Estamos sendo lembrados de que somos tão vulneráveis que, se cortarem nosso ar por alguns minutos, a gente morre. - Ailton Krenak
ISSN 1678-0701 · Volume XXI, Número 86 · Março-Maio/2024
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Reflexão
10/09/2018 (Nº 45) ALERTA VERMELHO
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ALERTA VERMELHO

Chegamos ao Overshoot Day em 20 de agosto.

No dia 20 de agosto, o consumo humano excedeu o orçamento do planeta previsto para todo o ano de 2013. 

O Earth Overshoot Day, em português Dia da Sobrecarga da Terra, é o marco anual de quando a demanda da humanidade sobre a natureza ultrapassa a capacidade de renovação possível para o ano. A data foi criada pela Global Footprint Network – GFN (Rede Global da Pegada Ecológica), instituição internacional parceira da rede WWF, que gera conhecimento sobre sustentabilidade e tem escritórios na Califórnia (EUA), Europa e Japão. 

Para chegar a essa data, a GFN faz o rastreamento do que a humanidade demanda em termos de recursos naturais (tal como alimentos, matérias primas e absorção de gás carbônico) - ou seja, a Pegada Ecológica - e compara com a capacidade de reposição desses recursos pela natureza e de absorção de resíduos. 

A organização estima que apenas oito meses nossa demanda por recursos renováveis e sequestro de CO2 ultrapassou a capacidade que o planeta pode fornecer em um ano inteiro. Ou seja, a partir de então, passamos a operar no vermelho. 

Segundo os cálculos dessa contabilidade ambiental, estamos entrando “no vermelho da conta bancária da natureza” cada vez mais cedo. Em 2012, o Overshoot Day ocorreu no dia 22 de agosto e, este ano, estouramos o orçamento ainda mais cedo, dois dias antes. 

Demanda crescente 

Em 1961, a humanidade utilizou somente cerca de dois terços dos recursos ecológicos disponíveis no planeta. Naquela época, a maior parte dos países possuía reservas ecológicas. No entanto, a demanda global, assim como a população mundial, estão em ascensão. No início da década de setenta (1970), o crescimento das emissões de carbono e da demanda humana por recursos naturais começou a ultrapassar a capacidade de produção renovável do planeta. E entramos no vermelho ecológico. 

À medida que aumenta nosso nível de consumo ou de “gastos”, os juros que pagamos sobre esse crescente débito ecológico – redução de florestas, perda da biodiversidade, colapso dos recursos pesqueiros, escassez de alimentos, diminuição da produtividade do solo e acúmulo de gás carbônico na atmosfera – não apenas sobrecarregam o meio ambiente como também debilitam nossa economia. 

As mudanças climáticas -- decorrentes da emissão de gases de efeito estufa em ritmo mais rápido do que sua absorção pelas florestas e oceanos – são o maior impacto desse consumo excessivo. 

Segundo tendências atuais, os recursos disponíveis já não conseguem atender as necessidades da população do planeta, que está em 7 bilhões de pessoas e continua crescendo. Cerca de 2 bilhões de pessoas não têm acesso aos recursos necessários para satisfazer suas necessidades básicas. 

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 / ©: WWF-Brasil / J. Egberto

© WWF-Brasil / J. Egberto

Credores e devedores ecológicos

A contabilidade da Pegada Nacional de 2012 feita pela GFN demonstra que, no ritmo em que a humanidade utiliza os recursos e serviços ecológicos hoje, precisaríamos de um planeta e meio (1,5) para renová-los. Se continuarmos nesse ritmo, vamos precisar de dois planetas antes de chegar à metade do século. 

Hoje, mais de 80% da população mundial vive em países que utilizam mais do que seus próprios ecossistemas conseguem renovar. Esses países “devedores ecológicos” esgotam seus próprios recursos ecológicos ou os obtêm de outros lugares.

Os devedores ecológicos utilizam mais do que possuem dentro de suas próprias fronteiras. Os moradores do Japão consomem os recursos ecológicos equivalentes a 7,1 Japões. Seriam necessárias três Itálias para prover a Itália. O Egito utiliza os recursos ecológicos de 2,4 Egitos. 

Nem todos os países demandam mais do que seus ecossistemas são capazes de prover. Mas até mesmo as reservas de tais “credores ecológicos”, como o Brasil, diminuem com o tempo. Não podemos mais manter essa discrepância orçamentária que aumenta entre o que a natureza é capaz de prover e as demandas de nossa infraestrutura, economia e estilo de vida. 

Nem todos os países demandam mais do que seus ecossistemas são capazes de prover. Ao longo do tempo, porém, até mesmo a reserva desses “credores ecológicos” sofre uma redução. O Brasil possui a maior reserva ecológica; no entanto, ela diminui constantemente. A Austrália também perde rapidamente sua reserva. À medida que suas reservas se reduzem, Madagascar e Indonésia enfrentam enorme perda de biodiversidade, o que também acontece em outros países apresentados no segundo infográfico. Esse infográfico revela as reservas e as tendências de Pegada Ecológica per capita.

Fonte e para ler mais: http://www.wwf.org.br/natureza_brasileira/especiais/pegada_ecologica/overshootday/

Ilustrações: Silvana Santos