Estamos sendo lembrados de que somos tão vulneráveis que, se cortarem nosso ar por alguns minutos, a gente morre. - Ailton Krenak
ISSN 1678-0701 · Volume XXI, Número 86 · Março-Maio/2024
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Soluções e Inovações
31/05/2013 (Nº 44) NOSSA EMBALAGEM DE CADA DIA
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NOSSA EMBALAGEM DE CADA DIA

Daniel de Bem

 

Gostaria, primeiramente, de agradecer ao convite da Berenice Adams para participar desta publicação. Acompanho a Revista Educação Ambiental em Ação desde a sua criação, pelos e-mails trocados entre os colaboradores e pelo site, mas por não formação específica na área, e nunca havia arriscado a escrever uma matéria. Espero que gostem e comentem.

 

Meu nome é Daniel de Bem, sou do interior do Estado de São Paulo. Sou formado em Analista de Sistemas e trabalho como programador em uma agência de criação de sites. Sempre me interessei pelas inovações da indústria e dos meios de produção, que tragam benefícios para o meio ambiente e para a sociedade.

 

Por conta disso, criei e mantenho um site com publicações de matérias e artigos para educação ambiental, o Portal Amigos da Natureza http://www.amigosdanatureza.net/ . E foi através desde site que conheci a Bere, no ano de 2.000 se não me falha a memória.

 

Pretendo colaborar sempre com a Revista EA em Ação nesta seção de “Soluções Inovadoras”.

 

A reflexão que gostaria de propor, nesta matéria, é sobre a nossa dependência com o plástico e as soluções que estão sendo desenvolvidas para reduzir isso.

 

Sem dúvida, o plástico foi uma criação esplêndida. Afinal existem centenas de tipos dele que podem ser utilizados em infinitas aplicações. Além de ser barato para as indústrias.

 

As primeiras experiências parar criar um material rígido e resistente ao calor, mas ao mesmo tempo fácil de modelar, foram realizadas por Charles Goodyear em 1839, quando adicionou enxofre à borracha bruta. Mas somente em 1909 Leo Baekeland, um químico de origem belga, criou a baquelite, uma resina sintética a base de fenol e formaldeído, que era muito resistente ao calor. Por não ter a propriedade de ser remodelada após o arrefecimento, a baquelite é considerada um produto não plástico, mas muito utiliza na indústria por não conduzir eletricidade. Durante a Segunda Guerra Mundial, moedas de dólar foram feitas com este material. Atualmente alguns cabos de panela são feitos com a baquelite.

 

Na década de 30 foi criado um novo tipo de plástico: a poliamida ou comercialmente chamada de Nylon. Posteriormente foi criado o dácron, o isopor, o poliestireno, o polietileno e o vinil. E a partir de então a sociedade começou uma relação de dependência cada vez maior com o plástico.

 

O plástico em geral, por sua composição química, pode levar algumas centenas de anos para se decompor na natureza. E se por um lado essa decomposição é lenta, é cada vez mais rápido o descarte dos objetos de plástico do nosso cotidiano, principalmente das embalagens.

 

Praticamente tudo o que compramos hoje em dia vem envolto em uma embalagem plástica. Muitas vezes até sem necessidade, os chamados “superembalados”, como frutas ou verduras acomodadas em bandejas envoltas por uma ou duas camadas de plásticos. Em Portugal, o Partido Ecologista Os Verdes - PEV propôs uma lei que permita o consumidor optar por adquirir os produtos sem ter que pagar por embalagens que forem consideradas desnecessárias. A proposta apresentada deputada Heloísa Apolónia visa não somente a redução destas embalagens no meio ambiente, mas também a conscientização dos consumidores.

 

No Brasil, algumas tentativas de proibição das sacolas plásticas nos supermercados não obtiveram sucesso, já que a grande maioria das pessoas estão acostumadas a utilizar sacolas de plástico, mesmo que para carregar as compras por alguns minutos, da porta do estabelecimento até o carro.

 

A solução proposta pela proibição era a utilização de sacolas ecológicas, as eco-bags de pano ou propileno, ou embalagens de papel. Porém, uma pesquisa da Agência Ambiental da Inglaterra apontou que estas soluções não são as mais recomendadas, se considerarmos a poluição que a produção de sacolas plásticas tradições causam ao meio ambienta. A pesquisa diz que, uma sacola de propileno, aquelas de levar na feira, deveriam ser utilizadas 131 vezes para ser considerada menos prejudicial ao meio ambiente. Ou seja, a poluição e energia gasta para produzir uma sacola de propileno é aproximado à produção de 131 sacolas plásticas tradicionais.

 

Mas esta pesquisa não levou em conta a poluição causada por sacolas plásticas tradicionais com descarte incorreto delas. E sem dúvida uma das piores maneiras de descarta-las é lançando-as ao mar. Cerca de 6,5 milhões de toneladas delas são descartadas nos oceanos todos os anos, segundo pesquisa do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma).

 

E as consequências deste ato são enormes e atingem diretamente o homem, já que boa parte deste material acaba sendo ingerido pelos peixes e outros animais que, quando não morrem por não conseguirem digeri-los, acabam contaminados e contaminam toda a cadeia alimentar da qual fazem parte, atingindo a sociedade que se alimenta dela.

 

Estas situações impulsionam as pesquisas de materiais biodegradáveis e maneiras inovadoras de despoluir o meio ambiente. Uma delas é um navio com formato de arraia de um jovem holandês de 19 anos, Boyan Slat. O projeto prevê um equipamento movido à energia solar equipado com longos braços que irão varrer a superfície do oceano recolhendo o material encontrado. O projeto já foi premiado como o melhor Desenho Técnico de 2012 na Universidade de Tecnologia de Delft, e esta arrecadando fundos para confecção do primeiro protótipo.

 

Estudos para a produção de sacolas plásticas a base de amido, e bandejas feitas a partir do bagaço da cana-de-açúcar prometem ser a solução dos problemas das sacolas plásticas tradicionais. Segundo os cientistas, objetos produzidos com estes matérias poderiam se decompor em 180 dias na natureza.

 

Mas, você não precisa esperar estas inovações para começar a reduzir o descarte de embalagens de plástico no meio ambiente. Na próxima vez que for ao supermercado, preste atenção e dê preferência para produtos com a menor quantidade de embalagem possível, ou se elas são feitas de materiais com menor impacto ambiental.

 

Nossas ações locais podem ajudar globalmente. Basca cada um fazer a sua parte.

 

 

Contato: amigosdanatureza@gmail.com

Ilustrações: Silvana Santos