Estamos sendo lembrados de que somos tão vulneráveis que, se cortarem nosso ar por alguns minutos, a gente morre. - Ailton Krenak
ISSN 1678-0701 · Volume XXI, Número 86 · Março-Maio/2024
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10/09/2018 (Nº 43) A SUSTENTABILIDADE NO COTIDIANO DE ESTUDANTES UNIVERSITÁRIOS
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MODELO PRÉ-PROJETO TCC

A SUSTENTABILIDADE NO cotidiano de estudantes universitários

 

 

Thais Poliane Moroni Caetano

 

Patrícia Tavoloni Gentili

 

 

RESUMO                 

 

A intensificação das discussões ambientais ocorreu na década de 80, com o reconhecimento da necessidade de compatibilização entre conservação ambiental e desenvolvimento socioeconômico, porém somente após conferências como a ECO-92 e a Rio+10, é que os termos desenvolvimento sustentável e sustentabilidade ganharam visibilidade mundial. Este estudo buscou, através de um questionário, analisar o conhecimento de estudantes do Ensino Superior, sobre os termos sustentabilidade e desenvolvimento sustentável; identificar atitudes cotidianas sustentáveis e por fim, discutir e propor ações cotidianas mais sustentáveis. Constatou-se que a maior parte dos estudantes possuem atitudes cotidianas sustentáveis, como utilizar transporte público e separar o lixo doméstico, porém há outras medidas que podem ser incentivadas, tais como impressões frente e verso, utilização de rascunhos, reutilização de materiais, entre outras. Todas essas medidas juntas, praticadas efetivamente pelo maior número possível de pessoas, podem fazer grande diferença para o alcance da sustentabilidade ambiental.

 

Palavras-chave: 1. Sustentabilidade; 2. Desenvolvimento sustentável; 3. Educação ambiental; 4. Esgotamento de recursos naturais; 5. Crise ambiental.

 

 

Abstract

 

Intensification of environmental discussions occurred in the 80s, with recognition of the need to reconcile environmental conservation and socio-economic development, but only after conferences such as ECO-92 and Rio +10, is that the terms sustainable development and sustainability gained worldwide exposure. This study sought, through a questionnaire, analyze the knowledge of students of Higher Education, about the terms sustainability and sustainable development, identify sustainable attitudes and finally, discuss and propose more sustainable measures. It was found that most students practice sustainable attitudes, such as using public transportation and separate household garbage, but there are other measures that can be encouraged, such as impressions front and back, using sketches, reuse of materials, among others. All these measures together effectively practiced by the greatest number of people, can make a big difference to the achievement of environmental sustainability.

 

Key - words: 1. Sustainability; 2. Sustainable development; 3. Depletion of natural resources.

 

INTRODUÇÃO

 

Atualmente, ouve-se muito falar em sustentabilidade e desenvolvimento sustentável, devido à crescente preocupação com a degradação ao meio ambiente e com o esgotamento dos recursos naturais. Mas será que todos sabem o que significam esses termos?

Após alguns eventos catastróficos ocorridos na década de 80, dentre eles o acidente nuclear em Chernobyl na Ucrânia em 1986, que provocou danos equivalentes aos provocados pelas bombas utilizadas na Segunda Guerra Mundial, pode-se perceber que lidar com questões ambientais requer estratégias em longo prazo, ações integradas e a participação de todos os países e de todos os membros da sociedade (NEBBIA, 1972-2002, p.10).

Em 1980, foi lançado pela União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN), um dos documentos mais importantes na redefinição do ambientalismo, denominado “Estratégia de Conservação Mundial (World Conservation Strategy – WCS)”, onde se reconhece a integração entre objetivos ambientais e os relacionados ao desenvolvimento. Uma das sugestões que se encontra neste documento é a de que os governos dos diferentes países estabelecessem suas próprias estratégias de conservação, incorporando o meio ambiente ao desenvolvimento (NEBBIA, 1972-2002, p. 10).

Em 1987, a Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento (CMMAD) da Organização das Nações Unidas (ONU) emitiu um relatório intitulado “Nosso Futuro Comum” (Our Common Future), onde se definiu que desenvolvimento sustentável é “o desenvolvimento que atende às necessidades das gerações presentes sem comprometer a capacidade de gerações futuras de suprir suas próprias necessidades” (NEBBIA, 1972-2002, p. 11).

Este relatório viria a se tornar o Relatório de Brundtland, sendo este chefiado pela então primeira-ministra da Noruega Gro Harlen Brundtland, que foi quem publicou o livreto chamado Our Common Future, que relacionava meio ambiente com progresso e onde se escreveu pela primeira vez o conceito de desenvolvimento sustentável. (CABRERA, 2009; Haswani, 2008). Porém, tal conceito só passou a ser considerado como uma importante diretriz para ações efetivas a partir de conferências como a ECO-92 no Rio de Janeiro e a Rio+10 (2002), em Joanesburgo, África do Sul, pois foram nestas conferências que o tema desenvolvimento sustentável se tornou mais visível às diversas comunidades, acarretando um impacto positivo da opinião pública (NASCIMENTO, 2005).

O conceito de sustentabilidade é sistêmico e está relacionado com a continuidade dos aspectos econômicos, sociais, culturais e ambientais da sociedade humana (INSTITUTO ARAYARA).

 

“Propõe-se a ser um meio de configurar a civilização e atividade humana, de tal forma que a sociedade, os seus membros e as suas economias possam preencher as suas necessidades e expressar o seu maior potencial no presente, e ao mesmo tempo preservar a biodiversidade e os ecossistemas naturais, planejando e agindo de forma a atingir pró-eficiência na manutenção indefinida desses ideais” (INSTITUTO ARAYARA).

 

A sociedade na maioria das vezes tem uma visão muito distorcida de desenvolvimento, e acredita que toda e qualquer ação que possa ser realizada pra proteger o meio ambiente poderá causar um impacto negativo no desenvolvimento socioeconômico (BRANCO, 1997; GOMES, 2006 apud Panarotto, 2008). A proposta não está em impedir a industrialização e o desenvolvimento do mundo, a questão é que se possa continuar o desenvolvimento, interligando este com um consumo sustentável dos recursos naturais (Panarotto, 2008).

A grande problemática é o acelerado crescimento populacional, que traz consigo um elevado consumo de alimentos, de recursos naturais e um consumo exagerado de bens, gerando dessa forma o desperdício. A maioria das pessoas não compra por necessidade e sim por mero consumismo, troca-se um celular ou uma câmera digital, por exemplo, pelo motivo de que se deseja um aparelho mais moderno, com mais tecnologia ou porque se deseja um modelo que possua mais funções que o anterior. Como consequência, observamos um excessivo aumento na quantidade de resíduos sólidos, que muitas vezes não possuem um destino correto, sendo depositados em lixões e aterros, que na maioria das vezes não possuem suporte para recebê-los, causando degradação e desequilíbrio ambiental (Panarotto, 2008).

“O consumismo é um processo eticamente condenável, pois faz com que as pessoas comprem mais do que realmente necessitam. Por meio de complexos sistemas de propaganda, que envolvem sutilezas psicológicas e recursos espetaculares, industriais e produtores induzem a população a adquirir sempre os novos modelos de carros, geladeiras, relógios, calculadoras e outras utilidades, lançando fora o que já possuem” (BRANCO, 2002 apud PANAROTTO, 2008, p. 135).

 

O crescimento acelerado da população somado ao consumismo exacerbado praticado pela maioria dessas pessoas faz com que as indústrias tenham que produzir cada vez mais e assim, estas são induzidas a praticar o consumo insustentável de recursos naturais, acarretando um aumento na quantidade de lixo e fazendo com que haja um aumento na produção de poluentes (PANAROTTO, 2008).

Para que um empreendimento humano seja ele, um país, uma empresa, uma família, enfim, toda e qualquer atividade que envolva mais de uma pessoa e que almeje ser sustentável, precisa ser socialmente justa, culturalmente aceita, economicamente viável e ecologicamente correta (CABRERA, 2009).

Para que se consiga diminuir os impactos causados por fatores como consumismo, utilização insustentável de recursos naturais e produção exacerbada de lixo se faz necessário algumas mudanças no cotidiano, adquirindo-se assim hábitos mais sustentáveis.

Com o intuito de analisarmos o comportamento e atitudes incorporadas no dia-a-dia, avaliar o nível de informação sobre os termos sustentabilidade e desenvolvimento sustentável e propor formas e medidas que visem atitudes cotidianas mais sustentáveis, foi realizada uma pesquisa com estudantes da Universidade Anhembi Morumbi, campus centro e Vila Olímpia, ambos na cidade São Paulo.

 

Materiais e métodos

 

A pesquisa para caracterização do conhecimento sobre os termos sustentabilidade e desenvolvimento sustentável e verificação das atitudes cotidianas, foi realizada com estudantes universitários, maiores de 18 anos, de cursos das áreas biológicas (67%) e de engenharia (33%) numa Universidade privada, nos campus, localizados na zona leste e sul do município de São Paulo, SP.  

Em atenção a Res. 196/96 do CNS, todos os participantes receberam informações sobre os objetivos da pesquisa, e somente após concordarem em participar, assinaram o Termo de Consentimento Livre Esclarecido, e então, responderam o questionário com 27 questões abertas e objetivas, elaboradas especialmente para esta pesquisa.

Os dados foram tabulados e analisados em planilha eletrônica, utilizando-se o programa EXCEL da Microsoft ®.

 

 

 

RESULTADOS E DISCUSSÃO

 

Participaram da pesquisa 150 alunos, sendo 88 mulheres e 62 homens de cursos das escolas de saúde e engenharia e tecnologia.

A grande maioria dos entrevistados afirmaram já terem ouvido falar sobre sustentabilidade (97%), ou afirmaram saber o conceito do termo (93%), porém em uma questão aberta, onde os participantes tentaram conceituar sustentabilidade, 14%  não conseguiu fazê-lo. Isso, possivelmente, se deve ao fato de que esse conhecimento foi adquirido através da mídia, pois esse tema é muito citado pela mesma, porém não é transmitido com muitos detalhes.

Sobre o conhecimento do termo ‘desenvolvimento sustentável’, 95% dos participantes escolheram a alternativa correta, demonstrando saberem o significado do termo (FIG. 1).

Figura 1 – Conhecimento sobre desenvolvimento sustentável

 

Quando questionados sobre ações cotidianas que poderiam contribuir com a sustentabilidade, as respostas obtidas mostraram-se satisfatórias, já que a maioria tenta contribuir, através da utilização de transportes públicos, da consciência quanto á durabilidade ao adquirir um produto, da separação do lixo doméstico, bem como prestar atenção quanto à utilização da água e da iluminação, como se pode constatar na TAB 1.

 

Tabela 1. Frequência de ocorrência das atitudes cotidianas que podem contribuir com a sustentabilidade.

 

Dentre as atitudes citadas na TAB.1, algumas se destacam por causarem um maior impacto positivo no ambiente quando praticadas pelas pessoas em seu cotidiano, uma delas é a utilização de transportes públicos.

O setor de transportes é um dos principais responsáveis pela emissão de gases do efeito estufa. “A concentração de veículos nas grandes cidades faz com que localmente os impactos ambientais causados pela queima de combustíveis fósseis sejam muito mais significativos” (SILVA, 2003, p. 6).

Podemos observar então, que um dos principais motivos para a má qualidade do ar nas grandes cidades, é a utilização de combustíveis para o transporte.

O que podemos fazer para diminuir um pouco este problema é utilizar mais os transportes públicos, e deixar os carros particulares em casa. Na pesquisa, vimos que 67% dos estudantes utilizam transporte público.

O que constatamos é que quanto maior o poder aquisitivo, mais automóveis as pessoas possuem. Porém, nem todas essas pessoas que possuem mais de dois automóveis, os utilizam no dia a dia, pois na maioria das vezes estas preferem utilizar o transporte público para fugir do trânsito, ou por trabalharem muito longe e preferirem o transporte público para chegar mais rápido ou ainda para economizar no combústivel. Pode ser que essas pessoas não pratiquem esse hábito com o intuito de serem mais sustentáveis, mas indiretamente estas estão colaborando com o meio ambiente.

Outra atitude observada é a consciência quanto à durabilidade ao adquirir um produto. De acordo com a pesquisa, 65% dos estudantes disseram se preocupar com a durabilidade de um produto na hora da compra e 24%, às vezes se preocupam.

A durabilidade de um produto nos remete ao fato de que este  poderá ser utilizado por mais tempo, diminuindo assim a sua renovação e fazendo com que este produto não agrida tanto o ambiente (KAZAZIAN, 2005 apud ARAUJO et al., 2011).

Para Schulte e Lopes (2008), o interesse da maioria das indústrias é vender sempre e cada vez mais, por isso essas empresas muitas vezes fabricam produtos que não possuem grande durabilidade, fazendo assim com que os consumidores tenham que comprar sempre para substituir o produto anterior (apud ARAUJO et al., 2011).

Outro fator que impulsiona o consumismo é a mídia, pois a publicidade possui grande influência na decisão de compra dos consumidores.

Aparelhos celulares e computadores são exemplos de produtos com grande rotatividade de compra, segundo Pallone (2008), no Brasil, o tempo médio de substituição de telefones celulares é de 3 anos e para o uso comercial de computadores é de 3 a 5 anos, pois modelos cada vez mais modernos e com mais funções são lançados no mercado.

O excesso de consumo faz com que aumente cada vez mais o descarte desses produtos, trazendo assim sérias consequências para o meio ambiente.

Na pesquisa realizada, 46% dos estudantes afirmaram doar; 22% disseram ainda possuir seus antigos celulares; e apenas 14% afirmaram ter levado em postos de coleta. Com relação aos computadores, 47% afirmaram doar e 23% disseram ainda possuir seus antigos computadores, e 16% vender.

Esses índices sugerem duas possíveis explicações, podem reforçar o que foi descrito anteriormente, que a maioria das pessoas compram novos aparelhos celulares e computadores por acharem que os que possuem estão desatualizados, ou ainda, podem significar que estas não sabem como descartá-los e por isso observa-se uma porcentagem significativa de pessoas que continuam com seus antigos aparelhos.

Uma das atitudes sustentáveis cotidianas, é a separação do lixo doméstico. Mais da metade dos estudantes (52%) afirmaram separar o lixo em sua residência e 17% disseram separar somente ás vezes, no entanto, 31% ainda não fazem a separação. Os tipos de materiais recicláveis mais citados foram plástico (22%), papel (19%), óleo de cozinha (16%), orgânico (15%) e alumínio (13%).

O poder aquisitivo da população está proporcionalmente relacionado com a produção de lixo. No Brasil, o aumento do poder aquisitivo das classes de baixa renda, vem corroborando esta situação, dados divulgados pela Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (ABRELPE, 2011) mostrou que a produção de resíduos urbanos em 2010 aumentou em 6,8% em relação ao ano de 2009, e infelizmente os serviços de coleta seletiva e locais corretos de descarte, não acompanhou tal crescimento, agravando ainda mais os impactos ambientais e epidemiológicos.

Segundo a ABRELPE (2011), 41,94% dos resíduos urbanos (RU) coletados pelo serviço público em 2010 foram dispostos de forma inadequada, 17,7% em lixões e 24,2% em aterros controlados, apenas 58,1% em aterros sanitários, evidenciando a necessidade de investimentos em serviços de coleta e disposição final dos RU.

Além dos impactos gerados pela disposição do lixo a céu aberto, um outro problema é que “a maior parte das cidades brasileiras apresenta um serviço de coleta que não prevê a segregação dos resíduos na fonte” (ABRELPE, 2011). Sem esse serviço, o que acontece é a disposição final inadequada de lixo, muitas vezes em locais indevidos como terrenos baldios, margens de estradas, fundos de vale e margens de lagos e rios (MUCELIN; BELLINI, 2008).

Outro hábito sustentável observado na pesquisa, foi com relação à utilização consciente da água. A maior parte dos entrevistados (93%) afirmaram que durante a escovação dos dentes, abrem a torneira somente para enxaguar, contra 7% que deixam a torneira aberta todo o tempo.

“O Brasil ainda possui a vantagem de dispor de abundantes recursos hídricos. Porém, possui também a tendência desvantajosa de desperdiçá-los” (MORAES; JORDÃO, 2002, p. 371). Segundo Wrege (2000 apud Moraes e Jordão, 2002, p. 371) “a grande crise da água, prevista para o ano de 2020, tem preocupado cientistas das diversas áreas no mundo inteiro”, e um dos problemas que virão juntamente com essa crise é o da saúde pública.

Além das doenças relacionadas à falta de água, há ainda as doenças que ocorrem devido a contaminação da mesma.

“Atualmente, a cada 14 segundos, morre uma criança vítima de doenças hídricas. Estima-se que 80% de todas as moléstias e mais de um terço dos óbitos dos países em desenvolvimento sejam causados pelo consumo de água contaminada” (Wrege, 2000 apud Moraes; Jordão, 2002, p. 372).

Temos que estar mais atentos com a utilização da água, se continuarmos a desperdiçá-la como ocorre atualmente, teremos vários problemas em nosso país e em todo o Planeta.

O último ponto a ser discutido é quanto à utilização racional da energia, de acordo com a pesquisa, 83% dos estudantes tem o hábito de apagar a luz quando saem de um ambiente, 60% afirma que quando precisa de iluminação dá prioridade a abrir as janelas e 63% fica com a porta da geladeira aberta somente o suficiente para pegar o que deseja.

Todas esses hábitos são muito importantes para a conservação do meio ambiente quando praticados pelo maior número possível de pessoas.

Segundo Dias et al. (2000), o que se faz necessário é um processo educacional para que as pessoas tenham um maior conhecimento em relação ao setor energético brasileiro, pois o que se observa é uma carência de informações adequadas. Só com um aumento no conhecimento é que pode-se contar com uma atuação mais efetiva da sociedade.

Dentre esses conhecimentos, estão o modo como os sistemas energéticos participam no dia a dia das pessoas, quais são suas implicações no meio ambiente e de que forma isso resulta em economia de capital e de reservas, somente assim as pessoas vão entender o quanto é importante a utilização racional da energia e começarão a praticar com maior intensidade hábitos mais sustentáveis, como os que foram observados na pesquisa com os estudantes (DIAS et al.,2000).

Além dessas medidas, as pessoas no papel de consumidores devem adquirir o hábito de identificar o potencial de economia na aquisição de equipamentos com tecnologias mais eficientes. O que os consumidores procuram nos equipamentos eletrodomésticos são qualidade, marca e preço, não sendo o consumo uma de suas preocupações, principalmente no segmento social de maior poder aquisitivo (Pimentel et al., 1999 apud DIAS, 2000).

 

CONCLUSÕES

 

Com a presente pesquisa, foi possível perceber que uma grande parcela dos estudantes tem conhecimento sobre os termos sustentabilidade e desenvolvimento sustentável, porém alguns deles não conseguem conceituar esses termos.

Observa-se também, que os estudantes entrevistados demonstram atitudes sustentáveis importantes no cotidiano, porém ainda há muito a se fazer para reverter ao menos um pouco a drástica situação ambiental em que se encontra o nosso Planeta.

Além das atitudes sustentáveis observadas na pesquisa, há outras que se praticadas efetivamente, podem fazer grande diferença no meio ambiente.

Segundo Furriela (2001), algumas medidas podem ser tomadas para minimizar a poluição do ar, optando por hábitos como:

• pensar duas vezes antes de comprar o primeiro e o segundo carro;

• optar por um veículo que seja menos poluente;

• estabelecer metas concretas de redução de viagens;

• buscar alternativas de transporte como carona, bicicleta, transporte público ou andar a pé;

• Exigir das autoridades a construção de sistemas de transporte público compatíveis com suas necessidades.

Para diminuir a emissão de gases do efeito estufa:

• procurar alternativas energéticas que não causem a emissão de gases do efeito estufa, como a instalação de painéis solares para geração de energia;

• promover campanhas de coleta seletiva no local de trabalho e em casa. 

Para evitar o desperdício de água:

• instalar válvulas hídricas nas casas e nos locais de trabalho, o que permite a economia de água nas torneiras, nos chuveiros e nas descargas;

• evitar hábitos de lavagem de calçadas, quintais e carros em demasia;

• deixar a torneira fechada não somente ao escovar os dentes, mas também ao lavar a louça, fazer faxina, lavar a roupa ou quando não houver necessidade de deixar a água correndo e ao tomar banho, não deixar o chuveiro aberto todo o tempo.

Segundo Panarotto (2008), existem outras medidas que podem ser praticadas:

• Consumir produtos que contribuam para a conservação das florestas;

• Utilizar a máquina de lavar roupa com sua capacidade máxima;

• Verificar o consumo de energia pelos eletrodomésticos através do selo de energia        Procel;

• Imprima suas minutas em rascunhos ou revise-as na tela do computador;

• Utilize as folhas frente e verso;

• Reutilize materiais, plásticos, vidros, papéis e etc.;

• Troque as sacolas plásticas por uma sacola de pano ou de palha que possam ser utilizadas diversas vezes;

• Evite desperdícios de comida de qualquer espécie. Restos de comida representam 60% do lixo que vem dos lares brasileiros;

• Regule o termostato da geladeira;

• Prefira lâmpadas led (light emitting diode);

• Lave a seco quando possível;

• Prefira pilhas recarregáveis;

• O horário de pico de energia no Brasil é entre 18h30min e 21h30min, por isso, deve-se reduzir o consumo, especialmente nesses horários.

• Prefira abrir as janelas ao acender as luzes quando precisar de iluminação;

• Procure usar cores claras nas paredes para diminuir a necessidade de luz artificial no quarto. Além disso, uma janela grande e aberta faz com que o ar circule mais, propiciando bem-estar e contribuindo com o meio ambiente.

• Quando for necessário deixar o computador ligado todo o tempo, lembre-se de deixar o monitor desligado.

• Reutilize. Antes de jogar fora, pergunte a alguém se está interessado, compre coisas usadas quando possível, reaproveite sacos plásticos e materiais de vidro.

• Mude a dieta. Ao menos uma vez por semana, procure não consumir carne vermelha. A produção deste alimento é responsável por 18% das emissões de gases no planeta e para processar 1 kg de carne vermelha são gastos 200 litros de água.

Além destas, outras medidas podem ser adotadas:

• como a reutilização da água da chuva com um sistema de captação;

• o consumo de alimentos orgânicos, pois estes são livres de agrotóxicos, contribuindo-se assim para com o meio ambiente;

• mudar hábitos como os de jogar papel na rua, copos descartáveis, garrafas de vidro ou plástico, bituca de cigarro, enfim tudo que se costuma consumir nas ruas (BATISTA, 2011).

As ações em prol ao consumo sustentável devem ser promovidas, desde o lar ou local de trabalho ou estudo até as empresas e instâncias públicas, nacionais e internacionais (FURRIELA, 2001).

Os resultados obtidos com a pesquisa reforçam a necessidade de um aprofundamento maior em relação aos termos sustentabilidade e desenvolvimento sustentável e maior divulgação sobre exemplos de ações cotidianas sustentáveis que se pode incluir no dia a dia.

Essas informações devem ser transmitidas desde a educação básica, para que as crianças comecem a adquirir hábitos sustentáveis desde muito cedo.

Além da educação ambiental nos colégios e universidades, a mídia é um importante instrumento na transmissão dessas informações, porém o que ocorre atualmente é que esse assunto é transmitido sem muitos detalhes pela mesma, as pessoas precisam saber que ações praticar em seu dia a dia para torná-lo mais sustentável e assim ajudar o meio ambiente, e muitas vezes isso só depende de um pouco mais de conhecimento.

 

REFERÊNCIAS

 

ARAUJO, F. S. et al. A Durabilidade Subjetiva dos produtos como auxílio às estratégias de sustentabilidade: Uma aplicação no sistema Produto-Serviço. 2011. Trabalho apresentado ao 8° Congresso Brasileiro de Gestão de Desenvolvimento de Produto – CBGDP 2011, Porto Alegre, 2011. Disponível em:

. Acesso em 28 maio 2012.

BATISTA, G. Atitudes Sustentáveis - Pequenas Atitudes Conscientes. Atitudes Sustentáveis - Sustentabilidade um conceito que pode mudar sua vida! fev. 2011. Disponível em:

. Acesso em 30 abril 2012.

CABRERA, L. C. Afinal, o que é sustentabilidade?Revista Você S/A, mai. 2009. Disponível em:

. Acesso em 01 abril 2012.

DIAS, R. A. et al. Conservação de energia: conceitos e sociedade. In: XXVIII Congresso Brasileiro de Ensino de Engenharia, 2000, Ouro Preto - MG. COBENGE 2000. Ouro Preto - MG, 2000. Disponível em: . Acesso em 29 abril 2012.

FURRIELA, R. B. Educação para o consumo sustentável. Ciclo de Palestras sobre Meio Ambiente - Programa Conheça a Educação do Cibec/Inep- MEC/SEF/COEA, 2001. Disponível em:

. Acesso em 30 abril 2012.

HASWANI, M. A Comunicação do Estado democrático de direito na mobilização para a Sustentabilidade.  Disponível em:

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INSTITUTO ARAYARA – Educação para a sustentabilidade. O que é sustentabilidade. Disponível em:

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MORAES, D. S. L; JORDÃO, B.Q. Degradação de recursos hídricos e seus efeitos sobre a saúde humana. Revista Saúde Pública USP, mar. 2002. Disponivel em:

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MUCELIN, C. A; BELLINI, M. Lixo e impactos ambientais perceptíveis no ecossistema urbano. Sociedade & Natureza, Uberlândia, 20 (1): 111-124, jun. 2008. Disponível em:

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NASCIMENTO, L. F. M. et al. Desenvolvimento Sustentável: Análise das Efetivas Conquistas. Disponível em:

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NEBBIA, T. Perspectivas do Meio Ambiente Mundial GEO-3.  Integração entre o meio ambiente e o desenvolvimento (1972-2002). Cap. 1. Pág. 10-11. Disponível em:<http://www.wwiuma.org.br/geo_mundial_arquivos/capitulo1.pdf>. Acesso em 01 abril 2012.

PALLONE, S. Resíduo eletrônico: redução, reutilização, reciclagem e recuperação. ComCiência, UNICAMP, Campinas, fev. 2008. Disponível em:

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PANAROTTO, C. O Meio Ambiente e o Consumo Sustentável: Alguns Hábitos que Podem Fazer a Diferença. Disponível em:

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SILVA, E. P. et al. Recursos energéticos, meio ambiente e desenvolvimento: O futuro dos recursos. Multiciência, Campinas, n.01, Nov. 2003. Disponível em:

. Acesso em 29 abril 2012.

Ilustrações: Silvana Santos