atitude para com o trabalho de proteção ambiental (LEE, 2001, p302)

Novo Paradigma Ambiental

Questionário pode ser definido como técnica de investigação composta por um conjunto de questões que são submetidas a pessoas com o propósito de obter informações sobre conhecimento sobre conhecimentos, crenças, sentimentos, sentimentos, valores, interesses, expectativas, aspirações, temores, comportamentos e atitudes (GILL, 2010, p.121).

As escalas sociais são instrumentos construídos com o objetivo de medir a intensidade de opiniões e atitudes de maneira mais objetiva possível, sendo requisitado que o entrevistado escolha uma de várias alternativas graduadas GILL, 2010, p.136).

O Novo Paradigma Ambiental (NPA) é o terceiro e mais recente desenvolvimento que pesquisa a atitude ambiental, ele é um medidor de componentes únicos que utiliza perguntas unidimensionais ao invés de multidimensionais. Por conta de proposições desta tradição que considera um valor moral como o centro da atitude ambiental tem sido argumentado que o NPA representa um deslocamento para a avaliação de um melhor conceito sobre atitude (KAISER et al. 1999, p2). Esta interpretação é suportada pelo fato que o Novo Paradigma Ambiental combinar estas considerações com a relação entre atitude ambiental e o comportamento ecológico (KAISER et al. 1999, p3).

Os sociólogos Dunlap e Van Liere hipotetizaram que o Novo Paradigma Ambiental (NPA) representa um conjunto de valores, atitudes e crenças que são melhores entendidas pela metáfora da terra ser uma espaço-nave (HEBERLEIN, 1982, p10). O conceito básico do Novo Paradigma Ambiental (NPA) deriva da metáfora da Terra como uma espaçonave que possui fontes naturais delicadas e limitadas, limite de crescimento populacional, logo o espaço e os recursos são finitos (FILHO et al. 2009, p 87).

 


Figura 2: É informado na imagem que "não há passageiros na espaçonave Terra”, o autor continua afirmando que “todos nós somos tripulantes” advertir sobre a responsabilidade da humanidade sobre os recursos do planeta Terra. Fonte: Graphics44.com

É crucial que pesquisadores tenham um melhor entendimento do motivo das pessoas tratam o meio como atualmente é observado. Um importante passo para atingir tal objetivo é medindo a atitude ambiental das pessoas de um modo válido e confiável (HAWCROFT & MILFONT, 2012, p 143). A atitude ambiental é entendida como uma tendência psicológica expressa pela avaliação do grau de favorecimento ou desfavorecimento para com o meio natural (HAWCROFT & MILFONT, 2012, p 143). Mesmo havendo um número grande de medidores de atitude ambiental disponíveis a maioria dos pesquisadores que estudam este assunto concordam que existem apenas três que são amplamente empregados: Escala Ecológica (Ecological scale), Escala de Interesse Ambiental (Evironmental Concern Scale) e a escala do Novo Paradigma Ambiental (New Environmental Paradigm). Estas três escalas basicamente analisam múltiplos fenômenos ou expressões do interesse, tal como crença, atitude, intenção e comportamento. (HAWCROFT & MILFONT, 2012, p 144). Segundo Schwartz e colaboradores (1999) o NPA é teoricamente relacionado com a dimensão do valor cultural de harmonia-domínio. Ele mesmo argumenta que esse valor é resultado de uma das fundamentais questões que a humanidade tem que confrontar: a relação da humanidade com o ambiente social e natural.

A escala do NPA se fundamenta em cinco assuntos-hipóteses: limite de crescimento, antropocentrismo, fragilidade do equilíbrio ecológico, equidade biótica e possibilidade de crise ecológica. Este assuntos se relacionam com grupos de questões no questionário de 15 questões, sendo as questões 1, 6 e 11 relacionadas aos limites de crescimento da população humana no planeta Terra, as questões 2, 7 e 12 relacionadas ao anti-antropocentrismo, as questões 3, 8 e 13 relacionadas a fragilidade do equilíbrio ecológico, as questões 4, 9 e 14 relacionadas a equidade biótica e as questões 5, 10 e 15 relacionadas a possibilidade de crise ecológica.

Limites de Crescimento

A população mundial tem crescido a uma taxa exponencial e impactos ambientais negativos se acentuam (LAZZARI & MUCELLIN, 2005, p.5). Todas as espécies do mundo são restritas pela capacidade de carga biológica de seu ambiente. Cada espécie utiliza recursos de seu ambiente para poder sobreviver e a densidade de uma espécie se reduz quando os seus recursos tornam-se escassos. Os humanos devem ser cuidados em diminuir o dano que causam a seu ambiente natural, porque tal dano prejudica não só outras espécies, mas os próprios humanos. Por isto é afirmado que muito da poluição e da degradação ambiental que ocorre é desnecessária e poderia ser minimizada com melhor planejamento.


Figura 3: Charge faz uma sátira com os limites de recursos quanto ao grande crescimento populacional. Isto mostra que a Terra como uma espaçonave, logo recursos limitados. Fonte: Mikeroeconomics

Anti-Antropocentrismo

A visão antropocêntrica implica em garantir as necessidades humanas acima de outras espécies ou outros valores. Nesta visão pode ocorrer apoio pela proteção do ambiente, desde que satisfaça as necessidades humanas (Gardner & Stern, 1996, p67). Vem do Renascimento e é um entendimento que pondera que a humanidade deve permanecer no centro do entendimento, logo todos os assuntos devem ser avaliados de acordo com a sua relação com o Homem. Estas idéias se chocam com a ética empregada a respeito dos seres vivos: todos os organismos são parte da comunidade de seres vivos e possui igual direito de existir. Gerando muita polêmica a cerca do tema.


Figura 4: Charge mostra uma postura de distanciamento entre “Homem” e “animal”. Fonte: Patrick Hardin.

Fragilidade do Equilíbrio Ecológico

Os problemas ambientais tal como a diminuição das reservas de recursos naturais, poluição e crescimento populacional desafiam o modo de como as pessoas vivem (KAISER et al. 1999, p1), eles parecem progressivamente agravados pelos efeitos da própria forma como a sociedade se encontra organizada. Não há consenso sobre os efeitos da tecnologia e do controle da natureza (RUCHEINSKY, 2002, p74).

 


Figura 5: Charge que explicita a autodegradação humana. Fonte: Bill Watterson.

 

Equidade Biótica

Neste trabalho explicamos que equidade biótica deve ser entendida como a rejeição da exclusão do ser humano da natureza, ou o pensamento humano que não acredita fazer parte do sistema meio e animal, logo ele acredita que não pode ou será influenciado negativamente pelo meio, mesmo havendo pouco alimento ou muita poluição.


Figura 6: Charge mostra a relação direta entre as atitudes humanas e suas reais consequência. Fonte: Jarbas Domingos de Lira Junior.

 

No debate acadêmico em economia do meio ambiente, as opiniões se dividem entre duas correntes principais de interpretação a cerca do desenvolvimento humano e os recursos naturais: a primeira corrente é representada principalmente pela chamada Economia Ambiental (mainstream neoclássico ou sustentabilidade fraca) e a segunda corrente de interpretação é representada pela Economia Ecológica (sustentabilidade forte) (MAY, et al. 2003, p7). Uma dos reflexos sobre a posição de ir contra a equidade biótica seria a corrente denominada Economia ambiental, que não considera os recursos naturais como sendo um limite a expansão da economia. Sendo que os recursos naturais eram incluídos em modelos que representavam funções de produção, mas sempre mantiveram a substitutibilidade perfeita entre capital, trabalho e recursos naturais. Logo, a suposição que existem fontes esgotáveis de recursos eram indefinidamente superados pelo progresso técnico que os substitui por capital ou trabalho.

Os argumentos econômicos são frequentemente apresentados para justificar a proteção da diversidade biológica, mas há também fortes argumentos éticos para se fazer isto (PRIMACK & RODRIGUES, 2010, p63). Todas as espécies representam soluções biológicas singulares para o problema de sobrevivência. Com base nisto, a sobrevivência de cada espécie deve ser garantida, independentemente de sua abundância ou importância para o homem. Além de não ter o direito de destruir outras espécies a humanidade têm responsabilidade de agir para evitar que as espécies entrem em extinção como resultado da ação do homem (NAESS, 1986, p154), além disso, todas as espécies são interdependentes de modo que elas interagem de maneira complexa. Isto nos leva ao pensamento de que a perda de uma espécie em uma comunidade pode ter conseqüências ao longo de todo o sistema da comunidade, culminando em outras espécies se tornando extintas em resposta (PRIMACK & RODRIGUES, 2010, p64).

Possibilidade de Crise Ecológica

Por crise ecológica deve-se entender o comprometimento dos mecanismos e ciclos naturais que possibilitam a produção e reprodução da vida (LATOUR, 2011) Durante o último século as atividades humanas prejudiciais ao ambiente tem sido abundante em países desenvolvidos e em desenvolvimento, isto tem resultado diversos problemas ecológicos. Várias espécies e uma variedade de habitats estão ameaçados. A integridade, produtividade e variedade dos sistemas sociais têm sido prejudicadas ao longo dos anos. Nosso planeta tem sido testemunha de rápidas mudanças animal e vegetal de espécies, através da super exploração de recursos naturais. A agricultura, as madeireiras, as mineradoras e o desmatamento têm contribuído para a perda de habitat. Em 1950, enquanto 30% da superfície do mundo estava coberta por florestas, em 1975 esta cobertura caiu para meros 12%. Esta diminuição da cobertura continua a ocorrer a um número aproximado de 10000 árvores por minuto. A perda animal e microbial ainda é muito difícil de calcular, por isto estima-se que a extinção animal ocorre numa escala entre 1 a 50 espécies por dia. No reino vegetal estima-se 250 000 espécies desconhecidas de plantas, destas infere-se que 25% será extinta até 2050 (ANYINAM, 1995). Logo, torna-se perceptível a interpretação destes fatos com uma crise ecológica eminente.

Metodologia

Este trabalho trata-se de uma pesquisa pura, de modelo clássico, de abordagem qualitativa, de modalidade e coleta Bibliográfica. A pesquisa sobre o tema incluiu fontes da língua inglesa, foi efetuado nas seguintes bases de dados: Scholar Google, Scielo, ScienceDirect e Mendeley e usando os termos em língua portuguesa: ecologia, Educação Ambiental, crise ecológica, equidade biótica, antropocentrismo, atitude ambiental. Os termos em língua inglesa usados nas buscas foram deep ecology, new environmental paradigm, ecological crisis, ecological fragility, anthropocentrism, environmental education, environmental attitude.

A validade de um instrumento de medição é a característica de maior importância para avaliar a sua efetividade. Diz-se que um instrumento é válido quando mede o que deseja. Para ser válido o instrumento deve ser confiável, isto está sendo considerado quando os escores de um teste estão relacionados com algum critério externo do mesmo teste. Estes critérios podem tomar formatos variados, sendo alguns: outro teste, definições, conceitos e objetivos (RICHARDSON et al. 1999, p.174). A escala de Thurstone constitui a primeira experiência da mensuração de atitudes com base em uma escala de intervalos (THURSTONE & CHAVE 1929). As escalas do tipo Thurstone foram bem recebidas pelos cientistas sociais, visto que possibilitarem a mensuração de atitudes numa escala de intervalos aparentemente iguais. Mas seu uso ficou restrito em virtude das dificuldades para sua construção. (GILL, 2010, p. 143). Esta escala caiu em desuso, principalmente, pela construção da escala Linkert (1932), esta é simples e de caráter ordinal e não mede o quanto uma atitude é mais ou menos favorável (GILL, 2010, p. 142)

 

Comparando o método Linkert com o Thurstone, poder-se-ia dizer que o primeiro é mais empírico, pois trabalha diretamente os escores dos entrevistados, em lugar de empregar juízes como faz Thurstone. O método Linkert determina mais diretamente a existência de uma ou mais atitudes no grupo de itens considerados e a escala construída a partir desses itens mede o fator mais geral. O uso de uma escala de cinco pontos proporciona maior informação do que uma simples dicotomia de “acordo” e “desacordo”. Aos escores da escala Linkert não se pode dá um significado absoluto, pois esses escores são relativos à aqueles do grupo para o qual se construiu a escala (RICHARDSON et al. 1999, p.271).

Conclusão

Com os problemas associados com poluição, superpopulação, alto consumo de energia, alto consumo de recursos naturais e outras questões ambientais se torna mais importante que os estudos em Educação Ambiental avance de tal forma que modelos e teorias entendam as preocupações, motivos e comportamentos em relação ao meio natural. Neste trabalho foi apresentado o Novo Paradigma Ambiental para que pudesse ser compreendido a relevância da avaliação do grau de consciência do ser humano para com o meio natural.

A questão suscitada por Schwartz e colaboradores (1999) sobre a relação da humanidade com o ambiente natural e social, preserva duas alternativas a fim de regular a atividade humana: de qualquer maneira ajustar a harmonia no mundo, tentando sempre preservá-lo (NPA) ou explorá-lo (valor cultural de harmonia-domínio). Para mudar qualquer tipo de pensamento em relação aos danos ambientais causados é importante conhecer o motivo da humanidade está tratando o ambiente natural da leviana maneira que é observada. Um importante avanço neste questionamento seria quantificar as atitudes ambientais das populações, assim obteríamos respostas quanto ao grau de preocupação relacionado ao meio natural. Esta medida não poderá ser feita de qualquer caráter, por isto é importante observar a validade destas ações: de nada seria válido quantificar usando uma ferramenta com pouca precisão ou em grupos separados, então deve-se atentar para o fato desta escala sugerida possuir quase meio século de uso e por ser a medida mais usada a respeito de preocupação com o ambiente. O questionário NPA já foi utilizada em 69 estudos, totalizando 58 mil participantes (HAWCROFT & MILFONT, 2010, p 8).

Referências

ANYINAM, Charles. Ecology and ethnomedicine: exploring links between current environmental crisis and indigenous medical pratices. Social Science and Medicine. v 40. n 3. – 321-339. 1995.

CARNEIRO, Sônia Maria Marchiorato. Environmental education epistemic-methodological fundaments.Revista Educar.Editora UFPR.n27.Curitiba.2006.

Crisholm, Anne. Ecologia: uma estratégia para a sobrevivência. Zahar Editores: Rio de Janeiro. 222p .1972.

DUNLOP, Riley. The new paradigm scale: from marginality to the worldwide use.Fall.v40.n1.3-18.2008

DUNLAP, Riley; VAN LIERE, Kent; MERTIG, Angela; JONES, Robert. Emmet. Measuring endorsement of the new ecological paradigm: a revised NEP scale. v56. n3. p452-442. 2000.

FILHO, José Carlos Lázaro da Silva; TOCHETTO, Marta; Gravonski, Iuri; TORRES, Franklin de Souza; ARAÙJO, Nicolas. Análise comparativa do novo paradigma ecológico em dois estados brasileiros: a gestão ambiental além do mercado e do Estado. Revista eletrônica de gestão organizacional.n7.v1.Pernambuco.2009.

GILL, Antonio Carlos. Métodos e técnicas de pesquisa social. 6ed. Atlas: São Paulo. 2010.

HAWCROFT, Lucy; MILFONT, Taciano. The use (and abuse) of the new environmental paradigm scale over the last 30 years: a meta-analysis.Journal of environmental Psychology 30. 143-158.2010.

HEBERLEIN, Thomas. Environmental Attitudes. Abhandlungen.2.241-270.1981

JACOBI, Pedro. Educação Ambiental, cidadania e sustentabilidade.Cadernos de Pesquisa,n.118.São Paulo.2003.

LEONARDI, Maria Lucia Azevedo. Educação Ambiental e teorias econômicas: primeiras aproximações. Instituto de Economia.3ed .243-264. 2001

KAISER, Florian; RANNEY, Michael; HARTIG, Terry; BOWLER, Peter. Ecological behaviour, environmental attitude and feelings of responsability for the environment. European Psychologist.v4.n2.59-74.1999.

LATOUR, Bruno. Politics of nature: east and west perspectives. Ethics, Global and Politics. v4. n1. 2011.

LAZZARI, Kelly Tatiana; MUCELIN, Carlos Alberto. Educação Ambiental e processos didáticos experimentais.n1.Enciclopédia Biosfera.2005.

LEE, Kaman. The role of media exposure, social exposure and biospheric value orientation in the environmental attitude-intention-behaviour model in adolescents. Journal of Environmental Psychology.31.301-308.2001.

LIMA, G. F. C. Questão ambiental e educação: contribuições para o

debate. Ambiente e Sociedade, Campinas, v. 2, n. 5, p. 135-153, 1999.

LINKERT, Rensis. A technique for the measurement of attitudes. Acrchieves of psychology. n40. 01-50. 1932.

MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE. Identidades da Educação Ambiental Brasileira.Diretoria de Educação Ambiental. Brasília.2004.

NAESS, Arne. Intrisic value: Will the defenders of nature please rise?. Sinauer Associates. p153-181. 1986.

MAY, Peter; LUSTOSA, Maria Cecília & VINHA, Valéria. Economia do Meio Ambiente - Teoria e prática. Editora Campus. 320p.2003

PRIMACK, Richard; RODRIGUES, Efraim. Biologia da conservação. ed10. 328p. Londrina. 2010.

RICHARDSON, Robert Jarry; PERES, José Augusto de Souza; WANDERLEY, José Carlos Veira; CORREIA, Lindoya Martins; PERES, Maria de Holanda de Melo. Pesquisa social: métodos e técnicas. São Paulo: Atlas. 3ed. 1999.

RUCHEINSKY, Aloísio. Educação Ambiental: abordagens múltiplas.ed1.Porto Alegre:Artmed.2002.

SELLTIZ, Claire et al. Métodos de pesquisa nas relações sociais . São Paulo: Herder, 1972.

SORRENTINO, M. Educação Ambiental e universidade: um estudo de caso. Tese de Doutorado. São Paulo: Universidade de São Paulo, 1995

STERN, Paul; YOUNG, Oran; DRUCKMAN, Daniel. Global environmental change: Understanding the human dimensions. Washington, DC: National Academy Press. 1992.

STERN, Paul. & DIETZ, Thomas. The value basis of environmental concern. Journal of Social Issues. 50. p65-84. 1994.

SCHWARTZ, Shalom. A theory of cultural values and some implications for work. Applied Psychology: An International Review. 48. p 23-47. 1999.

THURSTONE, Louis Leon; CHAVE, E.J. The measurement of attitude. Chicago: University of Chicago Press. 1929.

Ilustrações: Silvana Santos