Estamos sendo lembrados de que somos tão vulneráveis que, se cortarem nosso ar por alguns minutos, a gente morre. - Ailton Krenak
ISSN 1678-0701 · Volume XXI, Número 86 · Março-Maio/2024
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10/09/2018 (Nº 45) ...A EDUCAÇÃO AMBIENTAL É UM PROCESSO QUE INICIA COM A PERCEPÇÃO DO AMBIENTE?
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FLORESTA ESTACIONAL SEMIDECIDUAL

VOCÊ SABIA QUE...

Leonardo Francisco Stahnke – Biólogo

leosinos@gmail.com

 

 

...A EDUCAÇÃO AMBIENTAL É UM PROCESSO QUE INICIA COM A PERCEPÇÃO DO AMBIENTE?

Leonardo Francisco Stahnke – Biólogo

 

A Educação Ambiental é uma ferramenta fundamental à busca de uma sustentabilidade planetária coletiva, na qual o ser humano, que tanto prejudicou o ambiente natural, tem a possibilidade de perceber-se como sujeito de impactos (positivos e negativos) e transformar suas ações de forma responsável. Para que a sustentabilidade cresça no planeta, o homem (espécie racional) necessita manter o equilíbrio entre o uso dos recursos naturais e o desenvolvimento socioeconômico, de modo a suprir as necessidades da geração presente, sem afetar a possibilidade das gerações futuras de suprir as suas. Para isso, necessita de orientações e incentivos específicos, obtidos por meio de conhecimentos e habilidades trazidas pela educação.

Para o autor Genebaldo Freire Dias, a Educação Ambiental é um processo pelo qual as pessoas aprendem como funciona o ambiente, como dependem dele e como o afetam. Ela inicia com a Percepção Ambiental, na qual as pessoas recebem as informações e adquirem conhecimento sobre si e sobre a natureza, sua complexa teia da vida, seus meios de adaptação, evolução e interação. Esta etapa é fornecida com maior sucesso quando se utilizam técnicas pedagógicas mais representativas ao educando, que associa o novo conhecimento ao seu conhecimento prévio e às sensações que por ele já foram vivenciadas.

Piletti (1991), em seu livro “Didática Geral”, traz como ferramentas ao educador o “Cone das Experiências”, de Edgar Dale. Nesta representação geral, o autor comprova que está na prática o caminho para a compreensão das questões ambientais pelo ser humano. Segundo o autor, aulas teóricas – apenas faladas pelo professor ou lidas em livros – tem um caráter teórico tão forte que são pouco efetivas no processo de ensino-aprendizagem. Metodologias que permitam ao aluno vivenciar uma teoria – como excursões, dramatizações, simulações e experiências diretas – são mais facilmente armazenadas no cérebro e, consequentemente, mais fáceis de se relacionar a outras aprendizagens que o indivíduo venha a fazer no decorrer de sua vida, por que lhe faz reconhecer o ambiente através de seus sentidos. O aprendiz que sente o gosto da pitanga, o cheiro da grama, que ouve o coaxar de sapos, vê um bicho-pau em meio a gravetos, e toca no pelo de um cachorro, nunca mais esquece as sensações vivenciadas neste momento.

O aprendizado obtido por meio da Percepção Ambiental, entretanto, deve ser aceito pelo educando por meio da Sensibilização Ambiental. Nesta etapa do processo, o educador precisa desenvolver habilidades nos sujeitos a fim de que possam identificar e reconhecer os problemas socioambientais e sentirem-se corresponsáveis por esses. A partir deste momento, encerra-se a função do mestre, pois individualmente o educando processa as percepções e sensibilizações que experimentou e se conscientiza de seu papel único no planeta. Isso mesmo! Cada sujeito é responsável por sua própria conscientização, na qual incorpora os valores aprendidos à sua vida pessoal, promovendo ações que visem a manutenção e melhora de sua própria qualidade de vida e também dos demais espaços que ocupa. O aprendiz que tiver este interesse despertado torna-se, por si só, um novo educador, que provoca outras mentes a perceber a problemática ambiental dentro das questões sociais, econômicas, políticas e culturais que vivencia.

Um ecocidadão é um sujeito que faz o bem e se indigna com a transformação da biodiversa Floresta Amazônica em pastagens para gado e do rico Pampa em monoculturas de eucalipto. Um ecocidadão é aquele que luta para que agricultores familiares mantenham-se no campo sem necessitarem de plantas modificadas geneticamente ou de seus insumos tóxicos (agroquímicos, fertilizantes e pesticidas); que usa racionalmente a energia elétrica para evitar novas barragens; reduz o consumo e o desperdício, evitando a extração de mais matérias-primas naturais; e separa seus resíduos, gerando renda e um planeta livre do lixo.

Sejamos todos esse ecocidadão que vai às ruas em busca de um planeta saudável e equilibrado, um homem/mulher legal que, de posse de uma visão holística, é capaz agora de agir interdisciplinarmente na resolução de problemas concretos, certo de que seu papel local contribui para importantes mudanças globais.

 

 

 

Síntese das etapas do processo de Educação Ambiental, enfatizando o Cone das Experiências.

 

 

Ilustrações: Silvana Santos