Estamos sendo lembrados de que somos tão vulneráveis que, se cortarem nosso ar por alguns minutos, a gente morre. - Ailton Krenak
ISSN 1678-0701 · Volume XXI, Número 86 · Março-Maio/2024
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10/09/2018 (Nº 45) CONTRIBUIÇÕES DE ATIVIDADES INTERDISCIPLINARES DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL NAS AULAS DE CIÊNCIAS: AMOSTRA DO 6º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL EM CONCEIÇÃO DO ARAGUAIA-PA
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CONTRIBUIÇÕES DE ATIVIDADES INTERDISCIPLINARES DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL NAS AULAS DE CIÊNCIAS: AMOSTRA DO 6º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL EM CONCEIÇÃO DO ARAGUAIA-PA

 

 

Contributions of Interdisciplinary Activities of Environmental Education in Science classes: The 6th year sample of basic Education in the Conceição do Araguaia-Pa

 

Sandro Aléssio Vidal de Souza

Graduado em Bacharel em Física e Mestre em Educação em Ciências, Centro de Ciências e Planetário do Pará – UEPA, Belém do Pará–PA

sandroavsouza@gmail.com

 

Leandro Laranjeira da Silva

Licenciado Pleno em Ciências Naturais habilitação em Biologia, Universidade do Estado do Pará-UEPA, Conceição do Araguaia-PA

leandrolaranjeirasilva@gmail.com

 

 

Lucimar de Oliveira Nazaré

Licenciada Plena em Ciências Naturais habilitação em Biologia, Universidade do Estado do Pará-UEPA, Conceição do Araguaia-PA

lucimarnazare@gmail.com

 

 

 

 

RESUMO

 

O presente artigo é resultado de um estudo desenvolvido com o objetivo de compreender melhor quais contribuições que as Atividades Interdisciplinares de Educação Ambiental (AIEA) nas aulas de ciências podem ter no desenvolvimento da aprendizagem significativa dos alunos. A pesquisa em sala de aula foi realizada no dia 13/11/2012 em duas turmas do 6º ano do ensino fundamental em duas escolas do município de Conceição do Araguaia, Pará. A metodologia aplicada na pesquisa foi do tipo experimental de campo de caráter quanti-qualitativo. Utilizou-se de dois questionários denominados de “questionário pré-teste” e “questionário final” com perguntas abertas e fechadas, a pesquisa contou também com a inserção de duas atividades interdisciplinares envolvendo educação ambiental nas escolas A e B. Os resultados mostram que a inserção das AIEA contribuem de maneira singular na aprendizagem significativa, resultando em um alternativa metodológica para os professores utilizarem em suas aulas, contribuindo assim para uma melhor compreensão da relação homem-meio ambiente.

 

Palavras chaves: Atividades Interdisciplinares, Educação Ambiental, Aprendizagem Significativa.

 

ABSTRACT

 

This article is the result of a study conducted in order to better understand what contributions the Interdisciplinary Environmental Education Activities (IEEA) in science classrooms can have on the development of meaningful learning of the students. The research in the classroom was held on 13.11.2012 in two classes of the 6th year of primary education in two schools in the municipality of Conceição do Araguaia, Pará The methodology used in the research was the kind of explanatory experimental field of character quantitative and qualitative. We used two questionnaires called "pre-test questionnaire" and "final questionnaire" with open and closed questions, the survey also included the insertion of two interdisciplinary activities involving environmental education in the schools surveyed. The results show that the insertion of the IEEA contribute uniquely in meaningful learning, resulting in a methodological alternative for teachers to use in their classes, thus contributing to a better understanding of the relationship between man and environment.

 

Keywords: Interdisciplinary Activities, Environmental Education, Meaningful Learning.

INTRODUÇÃO

 

É de conhecimento científico, e até certo ponto de senso comum, que estamos passando por um momento de grandes transformações na compreensão do nosso papel no mundo em que vivemos, especificamente no âmbito das relações entre homem e meio ambiente. A Educação Ambiental (EA), pela sua própria natureza, exige um modelo educativo novo, cujos pressupostos teóricos se ampliam a todas as disciplinas do âmbito científico, pela necessidade de responder as exigências da problemática do Meio Ambiente originada pela atividade humana. A implantação da interdisciplinaridade, pelo menos, torna-se um requisito imprescindível para a conceitualização da EA e de sua missão, a qual implica um giro revolucionário para a própria concepção global do ensino (SANTOS, 2009).

As Atividades Interdisciplinares de Educação Ambiental (AIEA) podem ser, por exemplo, o estudo do meio, a experimentação, visita com observações, entre outras, sempre visando o conhecimento sob mais de um aspecto, são fundamentais para o ensino de Ciências. A possibilidade de que estas atividades estejam praticamente ausentes no cotidiano da escola é preocupante, em especial quando ocorre nos primeiros contatos com a Ciência, no Ensino Fundamental. Este é um momento crucial para fundamentar a construção de uma visão científica, com sua forma de entender e explicar as leis, fatos e fenômenos da natureza, bem como as implicações socioambientais deste conhecimento (ANDRADE; MASSABNI, 2011).

De uma forma geral, objetivamos compreender melhor quais contribuições que as AIEA nas aulas de ciências podem ter no desenvolvimento da aprendizagem significativa dos alunos. De uma forma específica, objetivamos: Desenvolver a aprendizagem significativa nos alunos, intensificando a importância do tema meio ambiente nas aulas de ciências, através da experimentação de AIEA; Intensificar no professor a importância do uso das AIEA na escola, de forma a utilizá-las de forma periódica, mas não única, como metodologia de ensino de ciências, transformando-o em multiplicador desta metodologia.

O professor tem um papel de extrema importância, pois ele deve guiar os alunos, fazendo com que os estudantes participem desta construção, aprendendo a argumentar e exercitar a razão, ele deve questionar e sugerir ao em vez de fornece-lhes respostas definidas ou impor-lhes seus próprios pontos de vista (CARVALHO, 2004).

A LDB, Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional para o Ensino de Ciências, deixa claro no Art.3°, Parágrafo IV, que todas as escolas deverão garantir a igualdade de acesso para os alunos a uma base nacional comum, que vise estabelecer a relação entre a educação fundamental e a vida cidadã por meio de articulações entre vários dos seus aspectos como: saúde, sexualidade, vida familiar e social, meio ambiente, trabalho, ciência e tecnologia, cultura, e as linguagens (BRASIL, 1996).

Neste contexto, os alunos podem ser beneficiados com o entendimento dos possíveis transtornos causados no planeta, como por exemplo, o problema do lixo, a poluição do ar e o tratamento do esgoto. Dessa forma, direcionados à uma visão mais global do conhecimento e sendo conscientizados de uma forma dinâmica e participativa.

A EA e a educação em ciências não devem consistir em transmissão de verdades absolutas, mas em processos de ação-reflexão que levem o aluno a aprender por si só, a conquistar suas próprias verdades e assim, desenvolver novas estratégias de compreensão da realidade. No estudo do processo desse desenvolvimento auto reflexivo do aluno, e da forma como ele é dado, pode-se enriquecer o conhecimento científico sobre isso, contribuindo na tríade conhecimento, ciência e meio ambiente no ensino de ciências, trazendo cada vez mais informação a respeito da melhor forma possível de promover o aprendizado significativo.

 

DESENVOLVIMENTO

 

De acordo com COOL, MARCHESI e PALACIOS (2004), por Aprendizagem significativa entende-se aquela na qual a nova informação se relaciona de maneira significativa, produzindo-se uma transformação, tanto no conteúdo assimilado, tanto naquele que o estudante já sabia. À medida que se produz uma inter-relação substantiva entre o novo e o já presente na estrutura cognitiva desse estudante, se terá a chave para explicar o nível de significatividade alcançado no processo de ensino aprendizagem. Na década de 1960, Ausubel (Ausubel, Novak e Hanesian (1980), Ausubel (2003)) propôs a Teoria da Aprendizagem Significativa, onde enfatiza a aprendizagem de significados, entendidos como conceitos, como aquela mais relevante para seres humanos. Ele ressalta que a maior parte da aprendizagem acontece de forma receptiva e, desse modo, a humanidade tem-se valido para transmitir as informações ao longo das gerações.

A aprendizagem também pode ser analisada de acordo como são apresentados os conteúdos, nesses extremos existe dois tipos de aprendizado: a aprendizagem por descoberta e por recepção. COOL, MARCHESI e PALACIOS (2004) afirmam que “O traço definidor da aprendizagem por descoberta é que o conteúdo a ser aprendido não se apresenta ao aluno, mas tem que ser descoberto por este antes de poder ser assimilado à estrutura cognitiva.” Em contrapartida a aprendizagem por recepção “é dada quando se apresenta o conteúdo que se vai aprender de forma final, acabada, sem que se exija uma descoberta prévia à compreensão” (PELIZZARI, 2002).

Esses conhecimentos prévios são também chamados de conceitos subsunçores ou conceitos âncora. Quando se dá a aprendizagem significativa, o aluno transforma o significado lógico do material pedagógico em significado psicológico, à medida que esse conteúdo se insere de modo peculiar na sua estrutura cognitiva, e cada pessoa tem um modo específico de fazer essa inserção, o que torna essa atitude um processo pessoal. Quando duas pessoas aprendem significativamente o mesmo conteúdo, elas partilham significados comuns sobre a essência deste conteúdo. No entanto, têm opiniões pessoais sobre outros aspectos deste material, tendo em vista a construção peculiar deste conhecimento (TAVARES, 2004).

Esse conhecimento auxiliará o entendimento de outros fatores, tais como, econômicos, políticos e sociais, e servirão assim, como pontes na aquisição do novo conhecimento. No intercâmbio entre o conhecimento novo e o antigo, o aluno verá que os problemas ambientais são bem mais complexos do que se imagina. Depois do aprendizado o aluno verá que o efeito estufa é causado por gases, estes expelidos por fábricas, carros e incêndios, que aprisiona o calor na terra, causando o aquecimento global. Esta é a versão propagada como verdadeira e a que encontramos nos livros didáticos, mas já existem estudos que questionam seriamente tal teoria do aquecimento global e efeito estufa (CAMPANILI, 2008).

A aprendizagem significativa pode, e deve ser um novo paradigma educacional, já que a teoria proposta por Ausubel apresenta uma aprendizagem que tem como base uma comunicação eficaz, que respeita e conduz o aluno a imaginar-se como parte integrante desse novo conhecimento através de ligações e de termos conhecidos deles, promovendo maior capacidade de retenção do conhecimento (PELIZZARI,2002).

O cérebro não guarda informações não essenciais à vida e, por isso, é importante que nossos alunos percebam que "tudo" quanto aprendem nas aulas de Ciências possui "utilidade". Essa utilidade, entretanto, não é aquela que o professor atribui, mas a que a necessidade da vivência diária elege. Uma reflexão indispensável a todo professor é associar sempre o conteúdo ensinado à utilidade prática desse conteúdo para seu aluno na arte de se relacionar e nos desafios do viver (SELBACH, 2010). Dessa forma, O ensino de ciências naturais implica em fazer-se compreender os princípios e leis que regem a natureza e consequentemente a compreensão do mundo que nos cerca. A interdisciplinaridade que por ser um movimento contemporâneo emerge na perspectiva da integração das ciências e do conhecimento, desta forma, fazendo uma junção entre teoria e prática.

Atividades práticas que pressupõe apenas ilustrar a teoria são entendidas como limitadas quanto ao seu potencial de auxílio à aprendizagem, pois elas geralmente se realizam da mesma forma do ensino tradicional, não dando espaço para o aluno manifestar e redimensionar os seus conhecimentos (ANDRADE; MASSABNI, 2011).

De acordo com SANTOS e TASCHETTO (2008) o professor deve exercitar a criatividade para integrar os diferentes conhecimentos das diferentes disciplinas, levando em consideração o conhecimento prévio dos alunos, ou seja, para que se tenha um ensino significativo é importante que seja considerado que o aluno conheça o assunto abordado.

Desta forma expõe LAVAQUI e BATISTA (2007) uma das maneiras para se ter um ensino de ciências interdisciplinar é estimulando os alunos a discussão sobre as questões cientificas e tecnológicas, pois desta maneira eles usarão o conhecimento científico e tecnológico no seu cotidiano, seja em relação a questões individuais, sociais ou políticas. Também ressalta que se o professor utilizar e incentivar a pesquisa em materiais bibliográficos ou de campo, estimular a debates em sala de aula e entrevistas, estará fazendo com que o aluno seja colocado a situações que o obriguem a confrontar suas opiniões dando a ele uma nova aprendizagem significativa e uma nova construção do conhecimento durante o processo de ensino aprendizagem.

Partindo para o campo da EA, é comum o entendimento de que a interdisciplinaridade, um de seus princípios mais importantes, é imprescindível para o êxito das suas práticas nos âmbitos formal e não formal.

O antigo Conselho Federal de Educação (CFE), órgão de formulação da política educacional, emitiu o Parecer 226/87, que ressaltou a urgência da “formação de uma consciência pública voltada para a preservação da qualidade ambiental” e enfatizou que a EA deve ser iniciada “a partir da escola, numa abordagem interdisciplinar, levando a população a um posicionamento em relação a fenômenos ou circunstâncias do ambiente” (MEC, 2002). A lei 9.795 de 27 de abril de 1999, que institui a Política Nacional de Educação Ambiental, tem como um de seus princípios “o pluralismo de ideias e concepções pedagógicas, na perspectiva da inter, multi e transdisciplinaridade, tendo um enfoque humanista, holístico, democrático e participativo”, sendo um dos seus objetivos “O desenvolvimento de uma compreensão integrada do meio ambiente em suas múltiplas e complexas relações, envolvendo aspectos ecológicos, psicológicos, legais, políticos, sociais, econômicos, científicos, culturais e éticos” (DIAS, 2004)

Segundo GUIMARÃES (2004) o meio ambiente contextualizado e a sua problemática são os conteúdos básicos da EA, e devido a sua complexidade, deve proporcionar-se de maneira interdisciplinar em seu processo de ensino, pois se compreende que o meio ambiente é um todo complexo, com partes interdependentes e interativas em uma visão organizada.

Portanto é inegável a questão interdisciplinar da EA já que engloba dentro das questões ambientais, diversos saberes e aplicando-a de modo a aproveitar o conteúdo específico de cada disciplina, possibilita ao aluno adquirir uma visão global e equilibrada de vários conhecimentos. E as AIEA são propostas pedagógicas que podem ser trabalhadas de modo lúdico, abordando de maneira interdisciplinar o tema Meio ambiente, onde deve promover o aprimoramento de conhecimento, de atitudes e de competências indispensável à preservação e melhoria da qualidade ambiental. “É fato que a natureza interdisciplinar da Educação Ambiental demanda um olhar também interdisciplinar para as suas práticas” (SOARES, 2006).

Assim as AIEA são um importante subsidio para a EA, resultando em uma aprendizagem significativa e promovendo-a nos alunos, com a meta de alcançar o objetivo fundamental da Educação Ambiental, segundo a Política Nacional de Educação Ambiental (Lei 9.795/99) “promover o incentivo à participação individual e coletiva, permanente e responsável, na preservação do equilíbrio do meio ambiente, entendendo-se à defesa da qualidade ambiental como um valor inseparável do exercício da cidadania” (BRASIL, 2009).

 

 METODOLOGIA

 

A presente pesquisa é do tipo experimental de campo e foi desenvolvida em duas escolas, uma municipal de ensino fundamental (Escola A) e outra estadual de ensino fundamental e médio (Escola B), do município de Conceição do Araguaia, Pará, com duas turmas do 6º ano do ensino fundamental, uma de cada escola. O tipo da amostra utilizada foi a não probabilística incluídos por conveniência. Tendo como critério de seleção da amostra, a disponibilidade da direção e dos professores para a execução da pesquisa. Os participantes da pesquisa foram 41 alunos, distribuídos da seguinte forma: Escola A: 23 alunos Escola B: 18 alunos.

No início da aula foi aplicado, nos alunos da Escola A e aos da Escola B, o “questionário pré-teste” contendo três questões, com o objetivo de verificar o entendimento dos alunos a respeito da temática Meio Ambiente, especificamente sobre a importância da água e sobre Fontes de Energia Renováveis (especialmente a Energia Eólica). No decorrer da aula foram executadas as AIEA, uma denominada “Energia eólica” onde foram explanados os diferentes modelos de geração de energia, seus pontos negativos e positivos, bem como suas conseqüências para o meio ambiente, foi destacado também a geração de Energia eólica como sendo uma das matrizes energéticas limpas e renováveis, utilizando como recurso didático um modelo de aerogerador feito artesanalmente. Já outra atividade “A importância da água”, foi explicado à importância da água, a conscientização do seu uso e sua relevância tanto para os seres vivos, foi utilizado nessa AIEA uma experiência para demonstrar a existência da água no vegetal. O motivo de ter escolhido tais assuntos específicos é que eles englobam conhecimentos interdisciplinares para uma aula de Ciências

Logo após as AIEA foi distribuído o “questionário final” contendo quatro questões, para verificar os conceitos apreendidos, para que posteriormente pudesse ser feito uma comparação em termos de conceitos apreendidos ao final da execução dessas AIEA com essa turma, verificando assim se houve mudança no conhecimento de tais conceitos ao final da aula em relação ao seu início e como ela se deu. Sendo que os dados obtidos com os procedimentos descritos foram analisados quantitativamente e qualitativamente.

 

RESULTADOS E DISCUSSÃO

 

A seguinte pesquisa foi realizada com duas turmas do 6° ano do ensino fundamental onde foram aplicados o questionário pré - teste antes de iniciar as AIEA e depois destas foi aplicado o questionário final.

 

Gráfico 01 Gráfico referente à pergunta 1 do questionário pré-teste aplicado aos alunos do 6º ano do Ensino Fundamental.

 

 

 

 

Gráfico 02: Referente à pergunta 1 do questionário final aplicado aos alunos do 6º ano do Ensino Fundamental.

 

 

Os gráficos acima mostram a mudança de opiniões sobre a importância da água de acordo com a inserção das AIEA. Percebemos que no Gráfico 01 2,4% dos alunos consideraram importante a água na nossa vida e 82,9% afirmaram que a água é muito importante para a nossa vida. Entretanto no Gráfico 02 temos uma maior porcentagem nas opiniões de “importante” e “muito importante”, tendo respectivamente 12,2% e 92,6%.

Vamos ressaltar que o questionário pré-teste teve como objetivo avaliar os conhecimentos prévios dos alunos, visto que a aprendizagem significativa deve ter como base os conceitos subsunçores que conecta o conhecimento novo à estrutura cognitiva do aluno.

Com os conhecimentos prévios dos alunos eles já consideravam importantes e que após a execução da AIEA aumentou a importância da água na vida deles. Como podemos verificar nos seguintes depoimentos colhidos nos questionários (Os trechos transcritos foram corrigidos segundo as normas da Língua Portuguesa): Aluno A “sem água os humanos e os animais não vivem”, Aluno B “por que se a água acabar nós iremos morrer”, Aluno C “muito importante por que ela é fonte de muitas vidas” e Aluno D “a água é muito importante por que nós existimos por causa dela, se não existisse água não existia plantação”.

 

 

Gráfico 03: Referente à pergunta 2 do questionário pré-teste aplicada aos alunos do 6º ano do Ensino Fundamental.

 

 

 

Gráfico 04: Referente à pergunta 2 do questionário final aplicada aos alunos do 6° ano do Ensino Fundamental

 

 

 

Os gráficos 03 e 04, nos apresentam a importância da Energia Eólica como fornecedora de energia elétrica. Verificamos que houve um aumento nas concepções dos alunos sobre a alternativa “muito importante” de 41,5% para 68,3%. Este resultado se deve pelo fato de esclarecermos a importância de uma fonte de energia limpa, sem poluentes e impactos ambientais.

Ao analisar os gráficos 03 e 04 notamos que 26,8% dos alunos falaram que não sabiam o que era a energia eólica, ressaltando que este resultado foi quando aplicamos o questionário pré – teste. “Porque eu não conheço esse tipo de energia” justificou um aluno quando foi abordado sobre a energia eólica.

Porém no questionário final 4,9% responderam que não sabiam. Analisando esses dois dados, entendemos que após as AIEA houve um maior esclarecimento sobre o assunto Energia Eólica como podemos verificar nos comentários colhidos do questionário final: Aluno A: “porque ela produz energia sem poluir”, Aluno B “pois ela é uma forma natural de energia” e Aluno C “porque é uma energia limpa”

Os recursos pedagógicos utilizados durante a atividade, vídeo e o cata-vento, foram de suma importância para mudar essa porcentagem, haja vista que os mesmo ilustraram de forma prática e dinâmica, fazendo com os alunos questionassem e associassem o cata-vento com a produção de energia eólica.

Com base nesses depoimentos percebemos que o objetivo de conscientizar os alunos sobre a importância de uma geração de energia limpa foi alcançada. Nas palavras de TAVARES (2004) Quando se dá a aprendizagem significativa, o aluno transforma o significado lógico do material pedagógico em significado psicológico, à medida que esse conteúdo se insere de modo peculiar na sua estrutura cognitiva, e cada pessoa tem um modo específico de fazer essa inserção, o que torna essa atitude um processo pessoal.

 

Gráfico 05: Referente à pergunta 3 do questionário pré-teste aplicada aos alunos do 6° ano do Ensino Fundamental

 

 

De acordo com o gráfico 05, a maioria dos alunos respondeu que gostaria de fazer experimentos nas aulas de ciências, por isso houve uma maior colaboração deles no decorrer das atividades e acreditamos que eles apresentem uma carência de atividades utilizadas como recursos pedagógicos pelos professores, entendemos que eles vêem a experimentação como forma mais eficaz de aprendizado de um determinado assunto. Podemos perceber nos comentários dos alunos: Aluno A: “a gente fazendo, aprendemos mais”, Aluno B: “por que eu acho que nós iríamos saber mais coisas sobre a aula de ciências”, Aluno C: “porque a gente entende melhor”, Aluno D: “porque aprendemos coisas novas”, Aluno E: “porque eu acho essa coisa de experiência muito ‘da hora’”  e Aluno F: “porque seria muito mais divertido”

Nas palavras de CASSIANI (2009):

 

A experimentação é uma ferramenta importante, utilizada no processo de construção do conhecimento cientifico, ou seja, ela é uma atividade historicamente construída por cientistas investigadores. Já a experiência é um atributo inerente ao ser humano e responde por suas interações com o meio ambiente. Ambas, experiência e experimentação agem como objetos/ferramentas para construir conhecimentos (do senso comum ou cientifico); conhecimentos diferentes na estrutura e na validade, que se constituem a partir de motivações e de critérios diferentes, mas que possuem pontos de interseção comuns, manifestados nos processos de produção individuais. De modo geral a experiência está ligada ao que vivemos todos os dias e a experimentação ao processo cientifico dos fenômenos estudados na natureza.

 

 

Gráfico 06: Referente à pergunta 3 do questionário final aplicada aos alunos do 6º  ano do Ensino Fundamental.

 

 

 

Notamos que as AIEA foram bem aceitáveis pelos discentes, pois não houve rejeição. Observamos que 60,9% dos alunos gostaram da “Importância da Água” e 30,1%gostaram da “Energia Eólica”. Lembrando que utilizamos duas maneiras distintas de aprendizagem significativa, por recepção e descoberta.

Na atividade sobre energia eólica os alunos receberam o conteúdo pronto, de forma acabada, e utilizando a demonstração da captação de vento para geração de energia, possivelmente este é o motivo dessa atividade ter tido uma menor preferência entre os discentes. Porém na atividade “importância da água” introduzimos o conteúdo, e com o uso da experimentação eles descobriram o assunto antes de ser assimilado pela sua estrutura cognitiva, desta forma acreditamos que a metodologia de execução das atividades foi decisivo para a aprendizagem significativa dos alunos independente do tema abordado. Apesar da atividade "Energia Eólica"não permitir uma maior interação entre os discentes, ela teve a maior diferença em termos da percepção da sua importância, que foi de 26,8%.

 

7- CONSIDERAÇÕES FINAIS

 

Ficou evidente que o uso das AIEA no ensino de ciências é importante, pois é um método interativo que ajuda na compreensão das leis, fatos e fenômenos da natureza, principalmente nos primeiros contatos com a disciplina ciência. Podemos afirmar que com a utilização das AIEA alcançamos a conexão entre educação, interdisciplinaridade, aprendizado e ciência.

Considerando as opções de como trabalhar as AIEA nas aulas de ciências, evidenciamos a acessibilidade do docente em desenvolver nas suas aulas essas atividades e desta forma, aproveitando os conhecimentos prévios dos alunos, podendo relacionar com o tema meio ambiente. Acreditamos que nossos objetivos foram alcançados satisfatoriamente, pois desenvolvemos aprendizagem significativa nos alunos através da experimentação, do diálogo, da conscientização a respeito da questão ambiental, a preservação, o cuidado com a natureza, nossas fontes de energia limpas, o desperdício. Portanto, intensificamos o tema meio ambiente nas aulas através do uso das AIEA.

De acordo com os dados obtidos, observa-se que o ensino de ciências com o uso das AIEA trouxe uma grande contribuição para aprendizagem significativa dos alunos do 6º ano do ensino fundamental nessa amostra, proporcionando uma ótima ferramenta didática para os que professores também possam utilizar no seu cotidiano.

Ao decorrer da construção do nosso trabalho percebemos que há uma escassez de pesquisas relacionadas às AIEA, com isso surge à necessidade de investigação sobre o tema, abrangendo ainda mais novas metodologias, como: oficinas, palestras e trilhas ecológicas, para complementar o ensino de educação ambiental e melhorar o aprendizado nas escolas.

 

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Ilustrações: Silvana Santos