Estamos sendo lembrados de que somos tão vulneráveis que, se cortarem nosso ar por alguns minutos, a gente morre. - Ailton Krenak
ISSN 1678-0701 · Volume XXI, Número 86 · Março-Maio/2024
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31/05/2013 (Nº 44) A UTILIZAÇÃO DO BLOG BIOSFERA MS NA EDUCAÇÃO PARA A SUSTENTABILIDADE
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A UTILIZAÇÃO DO BLOG BIOSFERA MS NA EDUCAÇÃO PARA A SUSTENTABILIDADE

 

José Flávio Rodrigues Siqueira¹

Andrea Walder Zanatti²

¹Especialista em Educação Ambiental pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial/SENACMS.

²Mestranda em Ensino de Ciências pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul.

 

 

Resumo:

 

O blog Biosfera MS, além de informar o público interessado em educação com postagens elaboradas pelos integrantes do grupo, permite aos professores da rede estadual de ensino e a outros profissionais o espaço para tornarem-se colaboradores. Isso quer dizer que essas pessoas podem compartilhar suas experiências exitosas em sala de aula, por meio de postagens não frequentes. O compartilhamento de atividades é vantajoso porque proporciona ao profissional o reconhecimento, por parte dos profissionais da educação, no que tange ao tempo e estudo empregados para a realização daquelas atividades. Cabe frisar que o auxílio aos professores com pouca experiência pedagógica é outra função do compartilhamento. Pretende-se com o blog criar um ambiente com inúmeras possibilidades de pesquisa para docentes e que, a partir das simulações existentes, possam adequá-las e utilizá-las, sem esquecer o regionalismo. Nesse sentido, entender o blog como ambiente virtual de ensino e aprendizagem pressupõe a percepção das novas tecnologias de informação e comunicação, a criação de outro espaço para a aquisição de conhecimento e a quebra da ideia de que aprendizagem ocorre somente em sala de aula. Nesse contexto, pode-se apresentar a frequência dos conteúdos do blog pelas principais tags utilizadas. São elas: Sala de aula, Links da semana, Reflexão, Mídias e Educação Ambiental. Esta última, com base nos pressupostos teóricos dos Parâmetros Curriculares Nacionais aborda os principais documentos e movimentos governamentais e não governamentais que promovem a sustentabilidade, além de demonstrar práticas sustentáveis e formas alternativas para a redução e reutilização de resíduos. A estratégia de compartilhar conteúdos supera o espaço do blog, pois ocorre também nas redes sociais do grupo Biosfera MS, como fanpage no facebook e perfis no twitter e no tumblr.

 

 

Palavras-chave: Blog, Educação Ambiental, Educação, Virtual, Aprendizagem.

 

 

 

 

 

 

BLOG EDUCACIONAL

 

            O norte americano Jorn Barger criou, em dezembro de 1997, a expressão Weblog, que posteriormente popularizou-se como Blog. O blog é uma publicação online que teve sua origem no hábito de logar à web, ou seja, conectar-se à rede. Com o login efetuado o indivíduo escreve, transcreve e comenta nesse ambiente virtual. Essa característica confere aos blogs a possibilidade de abordarem diversos assuntos e expressar ideias e opiniões.

            A estrutura de publicação dos blogs é apresentada como página web, composta por textos, que geralmente, possuem data e horário de postagem. De forma cronológica, os textos escritos são publicados um embaixo do outro, com possibilidade de inserção de imagens, vídeos, links e comentários. O comentário se caracteriza como espaço do leitor, pois esse poderá expor seu juízo quanto ao conteúdo escrito pelo autor.

            Segundo Primo (2008) existe 16 gêneros de blogs que podem ser identificados de acordo com os redatores e a produção textual. O blog Biosfera MS enquadra-se nos gêneros blog grupal informativo e reflexivo, pois mescla postagens dos dois gêneros. O gênero blog grupal informativo é definido pelo autor como:

 

“blog em que grupos podem utilizar para a divulgação de  informações  e  notícias  sobre  interesses  compartilhados.  O material publicado pode  ser  de  autoria  do  próprio  grupo  (notas  sobre  lançamentos  e  eventos) ou reprodução de releases e material jornalístico encontrado em outras publicações. O blog grupal informativo também pode compartilhar procedimentos e tutoriais” (PRIMO, 2008, p.10).

 

            Enquanto o gênero blog grupal reflexivo é descrito pelo autor como:

 

“blog  coletivo  no  qual  um  grupo  manifesta  suas avaliações  críticas  sobre  temas  de  interesse  que  aproximam  os  participantes  que  o compõem.  Nesta publicação grupal, um grupo de amigos pode escrever posts individuais manifestando a opinião particular de cada  um  (sobre  o  campeonato brasileiro,  em  um  blog  sobre  futebol,  por  exemplo),  sendo  eles  até  mesmo contraditórios entre si. Por outro lado, os blogueiros podem reunir seus esforços para defender uma causa comum (como software livre ou ecologia)” (PRIMO, 2008, p.10).

 

            A característica mais marcante do blog é a intertextualidade. A intertextualidade é definida pelo dicionário Houaiss como “utilização de uma multiplicidade de textos ou de partes de textos preexistentes de um ou mais autores, de que resulta a elaboração de um novo texto literário”. Isso significa que o autor do blog constantemente utiliza outros blogs e páginas da web para escrever as suas postagens, que são apresentadas como citações ou links.

            A multidisciplinaridade dos blogs oferece aos professores e alunos a oportunidade de utilizá-los para o ensino, pois a leitura e a escrita são habilidades desenvolvidas pelos diversos componentes curriculares e disciplinas. Nesse sentido, Araújo (2009) atesta o uso do blog, ao afirmar que “contextos e conceitos podem ser discutidos e articulados, através de interlocuções individuais ou em grupo, cujas ideias vão sendo construídas com base em um conteúdo educacional, previamente lecionado”.

Conceber o blog como instrumento pedagógico é desenvolver no aluno habilidades relacionadas à colaboração e a comunicação. A colaboração acontece por meio da criação do blog, dos temas para as postagens e do trabalho em grupo, enquanto a comunicação se efetiva com a discussão gerada em cada postagem.

Além disso, as redes sociais são potencializadas. Entende-se como redes sociais a representação dos relacionamentos afetivos ou profissionais dos seres entre si ou entre seus grupos de interesses. Nessa perspectiva, a função social da escola é atingida, visto que os estudantes estão em um ambiente de ensino e aprendizagem com proposta de formar cidadãos atuantes na sociedade. Costa (2008) define escola como instituição social aquela que tem como:

 

objetivo explícito: o desenvolvimento das potencialidades físicas, cognitivas e afetivas dos alunos, por meio da aprendizagem dos conteúdos (conhecimentos, habilidades, procedimentos, atitudes, e valores) que, aliás, deve acontecer de maneira contextualizada desenvolvendo nos discentes a capacidade de tornarem-se cidadãos participativos na sociedade em que vivem.

 

Para Marinho (2007) apud Richardson (2006), são vários os aspectos pelos quais os blogs se constituem em um elemento de utilização interessante para a escola. Dentre todos, assinalamos dois os motivos principais: trata-se de uma ferramenta construtivista de aprendizagem e são arquivos da aprendizagem que alunos e até professores construíram.

Para que o ambiente de aprendizagem seja considerado construtivista Rezende (2002) aponta que ele deve oferecer ao aluno ferramentas de construção e a possibilidade de interação com a realidade. A autora acrescenta, com base nos pressupostos de Perkins (1992), que o estudante deverá construir seu próprio banco de informações e assumir o gerenciamento das tarefas.

            Nesse sentido, entender o blog como ambiente virtual de aprendizagem pressupõe o conhecimento das novas tecnologias de informação e comunicação, a criação de outro espaço para a aquisição de conhecimento e a quebra da ideia de que aprendizagem ocorre somente em sala de aula. Segundo Dutra (2010) apud Soares e Almeida (2005):

 

“um ambiente de aprendizagem pode ser concebido de forma a romper com as práticas usuais e tradicionais de ensino-aprendizagem como transmissão e passividade do aluno e possibilitar a construção de uma cultura informatizada e um saber cooperativo, onde a interação e a comunicação são fontes da construção da aprendizagem” (DUTRA, 2010 p).

 

Cabe ressaltar que o professor jamais perderá, na prática, seu espaço no processo de ensino e aprendizagem, uma vez que é ele quem auxilia e direciona o aluno às novas descobertas. Libâneo (1994) reforça esse pensamento ao propor que o ensino tem como função principal garantir o processo de transmissão e assimilação dos conteúdos do saber escolar. E destaca que o professor deve planejar e comandar o processo de ensino de maneira que os estudantes sejam parte do processo de aprendizagem.

 

 

HISTÓRICO E PRETENSÃO EDUCACIONAL

 

            No ano de 2009, os professores da área Ciências da Natureza da Coordenadoria de Educação Básica, da Secretaria de Estado de Educação do Estado de Mato Grosso do Sul, ministraram, em conjunto com as demais áreas de conhecimento da Secretaria, o curso Conhecimento em Foco – professores do 6° ao 9° ano e Ensino Médio, na modalidade Formação Continuada, que possibilitou o contato com professores da rede estadual de ensino. Para manter o contato estabelecido foi criado o blog que na etapa inicial utilizava a plataforma blogger

            Em junho de 2009, os professores da área de Ciências da Natureza formalizaram o grupo denominado Biosfera MS, um termo formado por aglutinação e que faz menção aos biólogos e a gíria “fera” que simboliza qualidade, além da sigla do estado de Mato Grosso do Sul. A princípio, estabeleceu-se um perfil para cada integrante do grupo, onde um elemento natural, ou da natureza, fosse como um marco pessoal, enfatizando a região do Pantanal e Cerrado. Os perfis eram: Ana Celia de Oliveira Ferreira (Água: Jacaré), Cintia Bezerra Possas (Ser Humano: Ser Humano), José Flávio Rodrigues Siqueira (Ar: Carcará), Renato Gonçalves (Fogo: Ipê Amarelo) e Vaneide Barbosa de Araújo (Terra: Onça Pintada).)

            Enquanto o blog esteve na plataforma blogger houve limitações quanto a configuração, parcerias e layout. Por essas razões, decidiu-se hospedá-lo na plataforma wordpress onde registrou-se o domínio. Em 2010, o endereço mudou de www.biosferams.blogspot.com para www.biosferams.org (Figura 1) a fim de institucionalizar e alcançar novas possibilidades de interação. Desde 2011 o blog permanece com o domínio. org, porém com 3 (três) membros: Ana Celia de Oliveira Ferreira, Cintia Bezerra Possas e José Flávio Rodrigues Siqueira, não havendo mais a relação dos integrantes com os componentes naturais.

 

Figura 1- Layout atual do blog Biosfera MS

 

            Nesse contexto, pode-se apresentar a frequência dos conteúdos do blog pelas principais tags utilizadas. São elas: Sala de aula, Links da semana, Reflexão, Mídias e Educação Ambiental.

            A tag Sala de aula está relacionada àquelas postagens que descrevem sequências didáticas que os professores podem utilizar nas escolas, principalmente, do componente curricular Ciências da Natureza e das disciplinas de Biologia, Física e Química.

            Links da semana são postagens que, frequentemente, datam no final de semana, pois tem finalidade de informar os professores quanto às notícias mais relevantes daquela semana.

É evidente que a leitura dos novos fatos científicos, avanços da medicina e demais situações que os cientistas demonstram necessita de leitura crítica por parte do docente e discussão em sala de aula.

Em outras palavras Libâneo (2002) considera necessário vincular o conhecimento científico com os problemas da sociedade e do cotidiano, e insere nessa relação às novas tecnologias da informação e comunicação que se renovam constantemente. Mas para que isso ocorra a autoformação contínua dos docentes deve ser valorizada.

            O termo Reflexão surge para aqueles textos em que se procura discutir novas abordagens pedagógicas, fomentar descobertas científicas ou questionar assuntos que geraram polêmica durante aquele período.

            Assim, Isaia e Bolzan (2004) revelam:

 

[...] que a reflexão não é um processo mecânico e solitário, nem um simples exercício de criação ou construção de novas idéias, que pode ser imposto ao fazer docente, mas uma prática que expressa a tomada de decisões e as concepções que temos acerca de nossa ação pedagógica. (ISAIA e BOLZAN, 2004, p.123).

 

Rampazzo e Moimaz (2011) apud Belloni (2010) confirmam esse pensamento ao admitir que o professor precisa se atualizar constantemente, tanto no conhecimento científico de sua disciplina, como no conhecimento pedagógico, ou seja, nas metodologias e na utilização das tecnologias.

            Desta maneira, o blog proporciona a proposta de reflexão contínua para que os docentes revejam seus conhecimentos pedagógicos.

            As Mídias surgem nas postagens que oferecem a possibilidade da inserção das novas tecnologias da informação e comunicação, das redes sociais, dos recursos tecnológicos e midiáticos no planejamento dos professores para que os conteúdos sejam abordados em conexão com a sociedade em que vivemos.

            Face ao exposto, Kikuchi e Oliveira (2007) corroboram com a utilização desses recursos ao afirmarem que:

 

[...] a escola e o professor têm papel fundamental na formação do aluno para a sociedade tecnológica, sem ficar à margem de seu processo, e atingir a todos com igualdade e possibilidades para sua participação na construção de conhecimento relevante à sua vida no meio social. A plena participação no mundo letrado também inclui conhecimento tecnológico, cuja mediação está pautada no trabalho docente. (KIKUCHI e OLIVEIRA, 2007, p.).

 

            Cabe destacar que a inserção da informática pressupõe mudança de paradigma educacional e evidencia aos profissionais na educação novas metodologias, posturas filosóficas atualizadas e práticas pedagógicas com inserção dos recursos utilizados pela sociedade.

Os principais, fatos e acontecimentos relacionados à Educação Ambiental estão nessa tag, além do fortalecimento desta como parte integrante do tema transversal Meio Ambiente.

O termo tema transversal é definido nos Parâmetros Curriculares Nacionais (2001) como a parte diversificada do currículo que deve ser contextualizada de acordo com as diferentes realidades locais e regionais para que a educação para a cidadania seja conquistada. O mesmo documento determina:

 

[...] a principal função do trabalho com o tema Meio Ambiente é contribuir para a formação de cidadãos conscientes, aptos a decidir e atuar na realidade socioambiental de um modo comprometido com a vida, com o bem-estar de cada um e da sociedade, local e global (PCN, 2001, p.187).

           

            Com base nesses pressupostos, os textos com a tag Educação Ambiental abordam os principais documentos e movimentos governamentais e não governamentais que promovem a sustentabilidade. Além de divulgar práticas sustentáveis e formas alternativas para a redução e reutilização de resíduos.

 

ESPAÇO SUSTENTÁVEL

 

            A Lei n. 9.795/1999 entende a Educação Ambiental como aqueles processos por meio dos quais o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade.

            De acordo com Melo e Trajber (2007) a população neste século vivencia a cultura de risco, isso quer dizer que a má utilização dos recursos naturais e o consumo exagerado implicam em problemas não só para esta geração de seres, mas também para os demais habitantes do planeta. E ainda salientam:

 

Estamos sentindo na pele, em nosso cotidiano, uma urgente necessidade de transformações para superarmos as injustiças ambientais, a desigualdade social, a apropriação da natureza – e da própria humanidade – como objetos de exploração e consumo. (MELO e TRAJBER, 2007, p.14).

 

            Outra consideração apresenta Carvalho (2004):

 

A educação ambiental surge de preocupações da sociedade com o futuro da vida e da existência humana. Torna-se uma ação educativa mediadora entre a esfera educacional e o campo ambiental, produzindo concepções, métodos e experiências para a construção de valores e de conhecimentos capazes de provocar mudanças no ambiente (CARVALHO, 2004, p.).

           

            Com base nestas informações, acredita-se que a escola é o espaço que poderá estimular hábitos sustentáveis nos alunos, que por sua vez, distribuem os novos aprendizados com a família e outros cidadãos de seu convívio. Sendo assim, a criança, é um importante veículo de cultura para a sustentabilidade, visto que ao adquirir pensamentos críticos, solidários e responsáveis exigem dos adultos o mesmo conhecimento e caráter. 

            A escola inicia essa articulação quando insere a Educação Ambiental no currículo. Essa inserção pode ocorrer de três formas diferentes, de acordo com o art.16 da Resolução CNE/CP n.2, de 15 de junho de 2012 que estabelece as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Ambiental.

            Para que a escola desenvolva em seus estudantes a cultura para a sustentabilidade e dissemine os preceitos da Educação Ambiental é preciso que todos os agentes que lá frequentam estejam sensibilizados para a mudança.

            Conforme Oiagen e Oliveira et al. (2010) “a sensibilização ambiental é uma ferramenta fundamental para a mudança comportamental relativamente ao ambiente. Sensibilizar é procurar atingir uma predisposição da população para uma mudança de atitudes”.

Não é possível ensinar aquilo que não foi apreendido, por isso o blog estimula a participação dos professores em encontros, simpósios, concursos e premiações, por meio da veiculação de cartazes e divulgação de regulamentos. Pois se acredita que essa participação é o início da revisão de conceitos e conteúdos, além da preparação para a consciência ambiental.

A mudança nas atitudes e nos valores da população requer educação. A Lei n. 9.394/96, em seu artigo 1° afirma que “A educação abrange processos formativos que se desenvolvem na vida familiar, na convivência humana, no trabalho, nas instituições de ensino e pesquisa, nos movimentos sociais e organizações da sociedade civil e nas manifestações culturais”.

A Educação é dividida em formal, informal e não formal. A Educação formal é aquela institucionalizada e hierarquizada e sempre utiliza um currículo para o ensino. A informal acontece em leituras, acontecimentos e reuniões. E a não formal é organizada e sistematizada, mas está fora do sistema de ensino formal.

Nos três grupos, citados a sensibilização ambiental pode ser difundida, pois ela utiliza, na maioria das vezes, o princípio “jovem educa jovem”. Esse está pautado na troca de conhecimentos, de pessoas da mesma geração, a partir do exemplo. Entende-se como exemplo a postura positiva frente ao ambiente.

            Outra ferramenta utilizada pela tag Educação Ambiental é a reflexão dos principais documentos da Educação Ambiental como o Programa Nacional de Educação Ambiental, Política Estadual de Educação Ambiental e Código Florestal.

            Cabe considerar que a mesma tag por diversos momentos descreveu ecotécnicas que podem ser utilizadas nas escolas. O uso destas pode tornar o ambiente escolar mais sustentável e consequentemente interferir nas ações dos estudantes em diversos ambientes de convivência.

            A definição de escolas sustentáveis é descrita por Trajber e Sato (2010) como aqueles ambientes escolares com “a intencionalidade pedagógica de se constituir em referências concretas de sustentabilidade socioambiental”.  As autoras ainda lembram que para a escola tornar-se sustentável três dimensões devem ser conectadas, sendo elas: o espaço, o currículo e a gestão.

            A articulação dessas dimensões mobiliza todos os atores da unidade escolar e oportuniza a mudança de hábitos e valores quanto ao ambiente.

            Além disso, não se pode esquecer que para a escola convencional transformar-se em uma escola sustentável pressupõe a inserção de ecotécnicas. De acordo com Pereira (2010), ecotécnicas são tecnologias ambientais que visam á economia e ao reaproveitamento dos recursos naturais. No blog algumas tecnologias ambientais estão definidas e exemplificadas, como o telhado branco e o espiral de ervas.

            Espera-se que com os conhecimentos renovados os professores planejem ações ambientais que efetivem a compreensão de ambiente e proporcionem a cidadania.

 

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

 

            O blog Biosfera MS, além de informar o público interessado em educação com postagens elaboradas pelos integrantes do grupo, permite aos professores da rede estadual de ensino e a outros profissionais o espaço para tornarem-se colaboradores. Isso quer dizer que essas pessoas podem compartilhar suas experiências exitosas em sala de aula, por meio de postagens não frequentes.

            O compartilhamento de atividades é vantajoso porque oferece ao profissional o reconhecimento do tempo e estudo empregados para a realização daquelas atividades. Cabe frisar que o auxílio para os professores com pouca experiência pedagógica é outra função do compartilhamento.

            Desta maneira, pretende-se com o blog criar um ambiente com inúmeras possibilidades de pesquisa para os professores, e que a partir das simulações existentes possam adequá-las e utilizá-las, sem esquecer o regionalismo.

            A estratégia de compartilhar conteúdos supera o espaço do blog, pois ocorre também nas redes sociais entrelaçadas ao blog, como fanpage no facebook (www.facebook.com/pages/Biosfera-MS/135201266500423#), perfis no twitter (@biosfera_ms) e no tumblr (Figura 2).

 

Figura 2- Layout do tumblr Biosfera MS

 

            A partir da fanpage no facebook os usuários podem visualizar o conteúdo do blog sem necessariamente acessar a página oficial, expressar a opinião a cerca do conteúdo postado e repassar o link aos seus amigos na rede.

            Com o perfil do twitter obtêm-se a maioria dos conteúdos que compõem as postagens com a tag Links da Semana. Nesta, procura-se informar os leitores quanto as notícias mais relevantes dos últimos dias, destacando aquelas com temáticas ambientais e educacionais.

            O endereço www.biosferams.tumblr.com destina-se, principalmente, para agrupar charges, imagens e vídeos. Destaca-se a importância do uso de imagens e charges para a interpretação de situações que evidenciam problemas ambientais e vídeos com animações destinadas à sedução do olhar. O recurso audiovisual oportuniza o ensino e a aprendizagem com mais ludicidade porque utiliza-se de símbolos para explicar conteúdos que tão somente palavras não seriam suficientes.

            Em síntese, a utilização do blog para a promoção do ensino e da Educação Ambiental é de extrema relevância, visto que rompe as barreiras da sala de aula e da transmissão de informações. Como é um ambiente virtual é possível o acesso em qualquer local e horário, dispensando a leitura dele somente na escola.

           

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Ilustrações: Silvana Santos