Estamos sendo lembrados de que somos tão vulneráveis que, se cortarem nosso ar por alguns minutos, a gente morre. - Ailton Krenak
ISSN 1678-0701 · Volume XXI, Número 86 · Março-Maio/2024
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10/09/2018 (Nº 43) CURSO DE MEDIADORES AMBIENTAIS PARA EDUCADORES DA ÁREA ATINGIDA POR UMA USINA HIDRELÉTRICA (UHE) NO RIO GRANDE DO SUL.
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O TÍTULO DEVE ESTAR CENTRALIZADO EM NEGRITO, FONTE TIMES NEW ROMAN, TAMANHO 16

Curso de Mediadores Ambientais para educadores da área atingida por uma Usina Hidrelétrica (UHE) no Rio Grande do Sul

 

 

Renata Czykiel

Formação: Licenciada em Ciências Biológicas e mestranda do Programa de Pós-graduação em Administração pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)

Endereço para correspondência: Rua Congo, 299. Bairro Vila Ipiranga, Porto Alegre/RS. CEP: 91.380-070.

E-mail: renata.czy@gmail.com

 

Amanda Nascimento da Silva

Licenciada e bacharel na ênfase ambiental em Ciências Biológicas pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) -  Trabalha atualmente na empresa Polar Engenharia e Consultoria em Meio Ambiente.

Endereço para correspondência: Rua Portugal, 255. Bairro São João. CEP: 90.520-310.

E-mail: amanda.ecologia@gmail.com.br

 

Lidiane Fernandes Luz

Licenciada em Ciências Biológicas e mestre em Desenvolvimento Rural pela UFRGS

Endereço para correspondência: Travessa Vasco de Ataíde, 52. CEP: 91.380-270

E-mail: lidianefernandesdaluz@yahoo.com.br

 

Mariana de Souza Proença

Licenciada em Ciências Biológicas e mestre em Ensino de Ciências e Matemática da Universidade Luterana do Brasil, (PPGECIM/ULBRA).

Endereço para correspondência: Rua Olavo Bilac, 444/603. CEP: 90040-310.

E-mail: mariana.proenca@gmail.com

 

 

RESUMO

O Programa de Educação Ambiental (PEA) corresponde a uma medida compensatória referente aos impactos ambientais causados pela construção da Usina Hidrelétrica (UHE) Monjolinho e ocorreu de setembro de 2007 a julho de 2010 em Benjamin Constant do Sul, Faxinalzinho e Nonoai, no Rio Grande do Sul. O PEA realizou atividades mensais com alunos, educadores, colaboradores das obras, agricultores, comunidade indígena e demais interessados, totalizando 2.183 envolvidos. Dentre as propostas do Programa destaca-se o Curso de Mediadores Ambientais (CMA), destinado a educadores, que foi dividido em três módulos de 20 horas/aula cada e incluía atividades teórico-práticas sobre meio ambiente, priorizando a sensibilização ambiental. Entre as metodologias utilizadas estiveram: discussão de documentários e textos, trabalhos em grupo, oficinas ecológicas, jogos cooperativos e apresentações audiovisuais. Durante o curso foram elaborados e implantados projetos ambientais, com apoio da equipe técnica responsável, como forma de envolver a comunidade escolar como um todo.

 

Palavras-chave: educação ambiental, curso para educadores e medidas de compensação ambiental.

 

 

INTRODUÇÃO

A construção de um sistema humano sustentável depende primordialmente de educadores e educandos motivados ao aprendizado, de modo que a Educação Ambiental (EA) seja uma forma de interação com o cotidiano, fortalecendo o sentido crítico do indivíduo. A EA se designa como uma ferramenta para gestão ambiental que envolve ações educativas direcionadas à compreensão da dinâmica dos variados ecossistemas considerando os efeitos da relação homem-ambiente incluindo os paradigmas histórico-sócio-culturais. Além disso, de acordo com o Programa Nacional de Educação Ambiental (ProNEA) um dos objetivos da EA seria de fomentar processos de formação continuada de modo formal e não-formal, dando condições para atuação nos diversos setores da sociedade.

A instalação de um empreendimento como a UHE (Usina Hidrelétrica) Monjolinho no rio Passo Fundo, RS, traz impactos ambientais, sociais e econômicos. Assim, a preocupação com as questões ambientais e execução de ações que minimizem os impactos ao meio ambiente são fundamentais para reestruturar as relações homem-natureza. Nessa perspectiva, a empresa responsável pela operação da usina em parceria com empresas de consultoria em meio ambiente, propôs o desenvolvimento e aplicação de um projeto estruturado de EA na região que contempla a instalação desse empreendimento.

As atividades propostas pelo Programa de Educação Ambiental (PEA), com enfoque principal no Curso de Mediadores Ambientais (CMA), visam dar suporte ao desenvolvimento sustentável para que haja uma relação de co-responsabilidade na busca do equilíbrio entre a ação empreendedora do homem e suas consequências sobre o ambiente em que vive. A implantação dos programas ambientais na Área de Influência Direta (AID) tende a desencadear um processo crescente de ações coletivas e individuais no sentido de possibilitar a instalação de uma obra de utilidade pública aliada à preservação da qualidade ambiental regional.

O PEA corresponde a uma medida compensatória referente aos impactos ambientais causados pela construção da UHE Monjolinho e ocorreu de setembro de 2007 a julho de 2009 nos municípios que pertencem à AID desse empreendimento, quais sejam: Benjamin Constant do Sul, Faxinalzinho e Nonoai. Ao longo de sua execução, o PEA trabalhou com um público-alvo amplo, que incluiu alunos, educadores, colaboradores das obras, agricultores, comunidade indígena e demais participantes interessados. Durante 2008 e 2009, foram realizados cursos, oficinas, ciclo de vídeos e debates ambientais, trilhas ecológicas interpretativas e seminários sobre agricultura ecológica, entre outras atividades, com periodicidade mensal nos municípios supracitados.

 

MÉTODOS

O CMA apresentou duração de 60 horas/aula, sendo dividido em três módulos de 20 horas cada, e incluiu atividades teórico-práticas. A metodologia aplicada e os conteúdos escolhidos buscaram discutir questões ambientais importantes, bem como os caminhos para a mudança de atitudes em relação ao meio ambiente. O curso foi direcionado a professores, diretores, estudantes, pedagogos e profissionais da área da saúde e da assistência social. Nesse sentido, um dos principais enfoques foi fornecer subsídios para o trabalho desses mediadores nas atividades que desempenham.

A questão central considerada durante a elaboração do CMA foi como sensibilizar os participantes para as problemáticas ambientais atuais, visto que somente o acesso às informações tem se mostrado insuficiente para garantir mudanças de atitudes. Sendo a sensibilização um processo que ocorre de maneira distinta em cada pessoa, fez-se necessário a aplicação de diversas metodologias no intuito de atingir ao máximo as individualidades. Dessa forma, a sequência dos conteúdos correspondeu a uma proposta de atividades que facilitou este aprendizado, incluindo discussão de documentários e textos, trabalhos em grupo, oficinas ecológicas, jogos cooperativos e apresentações audiovisuais, entre outras.

No primeiro módulo, intitulado “Caminhos para a Sensibilização Ambiental”, foram abordados os seguintes assuntos: histórico da EA, elaboração de projetos, papel do mediador ambiental e metodologias de sensibilização, incluindo vivências com a natureza, arte-educação e dinâmicas de grupo. Com esse intuito, a EA foi abordada considerando o ser humano um integrante e agente na natureza, buscando uma modificação na forma como se relaciona com ela (KINDEL et al. 2004).

Inicialmente, promoveu-se uma discussão sobre o conceito da EA através da realização de um painel coletivo (figura 1) e, na sequência, foram apresentados dados históricos sobre o movimento ambientalista. Após, foram discutidas formas do ser humano contribuir com a melhoria das condições ambientais através da dinâmica “Árvore dos Conflitos e das Soluções”, na qual foram apresentados estudos de caso aos participantes, que identificaram possíveis causas e consequências das situações e sugeriram soluções aplicáveis às mesmas. Trabalhou-se com a importância do papel do mediador ambiental, através da discussão do potencial das pessoas para entender e transformar o meio em que estão inseridas (MERGULHÃO & VASAKI, 1998).

 

Figura 1. Confecção de paineis coletivos sobre EA durante Curso de Mediadores Ambientais.

 

Além disso, foram apresentadas metodologias de sensibilização ambiental como forma de viabilizar o processo de mudança de atitudes. A primeira foi o Aprendizado Sequencial, proposto por Joseph Cornell, que corresponde a uma sequência de atividades que pode ser realizada preferencialmente ao ar livre e auxilia a harmonizar o nível de entusiasmo de um grupo e sutilmente o conduz para um contato mais alegre e cheio de energia com o mundo natural (CORNELL, 2008).

Posteriormente, foram realizados jogos cooperativos (figura 2), que buscam oportunizar o cumprimento de tarefas em grupo, e consideram os jogadores parceiros e não adversários. Segundo BROTTO (2006):

Os jogos cooperativos são jogos de compartilhar, unir pessoas, despertar a coragem para assumir riscos, tendo pouca preocupação com o fracasso e o sucesso em si mesmos. Eles reforçam a confiança pessoal e interpessoal, uma vez que, ganhar e perder são apenas referências para o contínuo aperfeiçoamento de todos.

 

Figura 2. Realização da dinâmica “Nó Humano” durante Curso de Mediadores Ambientais.

 

Dando continuidade, foi promovida uma oficina de tintas naturais como ferramenta de arte-educação na qual os educadores utilizaram corantes provenientes de terra, erva-mate, pó de café, entre outros pigmentos, para confeccionar um painel coletivo.

Finalmente, realizou-se uma oficina de elaboração de projetos na qual os participantes identificaram problemáticas existentes nas instituições em que atuam e iniciaram a escrita de uma proposta que envolvesse a comunidade escolar como um todo e buscasse solucionar as mesmas, com base em um modelo operacional proposto por MINAYO (2000).

No segundo módulo, intitulado “Relação homem-natureza”, foram abordados temas como permacultura, agroecologia, consumo responsável, conservação dos recursos naturais e culturais e desenvolvimento sustentável, com o objetivo de refletir sobre nosso modo de vida e alternativas viáveis para torná-lo menos impactante ao meio ambiente. Primeiramente, foram apresentados os princípios da permacultura e, a partir disso, foi proposta uma dinâmica de montagem de uma propriedade permacultural com base na teoria da técnica e através de figuras de elementos que compõem uma propriedade, como casa, árvores, rio, horta e animais. Na sequência, foi abordada a conservação da biodiversidade natural relacionada à cultural, através da exposição de experiências de comunidades quilombolas, indígenas e de agricultores que através de suas práticas tradicionais, elaboradas a partir da observação da natureza, garantem sua sobrevivência e a integridade dos recursos naturais. Também foi realizado um debate sobre formas de geração de energia (figura 3), no qual os participantes assumiam papéis contra ou a favor às energias eólica, nuclear, hidrelétrica e solar, a fim de proporcionar esclarecimentos e reflexão sobre os impactos causados por esses empreendimentos ao ambiente e à saúde humana.

O cultivo de alimentos sem o uso de insumos químicos e consorciados com a mata nativa foram abordados mais profundamente através do documentário “Nosso jeito de caminhar” do Projeto Reca, que trata do cultivo de alimentos em sistema agroflorestal na Amazônia. Também foram discutidas questões relacionadas à alimentação saudável: pirâmide alimentar, movimento Slow Food, potencial das frutas nativas, plantas alimentícias alternativas, sementes crioulas, aproveitamento integral dos alimentos, alimentos funcionais e feiras ecológicas.

Na conclusão deste módulo, foi contada uma história sobre o ciclo de produção, comercialização e descarte dos produtos e realizada uma feira de trocas, exercício de economia solidária onde cada participante levou algum objeto ou serviço para trocar com o grupo. O objetivo principal da feira foi reforçar a comunicação, a solidariedade e a cooperação entre os presentes, propiciando uma discussão sobre a importância do consumo responsável.

 

  

Figura 3. Debate sobre formas de geração de energia durante Curso de Mediadores Ambientais.

 

No último módulo, intitulado “A escola sustentável”, foram realizadas atividades práticas, no intuito de fornecer aos participantes instrumentos para o trabalho com outros grupos. Essas atividades demonstraram ser uma excelente ferramenta didática no trabalho com crianças e jovens, despertando sensibilidades e desenvolvendo habilidades. Primeiramente, foram abordados princípios e práticas da pedagogia Waldorf, a qual utiliza os brinquedos naturais, as brincadeiras de roda, a contação de histórias, a arte e a música como elementos fundamentais para a aprendizagem e o desenvolvimento da criança. Além disso, foram realizadas duas atividades que exemplificaram essa metodologia: criação de música com sons produzidos pelo corpo, que corresponde a um instrumento musical antigo e com muitas possibilidades a serem exploradas e o “Saco de histórias”, onde os participantes construíram uma história coletiva a partir de figuras colocadas em um saco. Segundo IGNÁCIO (2006):

Brincar é uma necessidade orgânica da criança, cuja qualidade implica no seu desenvolvimento. Quanto mais simples forem os brinquedos, mais a criança se tornará ativa em seu interior, em sua fantasia.

 

Na construção de uma escola sustentável, não só do ponto de vista ambiental, mas também do equilíbrio nas relações humanas, realizou-se uma conversa a respeito do papel das instituições de ensino e dos educadores na formação de cidadãos autônomos, capazes de atuar criticamente no meio em que vivem. Segundo YUS (1998):

Os alunos devem passar de sujeitos passivos, receptores e repetidores de informação, a serem sujeitos ativos, críticos, autônomos e protagonistas de suas próprias aprendizagens, envolvendo-se colaborativamente nos processos de investigação e aprendizagem significativa (aprendendo a aprender), capacitando-se para buscar a informação, organizar o trabalho, tirar conclusões e avaliar o trabalho.

 

Para tanto, foram exibidos trechos do documentário “Pra o dia nascer feliz” de João Jardim e ilustrações e idéias do livro “Cuidado, escola” de Babette Harper, ambos trazendo a reflexão sobre um sistema de ensino que reforça as desigualdades e a dependência. Também foram abordados aspectos relacionados às diretrizes operacionais da educação do campo, que garantem um ensino baseado na valorização do homem no campo e na ressignificação de sua identidade e cultura, contrapondo a educação voltada para a vida urbana como sinônimo de sucesso profissional.

A partir deste tema foram propostas oficinas que podem ser aplicadas em qualquer instituição de ensino, seja ela rural ou urbana: construção de espiral de ervas medicinais (figura 4), de horta orgânica e de composteira e a implantação de pomar. Outras oficinas oferecidas nesse módulo foram: reciclagem artesanal de papel, aproveitamento integral dos alimentos, alimentação saudável, separação dos resíduos sólidos, reutilização de materiais recicláveis para confecção de artesanato (figura 5) e confecção de produtos de higiene e limpeza ecológicos.

 

Figura 4. Confecção de maquete de um espiral de ervas durante Curso de Mediadores Ambientais.

 

 

Figura 5. Oficina de confecção de bijuterias com materiais reutilizáveis durante Curso de Mediadores Ambientais.

 

Algumas dessas oficinas tiveram o objetivo de fornecer subsídios para que as escolas pudessem aumentar o vínculo com a comunidade onde estão inseridas, seja envolvendo a comunidade nas atividades, seja instigando os alunos e educadores a desenvolverem ações na mesma. A respeito desse tema foram trazidas algumas idéias retiradas da cartilha “Ecoalfabetização: criação de uma rede de aprendizagem baseada na comunidade”, a qual relata experiências em que as escolas transformam-se em verdadeiros centros comunitários e as atividades de sala de aula buscaram o resgate dos conhecimentos populares e a realização de ações comunitárias para a solução de problemas reais. Neste sentido, os participantes do curso apresentaram pessoas da comunidade com habilidade prática para dar seu depoimento ou ministrar uma oficina.

 

 

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Dos meses de março de 2008 a julho de 2009, estiveram diretamente envolvidas 2.183 pessoas no PEA, sendo que a maior parte esteve presente em, no mínimo, duas atividades realizadas. Entre esse público, 65,8 % corresponderam a educadores e alunos, 19,7 % a agricultores, 4,7 % à comunidade indígena e 9,8 % aos demais participantes (familiares dos estudantes e funcionários da limpeza e refeitório das instituições, entre outros moradores da área urbana) (tabela 1). Acredita-se que tais segmentos atuarão como agentes multiplicadores, possibilitando a continuidade do trabalho educativo desenvolvido.

 

Tabela 1. Participantes das atividades do PEA.

Município

COMUNIDADE ESCOLAR

COMUNIDADE EM GERAL

TOTAL

Educadores

Alunos

Agricultores

Comunidade indígena

Demais participantes

Benjamin Constant do Sul

36

246

41

46

78

447

Faxinalzinho

27

259

86

0

79

451

Nonoai

57

812

303

56

57

1285

TOTAL

120

1317

430

102

214

2183

 

Também participaram das ações os colaboradores das obras da UHE Monjolinho, através de um treinamento intitulado “Amigos do Meio Ambiente”. Essa atividade teve como principal objetivo contribuir com a formação de agentes multiplicadores ambientais, que auxiliassem na supervisão desse empreendimento.

Dos 120 educadores participantes do CMA 86 receberam o certificado de conclusão desse curso por terem apresentado, no mínimo, 75% de frequência nos encontros. Os projetos ambientais elaborados e implantados (tabela 2) trataram de temas relacionados ao meio ambiente e qualidade de vida das comunidades envolvidas e para o desenvolvimento dos mesmos ocorreram reuniões mensais ao longo de 2008 com os docentes envolvidos no CMA.

 

Tabela 2. Projetos ambientais.

Município

Projetos Ambientais

Benjamin Constant do Sul

- Elaboração de roteiros ecológicos em uma área verde do Município.

- Redução, reutilização e reciclagem dos resíduos sólidos.

Faxinalzinho

- Revitalização de um corpo d’água do Município.

- Campanha de sensibilização sobre o destino correto das embalagens de agrotóxicos.

- Confecção de brinquedos a partir de materiais reutilizáveis.

Nonoai

- Oficinas ecológicas de confecção de sabonetes e medicamentos com o uso de plantas medicinais, aproveitamento integral de alimentos e construção de espirais de ervas.

- Implantação de cisternas em escolas municipais.

- Confecção de sacolas retornáveis e campanha de sensibilização sobre a necessidade da redução do consumo de sacolas plásticas.

 

Finalmente, de março a julho de 2009, foram promovidas oficinas ecológicas com estudantes de todos os níveis de ensino, cujos temas foram sugeridos pela equipe técnica responsável (tabela 3) e selecionados pela direção das instituições de ensino envolvidas. O trabalho com esse público é de fundamental importância, pois está em processo de formação de valores e pode contribuir com a reeducação de seus familiares em se tratando das questões ambientais.

 

Tabela 3. Oficinas realizadas com estudantes.

Nível de Ensino

Oficina Ecológica

Educação Infantil e Séries Iniciais do Ensino Fundamental

   Contação de histórias

   Aproveitamento integral de alimentos

Séries Finais do Ensino Fundamental

   Confecção de sachês, pomadas e xaropes a partir de plantas medicinais

   Confecção de brinquedos e utensílios domésticos com o uso de materiais reutilizáveis

   Reciclagem de papel

   Visita ao viveiro de mudas nativas do empreendedor

Ensino Médio

   Formas de geração de energia elétrica

 

Ao término de cada módulo do CMA foi entregue aos participantes uma ficha de avaliação com objetivo de conhecer suas opiniões e sugestões a respeito dos conteúdos, métodos utilizados, desempenho das ministrantes e material didático disponibilizado, entre outros tópicos. Todos os participantes do primeiro módulo afirmaram que o conteúdo estava de acordo com a proposta divulgada e com a realidade local. Além disso, alegaram que as expectativas foram atendidas e os métodos e materiais didáticos utilizados facilitaram o ensino-aprendizagem dos conteúdos e os mesmos auxiliarão no trabalho em sala de aula.

De acordo com as avaliações do segundo módulo, as atividades foram bem elaboradas e deveriam ter continuidade, pois eram diferenciadas e despertavam o interesse dos alunos. Também ocorreram muitos pedidos para realização de uma trilha ecológica e visita orientada à obra da UHE Monjolinho, que foi disponibilizada após o término do CMA.

Um grande número de presentes no terceiro módulo colocou que cursos sobre meio ambiente deveriam ocorrer com mais freqüência e sugeriram a continuação do CMA.

Entre os temas e/ou práticas que os participantes acharam mais significantes para o trabalho em sala de aula tiveram destaque: projetos, teatros, oficinas, práticas educativas, permacultura, feira de trocas, espiral de ervas, compostagem, confecção de produtos de limpeza ecológicos e ecoalfabetização.

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Tanto as prefeituras municipais quanto os educadores participantes foram muito receptivos e acredita-se que o CMA e o PEA como um todo tenham contribuído satisfatoriamente com o processo educativo-pedagógico desenvolvido em sala de aula. Acredita-se que cursos de formação de educadores, que envolvam representantes de diversas instituições, como escolas, universidades e secretarias da saúde e da agricultura, trabalhem a EA de forma mais eficaz e contextualizada à realidade local, pois proporciona discussão e trocas de experiências diversas. Além disso, uma abordagem de caráter bastante prático dos conteúdos do Curso e adaptada à realidade local despertou maior interesse dos participantes, que puderam multiplicar as ações e ensinamentos nas instituições em que atuam. 

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

 

BROTTO, F. O. Jogos cooperativos: o jogo e o esporte como um exercício de convivência. Santos: Projeto Cooperação, 2001.

 

CORNELL, J. B., 1950. Vivências com a natureza 2: novas atividades para pais e educadores. São Paulo: Aquariana, 2008.

 

KINDEL, E. A. I.; SILVA, F. W. da & SAMMARCO, Y. M. Educação Ambiental: Vários Olhares e Várias Práticas. Porto Alegre: Editora Mediação, 2004.

 

IGNÁCIO, H. L. de D. Lazer, educação e meio ambiente. Pensar a prática, n. 9, p.45-63, 2006.

 

MERGULHÃO, M. C. & VASAKI, B. N. G. Educando para a Conservação da Natureza: sugestões de atividades em educação ambiental. São Paulo: Editora da PUC, 1998.

 

MINAYO, M. C. de S. et al. Pesquisa social: teoria, método e criatividade. Petrópolis: Vozes, 2000.

 

YUS, R.Temas Transversais: em busca de uma nova escola. Porto Alegre: Artmed, 1998.

 

 

Ilustrações: Silvana Santos