Estamos sendo lembrados de que somos tão vulneráveis que, se cortarem nosso ar por alguns minutos, a gente morre. - Ailton Krenak
ISSN 1678-0701 · Volume XXI, Número 86 · Março-Maio/2024
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CARACTERIZAÇÃO
DO AMBIENTE NATURAL E DA CONSCIÊNCIA AMBIENTAL DOS USUÁRIOS DE UM BALNEÁRIO NA
COMUNIDADE DO MACURANY, CIDADE DE PARINTINS, AM. Esp. Sipriano Ribeiro
Coelho Pós-graduado em
Educação Ambiental, CESP-UEA, email: sipra_@hotmail.com Msc. Adailton Moreira
da Silva Mestre em Ciências
Biológicas, CESP-UEA, email: amdsilva@uea.edu.br Resumo: O objetivo do
presente trabalho é caracterizar o ambiente natural e a consciência ambiental
dos freqüentadores do balneário conhecido popularmente de “regaço ecológico”
localizado na comunidade do Macurany, Parintins, AM. No estudo utilizou-se a
observação in lócu, onde foi possível uma visão abrangente da
problemática em questão. Entrevistas com questionários pré-elaborados foram
aplicados no período de janeiro a março de 2010. Foram realizadas coletas de
resíduos sólidos, utilizando recipientes de madeira padronizados, com intuito
de caracterizar o manejo destes resíduos pelos banhistas. Também foram
realizadas análises microbiológicas e físico-químicas de amostras de água
coletadas do balneário. Como não há um padrão de analise da consciência
ambiental, a coleta de resíduos serviu como base para o estudo. Entre as 04
caixas usadas para a coleta do lixo, apenas 02 apresentavam 90% de sua
capacidade utilizada. 55% do percentual de visitantes têm idade entre 20 a 34
anos, sendo estes os que mais freqüentam o local. Os resultados demonstram que
a questão sobre a consciência ambiental ainda é algo que precisa ser trabalhado
de forma intensa. A análise microbiológica e físico-química da água, nas
amostras coletadas mostrou que as mesmas contem Coliformes totais e E.
coli presentes em sua composição, o que pode representar um reflexo da
degradação ambiental que o local está sofrendo. As ações antrópica contribuem
para o desgaste dos recursos naturais tendo conseqüência futuras um
desequilíbrio nos ecossistemas locais. PALAVRAS CHAVE: Meio Ambiente; Consciência ambiental; Ação antrópica. INTRODUÇÃO Nas ultimas décadas a
humanidade tem presenciado inúmeras transformações na natureza o que tem
causado o aparecimento de grandes fenômenos naturais como: fortes tempestades,
grandes inundações, terremotos, maremotos, aumento da temperatura etc. Nos
últimos séculos, os países desenvolvidos não pouparam esforços em explorar de
maneira impensada os recursos naturais, essa ação ao longo do tempo tem se
mostrado desastrosa. No decorrer da historia, as civilizações no ímpeto de
adquirir poderes demasiados em detrimento de conquistas cada vez maiores no que
se refere a outras nações, não se preocupou em tomar medidas para que suas
ações fossem prejudicar o meio ambiente. De acordo com Dias (2002) as mudanças induzidas pelo ser humano ocorrem
mais rapidamente e são, geralmente, mais difíceis de serem revertidas. Resolver
essas disparidades é o único caminho para se assegurar um futuro mais
sustentável para o planeta e para a sociedade. As grandes mudanças do clima, o
derretimento das calotas polares, o aquecimento global e as mais variadas epidemias
que surgem ao longo do tempo são alguns exemplos do mau uso ou da forma
inadequada de explorar os bens naturais pelo ser humano. O pensamento de
conservação ou preservação, ainda é algo novo, se olharmos para trás, mas
significa que o homem, ainda que tarde, começa a admitir sua divida com a
natureza, isso é algo positivo na medida em que se começa a pensar na melhor
forma de explorar as riquezas que a natureza nos oferece, sem prejudicá-la e
deixando assim uma melhor expectativa para as gerações futuras. A utilização da natureza sem um planejamento adequado de sua preservação
e usufruto racional dos seus recursos pode trazer sérios problemas e
conseqüências desastrosas às gerações futuras. Jacobi (2003) lembra que a falta
de informação, de consciência ambiental e uma ausência de práticas comunitárias
fundamentadas na inclusão e comprometimento dos cidadãos, promovem juntas uma
postura de falta de responsabilidade e cômoda espera da sociedade por
iniciativas governamentais. É necessário transformar esta realidade e adotar
uma nova cultura de direitos e deveres, apoiada na motivação e participação
ativa de todos os setores ligados na gestão e cuidados ambientais. Essas
mudanças de atitudes podem ser responsáveis por provocar uma participação mais
crítica da sociedade na discussão dos fatores que levam à escolha de um futuro,
sendo também uma maneira de detectar problemas, discutir objetivos e soluções
por parte de todo um conjunto social. Nesse sentido, Jacobi (2003) nota que a
trajetória a ser traçada transcorre inevitavelmente por uma modificação no
acesso às informações e por mudanças institucionais que afiancem abertura e
clareza em toda a sociedade. Um dos obstáculos que impede o meio ambiente de ser algo sustentável e
perfeitamente equilibrado são as ações antrópicas causadas na maioria das vezes
sem um estudo prévio, acarretando em danos às vezes irreversíveis à natureza. O
pensamento sobre as práticas sociais em um cenário caracterizado pela constante
degradação ambiental, assim como do seu ecossistema, agrega uma articulação
pertinente à produção de um sentido lógico sobre a consciência ambiental. As ações antrópicas nas ultimas décadas têm sido imperativas em relação
ao meio natural, fazendo com que o homem enfrente desafios cada vez maiores no
que se refere à capacidade limitada dos ecossistemas em sustentar o elevado
nível atual de consumo material, além das atividades econômicas, juntamente com
o crescimento populacional exagerado, causando conseqüências desastrosas ao
meio ambiente. Segundo Becher (2001) o desenvolvimento somente será sustentável
se for simultaneamente competitivo, eqüitativo e ecológico. Nesse contexto, é
fundamental que se reconheça a existência de limites biológicos e físicos da
natureza; parte principal da sustentabilidade, que haja concordância de onde
estamos posicionados em relação a esses limites sendo possível, desta maneira,
estabelecer direções a serem tomadas e que se entenda de que para se reduzirem
os impactos de maneira igualitária, é preciso que o excesso e a falta encontrem
o balanço; criando aqui, uma dimensão ética e social. O meio ambiente no
Brasil, apresenta-se extremamente vulnerável. A educação em seu sentido mais
amplo enfrenta acentuados problemas de qualidade e não alcançou patamares
desejáveis de democratização. Se a cidadania, em sua expressão clássica, ainda
engatinha, a ecocidadania, por sua vez continua revestida de um caráter utópico
e distante (LOUREIRO et al, 2002). Segundo Soffiati (1997) um dos traços
mais globalizados da crise refere-se às alterações de ordem climática mundial,
além da depleção de recursos não-renováveis, como o petróleo, o gás natural e
vários outros minérios. O empobrecimento acelerado da diversidade da vida tem
preocupado cientistas e ativistas dos movimentos de proteção ao meio ambiente.
Nesse sentido, Dias (2003) nota que de fato, as mudanças devem começar dentro
de cada um de nós. Após a revisão de nossos hábitos podemos de certa forma,
através da adoção de novos comportamentos, contribuir para a diminuição da
degradação ambiental e para a defesa e promoção da qualidade de vida. Assim, a
atuação educativa como instrumento acrítico, considerando a concepção do
ambiente como algo retificado, facilita o entendimento sobre o que podemos
realizar de concreto na prática educativa é sensibilizar, minimizar ou mitigar
os problemas existentes no contexto atual, por uma gestão de uso correto dos
recursos naturais existentes (AGNELLZ, 2006). Os igarapés fazem parte da cultura da população Parintinense e
constituem numa alternativa de lazer e entretenimento (os chamados “banhos”),
principalmente para a população de baixa renda. A evolução da degradação nos
lugares que ainda hoje são utilizados para este fim certamente os tornará
impróprios para estas atividades (Silva e Silva, 1993). Segundo a resolução
Conama 020/86 (BRASIL, 1986), no seu art. 26, as águas doces, salobras e
salinas destinadas à balneabilidade (recreação de contato primário) serão
enquadradas e terão sua condição avaliada nas categorias excelente, muito boa,
satisfatória e imprópria, da seguinte forma: (1) excelente: quando em
80% ou mais em um conjunto de amostras obtidas houver, no maximo, 250
coliformes fecais por 100 mililitros ou 1250 coliformes totais por 100
mililitros; (2) muito boa: quando em 80% ou mais em um conjunto de
amostras obtidas houver, no maximo, 500 coliformes fecais por 100 mililitros ou
2500 coliformes totais por 100 mililitros; (3) satisfatória: quando em
80% ou mais em um conjunto de amostras obtidas houver, no maximo, 1.000 coliformes
fecais por 100 mililitros ou 5.000 coliformes totais por 100 mililitros e (4)
imprópria: quando ocorrer no trecho considerado, circunstancias como não
enquadramento em nenhuma das categorias anteriores; incidência relativamente
elevada ou anormal de enfermidades transmissíveis por via hídrica; sinais de
poluição por esgotos; presença de resíduos ou dejetos, sólidos ou líquidos
como; óleos ou graxas e etc; ph menor que 5 ou maior que 8; presença de
parasitas na água que afetem o homem ou presença de hospedeiros intermediários
infectados. Nesse
sentido, analisar os fenômenos que ocorre no balneário existente na comunidade
do Macurany é um fator de relevância para entendermos essa relação homem e meio
ambiente, assim como, o desenvolvimento de maneira sustentável no sentido de
ser uma fonte de melhorias não só para a comunidade local mais a sociedade como
um todo. Assim, esse trabalho tem como objetivo caracterizar o ambiente natural
e a consciência ambiental dos freqüentadores do balneário conhecido como
“regaço ecológico” localizado na comunidade do Macurany cidade de Parintins
Amazonas, a fim de conhecermos os possíveis fatores que podem influenciar no
equilíbrio de ambientes naturais. MATERIAIS E MÉTODOS Durante o período da
pesquisa, a qual aconteceu de janeiro a março de 2010, foram realizadas visitas
periódicas in lócu, a fim de conhecer um pouco mais sobre a
dinâmica que ocorre no ambiente devido à ação do homem. Foram realizadas
entrevistas e aplicados questionários pré-elaborados dirigidos aos
freqüentadores do balneário num total de 30 (trinta). Também foram coletadas
amostras para análise das condições físico-químico com o intuito de verificar a
existência e/ou ausência de microorganismos, condições de pH e temperatura da
água, assim como, coleta dos resíduos produzidos pelos banhistas. Com a
intenção de verificar a consciência ambiental dos freqüentadores foi elaborado
um esquema de confecção de quatro recipientes de madeira padronizada com a
palavra lixo em suas bordas. Os recipientes foram colocados em pontos
estratégicos a partir da margem. A partir deste esquema foi possível analisar
de forma abrangente a problemática da questão sobre o comprometimento coletivo
e individual dos cidadãos sobre o meio ambiente no local. No estudo
bacteriológico e físico-químico da água do balneário foram coletadas 03
amostras de 100 ml de água entre dois pontos distintos, localizados na área do
balneário. A metodologia envolveu procedimentos (para freqüência e interpretação
de resultados estabelecidos) recomendados pela legislação em vigor segundo
portaria nº518/2004 (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2006), que utiliza como parâmetro às
determinações de Standard Methods for the Examination of Water and Wastewater
de autoria das instituições American Public Health Association (APHA), American
Water Works Association (AWWA) e Water Enviromente Federation (WEF). O método
utilizado foi o Substrato Cromogênico definido ONPG-MUG que confere resultados
confirmativos para presença de Coliformes totais e E. coli em 24
horas, o desenvolvimento de coloração amarela e observação de fluorescência sem
a necessidade de adição de outros reagentes para confirmação. Na determinação
do pH foi utilizado o medidor de ph (Potenciômetro) com eletrodo especifico e
soluções tampões. A temperatura foi medida através de um termômetro de
mercúrio, realizado no próprio local do balneário. RESULTADOS E DISCUSÃO Parintins (figura 1) está localizado a 2°36’48’ de latitude Sul e 56°44’
de longitude para Oeste. Estando localizado a Leste do Estado do Amazonas no
limite com o Estado do Pará à margem direita do Rio Amazonas, na micro região
homogênea 07 Médio Amazonas, distando 369 Km em linha reta e 246 milhas
náuticas por via fluvial da capital do Estado – Manaus. Abrange uma área de
7.069 quilômetros quadrados, e localiza-se sobre formações quaternárias e
terraços holocênicos no setor ocidental do Estado do Amazonas. Parintins possui
nove distritos, segundo a Lei Municipal n° 01/79 de 18 de abril de 1979, que
são: Parintins, a sede do município, Vila Amazônia, Mocambo, Zé Açu, Cabury,
Sabina (Mamurú), Marajó, Valéria e Tracajá (SAUNIER, 2003).
Figura 1: Vista aérea da Cidade de Parintins, AM. Fonte:
SEMSA – Vigilância Epidemiológica – Parintins, AM. Nos últimos anos, a
cidade de Parintins vem crescendo tanto em população como em desenvolvimento
econômico, cultural e educacional. Há também reconhecimento no cenário nacional
e internacional no que diz respeito ao turismo em relação à festa folclórica do
boi-bumbá, além das belezas naturais existentes na cidade. Com uma população de
107.250 habitantes (IBGE, 2008), o município de Parintins tem sua economia
praticamente fundamentada no setor primário. A agricultura junto com a pecuária
completa a formação econômica deste setor, com peso da ordem de 25%. A pecuária
é atividade de maior peso, 75% no setor primário. Compreende principalmente a
criação de bovinos, vindo a seguir a criação de suínos, ovinos, asininos e
caprinos. O setor pesqueiro desponta como um dos principais entrepostos de
pesca do Estado, tanto para o consumo local como para exportação para outros
municípios. O extrativismo vegetal é pouco representativo na formação do setor
primário, mas destacam-se a exploração de borracha, cumaru, gomas não
elásticas, pau-rosa, madeira, óleo de copaíba e andiroba. O balneário conhecido como “regaço ecológico” é um local de
entretenimento onde inúmeras pessoas, assim como famílias, vão aos finais de
semana para passear, brincar, relaxar e se divertirem. O balneário está
localizado na comunidade do Macurany (figura 2) ao sul da cidade de Parintins
aproximadamente dois quilômetros da sede. Formado por inúmeras nascentes que
cortam a floresta ainda existente, possui águas características de igarapés de
cor avermelhada, com uma temperatura agradável que atrai banhistas de todas as
partes da cidade e até mesmo de outros lugares, o local também oferece uma rica
paisagem natural enaltecida ainda mais no período da enchente quando as águas
do lago do Macurany adentram suas dependências completando a natureza
exuberante como mostra a figura 3. Ao longo do tempo o balneário vem sofrendo com as ações antrópicas tanto, com a intensidade da derrubada da mata para plantio
de capim na elaboração de campo para criação de gado, restando somente uma
faixa delimitada da mata ciliar, com pouca vegetação como mostra a figura 2,
quanto, o aumento de moradias para famílias que estão chegando de outras
localidades e se instalando nas proximidades do balneário. Outro fator
importante é a expansão da cidade que nos últimos anos tem atingido a localidade
com a implantação de um conjunto habitacional a pouco mais de um quilômetro da
área do balneário, fato que poderá em pouco tempo, se não houver um plano bem
elaborado de gestão urbana, afetar diretamente a qualidade de vida dos
moradores da região. O acúmulo de resíduos sólidos e de difícil decomposição e a falta de
sensibilidade por parte dos próprios freqüentadores que sem perceber colaboram
para que o local fique inadequado para a balneabilidade é um problema sério. Se
não houver uma mudança de hábitos com relação ao cuidado com o ambiente, esses
fatores juntos poderão favorecer o desaparecimento das nascentes que alimentam
o balneário e causar o desequilíbrio do ecossistema
local. A região é formada por um relevo plano característico da
Amazônia, circundado ao Sul pelo lago do Macurany e seus afluentes, ainda
apresenta uma vegetação nativa de capoeira e alguns pontos de vegetação
secundária formada principalmente por castanheiras e buritizeiros que servem de
mata ciliar para as nascentes que brotam no local. Figura 2: A) Mapa da Cidade de Parintins, mostrando a localização exata da área em estudo. B) Foto mostrando o aspecto e localização em vista aérea do balneário. Fonte: IBGE e www.google.com.br/terra.
Figura
3: A) Frequentadores do balneário em dias comuns.
B) Aspectos do local do balneário. Fonte: Pesquisa de campo. Depois de várias observações e de entrevistas feitas entre os moradores
do local, verificou-se que as principais atividades econômicas praticadas na
região são: o cultivo de hortaliças e vegetais que representa uma pequena
parcela, sendo praticada por apenas algumas famílias que cultivam mandioca e
milho; o extrativismo que representa um ganho extra para as famílias que fazem
a coleta de castanhas nos períodos de safra, visto que, a região detém um
número considerável de castanheiras em seu entorno servindo de renda por um
determinado tempo; a pesca que é a atividade praticada por uma parcela maior dos
moradores da comunidade, realizada ao longo do ano nos lagos do Macurany e
Parananema, locais de acesso rápido, pois a comunidade é margeada por esses
lagos dos quais são retirados quantidades necessárias de pescados para a
sustentação das famílias que ali residem, sempre respeitando a época do defeso.
Dentre essas atividades há, porém, outra que pode representar a
atividade que mais agride a composição natural da região. Trata-se da pecuária,
ocupando uma grande parte da área correspondente à comunidade, força a
derrubada da mata nativa para o plantio de capim para a criação de gado, afeta
diretamente todo o ecossistema do local visto que, a cada árvore derrubada
milhares de seres microscópios que vivem nesses locais são extintos deixando de
fazer o seu respectivo papel num ecossistema, por fim, as derrubadas também
afetam o fluxo das águas que emergem de nascentes próximas e tem seu nível de
potencial afetado, estando em risco de desaparecerem em pouco tempo, como Silva
e Silva (1991) demonstra em seu trabalho sobre os igarapés da Cidade de Manaus,
onde a grande quantidade de resíduos sólidos e esgotos industriais, em dez anos
poluíram alguns igarapés que serviam para a prática de balneabilidade. Durante a pesquisa foram feitos aplicações de questionários
pré-elaborados que demonstraram o aspecto de consciência ambiental dos
moradores e freqüentadores relacionado, não só ao local estudado, mais também,
ao conjunto de fatores que estão envolvidos na relação homem e meio ambiente. A
figura 4 demonstra que o local é freqüentado por pessoas de varias idades entre
elas existe um numero maior de pessoas de 20 a 35 anos de idade, representando
cerca de 55% dos entrevistados. Além disso, 40% estão estudando ou já concluiu
o ensino médio e alguns têm o ensino superior, apesar de serem pessoas de
várias idades, são também de escolaridades diferentes e que moram em bairros
também diferentes na cidade.
Figura 4: Gráfico monstrando o perfil das
pessosas que frequentam o balneário. Fonte: entrevista com os
frequentadores do balneário. O lugar atrai pessoas
de varias partes da cidade assim como, visitantes que estão em transito pelo
município, de férias ou a passeio que são convidados por amigos e pessoas da
família a conhecer o local. Por se tratar de uma região que oferece atrativos
naturais e de estar afastado do centro urbano, o balneário do regaço, tem se
tornado referencia na cidade para a prática de lazer e entretenimento. A figura
5 demonstra quais dos atrativos naturais que mais se destaca entre os
banhistas, dentre eles a água se destaca com 42% da preferência entre os frequentadores.
Figura 5: Gráfico mostrando qual o
atrativo do balneário que mais se destaca pelos banhistas. Fonte:
entrevista com os frequentadores do balneário. O lugar é freqüentado
por inúmeras pessoas que vêem sempre acompanhados de amigos e principalmente
com a família que aproveita os finais de semana e feriados para relaxarem e
diminuir o estresse do trabalho durante a semana, assim como, curtir toda a
beleza natural que local oferece. A figura 6 mostra que 76% são o percentual de
freqüência dos banhistas que sempre vão ao balneário, isso demonstra que por a
cidade não ter muitos atrativos que possibilite o entretenimento às famílias no
final de semana, o local serve de referencia para essa prática de lazer.
Figura
6: Gráfico mostrando qual a freqüência de visita ao local
pelos banhistas. Fonte: entrevista com os frequentadores do balneário. Depois de várias
observações no local constatou-se a falta de estrutura para o armazenamento de
resíduos sólidos. Assim foi realizada coleta desses resíduos, com intuito de
identificar e/ou analisar até que ponto, os freqüentadores iriam reagir com
relação ao lixo produzido pelos próprios banhistas e que ficavam expostos e
jogados diretamente no chão e até mesmo na água, foram colocadas lixeiras em
pontos estratégicos do balneário como mostra a figura 7, no total de quatro
caixas de madeira padronizadas com a palavra “lixo” inscrita em sua borda.
Figura
7: Caixa para coleta de resíduo sólido colocadas em
locais estratégicos. Fonte: Pesquisa de campo. Essas caixas foram expostas aos finais de semana nos meses de janeiro a
março de 2010. Foram utilizados os domingos por se tratar de um dia onde há um
fluxo maior de pessoas no local. Depois de dez horas de exposição, como mostra
a tabela 1, verificou-se que as caixas 1 e 2 que estavam mais distante da água,
continham mais resíduos (copos descartáveis, garrafas pet, embalagens de
salgados e etc.), registrando 100% da capacidade de armazenamento de resíduos
sólidos. Por outro lado as caixas 3 e 4 posicionadas nas margens do balneário
apresentavam em seu interior apenas 10% da sua capacidade de armazenagem. TABELA 1: Resultados quantitativos da coleta de resíduos sólidos
no balneário
Fonte: Trabalho de
campo realizado no balneário. Tal fato pode estar
relacionado com a falta de habito dos freqüentadores desse local em ter a
sensibilidade de não jogar o lixo em qualquer lugar, isso ficou constatado,
pois, na área da margem do balneário, o lixo permanecia exposto diretamente na
água espalhados em torno dos próprios banhistas. De fato existe uma barreira de
cultura e modos que possibilite o comprometimento individual e coletivo na
difícil tarefa de manter, ou de pelo menos se tentar preservar o ambiente limpo
em condições adequadas. A tabela 2 mostra a
interpretação para a análise microbiológica da água com os padrões de coloração
(Incolor - negativo, Amarelo – positivo para coliformes total e Florescência
neon – positivo para coliformes total e Eschirichia coli). A figura 8
demonstra a análise microbiológica no laboratório com respectivas colorações e
medição de temperatura da água. TABELA 2: Interpretação para análise microbiológica da água.
Fonte: Laboratório
do Sistema de Abastecimento e Esgoto de Parintins, AM – SAAE.
Figura 8: A) Analise
Microbiológica da água em laboratório mostrando os tipos de coloração de acordo
com a presença ou não de microorganismos. B) Medição da temperatura da
água no próprio local. Fonte: Pesquisa de campo. A tabela 3 mostra o
resultado das três amostras analisadas, onde todas apresentaram resultado
positivo para coliformes totais e E. coli, indicando que as águas
do balneário encontram-se contaminadas com microorganismos provindos de fezes
de animais de sangue quente, que pode ser de animais mamíferos que circulam nas
proximidades ou até mesmo de pessoas. No entanto, não foram encontradas nas
amostras substancias proveniente de esgotos, óleos ou graxas e resíduos sólidos
em grande quantidade o que poderia de acordo com a resolução do Conama 020/86,
demonstrar que a mesma estaria imprópria para a prática de balneabilidade. A
análise do pH demonstrou um valor de 4,93 e o estudo da Temperatura realizada
no próprio local, no dia 10 de março de 2010, às 15h35min horas, apontou uma
temperatura de 30º C. Todas as análises foram realizadas com o apoio do Sistema
de Abastecimento de Água e Esgoto de Parintins, AM – SAAE, que forneceu o
material necessário para as análises. TABELA 3: Análise microbiológica e físico-química da agua do
balneário.
Fonte: Laboratório
do Sistema de Abastecimento e Esgoto de Parintins, AM – SAAE. CONCLUSÃO As questões
ambientais desde a década de 70 no Brasil vêem tentando às vezes de todas as
formas ganharem espaço e reconhecimento pela luta em prol ao meio ambiente,
tanto por parte da sociedade, e principalmente pelas grandes empresas e
multinacionais que exploram os recursos naturais existentes, em especial os
produtos derivados de combustíveis fósseis, considerados os maiores poluidores.
Atualmente a humanidade enfrenta vários problemas de cunho natural, as grandes
enchentes, as tempestades, nevascas, tornados e a mudança do clima com o
aquecimento global, já deixaram um rastro de dor, miséria e milhares de mortos
em todos os cantos do mundo. A visão de que é necessário ter consciência na
forma de explorar os recursos naturais e de manter o equilíbrio dos
ecossistemas, já está bem avançada, no entanto, é preciso que haja mais
comprometimento coletivo e individual para que juntos possamos alcançar um
desenvolvimento sustentável e equilibrado evitando assim a destruição do
planeta. Com esse trabalho
pôde-se ter uma visão, se não completa, mas realista de como está a consciência
ambiental em relação à ação antropica que ocorre no balneário conhecido como
“regaço ecológico”. A região do balneário ao longo dos anos sofre com as
alterações feitas pelo homem, na busca de melhorias para si e seus familiares,
nelas incluem a derrubada das matas, o aumento de moradias, expansão do espaço
urbano além da falta de sensibilidade dos freqüentadores do balneário com os
resíduos sólidos por eles produzidos, o que contribui para agravar as condições
ambientais, sociais e culturais do local. Dessa forma, é preciso que haja por
parte das autoridades constituídas a implementação de projetos ambientais que
possibilitem maior integração da sociedade na sensibilização sobre as causas da
destruição do meio ambiente que hoje já podemos observar, no sentido de
frearmos a degradação do ambiente e darmos a oportunidade para as gerações
futuras de poder usufruir o que ainda resta de recursos naturais. REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS AGNELLZ, A.C. A
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