Estamos sendo lembrados de que somos tão vulneráveis que, se cortarem nosso ar por alguns minutos, a gente morre. - Ailton Krenak
ISSN 1678-0701 · Volume XXI, Número 86 · Março-Maio/2024
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Reflexão
10/09/2018 (Nº 42) TRIBUTO À NATUREZA
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                                           TRIBUTO À NATUREZA

                                                           Paulo Cardozo Costa*

 

 

De oculta fonte provinda

Inaudita força portando

Instala-se no vácuo, abstrata,

Grandiosa missão programada

A criar o que não existia

Dando início a todas as coisas

Respeitando beleza e harmonia

 

 

Lançando as sementes da vida

Por todo o orbe, exultante,

Vibra de amor e desejo

De ver concluída a façanha

E com arrojadas medidas

Propagar-se obra tamanha

Nas formas já consentidas

 

Inicia-se, então, a tarefa

Povoa-se o espaço em aberto

Produz-se milhões de estrelas

Todo universo é coberto

Mantendo forma e textura

Seguindo as mesmas premissas

Variando só a moldura

 

Partindo das formas mais simples

Buscando o desenho perfeito

A perfeição é a meta

Do já traçado conceito:

Do pouco notado verme

Em marcha constante, correta,

Ao gigante paquiderme

 

No solo já preparado

A vida toma suas formas

Viceja tênue a gramínea

Sobeja o gigante carvalho

Povoando todo o recanto

Formosa e pujante verdura

Faz do solo seu manto

 

É grande a labuta, se sabe.

Mas grandiosa é sua missão

É obra que nunca termina

E que consolida a razão

Não há obra em segredo

Apenas se espera a ocasião

Pois não há nem tarde nem cedo

 

Traçados os paralelos

Do orbe em construção

Busca-se a parte mais bela

Obra prima da criação

E moldada é a espécie

Que vem coroar com orgulho

A tão sagrada missão

 

Fisicamente perfeito

Capaz de vencer qualquer travo

E executar qualquer feito

É sensível e um bravo

Movido por seu tirocínio

Dotado de força e razão

Já despreza qualquer patrocínio

 

E investe com galhardia

Sem consultar a razão

Pressupondo-se com autonomia

Para ditar os caminhos

Que o levem à consagração

Porém, os percalços à frente

O conduzem à meditação

 

A criadora que ao mundo

Tal criatura gerou

Sofre agora por seu feito

Não sabendo onde errou

De agonia é sua voz

Sua obra mais perfeita

É agora seu algoz

 

Calcada em seus estertores

Combalida e mal resistente

Suplica por atenção

Ainda no tempo presente

Pois apesar de sua pujança

Ante o que à frente vislumbra

Resta-lhe pouca esperança

 

 

* Nascido em Alegrete, RS, no ano de 1935, mudando-se para Porto Alegre aos dois meses de idade. Em 1999 mudou-se para Canela, onde reside atualmente. É casado, tem dois filhos e quatro netos. O pai era mestre de música, com quem estudou, além de desenho e pintura. Quando adolescente fazia histórias em quadrinhos para vender. Aos l4 anos fundou com amigos um jornal que durou alguns meses. Colaborou em jornais escolares enquanto estudante. É formado em contabilidade e estudou ciências econômicas até o segundo ano. É aposentado da Prefeitura Municipal de Porto Alegre. Faz da Literatura, mais lendo que escrevendo, seu passatempo favorito. E-mail para contato: paulo.cardozo2011@terra.com.br

 

 

Ilustrações: Silvana Santos